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sábado, março 13, 2021

NUNO CARDOSO: FUNDADOR DOS BOMBEIROS EM MANAUS

 O Corpo de Bombeiros do Amazonas foi criado por dispositivo sancionado pelo vice-presidente da província –Nuno Alves Pereira de Melo Cardoso, que respondia pela presidência, em 1876. Nuno Cardoso era oficial da Marinha, e foi o primeiro capitão dos Portos; tendo atracado seu barco no rio Negro, aqui participou do Legislativo, constituiu família e deixou larga descendência, enfim, restou sepultado.

Ante essa primazia, o comando da corporação deveria instituir uma comenda homenageando seu fundador. Muito pouco se conhece deste benemérito, porém, sua biografia começa a ser revelada em trabalho do coronel BM Bianor Correa, que alcançou junto ao departamento de pessoal da Marinha a cópia das alterações do ilustre marinheiro.

Aproveito a ocasião para compartilhar este documento, esclarecendo que, para maior entendimento, adicionei algumas notas e o dividi em duas partes, para não se tornar enfadonha a quantidade de datas e a relação de navios antiquados da Marinha.

Para mais subsídios sobre Nuno Cardoso, recomendo o verbete escrito por Agnello Bittencourt, em Dicionário Amazonense de Biografias: vultos do passado (Rio: Conquista, 1973).  


NUNO ALVES PEREIRA DE MELO CARDOSO (Parte 1)

 Filho legítimo de Antônio Cardoso e de D. Mariana da Encarnação, natural do Rio de Janeiro, nasceu a 22 de julho de 1816, conforme a certidão apresentada.

Aspirante à Guarda Marinha - em virtude do Aviso da Secretaria de Estado dos Negócios de Marinha de 5 de março de 1829, assentou praça em 17 do mesmo mês. Apresentando-se para o serviço da respectiva Companhia em 1º de março de 1832, por ter estado com licença como menor [13 anos de idade].

Matriculou-se no primeiro ano da mesma Academia e, não o tendo aproveitado, matriculou-se de novo, em 1833, no primeiro ano matemático de Academia Militar e de Marinha, então reunidas [17 anos]. Concluiu o competente curso na Academia de Marinha, já separada da Militar, em 21 de novembro de 1835, e foi promovido a Guarda Marinha, por Aviso de 3 de dezembro do 1835, e embarcando por nomeação de 25 do mesmo mês na Escuna “Porto Alegre”, onde seguiu a incorporar-se à Força Naval em operações na província do Pará. Nesta província passou para o Brigue-Escuna “Dois de Março”, em 5 de março de 1836. [A Cabanagem havia dominado Belém, tendo este movimento rebelde se estendido até 1840. Lembro, ainda, que a PMAM surgiu por legislação de 1837, com propósito de combater aos cabanos].

Promovido a Segundo Tenente, por decreto de 1º de setembro de 1837. Em virtude de Ordem do comandante da Força Naval da província do Pará passou para a Escuna "Pelotas", em 13 de janeiro de 1838, e regressou ao Brigue-Escuna “Dois de Março", a 28 de maio. Passou em 11 de agosto de 1838 para a Corveta "Amazonas”, e desta para a Charrua “Amphitrite”, em 26 de setembro seguinte, a fim de se recolher ao Rio de Janeiro, onde apresentou-se a 8 de março de 1839 [23 anos de idade]. Por nomeação de 26 de junho do mesmo ano foi servir na Divisão Naval estacionada no Rio da Prata, e ali embarcou na Escuna "Labre" em 18 de julho seguinte.

Passou para a Corveta “Bertioga” em 21 do mesmo mês, e para o Brigue-Barca "29 de Agosto" em 4 de setembro, desembarcando no Rio de Janeiro a 4 de maio de 1840.

Por nomeação de 26 do dito mês embarcou para o Brigue-Escuna “Pirajá”, e por Aviso de 14 de abril lhe foi conferido o exercício de tenente da 4ª Companhia do Corpo de Imperiais Marinheiros. Desembarcou do Brigue Escuna “Pirajá” com baixa para o Hospital, em 30 de dezembro de 1840, e obtendo alta, apresentou-se em 18 de janeiro de 1841. Por nomeação de 3 de abril embarcou no Brigue “Constância”, e, por outra de 19 de maio seguinte, embarcou para o Patacho “Patagônia”, do qual desembarcou em 23 de março de 1842.

