Banda da PM AM em desfile pela av Getúlio Vargas. Reproduzido do Diário Oficial do Estado, 1942 |
Há 100 anos, completados em janeiro,
o médico Jonathas Pedrosa assumiu o governo do Amazonas, herdando uma desabonada Força
Militar, porquanto envolvida em grave rebelião no final de 1912. O triunvirato de oficiais, comandado pelo
tenente-coronel José Onofre Cidade, tomou o comando da corporação e, em
seguida, usurpou o Poder Executivo, mantendo essa situação por 48 horas.
A reação do governador Pedrosa foi, reorganizando
a Polícia Militar do Estado, expurgar os sediciosos. O Regimento Militar do
tempo áureo da borracha já havia sofrido uma rebaixada de escalão ao ser denominado
de Batalhão Militar do Estado, desde 1908. A reestruturação promovida neste
governo reduziu ainda mais o efetivo, e modificou a denominação da corporação para
Batalhão de Segurança. Estou tratando da
força operacional, todavia, por obviedade, as fanfarras sentiram a igualmente a
redução, agrupando-se em única Banda, desde 1908.
Encerrado o fausto da borracha,
aconteceu uma desaceleração da economia do Estado, levando no bojo a
instituição policial militar e, como parte integrante da mesma, a Banda de
Música. Ainda assim, perseverou servindo à Força Policial e as farras da
cidade; prestou as continências de estilo às autoridades em visita a Manaus; do
mesmo modo, alegrou os ágapes oferecidos aos visitantes; acompanhou as procissões
religiosas; esteve no Teatro Amazonas, no intervalo das peças em exibição. Realizou
passeio (desfile) pelas ruas centrais, sempre nas datas festivas, marcando a
cadencia do Batalhão Policial. Tudo isso, até que chegou a Revolução de 1930.
Contudo, não se possui registro atualizado
dos regentes no período entre 1913, sinalizado pela morte do capitão Manoel
Lavor, e a movimentação atípica da Força Policial em 1924, quando do governo
revolucionário de Ribeiro Junior e seus sucessores. No ano seguinte, em fevereiro, tem-se o nome do 2º tenente Benedito Tavares de Azevedo, que assume o cargo de Mestre de Música. São raras as anotações sobre este: apenas que nascido em Manaus, em 1873, nenhuma nota acerca de sua formação profissional, e que exerceu a regência da Banda até janeiro de 1928. Enfim, que retornou ao batente, quando da reativação da Força Policial em 1936.
A desativação da Polícia Militar em novembro de 1930 promoveu uma barafunda entre seus membros, incluída a Banda. Dispensados do serviço, oficiais e praças buscaram e aceitaram qualquer forma de sobrevivência. Uns se apegaram e foram empregados pelo Governo, outros se retiraram de Manaus, mas nos músicos incidiu uma sobrecarga. Afinal, músico somente sabe tocar.
E foi assim que procederam aos “sem-música”,
buscando com a arte prover a subsistência dos seus dependentes. Eram tempos difíceis,
por isso, aceitavam qualquer tocata sem distinção de ambiente, afinal estavam destituídos
da farda. Mas, tanto tocaram pelas esquinas, que restaram conhecidos pela
alcunha de “banda dos abandonados”. Ao
final de 1935 foram socorridos pelo Governo do Estado, mas já o próprio Executivo
se empenhava em restaurar a Polícia Militar.
Em abril de 1936, registrou-se o
retorno da Polícia Militar à atividade. Havia passado cinco longos anos,
consoante os registros alcançados e as palavras de júbilo com que o tenente-coronel
José Rodrigues Pessoa, comandante de então, saudou os novos tempos.
Na direção da Banda de Música estava novamente
o tenente Benedito Tavares de Azevedo, aos 63 anos. (segue)
Nenhum comentário:
Postar um comentário