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segunda-feira, outubro 28, 2019

AMÉRICO ANTONY (1895-1970)

Matéria do Livrornal, julho 1978

Américo Antony, o autor de mil poemas, morto em 1970, somente conseguiu em vida publicar um livro: Os sonetos das flores (1959). Cinco anos depois, o Conselho Estadual de Cultura autorizou um levantamento dos poemas produzidos esparsamente por Antony. Encarregou-se desse mister o saudoso poeta Jorge Tufic que, auxiliado pelo promotor público Geraldo dos Anjos, divulgou parte deste trabalho no Livrornal, de 1978.

Convém esclarecer que este periódico era produzido por Tufic, portanto foi o amigo quem deu divulgação apenas a uma cronologia. A catalogação dos sonetos ficou pelo caminho, pois não houve colaboração de membro da família, possuidor de vasto material. Desse modo, não se concretizou o “proposito do Conselho em prestar sua justa homenagem a um dos maiores poetas do Amazonas.” Nunca mais se falou de Américo Antony.


CRONOLOGIA DE AMÉRICO ANTONY

1895 — Nasce em Manaus, a 23 de setembro. São seus pais, o engenheiro civil João Carlos Antony e Maria Lima de Amorim Antony. Descende de duas figuras notáveis na antiga Província do Amazonas: Henrique Antony, filho de Ajacio, na Córsega, e do comendador Alexandre Paula Brito Amorim. Sua origem materna mais remota procede “Manao-Camandri”, principal da maloca de Mariuá, hoje Barcelos. Segundo o general Dr. Aurélio de Amorim, uma filha de “Camandri” teve, com um português da comitiva de Furtado de Mendonça, uma menina, que veio a ser avó de D. Lina Ferreira, antepassada de Antônio Brandão de Amorim, o famoso autor das Lendas em Nheengatu e em Português e, também, de Américo Antony.
1900 — Segue com os seus pais para a América Central, viajando depois a família para a Europa, visitando várias cidades: Porto, Lisboa, Genova, Milão e Zurique. Após uma ligeira estadia em Paris, Américo seguiu com sua mãe e irmãos para a Inglaterra. Matricula-se no Saint Georger's College, em Waybridge, Survey, com os Joseph Phite Fathers. Concluindo os estudos de nível secundário, regressou a Manaus, onde pouco se demora encaminhado por seu pai aos cuidados do médico e educador Dr. Eugênio Gomes de Matos, no Rio de Janeiro. Matricula-se na Faculdade de Medicina, desistindo do curso. Leciona na Escola Berlitz e dedica-se ao esporte de natação. Regressando, novamente, a Manaus, ocupa-se no ensino particular da língua inglesa. Começa a publicar os seus primeiros poemas.
1917 — Adriano Jorge publica a crônica Um poeta de 20 anos, no jornal “A Imprensa”, transcrevendo os melhores sonetos de Américo Antony desse tempo: A FonteCanção Campestre – Dolce Ritorno e Depois da Primavera. Acrescenta: “Vê-se bem que não exagero ao afirmar incontestável e inconfundível talento, a delicadeza da emoção e as superiores qualidades de esteta de raça que fazem de Américo Antony um verdadeiro e belíssimo poeta”.
1925 — A revista “Redempção” publica, em seu número de dezembro, os sonetos Nova Messe – O IgapóOs Tucanos e Aos índios canoeiros do Amazonas.
1926 — A 17 de junho é nomeado pelo professor Plácido Serrano, diretor do Ginásio Amazonense, para reger, como substituto, a cadeira de Inglês. Casa-se, a 11 de outubro, com a senhora Altamira Espínola.
1927 — Nasce o seu primogênito, Marco Aurélio, a 5 de dezembro.
1929 — Publica na revista “Amazônida” nº 28 o soneto Vitória Régia, dedicado a Adriano Jorge, e traduz o poema O Balão da Menina, da inglesa Mary Woods, extraído do livro Sunshine & Solitude. A 9 de julho, nasce sua filha Isis.
1932 — Obtém o grau de bacharel em Ciências Jurídicas e Sociais, pela Faculdade de Direito do Amazonas.
Capa do Livrornal, julho1978
1934 — É nomeado, interinamente, para exercer o cargo de Promotor do 2° Distrito Criminal da Comarca de Manaus, a 12 de março, sendo depois promovido na comarca de Lábrea, pelo Ato n° 3.983, de 7 de agosto.
1935 — Não chega a tomar posse na Promotoria Pública da comarca de Barcelos, por haver sido tornado sem efeito o Ato n° 4.532, de 1º de fevereiro. A 5 de outubro, e homologado o seu desquite amigável, pelo Juiz de Direito, Dr. Manoel Anísio Jobim.
