Segunda parte do texto
que eu li em homenagem póstuma ao acadêmico Armando de Menezes, em 13 de
outubro de 2017, na Academia Amazonense de Letras. Dei-lhe o título de Último Chá do Armando.
Duas palavras pessoais
Armando e Ivete, no jantar dos 80 anos dele, na residência do Anísio Mello - 2006 |
Conheci a família Menezes quando
frequentei o Seminário de Manaus, por intermédio do padre Jorge Normando, já se
passam 60 anos. A frequência à casa da família permitia, diante daquela
fartura, aos seminaristas tirar “a barriga da miséria”, ainda que cometendo o
pecado da gula. Depois encontrei Dr. Armando espaçadamente no Tribunal de Contas,
tendo sido ele quem sacramentou meu processo de aposentadoria. Enfim, o IGHA
nos irmanou. E o Chá aprofundou esse convívio, tanto que partiu dele o mais
rematado incentivo para que eu me candidatasse à uma vaga na Academia
Amazonense de Letras. Convindo declarar que não a conquistei, somente pela
minha desídia e meu desajeitamento. Subsistiu
outro motivo, contudo, cuja confidência trocada entre mim e ele no Chá idealino,
persistirá sob segredo.
Derradeiro Chá
Nesta noite solene, na Casa de
Adriano Jorge soleníssima, o Chá do Armando chega ao final. Curiosamente, onde
começou. É o momento, caro “presidente” Aguinaldo Figueiredo, de encerrar este
ciclo, esta fase, que não se alimentou unicamente de rega-bofes. O Chá soube
oferecer estímulo aos seus integrantes, apoio financeiro para publicações, e até
pequena produção literária; iniciativas que servem para bem alumiar essa nobre
caminhada.
Quando Anísio Mello
completou o primeiro ano de morto, o Chá recordou muito bem o velho chazista. Em reunião especial, lembrou
dele a cortesia e o anseio em muito produzir, como de fato produziu em vários
segmentos de arte. Produção, lamentavelmente, esquecida. Daí o título que lhe cravamos,
o de Multiartista. Mesmo sem CNPJ, inauguramos o selo Chá do Armando edições, com o livro – Convite à Poesia (Manaus, 2011), publicado em vassalagem ao Anísio Mello.
Depois veio – O Chá do Armando: em prosa e verso, que
prestava “um tributo ao sumaúma Armando de Menezes”. Produzido pela “editora”
coletando dos frequentadores qualquer produção literária. A terceira obra – Armando de Menezes, com o subtítulo: alegria da sexta-feira, quando amigos se
encontram (Manaus, 2012), tem uma pequena história. Nela saudamos os 90
anos do patriarca, porém, como demorou a impressão, a peça foi ampliada para
registrar a morte prematura do poeta chazista
Sérgio Luiz Pereira. Ainda assim, voltou a emperrar. Então, morto o fundador do
Chá, restou a “boneca” desta terceira obra, cujo exemplar passamos às mãos da Dona
Ivete Menezes, que saberá promover seu melhor destino.
Encerro, convocando aos
detentores desta marca, aos chazistas de carteirinha a retomarmos à
mesa-redonda, à salutar reunião de sexta-feira. Revitalizá-la, seja com novo slogan,
seja com renovado mote, isso é desafiador. Afinal, devemos caminhar com nossas
pernas, amparadas pelo nosso bolso; praticar a cortesia e a elegância como fomos
tratados, como fomos incentivados, sem olvidar dos xingados nos bons momentos.
Estrela Armando
Agora, deixemos a estrela do
Dr. Armando de Menezes circular pelo espaço sideral. Certamente, sempre às
SEXTAS estará nos convocando para o festivo encontro, ocasião em que haverá de
nos brindar com um apaideguado olhar estelar.
Seja qual for a galáxia em que
estiver.
Até à eternidade!
PS
Logo do Chá |
Devo reconhecer, a memória
já me causa dificuldades: estava rebuscando este texto para a impressão final,
quando me ocorreu haver esquecido duas paragens onde o Chá fez pouso
excepcional. Uma delas, na minha residência, à rua Igarapé de Manaus. (Num
falei!). A outra foi na residência do Miguel Angel (Miguelito), simpático
peruano, que devido sua inscrição internacionalizou o Chá do Armando. E aconteceu
após um desconcerto na Mansão dos Quadros, Miguelito (artista plástico) acolheu
o pessoal na rua Frei José dos Inocentes, ao lado do IGHA, onde morava. Aconteceram
dois ou três encontros. E eu estive em um deles.
Bom, na minha residência, à
rua Igarapé de Manaus, aconteceu uma reunião. Realizada em novembro de 2009,
quando abraçamos o Sergio Luiz pelo seu aniversário.
Tá feito o conserto.
Roberto Mendonça
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