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quinta-feira, julho 01, 2010

POLÍCIA MILITAR DO AMAZONAS (XV)

Mais informações sobre a evolução desta corporação. Aqui ainda retratando os movimentos observados na época provincial.

• Francisco Nepomuceno

Francisco Antônio Nepomuceno, possivelmente capitão da própria Guarda Policial, foi empossado no comando da Guarda, em 17 de julho de 1884. Tão logo assumiu, “seguiu para a capital do Pará, encarregado pela Presidência de contratar voluntários e comprar 4 cavalos”. Quanta penúria, o Amazonas não conseguia sequer criar quatro cavalos! Quanto aos voluntários, pode-se imaginar a espécie de contratados.


Concluída sua administração, em 27 de agosto de 1885, Nepomuceno foi submetido a inquérito administrativo, suspeito de desviar recursos financeiros destinados à Guarda. Essa desdita somente foi noticiada três anos depois pelo Presidente Ernesto Adolpho de Vasconcelos Chaves. E o resultado da averiguação, vulgarizado em Exposição de 25 de março de 1887, com a seguinte anotação: “Foi reconhecido um alcance para com a Província, e responsável por prevaricações encontradas o ex-comandante da guarda policial (...), que mandei submeter a processo”.


Os assentamentos deste oficial existentes no Palacete Provincial pouco indicam. Sequer informam a filiação ou a origem dele, se oficial do Exército ou civil, nem mesmo a data de seu ingresso na Guarda Policial. Detalhe: a patente de capitão era inerente a função de comandante.

• Posse presidencial
Em 11 de outubro, tomou posse na presidência da Província, José Jansen Ferreira Júnior, oriundo do Maranhão. Como sempre, bacharel pela Faculdade de Direito do Recife (turma de 1868). Manteve-se no poder até 21 de setembro de 1885.

• Comando da Guarda Policial
A partir de 25 de setembro de 1885, a Guarda Policial possuiu novo comandante: Miguel Victor de Andrade Figueira, capitão reformado do Exército.


Anotação sem maiores detalhes informa que este oficial era casado com Dária Azevedo da Silva Ramos, filha de Manoel da Silva Ramos, fundador da imprensa no Amazonas.
Silva Ramos, casado com Jesuina Maria de Azevedo Ramos, teve três filhos: Manoel e Bernardo de Azevedo da Silva Ramos e Dária Ramos de Medina Ribeiro, todos amazonenses. Manoel era diplomado em farmácia e aqui estabelecido, morto em 1896.
Bernardo Ramos, negociante, gozava de elevado e justo conceito na sociedade, é um dos fundadores do Clube Republicano do Amazonas. Além de intendente no primeiro conselho municipal da República; foi provedor da Santa Casa de Misericórdia e presidente da Junta Comercial. Participou da fundação do Instituto Geográfico e Histórico do Amazonas, em 1917. Coronel da Guarda Nacional, morto em 1931.
Dária casou-se em primeiras núpcias com o capitão Miguel Victor de Andrade Figueira e, em segundas, com Sebastião Monteiro de Medina Ribeiro


O comandante Figueira foi outro integrante das forças militares na Guerra da Tríplice Aliança. Teve sua atuação reconhecida com a Medalha da Guerra do Paraguai, concedida pela República da Argentina.
Acredito que se trata de Voluntário da Pátria, contemplado, como tantos que atenderam ao chamamento imperial, com benefícios explícitos e amplamente vulgarizados pelo Decreto de 7 de janeiro de 1865.

• 28 de outubro
Tomou posse na presidência da província, Ernesto Adolpho de Vasconcelos Chaves, nascido na província da Paraíba. Como tantos outros presidentes, bacharelou-se pela Faculdade de Direito do Recife, na turma de 1866. Permaneceu no exercício deste mandato até 10 de janeiro de 1887.

• Conrado Jacob de Niemeyer
Nomeado para presidir a província amazonense em 29 de janeiro de 1887, Conrado Jacob de Niemeyer, bacharel em matemática pela Escola Militar da Corte; comendador da Imperial Ordem da Rosa; cavaleiro da Ordem de Nosso Senhor Jesus Cristo e da Militar de São Bento de Aviz; condecorado com a Medalha de Campanha do Paraguai; coronel do Corpo de Engenheiros; comandante das Armas da Província do Amazonas, tomou posse a 23 de março. Sua gestão prosperou até 10 de janeiro de 1888.
Para auxiliá-lo na gestão da província, quiça consolidando o nepotismo que tanto nos angustia, emprega como secretário a Olympio Giffenig Von Niemeyer. Em que grau seria este parentesco? Desconheço, mas, considerando-se o sobrenome, seria bem próximo!
  • Relatório de Niemeyer
Em 25 de março, no curso do Relatório com que instala a sessão legislativa, coronel Niemeyer relata uma ocorrência envolvendo praças de duas tropas armadas na cidade. De um lado, elementos da Guarda Policial e, de outro, soldados do Exército. E mais, cientifica aos legisladores que, face à gravidade da altercação, já a encaminhara para conhecimento do Governo Imperial.


Em resumo: o choque entre as “praças de pré” teve início cerca das 18h 30 de 23 de fevereiro. O local – proximidades do quartel do 3º Batalhão de Artilharia, hoje Colégio Militar de Manaus, quando dois praças da Guarda Policial faziam o policiamento da atual rua Epaminondas. Sem explicações, os guardas foram “atacados e esbordoados a cacete, por praças do batalhão”.

Sede do 3º Batalhão, hoje Colégio Militar de Manaus

O provimento presidencial fez reunir os comandantes dos contendores, além do Chefe de Polícia, por presumir a evolução do conflito diante das “rivalidades frequentes entre a força de polícia e de linha”.

A despeito da diligência enunciada, verificou-se novo conflito, agravado agora pela participação de “cearenses moradores na estrada, que são patrícios da maioria dos policiais”. No início da madrugada, contornado, enfim, o ataque mútuo pode-se contar os feridos: “cinco soldados do 3º Batalhão, todos à bala, e só um gravemente; e da polícia seis, sem falar nos dois primeiros, todos a sabre”.
Tais divergências entre praças perduraram por décadas; já amenizadas em nossos dias, ou até anuladas, diante da reduzida presença de militares fardados nas ruas.

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