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sexta-feira, outubro 21, 2022

PMAM: SEUS PRIMÓRDIOS (4)

Novo capítulo sobre o período provincial da Polícia Militar do Amazonas, compartilhado do livro Guarda Policial (1837-1889)

Recorte da capa do livro

É a partir do aparecimento da Síntese histórica em 1972 que a cilada do primeiro comandante toma vulto. Até então a Polícia Militar do Amazonas privilegiava ao major Severino Euzebio Cordeiro, comandante na criação em 1876, como o primeiro. Com isso, a informação da Síntese se transformou em dogma. Tanto que sem qualquer precaução, os editores de Almanaque (publicação anual que traz a relação hierárquica de seus membros, com várias indicações pessoais: data de inclusão, de promoções e condecorações auferidas, entre outros dados) da Polícia Militar do Amazonas inseriam nele a galeria dos ex-comandantes, preenchendo sem discernimento os espaços vazios elencados acima. Motivo pelo qual, o primeiro comandante exerceu esse encargo durante 14 anos, ou seja, de 1837 a 1851.

O mesmo procedimento ocorreu com os dois seguintes. Ora, se Albino Pereira detém o privilégio de ser o primeiro comandante, ao menos que se consertem as datas, visto que aquele oficial somente pôs os pés em Manaus em 1848, diferentemente do que dogmatiza o autor da Síntese histórica.

Todavia, não é este o fato. O fato é que a Polícia Militar do Amazonas deve esclarecer aos sujeitos (internos e externos) um certo “buraco negro” em sua existência. Episódio que enleia, embaraça a compreensão e, portanto, deve ser desvendado ou esclarecido na história da entidade. Sem traumas, pois semelhante ou em igual condição há em outras instituições. Aludo a dois exemplos análogos, para ficar no regional amazônico.

A festa da criação da cidade de Manaus – 24 de outubro de 1669 – é exemplo devidamente patenteado. Cristalino. Os cronistas e historiadores manauaras e, mais ainda, os donos da verdade no IGHA - na revista 332 anos de Manaus: História e Verdade - colaram duas datas distintas e distantes: 1669 (ano em que se presume ter sido construído o fortim local de São José) com 24 de outubro (data da lei que eleva a vila à cidade de Manaus, em 1848). Com o título – Imbróglio do aniversário de Manaus – o doutor em História da Ufam Francisco Jorge esclarece com mais conveniência essa “invenção” natalícia, ou mais essa “verdadeira mixórdia, pois se trata de uma mistura de tempos, eventos e significados que rigorosamente nada têm a ver uns com os outros”.

O outro caso consagrado é o natalício da Polícia Militar do Pará. Na baía de Guajará, a Força Policial conectou o ano de 1818 (por isso, a terceira PM mais antiga do país) com 25 de setembro (dia em que a tropa paraense ajudou a superar os conselheiristas em Canudos, em 1897). Como se pode notar, há “frankensteins” em variados armários.

 

Uma palavra final sobre os primeiros comandantes. A galeria dos ex-comandantes enfileira o “coronel reformado de artilharia João Henrique de Matos, da Guarda Nacional”, em segundo lugar. Informações desencontradas dos autores consultados não me permitiram definir a origem deste militar. Ao meu ver, pertencia tão-somente à afamada GN; dessa maneira, não deve ser confundido, como procede a corporação amazonense, com oficial R/1 (seja da reserva ou reformado) do Exército. O fato: em janeiro de 1852, Matos foi empossado na 3ª vice-presidência da Província e, nessa condição, tomou o encargo da área da Segurança. Além de assumir o cargo de Chefe de Polícia, substituiu ao tenente-coronel Albino Pereira na direção da Guarnição do Amazonas.


O terceiro nome na galeria é o de Pedro Nicolau Freguerstein (cujo sobrenome correto é Faegerstein), que aqui desembarcou do vapor Marajó em 10 de fevereiro de 1857. Possuía o posto de tenente-coronel. Não obtive outros subsídios acerca de sua presença na Guarda Policial, que importa sobremaneira para este estudo. Aprendi em Os mercenários do imperador, contudo, que se tratava de um “mercenário alemão no exército imperial, durante o primeiro império (1822-31)”, tendo servido como capitão no 28º BC (Rio). 

Silvério Nery, major comandante
da PMAM e genitor de 
governadores

Tem mais: na condição de tenente-coronel serviu na Guarnição do Amazonas, quando então apadrinhou o casamento do major EB Silvério José Nery (julho de 1857), que foi comandante da PMAM em 1878 e genitor dos governadores Silvério e Constantino Nery.

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