CATANDO PAPÉIS & CONTANDO HISTÓRIAS

terça-feira, outubro 08, 2019

HOTEL CASSINA (5)

A postagem anterior trata do Hotel Cassina. Para ampliar nossa compreensão sobre o referido estabelecimento, que seus restos “imortais” ainda em nossos dias levantam questionamentos, compartilho a opinião de visitantes da época de sua inauguração. O texto encontra-se no livro abaixo referenciado, publicado em 1906 na cidade de São Paulo.

Dados existentes na contra-capa do livro

Hospedamo-nos em Manaus no Hotel Cassina, que nos foi recomendado como o melhor.Deve ter-se enganado o nosso informante: os serviços de mesa e de quartos podem ser classificados como abaixo de maus, o que é uma nota desarmoniosa no conjunto das boas impressões. O proprietário do hotel talvez nunca tenha sido hóspede de bons estabelecimentos e por isso pensa erradamente que o seu hotel é uma casa de primeira ordem. Outra desculpa que lhe é devida é a do preço dos gêneros em Manaus.Depois de visitarmos o mercado e verificarmos os seus preços, ficamos convencidos de que pela diária de 15$000 réis, não se pode naquela cidade dar boa mesa aos hóspedes.Como não fomos a Manaus para ver hotéis, pouco nos demorávamos em casa. Em companhia de amigos visitávamos a cidade pela manhã e depois do almoço e, apesar de todos os senões do hotel, às 3 ou 4 horas da tarde éramos forçados pelo calor a encontrar um certo encanto no repouso do quarto. Não era o sono que nos seduzia, mas simplesmente o desejo de tomar um banho frio e de trocar a roupa umedecida pelo suor. Infelizmente nem sempre havia água no chuveiro e o refrescante banho era substituído pela esponja ou toalha molhada, sistema francês, sem uso entre nós – e só lembrado como recurso de ocasião.Não sabemos se em toda a cidade haveria a mesma falta de água que no hotel; se isso se desse seria um suplício para a população, visto que, no Norte, o banho figura entre as necessidades mais palpitantes e os regalos mais desejados. A julgar pelos apontamentos de climatologia do Dr. Torquato Tapajós, o clima de Manaus é menos quente do que o de Belém, havendo entre ambos uma diferença de quase dois graus em certas ocasiões. Contudo, pareceu-nos ter sentido mais calor em Manaus do que em Belém. Talvez fosse isso devido a ter havido mais chuvas em Belém do que em Manaus quando fizemos as nossas visitas.
A falta do banho frio é para um hotel do Norte uma falta imperdoável. Por seu turno o abastecimento de água em Manaus não é abundante, pois apenas fornece 100 litros por habitante. Deficiente embora, o serviço de água custou não pequeno sacrifício. As águas são levantadas de um igarapé, o da Cachoeirinha, por meio de poderosas máquinas elétricas. o custo do consumo varia de três a doze mil réis por casa, segundo se vê na lei do orçamento. Não é cara, visto que a última taxa é cobrada para um valor cativo superior a quatrocentos mil réis mensais

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