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sábado, outubro 17, 2015

CHEFE DE POLÍCIA (5)

Recorte do jornal
Figura excepcional criada nos primórdios do governo imperial, o Chefe de Polícia atravessou longo período da República, até ser atingido em definitivo pelo Governo Militar (1964-85). Corresponderia hoje ao Secretário de Segurança.
O texto abaixo, extraído de matutino local, divulga o falecimento do Dr. Oliveira Lima, no exercício da chefia de Polícia. No vasto número de ocupantes desse cargo, trata-se do único a falecer na atividade.  

Dr. Antonio Cavalcante de Oliveira Lima (*)

Rodeado do carinho de sua família e assistido por pessoas de suas relações de amizade, faleceu, ontem, às 14 horas, em sua residência, à avenida Joaquim Nabuco, 580, o dr. Antonio Cavalcante de Oliveira Lima, Chefe de Polícia do Estado, em comissão, e figura das mais destacadas da sociedade amazonense. Vitimou-o rápida e atroz enfermidade, que zombou impunemente de todos os recursos da ciência, aplicados por seus médicos assistentes.
Nascera o dr. Antonio Cavalcante de Oliveira Lima a 1º de outubro de 1888, no estado da Paraíba, descendendo de uma das mais antigas famílias paraibanas. Bacharel em ciências jurídicas e sociais, iniciou seu curso na Faculdade de Direito do Recife, vindo a terminá-los, brilhantemente, na Faculdade de Direito do Amazonas.
Residindo, desde sua juventude, nesta capital, aqui constituiu família, sendo casado, em segundas núpcias, com a senhora d. Dalila Barros Cavalcante de Oliveira Lima, filha do dr. Virgílio de Barros, subprocurador fiscal da Fazenda Pública.
Deixa o saudoso extinto, de seu primeiro consórcio, os seguintes filhos: senhores José, Antonio e Manoel de Oliveira Lima, e senhora Suzana Cavalcante de Oliveira Lima Medina, esposa do dr. Álvaro Medina, residente em Bogotá, Colômbia. De seu segundo matrimonio ficaram dois filhos menores: Paulo e Mirza.
O dr. Oliveira Lima, que era um exemplar chefe de família e correto funcionário estadual, exerceu diversas funções públicas das mais espinhosas, nas quais pôs em relevo a sua lealdade aos poderes constituídos, tendo também militado no fórum local, sempre estimado por seus princípios morais e elevados dotes de espírito.Iniciou o dr. Oliveira Lima sua carreira pública na Polícia Civil, como escrivão, passando depois a inspetor da Polícia do Porto, tendo desempenhado, em diversas oportunidades, o cargo de delegado auxiliar, achando-se no exercício do cargo de Chefe de Polícia há mais de um ano, tendo o seu desaparecimento consternado todas as classes sociais da capital.
O dr. Ruy Araújo, interventor federal, em exercício, determinou que os funerais do dr. Antonio Oliveira Lima fossem feitos por conta dos cofres públicos, em homenagem aos leais e valorosos serviços prestados ao Amazonas por aquele auxiliar da administração, mandando, também, o chefe interino do governo amazonense que fosse encerrado, ontem, o expediente das repartições públicas estaduais, em sinal de sincero pesar.
O sepultamento do dr. Antonio Cavalcante de Oliveira Lima realiza-se hoje, ás 9 horas, saindo o féretro da casa enlutada.A fim de que o funcionalismo possa prestar a sua homenagem de saudade ao dr. Oliveira Lima, tomando parte no ato de seu enterramento, será facultado o ponto no primeiro expediente de hoje.
 A Manaus Tramways and Light porá 2 bondes à disposição das pessoas que quiserem acompanhar o enterro do dr. Oliveira Lima, associando-se, desse modo, as manifestações póstumas que serão prestadas ao ex-Chefe de Polícia.

(*) Jornal do Commercio, 27 nov. 1942

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