CATANDO PAPÉIS & CONTANDO HISTÓRIAS

sexta-feira, outubro 23, 2015

CLUBE DA MADRUGADA: NOTA

Recorte de O Jornal, 20 julho 1969
Quase um decênio depois da criação do Clube da Madrugada (novembro 1954), a instituição deu cria. Em Brasília foi instituído um grêmio bastante semelhante, inclusive na nomenclatura. Em julho de 1969, o clube brasiliense visitou Manaus, tendo sido acolhido pelo congênere local.

Para registrar esse intercambio e a satisfação da visita, o Suplemento CM, encartado em O Jornal, publicou um editorial saudando os visitantes.


Clube da Madrugada de Brasília
promove encontro com suas origens,
em Manaus


Cerca de 53 membros do Clube da Madrugada de Brasília, sob a presidência do nosso confrade Miguel Cruz, visitam Manaus e tomam conhecimento das nossas paisagens e da vida cultural e artística da cidade. 
É nosso desejo saudar, nesta Página, os companheiros de Brasília, cujo desempenho maior não se concentra apenas nos terrenos da arte e da literatura, mas também nos da música erudita e popular, num conjunto harmonioso de vocações que se entrelaçam e vencem a barreira do indiferentismo e da insensibilidade mais purificada.
Os nossos companheiros de Brasília completam a beleza arquitetônica da Nova Capital brasileira com seus cânticos de amor e alma, que vestem de luz e céu os altos pilares de cimento, refletidos num dança rígida de progresso na superfície do lago artificial.
 
Eles cantam, descrevem e pintam o que faltava em Brasília, para que ela sentisse a presença integral dos aedos que habitam entre os seus edifícios e avenidas.
Os renomes que integram a comitiva do CM-Distrito Federal nos trazem a mensagem de solidariedade que promove os ânimos arrefecidos e chama outra vez os companheiros de Manaus para o intercâmbio de valores e o diálogo construtivo, que sempre foram a base de nossa sobrevivência cultural agora mergulhados naquela fase malsã de hibernação, por fatores adversos que motivam, de tempos em tempos, o aparente desaparecimento ou a dispersão dos grupos de vanguarda.
 
Simples aparência no entanto. Porque aí estão os mais novos, os revisionistas e os continuadores de nosso movimento, quer sejam daqui, quer sejam de outros Estados. 
Em Brasília, o Cube da Madrugada completa seis anos de atividades, e cada vez mais cresce, se agiganta e unifica, dando-nos a poesia de um Lenine Fiuza, as composições e interpretações pianísticas de Maria Valeria e Paulo de Burgos, a voz de José Lourenço, o violão de Zezinho, a
declamação de Maria Aldina Furtado, a cultura de Edy Moreira, o violino mágico do maestro Emanuel Coelho e a paternal lideran
ça de Miguel Cruz e Silva (*), que mantém o Clube dinâmico e criador, divulgando as coisas do Amazonas.
 
Capa do livro
É indiscutível por conseguinte, a justiça de nossa homenagem e o abraço que sela, daqui por diante, a aliança clubista entre Manaus e Brasília. A árvore permanece de pé. E a flor e o fruto rebrotam de suas raízes para a beleza de suas copas altas, ao sol de um mundo novo.


(*) Miguel Cruz e Silva publicou Niterói 400 anos (1973) e Guerra de conquista da Amazônia (1989), ambos os livros podem ser encontrados no conhecido site estantevirtual.com.br

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