NUNCA FOI OPM, MAS É A MAIS ANTIGA
Banda de Música com o mascote, anos 1950 |
A Banda de Música é a mais antiga organização da Policia Militar
do Amazonas, por incrível que pareça. Desde a sua criação, não deixou de operar
mesmo quando a PM esteve desativada (1930-36). Ainda que aos emboléus, a Banda
permaneceu tocando pelas esquinas de Manaus, até ser amparada pelo Corpo de
Bombeiros Municipais, enquanto sua alma
mater penava.
A
força policial, ao desfrutar da pomposa denominação de Regimento Militar do
Estado (1897-1912), usufruía de expressivo efetivo. Dispondo de tanto pessoal
engajado, foi exequível organizar duas bandas de música. Advirto que eram
tempos de “vacas gordas”, de borracha farta fluindo pelos rios, cuja riqueza possibilitou
construir a belle époque manauense.
Quando
essa riqueza se liquefez, a corporação policial do Estado foi igualmente se derretendo.
De Regimento, apequenou-se em Batalhão. Depois, designada por Força Policial e,
mais adiante, de Polícia Militar do Estado do Amazonas (PMEA). A cada mudança,
padecia uma acelerada diminuição do efetivo, backup do que acontecia com a população de
Manaus. No beiradão, objeto de vindoura parte de sua história, nem se imagina
como a Polícia mantinha seu pessoal.
Na
metade do século passado, a situação econômica do Estado bateu no fundo do
igarapé. Uma recordação assaz aflitiva: o reduzidíssimo fornecimento de energia
elétrica, forçava o apagão em
dias alternados. Manaus estava prestes a consolidar a decantada designação de
“porto de lenha” que, para nosso gáudio, não vingou.
A Polícia Militar era um simulacro de força, autêntico fantasma,
segundo proclamou o governador Plínio Coelho, ao tomar posse em 1955. A
organização, Força Auxiliar do Exército, reproduzia as linhas deste e
correspondia ao efetivo de um batalhão, seccionado em companhias adaptadas para
atender as imposições da Segurança.
Obviamente, nesse contexto encontrava-se a Banda de Música. Ora
puxando o desfile matinal ou comemorativo, ora, nos coretos, até encantando os
ouvintes. Houve liberalidade para adotar um mascote: um carneiro.
Nesse quadro sombrio, as Forças Armadas implantaram o Governo
Militar (1964-85), que os estudiosos alcunham de ditadura (seja lá!). O que
importa é que, empossado no governo do Estado, Arthur Cezar Ferreira Reis
(1964-67) reestruturou a Polícia Militar do Estado do Amazonas (PMEA),
começando por crismá-la de Batalhão
Amazonas. Recordou, a fim de sustentar o decreto nº 188/65, que um
batalhão da Força Estadual do Amazonas ajudou a sitiar Canudos, em 1897.
Um
mês antes deste empreendimento governamental, o comandante da corporação, major
EB Jorge Nardi, havia instalado o CIM (Centro de Instrução Militar) destinado,
como indica a própria nomenclatura, a capacitar os policiais ingressos na PMEA.
Este Centro tornou-se o embrião do CFAP (Centro de Formação e Aperfeiçoamento
de Praças), criado em 1980.
Não nesta ordem, mas a partir do desempenho do Governo Militar
provieram na Força Estadual sua expansão na Capital e nos afluentes do rio
Amazonas; o aumento da força de despersuasão (Choque) com suas variantes; o
serviço de extinção de incêndios; o policiamento motorizado, o montado, o
fluvial e, por fim, o aerotransportado. Alguns, substituídos, outros, extintos,
segundo impõe o progresso.
“Porém! há um caso diferente” (canta o poeta), destoante ou não:
a Banda de Música coronel
Afonso de Carvalho persiste. Nem tão altaneira, nem tão briosa
como se anseia, porém, consagrada como a Única OPM (Organização Policial
Militar) – a despeito de nunca ter sido assim legitimada – da Polícia Militar
do Amazonas a atravessar sem interrupção os policiais tempos – ora generosos,
ora tenebrosos – de sua existência mais que centenária.
Vida
longa ao hodierno Corpo Musical, legatários da Banda inaugurada pelo coronel Afonso de Carvalho e
seu primeiro regente, tenente Cincinato Ferreira.
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