Matéria do Livrornal, julho 1978 |
Américo Antony, o autor
de mil poemas, morto em 1970, somente conseguiu em vida publicar um livro: Os
sonetos das flores (1959). Cinco anos depois, o Conselho Estadual de
Cultura autorizou um levantamento dos poemas produzidos esparsamente por Antony.
Encarregou-se desse mister o saudoso poeta Jorge Tufic que, auxiliado pelo
promotor público Geraldo dos Anjos, divulgou parte deste trabalho no Livrornal,
de 1978.
Convém esclarecer que
este periódico era produzido por Tufic, portanto foi o amigo quem deu
divulgação apenas a uma cronologia. A catalogação dos sonetos ficou pelo
caminho, pois não houve colaboração de membro da família, possuidor de vasto
material. Desse modo, não se concretizou o “proposito do Conselho em prestar
sua justa homenagem a um dos maiores poetas do Amazonas.” Nunca mais se falou
de Américo Antony.
CRONOLOGIA DE
AMÉRICO ANTONY
1895 — Nasce em
Manaus, a 23 de setembro. São seus pais, o engenheiro civil João Carlos Antony
e Maria Lima de Amorim Antony. Descende de duas figuras notáveis na antiga
Província do Amazonas: Henrique Antony, filho de Ajacio, na Córsega, e do comendador
Alexandre Paula Brito Amorim. Sua origem materna mais remota procede “Manao-Camandri”,
principal da maloca de Mariuá, hoje Barcelos. Segundo o general Dr. Aurélio de
Amorim, uma filha de “Camandri” teve, com um português da comitiva de Furtado
de Mendonça, uma menina, que veio a ser avó de D. Lina Ferreira, antepassada de
Antônio Brandão de Amorim, o famoso autor das Lendas em Nheengatu e em Português
e, também, de Américo Antony.
1900 — Segue
com os seus pais para a América Central, viajando depois a família para a
Europa, visitando várias cidades: Porto, Lisboa, Genova, Milão e Zurique. Após
uma ligeira estadia em Paris, Américo seguiu com sua mãe e irmãos para a
Inglaterra. Matricula-se no Saint Georger's College, em Waybridge, Survey, com os
Joseph Phite Fathers. Concluindo os estudos de nível secundário, regressou a
Manaus, onde pouco se demora encaminhado por seu pai aos cuidados do médico e
educador Dr. Eugênio Gomes de Matos, no Rio de Janeiro. Matricula-se na
Faculdade de Medicina, desistindo do curso. Leciona na Escola Berlitz e
dedica-se ao esporte de natação. Regressando, novamente, a Manaus, ocupa-se no
ensino particular da língua inglesa. Começa a publicar os seus primeiros
poemas.
1917 — Adriano
Jorge publica a crônica Um poeta de 20 anos, no jornal “A Imprensa”,
transcrevendo os melhores sonetos de Américo Antony desse tempo: A Fonte
– Canção Campestre – Dolce Ritorno e Depois da Primavera.
Acrescenta: “Vê-se bem que não exagero ao afirmar incontestável e inconfundível
talento, a delicadeza da emoção e as superiores qualidades de esteta de raça
que fazem de Américo Antony um verdadeiro e belíssimo poeta”.
1925 — A
revista “Redempção” publica, em seu número de dezembro, os sonetos Nova
Messe – O Igapó – Os Tucanos e Aos índios canoeiros do Amazonas.
1926 — A 17 de
junho é nomeado pelo professor Plácido Serrano, diretor do Ginásio Amazonense,
para reger, como substituto, a cadeira de Inglês. Casa-se, a 11 de outubro, com
a senhora Altamira Espínola.
1927 — Nasce o
seu primogênito, Marco Aurélio, a 5 de dezembro.
1929 — Publica
na revista “Amazônida” nº 28 o soneto Vitória Régia, dedicado a Adriano
Jorge, e traduz o poema O Balão da Menina, da inglesa Mary Woods,
extraído do livro Sunshine & Solitude. A 9 de julho, nasce sua filha
Isis.
1932 — Obtém o
grau de bacharel em Ciências Jurídicas e Sociais, pela Faculdade de Direito do
Amazonas.
Capa do Livrornal, julho1978 |
1934 — É
nomeado, interinamente, para exercer o cargo de Promotor do 2° Distrito
Criminal da Comarca de Manaus, a 12 de março, sendo depois promovido na comarca
de Lábrea, pelo Ato n° 3.983, de 7 de agosto.
1935 — Não
chega a tomar posse na Promotoria Pública da comarca de Barcelos, por haver sido
tornado sem efeito o Ato n° 4.532, de 1º de fevereiro. A 5 de outubro, e homologado
o seu desquite amigável, pelo Juiz de Direito, Dr. Manoel Anísio Jobim.
