CATANDO PAPÉIS & CONTANDO HISTÓRIAS

domingo, março 07, 2021

OCTAVIO SARMENTO (1879-1926)

 Esta semana tomei a iniciativa de enfrentar as setecentas páginas que o mestre Tenório Telles escreveu para a sua obra Estudos de Literatura do Amazonas (Manaus: Valer, 2021). Lá pelas tantas deparei com o estudo sobre o poeta Octavio Sarmento, que foi fundador da Academia Amazonense de Letras, e esteve redondamente esquecido. Contudo, em trabalho para o Silogeu, o acadêmico Zemaria Pinto, ocupante da Cadeira fundada por Sarmento, retirou-o do limbo com a publicação A Uiara & outros poemas (Manaus: Valer, 2007).

Na ocasião, li as duas anotações citadas, e, para meu gáudio, remexendo meu arquivo encontrei um poema de Octavio Sarmento, publicado na revista Cá e Lá (janeiro de 1917), dedicado ao diretor da revista; aqui vai compartilhado.

  

Detalhe da capa do estudo academico

CABELOS BRANCOS

Para Heitor de Figueiredo

 

O’ moços de hoje, alegres companheiros

Dos mesmos brincos e da mesma idade.

Quão diferente a estrada que, ligeiros

Seguis agora, em viva alacridade,

 

Da que meus passos vão, entre espinheiros,

Em meio à minha funda soledade,

Em meio aos mortos risos meus, fagueiros,

A perlustrar, na extinta mocidade!...

 

Que santa mágoa, doce e pungida,

Me toma a ver-vos, pela penedia,

Vencendo a vida, em rápidos arrancos...

 

E eu não poder seguir-vos!... E entre escombros

Dos sonhos meus, sentir já, sobre os ombros,

Cair-me a neve dos cabelos brancos!


Original extraído da revista


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