A pandemia que atinge o país vem impondo a diversos institutos severa restrição, tanto em Manaus e fora desta. Essa exceção implica até no fechamento de suas portas, e com isso acarreta dificuldade de manutenção. O centenário Instituto Geográfico e Histórico do Amazonas (IGHA) está enfrentando essa conjuntura.
Esta postagem, extraída do jornal Amazonas
Em Tempo (24 março 2001), relembra-me o esforço que o IGHA concluía para
abrir suas portas depois de esforço estupendo para sua recuperação. Eu tive o ensejo
de dirigir esse trabalho, por isso imagino o quanto o acervo desta
agremiação será danificado neste período. Oxalá seja diminuto!
Depois de dois anos desativado, o prédio do Instituto Geográfico e Histórico do Amazonas (IGHA) está passando por uma reforma geral, terceirizada. Neste domingo, o órgão completa 84 anos de fundação, mas como até lá o restauro não estará concluído, as comemorações foram transferidas para maio. O instituto fica na rua Bernardo Ramos, no Centro, numa casa doada pelo governo estadual à época de sua inauguração. A área total do IGHA é estimada em 750 metros quadrados. O nome da rua foi um reconhecimento ao fundador e primeiro presidente do IGHA, que expôs no local uma coleção de moedas que, posteriormente, foram compradas pelo governo e hoje integram o acervo do Museu de Numismática, que funciona no anexo do Centro Cultural Palácio Rio Negro, na avenida 7 de Setembro.
Grande parte do acervo do IGHA abrange peças etnográficas
procedentes do antigo Museu Rondon, que funcionava no prédio que hoje abriga a
Academia Amazonense de Letras.
Assim, arcos, flechas, urnas funerárias e cerâmicas de cores e "formatos
variados, muitas delas quebradas e emendadas, podem ser vistas numa sala do
andar térreo. O interesse despertado por essas obras de arte é tanto que no ano
passado uma delas foi emprestada para exposições em São Luís (MA) e três em
Portugal. No momento, elas estão à mostra no Museu de Belas Artes de Santiago,
no Chile, mas deverão estar de volta a Manaus dentro de 60 dias. Discos de
vinil com clássicos da MPB dos anos 30 também não faltam no acervo do IGHA.
Eles também estão em processo de restauro. Toda essa trabalheira em torno de
discos e das demais é artesanal: aos poucos, os técnicos encarregados do
serviço removem camadas de poeira e reconstituem fragmentos que há muito haviam
se desprendido de suas estruturas originais. Entre essas peças estão dois
púlpitos e um dossel que serão reintegrados ao salão nobre, onde duas placas
assinalam o primeiro centenário de nascimento de D. Pedro II (1825-1925) e o
primeiro da Independência (1822-1922). Aves e outros animais empalhados dão um
toque todo exótico a uma seção do instituto, onde também estão expostos um
canhão e vários tipitis (utensílios indígenas utilizados no fabrico da farinha
de mandioca).
Na sala de trás, no primeiro andar, coleções de jornais de toda a
cidade, inclusive antigos como Folha do Amazonas, Jornal do Commercio
e Correio da Tarde, são testemunhos da história da cidade. Parte desses
periódicos já foi microfilmada por técnicos da Biblioteca Nacional. Próximo
dali pilhas de livros estão ensacadas para um processo de higienização
denominado fumigação, feito com CO2. Numa parede dessa sala, um
quadro de Branco Silva encomendado por Ildefonso Pinheiro em 1954, retrata o barão
do Rio Branco, o governador Eduardo Ribeiro, Ruy Barbosa e o imperador D. Pedro
II. Aliás, este também está representado no salão nobre, posicionado de frente
para o quadro que ostenta a imagem da princesa Isabel logo depois que ela
assinou a Lei Áurea. Essas telas foram pintadas em 1888, por Aurélio
Figueiredo.
Autor, quando entrevistado para a reportagem |
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