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domingo, dezembro 29, 2019

DESPEDIDA DO "CHÁ DO ARMANDO" (2)


Segunda parte do texto que eu li em homenagem póstuma ao acadêmico Armando de Menezes, em 13 de outubro de 2017, na Academia Amazonense de Letras. Dei-lhe o título de Último Chá do Armando.


Duas palavras pessoais
Armando e Ivete, no jantar
dos 80 anos dele, na residência
do Anísio Mello - 2006
Conheci a família Menezes quando frequentei o Seminário de Manaus, por intermédio do padre Jorge Normando, já se passam 60 anos. A frequência à casa da família permitia, diante daquela fartura, aos seminaristas tirar “a barriga da miséria”, ainda que cometendo o pecado da gula. Depois encontrei Dr. Armando espaçadamente no Tribunal de Contas, tendo sido ele quem sacramentou meu processo de aposentadoria. Enfim, o IGHA nos irmanou. E o Chá aprofundou esse convívio, tanto que partiu dele o mais rematado incentivo para que eu me candidatasse à uma vaga na Academia Amazonense de Letras. Convindo declarar que não a conquistei, somente pela minha desídia e meu desajeitamento. Subsistiu outro motivo, contudo, cuja confidência trocada entre mim e ele no Chá idealino, persistirá sob segredo.

Derradeiro Chá
Nesta noite solene, na Casa de Adriano Jorge soleníssima, o Chá do Armando chega ao final. Curiosamente, onde começou. É o momento, caro “presidente” Aguinaldo Figueiredo, de encerrar este ciclo, esta fase, que não se alimentou unicamente de rega-bofes. O Chá soube oferecer estímulo aos seus integrantes, apoio financeiro para publicações, e até pequena produção literária; iniciativas que servem para bem alumiar essa nobre caminhada.
Quando Anísio Mello completou o primeiro ano de morto, o Chá recordou muito bem o velho chazista. Em reunião especial, lembrou dele a cortesia e o anseio em muito produzir, como de fato produziu em vários segmentos de arte. Produção, lamentavelmente, esquecida. Daí o título que lhe cravamos, o de Multiartista. Mesmo sem CNPJ, inauguramos o selo Chá do Armando edições, com o livro – Convite à Poesia (Manaus, 2011), publicado em vassalagem ao Anísio Mello.

Alencar e Silva + Armando,
no Chá, ainda na Academia
(2004)
Depois veio – O Chá do Armando: em prosa e verso, que prestava “um tributo ao sumaúma Armando de Menezes”. Produzido pela “editora” coletando dos frequentadores qualquer produção literária. A terceira obra – Armando de Menezes, com o subtítulo: alegria da sexta-feira, quando amigos se encontram (Manaus, 2012), tem uma pequena história. Nela saudamos os 90 anos do patriarca, porém, como demorou a impressão, a peça foi ampliada para registrar a morte prematura do poeta chazista Sérgio Luiz Pereira. Ainda assim, voltou a emperrar. Então, morto o fundador do Chá, restou a “boneca” desta terceira obra, cujo exemplar passamos às mãos da Dona Ivete Menezes, que saberá promover seu melhor destino.
Encerro, convocando aos detentores desta marca, aos chazistas de carteirinha a retomarmos à mesa-redonda, à salutar reunião de sexta-feira. Revitalizá-la, seja com novo slogan, seja com renovado mote, isso é desafiador. Afinal, devemos caminhar com nossas pernas, amparadas pelo nosso bolso; praticar a cortesia e a elegância como fomos tratados, como fomos incentivados, sem olvidar dos xingados nos bons momentos.

Estrela Armando
Agora, deixemos a estrela do Dr. Armando de Menezes circular pelo espaço sideral. Certamente, sempre às SEXTAS estará nos convocando para o festivo encontro, ocasião em que haverá de nos brindar com um apaideguado olhar estelar.
Seja qual for a galáxia em que estiver.
Até à eternidade!

PS
Logo do Chá
Devo reconhecer, a memória já me causa dificuldades: estava rebuscando este texto para a impressão final, quando me ocorreu haver esquecido duas paragens onde o Chá fez pouso excepcional. Uma delas, na minha residência, à rua Igarapé de Manaus. (Num falei!). A outra foi na residência do Miguel Angel (Miguelito), simpático peruano, que devido sua inscrição internacionalizou o Chá do Armando. E aconteceu após um desconcerto na Mansão dos Quadros, Miguelito (artista plástico) acolheu o pessoal na rua Frei José dos Inocentes, ao lado do IGHA, onde morava. Aconteceram dois ou três encontros. E eu estive em um deles.
Bom, na minha residência, à rua Igarapé de Manaus, aconteceu uma reunião. Realizada em novembro de 2009, quando abraçamos o Sergio Luiz pelo seu aniversário.
Tá feito o conserto.
Roberto Mendonça

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