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terça-feira, abril 09, 2024

PMAM: SEUS PRIMÓRDIOS (30)

Mais um capítulo sobre a história da Guarda Policial, atual Polícia Militar do Amazonas, no período provincial, compartilhado do meu almejado livro Guarda Policial (1837-1889). 

Primitivo Palacete Provincial


 

14ª Legislatura Provincial

Na Falla de abertura da 2ª sessão dessa legislatura, em 29 de março de 1879, o presidente da Província, barão de Maracaju, aproveita para fundamentar suas iniciativas junto à Guarda Policial. Após esclarecer a transferência da sede para o Hospital de Caridade, comenta a procedência de recrutas oriundos do Ceará.

Sem esclarecer a data, certamente no ano anterior, o presidente, ao solicitar do colega cearense “44 cidadãos para o estado completo da referida Guarda”, promove uma das primeiras importações de mão de obra policial do Nordeste. Ainda ontem, com diversas variáveis, tal processo se reproduzia, em particular na Banda de Música. Do número solicitado, informa o presidente que “já chegaram aqui 43, que estão fazendo serviço”.

Sede do Grupo Escolar, após a reforma
de 1927. Foto Durango Duarte


 

Obras no Palacete Provincial e no Educandos Artífices

Entre maio e junho de 1879, o Palacete Provincial passou por reparos. As obras executadas encontram-se relacionadas no texto lido na abertura da 15ª Legislatura, em 31 de março de 1880.

Houve a restauração do bicame (conjunto de calhas para coleta de água no telhado), que ainda hoje exige intervenção periódica. Promoveu-se a caiação e a pintura do térreo, onde funcionava o Liceu e a diretoria da Instrução Pública; “reparou-se o soalho, o rodapé e vidraças”; e ainda, foram construídos “pequenos alicerces junto à porta de entrada para impedir o avanço das águas pluviais” por sob o assoalho. A tarefa custou ao Tesouro “a quantia de 720$497 réis”. Não há indicação do executante.

Também no mesmo período, a presidência empenhou-se na restauração do Estabelecimento dos Educandos Artífices, que se transformara, com a desativação deste, em hospedaria. O objetivo da reforma era nele aquartelar a Guarda Policial, que se ocupava parte do Hospital de Caridade, em construção. Para isso, o governo “mandou preparar as casas” que hospedaram o diretor e o escrivão do extinto educandário e, igualmente, “parte do lance meridional” do prédio principal.

Quê banzeiro vultoso evitou que o projeto de transferência se concretizasse? Ignoro, porém, se se concretizasse seria um desatino. A polícia ficaria isolada tanto quanto o bairro de Educandos, ou seja, sem ligação terrestre com o Centro Antigo, ligação que era realizada utilizando-se canoa ou catraia. Seria estapafúrdio o deslocamento de tropa de um lado ao outro do igarapé, utilizando barcos de remo! Enfim, para aclarar a questão do insulamento educandense, lembro que a primeira ponte – Efigênio Sales - a ligar este bairro ao “continente” foi inaugurada em 1929; depois vieram a ponte JK em 1957 e, mais adiante, a do cônego Antônio Plácido, em 1975.

Ainda sobrevive resquícios do edifício provincial, utilizando as adaptações adquiridas, próprias ao melhor funcionamento, ontem, do grupo escolar e, hoje, da Escola Estadual Machado de Assis, situada à rua Amâncio de Miranda, 90 – bairro de Educandos, onde estudei na década de 1950.

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