1937 — Serve na Secretaria Geral do Estado.
1938 — Removido da comarca de Lábrea para a Promotoria de São Gabriel da Cachoeira, por Ato nº 254, de 25 de janeiro.
1939 — Publica a Canção Uanána, nos números 3 e 4 da revista “Baricea”.
1941 — Posto em disponibilidade, a 22 de setembro, por haver sido extinta a comarca de S. Gabriel.
1942 — Os norte-americanos Rose e Bob Brown, antigos diretores da revista "Brazilian-American, do Rio de Janeiro, publicam o livro Amazing Amazon. A respeito de Américo Antony, escrevem: “Raoul Broteher Amerigo was a good a storyteller and imaginative artist. For months we talked over a five-paneled screen he was going to paint for us with the Amazon flowing through and all regional motifs in place, tajás, garças, jacarés legends, indians, but it never came to anything. He lives among indians now, far up on the Rio Branco where he is a federal judge.” Américo Antony publica naquela revista o artigo: “Sucuri hunt in South American”.
1943 — Conferência no Instituto de Etnografia e Sociologia do Amazonas, fundado por Nunes Pereira, sobre os costumes dos índios da região do alto rio Negro.
1944 – Ramayana de Chevalier publica, em o jornal “A Tarde”, edição de 23 de dezembro, o prefácio para o poema Conory, livro inédito de Américo Antony.
1945 – Eleito para a cadeira nº 8, que tem como patrono o amazonólogo Torquato Tapajós, da Academia Amazonense de Letras.
1946 — Péricles de Moraes publica na Revista da Academia Amazonense de Letras uma apreciação literária sobre Américo Antony, intitulada “Um animador de símbolos mitológicos.”
1953 — A 17 de fevereiro, estando em visita à casa dos pais do seu amigo Jorge Tufic, na avenida Joaquim Nabuco, 329, conhece Maria Isis Almeida de Souza, em cujo perfil descobre traços da antiga civilização incaica. Tornam-se íntimos e passam a conviver sob o mesmo teto, na rua Japurá.
1954 — Nasce em Manaus, a 6 de junho, seu filho Alexandre Magno.
1955 — Aproveitado na comarca de Manacapuru. A 2 de agosto, é comissionado como Assistente da Promotoria Militar.
1957 — Nasce em Manaus, a 9 de marco, seu filho Siddarta Gautama.
1958 — Comissionado, a 29 de agosto, na 2ª Promotoria de Justiça da Comarca de Manaus. A 6 de setembro, é aposentado como Promotor de Justiça de 1ª entrância. Inscreve-se na seção amazonense da Ordem dos Advogados do Brasil.
1959 — Nasce em Manaus, a 25 de julho, sua filha Hileia Amazônica.  
A 14 de julho, toma posse da cadeira n° 28, da Academia Amazonense de Letras, cujo patrono é Aníbal Teófilo, sendo recebido pelo acadêmico Nonato Pinheiro Filho. A revista do sodalício, em seu n° 9, publica o poema Peã, dedicado ao acadêmico Moacyr Rosas. E impresso em Manaus o seu primeiro livro: Os Sonetos das Flores, na editora Sérgio Cardoso & Cia. Ltda.
No mesmo número da revista, vem a lume o mais festejado poema de Américo Antony – A ronda dos cisnes, dedicado a Heliodoro Balbi. Por não acolher alguns conceitos do escritor Péricles de Moraes, o poeta faz publicar na página de anúncios comerciais do Jornal do Commercio uma pequena declaração sobre a autenticidade de sua poesia. A 30 de janeiro, é tornado sem efeito o ato de 17, do mesmo mês, mandando servir na Promotoria da Comarca de Barcelos, por motivo de saúde.
1960 — Com grave problema de saúde é recolhido ao hospital da Sociedade Beneficente Portuguesa, em Manaus, em outubro.
1962 — Sócio efetivo do Instituto Geográfico e Histórico do Amazonas. 1968 — A Revista da Academia Amazonense de Letras publica os versos: O Caminho que falaO Jaguar e a LuaA alegria de conhecer-se a própria origemO oceano e a Yara.
1970 — Falece, em Manaus, no Hospital da Sociedade Beneficente Portuguesa, a 18 de agosto. A 23, o acadêmico Nonato Pinheiro, na edição domingueira de O Jornal publica, a seu respeito, o artigo intitulado: Uma figura desconcertante de Aedo.
1974 — Instalada a “Biblioteca Américo Antony” na Fundação Dr. Thomas.
1975 — Resolução do Conselho Estadual de Cultura, recomendando a publicação pelo Estado do Amazonas da produção poética esparsa de Américo Antony.
Autores do trabalho


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