1937 — Serve na
Secretaria Geral do Estado.
1938 — Removido
da comarca de Lábrea para a Promotoria de São Gabriel da Cachoeira, por Ato nº
254, de 25 de janeiro.
1939 — Publica
a Canção Uanána, nos números 3 e 4 da revista “Baricea”.
1941 — Posto em
disponibilidade, a 22 de setembro, por haver sido extinta a comarca de S.
Gabriel.
1942 — Os norte-americanos
Rose e Bob Brown, antigos diretores da revista "Brazilian-American, do Rio
de Janeiro, publicam o livro Amazing Amazon. A respeito de Américo
Antony, escrevem: “Raoul Broteher Amerigo was a good a storyteller and imaginative
artist. For months we talked over a five-paneled screen he was going to paint
for us with the Amazon flowing through and all regional motifs in place, tajás,
garças, jacarés legends, indians, but it never came to anything. He lives among
indians now, far up on the Rio Branco where he is a federal judge.” Américo
Antony publica naquela revista o artigo: “Sucuri hunt in South American”.
1943 —
Conferência no Instituto de Etnografia e Sociologia do Amazonas, fundado por
Nunes Pereira, sobre os costumes dos índios da região do alto rio Negro.
1944 – Ramayana
de Chevalier publica, em o jornal “A Tarde”, edição de 23 de dezembro, o
prefácio para o poema Conory, livro inédito de Américo Antony.
1945 – Eleito
para a cadeira nº 8, que tem como patrono o amazonólogo Torquato Tapajós, da
Academia Amazonense de Letras.
1946 — Péricles
de Moraes publica na Revista da Academia Amazonense de Letras uma apreciação literária
sobre Américo Antony, intitulada “Um animador de símbolos mitológicos.”
1953 — A 17 de
fevereiro, estando em visita à casa dos pais do seu amigo Jorge Tufic, na avenida
Joaquim Nabuco, 329, conhece Maria Isis Almeida de Souza, em cujo perfil descobre
traços da antiga civilização incaica. Tornam-se íntimos e passam a conviver sob
o mesmo teto, na rua Japurá.
1954 — Nasce em
Manaus, a 6 de junho, seu filho Alexandre Magno.
1955 —
Aproveitado na comarca de Manacapuru. A 2 de agosto, é comissionado como
Assistente da Promotoria Militar.
1957 — Nasce em
Manaus, a 9 de marco, seu filho Siddarta Gautama.
1958 —
Comissionado, a 29 de agosto, na 2ª Promotoria de Justiça da Comarca de Manaus.
A 6 de setembro, é aposentado como Promotor de Justiça de 1ª entrância. Inscreve-se
na seção amazonense da Ordem dos Advogados do Brasil.
1959 — Nasce em
Manaus, a 25 de julho, sua filha Hileia Amazônica.
A 14 de julho,
toma posse da cadeira n° 28, da Academia Amazonense de Letras, cujo patrono é Aníbal
Teófilo, sendo recebido pelo acadêmico Nonato Pinheiro Filho. A revista do sodalício,
em seu n° 9, publica o poema Peã, dedicado ao acadêmico Moacyr Rosas. E
impresso em Manaus o seu primeiro livro: Os Sonetos das Flores, na editora
Sérgio Cardoso & Cia. Ltda.
No mesmo número
da revista, vem a lume o mais festejado poema de Américo Antony – A ronda
dos cisnes, dedicado a Heliodoro Balbi. Por não acolher alguns conceitos do
escritor Péricles de Moraes, o poeta faz publicar na página de anúncios
comerciais do Jornal do Commercio uma pequena declaração sobre a
autenticidade de sua poesia. A 30 de janeiro, é tornado sem efeito o ato de 17,
do mesmo mês, mandando servir na Promotoria da Comarca de Barcelos, por motivo
de saúde.
1960 — Com
grave problema de saúde é recolhido ao hospital da Sociedade Beneficente
Portuguesa, em Manaus, em outubro.
1962 — Sócio
efetivo do Instituto Geográfico e Histórico do Amazonas. 1968 — A Revista da
Academia Amazonense de Letras publica os versos: O Caminho que fala – O
Jaguar e a Lua – A alegria de conhecer-se a própria origem – O oceano
e a Yara.
1970 — Falece,
em Manaus, no Hospital da Sociedade Beneficente Portuguesa, a 18 de agosto. A
23, o acadêmico Nonato Pinheiro, na edição domingueira de O Jornal publica,
a seu respeito, o artigo intitulado: Uma figura desconcertante de Aedo.
1974 —
Instalada a “Biblioteca Américo Antony” na Fundação Dr. Thomas.
1975 —
Resolução do Conselho Estadual de Cultura, recomendando a publicação pelo
Estado do Amazonas da produção poética esparsa de Américo Antony.
Autores do trabalho |
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