Por nomeação de 3 de abril [1842] embarcou no Brigue "Constância", armado em transporte, e, por outra nomeação de 19 de maio seguinte, embarcou no Patacho “Patagônia”, do qual desembarcou em 23 de março de 1842. Por nomeação de 31 de maio do dito ano, tornou a embarcar no Patacho "Patagônia”.

Promovido a Primeiro Tenente, por decreto de 23 de julho de 1842. Pelo Aviso de 25 de agosto seguinte constou que fora classificado na 1ª Classe do Quadro dos Oficiais da Armada, na conformidade das disposições do decreto de 1º de dezembro de 1841. Desembarcou do Patacho “Patagônia”, por desarmamento, em 22 de outubro de 1842. Embarcou para o Brigue “Imperial Pedro” em 3 de janeiro de 1843 e, seguindo para o Rio da Prata, ali passou para a Corveta “Sete de Abril” em 4 de junho.

Desembarcou no Rio de Janeiro, por doente, em 9 de setembro e apresentando-se pronto a 22 de fevereiro do 1844, foi nomeado no dia 26 para embarcar no Brigue-Escuna “Fidelidade” estacionado na Província da Bahia; o que ficou de nenhum efeito pela ordem de 7 de junho do mesmo ano.

Pelo Aviso de 17 de julho seguinte foi nomeado comandante do Iate “Netuno”, da Divisão Naval do Norte, sendo transportado à Província do Maranhão, onde assumiu o mesmo comando em 8 de agosto. Em virtude do disposto em Aviso de 13 de agosto de 1846 foi louvado pelo bem que desempenhara a comissão de que havia sido encarregado. Passou do Iate “Netuno” a comandar interinamente o Brigue-Escuna “Garapés” da mesma Estação Naval em 1º de junho de 1847, donde passou em consequência do determinado em Aviso de 23 de agosto seguinte para comandante do Brigue-Escuna “Pirajá”, e do qual foi empossado em 19 de novembro do dito ano.

Em Aviso de 6 de maio de 1848 [32 anos de idade] foi louvado pelo bem que se portara na comissão do referido brigue-escuna. Em 21 de julho de 1851, deu parte de doente, tratando-se a bordo. Reassumiu o mesmo comando a 4 de agosto. Tendo passado mostra de desarmamento o dito Brigue-Escuna "Pirajá" na Província do Pará, em 26 de agosto de 1851, passou a comandá-lo como Transporte com obrigação de assistir ao fabrico mandado fazer no mesmo navio.

Pelo Aviso de 15 de outubro de 1851, foi admoestado na qualidade de Membro do Conselho de Investigação a que se procedera acerca do comportamento do Piloto Manoel Joaquim Ribeiro, por haver fundamentado o seu parecer sobre princípio errôneo.

Em observância ao determinado em Aviso de 8 de maio de 1852, sendo entregue aquele Brigue-Escuna ao Arsenal de Marinha da supracitada província, passou a ser considerado por ordem do respectivo Presidente como oficial depositado no mesmo Arsenal. 

Por Decreto de 7 de junho do (1852) predito ano, foi nomeado Cavaleiro da Ordem de São Bento de Avis, e, por Aviso de 22, comandante da Escuna "Guayba", do que entrou em exercício em 16 de agosto do mesmo ano.

Deu parte de doente, ficando a bordo, curando-se, em 20 de agosto, e de pronto em 23 de setembro seguinte. Por Aviso de 7 de dezembro de 1852 foi encarregado de administrar o corte de madeiras na mencionada província do Pará, pelo que desembarcou da Escuna “Guayba" em 1º de fevereiro de 1854, que se recolheu a Corte, ou fosse empregado em algum dos Navios das Estações do Norte em que houvesse a falta de oficiais. 

Pelo Aviso de 4 de abril do mesmo ano lhe concedeu quatro meses de licença, com soldo e respectiva quinta parte, para vir ao Rio de Janeiro, onde se apresentou a 5 de maio do mesmo ano, tendo vindo de passagem no Paquete a vapor “Imperador”. A cinco de agosto seguinte foi intimado a comparecer a 8, no Quartel General de Marinha, para ser inspecionado. Por Aviso de 9 do mesmo mês, foi prorrogado por mais seis meses de licença acima. (segue)

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