O proprietário do Acapulco - Mario de Oliveira - conta ao jornal A Gazeta a realização de seu sonho de jovem do interior, que auxiliado pelos governantes deu a Manaus um local aprazível para a diversão.
Recorte de A Gazeta, 17 janeiro 1963
O ANO DA DECISÃO
A HISTÓRIA DO ACAPULCO
Nos meus tempos de rapaz, quando todos gostamos,
sem maiores preocupações, de participar de noitadas, eu já sentia que nossa
Manaus necessitava de um local de diversão, o qual, embora público, estivesse
de acordo pelo seu bom gosto, pelo seu ambiente selecionado, com seus foros de
cidade civilizada.
Os aspectos, aos mais modernos existentes por todo
o País. O Acapulco não foi, portanto, uma inspiração repentina, mais um ideal acalentado
durante muito tempo. Foi somente em 1955 que me foi possível concretizar esse sonho
que, hoje, é uma das mais fulgurantes de nossa vida social. (...)
Ninguém é autossuficiente bastante, pela riqueza, pela inteligência, pela força de mando, para poder desprezar a solidariedade de quem quer que seja. É de lembrar-se que os pobres coveiros são os que sepultam os reis e os mendigos.
SOLIDARIEDADE DE TODOS
O Acapulco é, portanto, o fruto opimo de uma
harmonia de sentimentos, visando a um fim comum: o progresso de nossa cidade.
CABOCLO AMAZONENSE
Sou amazonense, e do interior, e, como tal sou
genuinamente caboclo. E faço questão de sê-lo, e me orgulho disso. Quem me
conhece sabe que não troco uma ovas de acari-bodo pelas de um esturjão. Nasci
na foz do Jutaí, onde meu finado pai possuía propriedade. Vivi lá os dias
despreocupados de minha infância, de anzol n’água, virando tartarugas na praia,
remando igarités, saboreando deliciosos “arabus”, comendo peixe na pá do remo.
Vim para Manaus para estudar. Cursei o tradicional Ginásio
Amazonense. Interrompi meus estudos com a morte de meu pai. Modéstia à parte
não fui mau aluno. De Manaus apenas sai poucas vezes, e quase sempre para Belém.
O Rio de Janeiro, somente fui conhecê-lo há três anos.
Não tenho inclinações a Marco Polo. Sou caboclamente
sedentário. Podem chamar-me de tabaréu, mas não existe cidade melhor do que
Manaus. Sou amazonense de corpo e alma, e o Acapulco é tão amazonense quanto eu.
É que, naqueles tempos, nossa Capital, do ponto de vista de divertimento, se situava entre dois extremos: ou os clubes “fechados”, exclusivamente para os sócios, ou cabarés de ínfima categoria. E então eu já dizia aos meus amigos que, no dia em que eu tivesse recursos financeiros, haveria de criar, em Manaus, um night club que se igualasse, sob todos os aspectos, aos mais modernos existentes por todo o país. O Acapulco não foi, portanto, uma inspiração repentina, mas um ideal acalentado durante muito tempo.
PIONEIRISMO E AMOR À TERRA
“O segundo motivo por que eu desejei deslocar a atenção
e o interesse de meus conterrâneos para a periferia de nossa Capital, pois, até
então era hábito nosso o restringirmos nossas atividades exclusivamente ao
centro da cidade.
Quando adquiri o prédio meus recursos financeiros só
davam para tanto. Foi uma audácia minha; mas um ideal audacioso sempre atrai
simpatia. Foi o que ocorreu. Amigos cederam-me recursos para eu levar adiante
meu plano. Elementos do Comércio e da Indústria forneceram-me material para pagamento
em prazo mais dilatado. A imprensa e o Rádio, desde o primeiro instante, colocaram-se
a meu favor. Nossa população deu-nos apoio de sua frequência, e, como toque final
e decisivo tivemos a solidariedade indispensável das autoridades sobressaindo-se
o Dr. Plinio Ramos Coelho, então governador do Estudo, o qual, autêntico bandeirante
do progresso que compreendeu minha iniciativa de bem servir nossa terra, e
prestigiou-a sempre, desde a inauguração do Acapulco, à qual compareceu para nossa
honra, em companhia de seus auxiliares, até o término de sua fecunda administração.
Seguiu-se-lhe, então, o ilustre governador Gilberto Mestrinho, que também jamais nos negou a sua solidariedade, inclusive honrando o Acapulco, de quando em quando, com sua presença. Eis por que aproveito o ensejo para testemunhar a todos a minha Imperecível gratidão.
CENTR0 TURÍSTICO
“Uma cidade, seja qual for, somente cresce, evolui
e atrai riqueza pelo que pode oferecer, dentre outras atrações e vantagens
materiais, de divertimentos, especialmente noturnos, onde qualquer um possa, de
vez em quando fugir do cotidiano e esquecer-se das preocupações diárias.
Enquanto as autoridades, nossa população, a Imprensa e o Rádio continuam a prestigiar o Acapulco, tudo faremos para corresponder a pia confiança.
ASSISTÊNCIA SOCIAL
Pessoas menos avisadas, formulando conceitos apressados, talvez julguem que a única finalidade do Acapulco é a de ganhar dinheiro às pamparras, para encher usurariamente pés-de-meia, colchões e “burras”. Mas não é verdade. Reafirmo o que já disse: tudo o que já ganhei no Acapulco nele tem sido empregado. Não possuo apartamento no Rio ou em outra qualquer cidade. Como não pretendo, jamais, me mudar de Manaus, tudo o que eu ganhar será utilizado aqui mesmo. Naturalmente que sem lucro não poderia haver o Acapulco. Temos de ter sempre uma reserva para atender ao aleatório de nosso negócio. Afora isso o Acapulco emprega 60 pessoas, desde os trabalhadores de campo ao gerente.
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