Encerrando a publicação do texto do saudoso
Agnello Bittencourt (1876-1975), que fundou o Instituto Geográfico e Histórico do Amazonas e o presidiu no período
de 1931-1950. A retrospectiva abaixo circulou em O Jornal (Manaus, 28 abril 1957).
O
Instituto tem tido, como presidente, desde sua fundação, os seguintes sócios:
coronel Bernardo Ramos (por dois triênios); coronel Antonio Clemente Ribeiro
Bittencourt; prof. Agnello Bittencourt (durante quatro triênios); doutor
Alfredo Augusto da Matta; doutor Franklin Washington da Silva e Almeida; desembargador
Manoel Anísio Jobim e, atualmente, o professor Mário Ypiranga Monteiro.
Galeria do ex-presidentes do IGHA, até 2002 |
Na relação dos secretários,
que mais trabalharam pelo desenvolvimento e renome da instituição, é de justiça
salientar os professores Arthur Cezar Ferreira Reis e Paulo Eleuthério Alvares
da Silva, não só organizado o arquivo,
como realizando conferências e colaborando assíduamente na Revista. Ficaram
memoráveis as aulas de História do Amazonas, que o primeiro proporcionou à
mocidade estudiosa de nossa terra, trabalho esse que depois, foi publicado
acrescido de novos e importantes capítulos sobre a matéria.
Na
lista dos governadores do Estado, no interregno de 40 anos da vida do
Instituto, devemos distinguir a valiosa cooperação de Pedro Alcântara Bacelar e
Álvaro Maia, como do Interventor general Nelson Mello, sendo aqueles declarados
Beneméritos, e, este, Presidente de Honra.
O
Instituto sempre viveu em aperturas financeiras, isto é, sem fontes de recursos
para manter a publicação de sua Revista e manter um porteiro-zelador (que, por
isso, era mesquinhamente pago) nas subvenções do Estado (Cr$ 300,00 mensais) e
do Município (igual quantia) não davam para aquisição de material de expediente
e de conservação dos mostruários. Por muitas vezes, a Diretoria fê-lo à sua
custa.
Roberto Mendonça e Humberto Figliuolo, sócios efetivos |
Registrem-se, porém, dois ou três
vultosos auxilios do governo da União, obtidos por iniciativa do saudoso orador
perpétuo do Instituto, Dr. Vivaldo Palma Lima, quando deputado federal pelo
Amazonas, na última legislatura. Esses auxílios permitiram que o atual presidente,
professor Mário Ypiranga, ampliasse o prédio, cujas obras se acham inacabadas,
na esperança de um novo e urgente impulso.
O
Instituto precisa sair do período de estagnação em que se encontra, recuperando
o fio de sua brilhante finalidade, pois, ninguém deve desconhecer o papel que
os estudos geográficos e históricos desempenham na comunhão soci-al, no
bem-estar dos povos adiantados. Faz-se, cada vez mais útil, para a amplificação
da cultura, a existência de Museus, Arquivos e Bibliotecas, nos quais se possam
haurir conhecimentos sôbre ¨o que foi e o que é¨ em relação à Natureza e ao
Homem. Completam as escolas no enriquecimento da inteligência.
Uma
cidade que não possua centros nos quais se aninhem as ciências e as artes, o
comércio e as indústrias, os bons costumes e o civismo, não se honra a sí
própria, não dá ensanchas ao progresso. O Instituto precisa de amparo. Ajudem o
seu presidente, que é um amazonense ilustre e compreensivo, publicista e membro
da Academia Amazonense de Letras. Está operando proveitosamente em Manaus o
Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia, que tem à sua frente o dinâmico
historiógrafo professor Arthur Reis. Acaba esse nosso coestaduano de soerguer
do abandono em que se encontrava o outrora renomado Museu Goeldi (Museu
Paraense). Aplausos têm surgido, em louvor dessa providência salvadora. A
Entidade, de vivas e esplêndidas tradições, resurge e retoma seu destino
cultural.
Após
entendimentos com o governo do Estado e com a sociedade responsável pelo nosso
Instituto, de um lado; de outro, com aquele Professor, e tudo se conseguirá. É
oportuno lembrar, repetindo Samuel Smiles, que, para a prática de uma boa ação,
¨convém imediatamente dar o primeiro passo, e estará conquistada a metade da
vitória¨. Trata-se de um Sodalício que é, nos termos dos seus estatutos
(Decreto nº 1.190, de 17 de abril de 1917), como a nossa Academia Amazonense de
Letras, um patrimônio do Estado e uma sentinela avançada da nossa civilização.
Rio
de Janeiro, 25 de março de 1957.
Agnello Bittencourt
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