Esta semana tomei a iniciativa de enfrentar as setecentas páginas que o mestre Tenório Telles escreveu para a sua obra Estudos de Literatura do Amazonas (Manaus: Valer, 2021). Lá pelas tantas deparei com o estudo sobre o poeta Octavio Sarmento, que foi fundador da Academia Amazonense de Letras, e esteve redondamente esquecido. Contudo, em trabalho para o Silogeu, o acadêmico Zemaria Pinto, ocupante da Cadeira fundada por Sarmento, retirou-o do limbo com a publicação A Uiara & outros poemas (Manaus: Valer, 2007).
Na ocasião, li as duas anotações citadas, e, para meu gáudio, remexendo
meu arquivo encontrei um poema de Octavio Sarmento, publicado na revista Cá
e Lá (janeiro de 1917), dedicado ao diretor da revista; aqui vai compartilhado.
Detalhe da capa do estudo academico
CABELOS BRANCOS
Para Heitor de Figueiredo
O’ moços de hoje, alegres companheiros
Dos mesmos brincos e da mesma idade.
Quão diferente a estrada que, ligeiros
Seguis agora, em viva alacridade,
Da que meus passos vão, entre espinheiros,
Em meio à minha funda soledade,
Em meio aos mortos risos meus, fagueiros,
A perlustrar, na extinta mocidade!...
Que santa mágoa, doce e pungida,
Me toma a ver-vos, pela penedia,
Vencendo a vida, em rápidos arrancos...
E eu não poder seguir-vos!... E entre escombros
Dos sonhos meus, sentir já, sobre os ombros,
Cair-me a neve dos cabelos brancos!
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