CATANDO PAPÉIS & CONTANDO HISTÓRIAS

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sábado, julho 26, 2025

IGPM NA POLÍCIA MILITAR DO AMAZONAS

 Notícia recolhida no jornal A Crítica (29 setembro 1978).

Com a finalidade de inspecionar a Polícia Militar do Estado do Amazonas, esteve em Manaus nos dias 23, 24 e 25 o General de Brigada Harry Alberto Schnarndorf, Inspetor-Geral das Polícias Militares do Brasil, órgão subordinado ao Ministério do Exército. A IGPM foi criada pelo dec. lei 667, de 2 de julho de 1969, que trata da reorganização das Polícias Militares e dos Corpos de Bombeiros dos Estados, Territórios e Distrito Federal. Durante a inspeção realizada na PMAM, fez-se a acompanhar de oficiais pertencentes ao seu Estado-Maior. Nas fotos, vemos quando, passava revista à tropa e recebia a apresentação individual de oficiais da PM.

Uma indiscrição observada: o sobrenome do general, nascido em Santa Catarina, era bastante estranho para os oficiais nortistas. Desse modo, passei a semana juntamente com os colegas treinando o nome de guerra do visitante. No salão de honra, local da apresentação, perfilaram: (a partir da esq.) capitães Alrefredo e Roberto (autor desta postagem), majores Humberto e Osório (que olha com assombro) e o tenente-coronel Lustosa. De perfil, o general Schnarndorf! 

sábado, novembro 02, 2024

PMAM: FORMAÇÃO DE OFICIAIS (2)

O primeiro restauro da PM amazonense ocorreu em 1876, desse modo, foram quase noventa anos até que tivesse início a formação de oficiais propriamente dita. Afinal, o fato ocorreu na abertura da década de 1960, quando os primeiros alunos ou cadetes foram enviados à Escola de Formação de Oficiais (EsFO) da PM da Guanabara (novamente Rio de Janeiro, em 1975). Adiante, foi a vez de recorrer à Academia da Polícia Militar (APM) do Barro Branco, em São Paulo. Seguida da APM de Minas Gerais, que aceitava alunos ainda sem o curso médio completo, e à do Estado do Rio, com a capital em Niterói. Em nossos dias, há alunos formados em todas as APM do país.

Quartel da Polícia Militar do Amazonas entre 1890-2002

A partir de 1964, com o advento do Governo Militar, e de 1969, com a criação da Inspetoria-Geral das Polícias Militares (IGPM), a distribuição de vagas em cursos policiais em geral tomou novo direcionamento. No ensejo, observou-se na juventude amazonense maior interesse pelo quadro de oficiais, empenho que foi crescendo a cada ano, incrementado quem sabe pela presença de jovens oficiais na capital, pela notícia expressada no domínio familiar, ou no âmbito escolar, e, como soe acontecer em todas as escolas militares, a aplicação de quota com o aproveitamento de sobrenomes paternos, além de indicações superiores. Em 1987, o número de candidatos superou a centena – 142 –, incluídos os civis e os policiais militares, para uma dúzia de vagas.

Uma outra questão que, com o aumento do número de formandos a cada ano, passou a necessitar de novas regras. Os primeiros candidatos mantinham a antiguidade adquirida na escola, ou seja, de acordo com o grau escolar e a data em que se tornavam aspirantes a oficial. Assim, aquele que fosse declarado aspirante no primeiro dia do mês tinha mais antiguidade do que os declarados nos dias seguintes, independentemente do grau escolar. Dessa forma, a importância do grau escolar – cuja relevância é notável – era desafiada. Por conta disso, uma nova diretriz foi estabelecida: independentemente da data de declaração e da academia, os aspirantes seriam agrupados em uma única turma e classificados conforme seu desempenho acadêmico. No entanto, essa norma logo passou por alterações, já que algumas escolas adiantavam o término do curso.

Anos 1930

Comandantes

Nome / Posto                                                                    Nomeação

  1. Joaquim Vidal Pessoa (AM)                    
      1. capitão EB                                                    29 janeiro 1930
  2.  Sergio Rodrigues Pessoa Filho (AM)
      1. tenente-coronel PM                                     1º novembro 1930
  3. Dissolução da PMAM
    1.       Ato 52                                                            29 novembro 1930 
  4.  José Rodrigues Pessoa (PB)
      1. tenente-coronel PM                                    20 abril 1936

Nota: os três comandantes estão enunciados nesta ordem: o nome e a naturalidade, o posto original na Força, sendo EB (Exército Brasileiro) e PM (Polícia Militar), e a data da nomeação.

OFICIAIS INCLUÍDOS

Nomeação

Nome / Natural                                                               Nascimento          

20|04|1936  

  • Júlio Augusto Bezerra (CE)                                              - 1905
  • Francisco de Paula Guedes de Araújo (AM)                  - 1905
  • José Umbelino de Albuquerque (CE)                              - 1894

12|05|1936   

  • Benedito Tavares de Azevedo (músico) (AM)               - 1873

03|10|1936  

  • Luiz Rodrigues de Carvalho (AL)                                     - 1887
  • Temístocles Henriques Trigueiro (PA)                           - 1908 (1)
  • Jonas Paes Barreto (PE)                                                   - 1897

02|09|1938 

  • Adalberto de Albuquerque Cavalcanti (PB)                   - 1911

1938  

  • Licurgo de Souza Marinho (?)

21|09|1939  

  • Guilherme Marques de Souza (AM)                                - 1910

(1) ainda tenente concluiu a Escola de Aperfeiçoamento de Oficiais, em 1937, na Polícia Militar do Pará, o primeiro oficial a realizar esta proeza. 

Serviço de Saúde

20|04|1936  

  • Walmiki Ramayana Paula e Souza de Chevalier (AM) - 1909 (2)
  • (2) incluído como 1º tenente médico, reformado coronel em 1954. Reconhecido na cidade pelo seu desempenho intelectual.

segunda-feira, dezembro 05, 2022

PMAM: DIRETORIA DE FINANÇAS (DF)

O Governo Militar de 1964 estabeleceu um organismo para direcionar o serviço policial militar, incluído o dos bombeiros: a Inspetoria Geral da Polícias Militares (IGPM). As normas impostas às corporações alcançaram a Força do Amazonas, que tratou de cumprir as orientações. Neste sentido, abandonou a Tesouraria Geral para criar a Diretoria de Finanças (DF), consoante o decreto 3426, de 21 de abril de 1976. 

A implantação ocorreu algum tempo depois, como se observa pela data de nomeação do primeiro operador da DF, que ainda segue funcionando, obviamente com a incorporação de novas regras. Tratei de recolher os oficiais que dirigiram a seção, cuja coleta se estende até o nomeado no ano 2000. Espero que alguém complete a falha.

Segue abaixo os diretores com a indicação do Posto, do Nome (em negrito, o nome de guerra) e da Data de nomeação. 

Sentido horário: Osias Lopes, Ronaldo Toledano,
Galisa de Lucena, Nogueira Jr e Moreira Nunes

                                         

Capitão

Roosevelt Jobim

16/09/1976 

 

Major

Osias Lopes da Silva

03/07/1979 

 

Major


Odorico Alfaia Filho

 

24/09/1981

 

Tenente Coronel

Romeu Pimenta de Medeiros Filho

01/07/1985 

 

Tenente Coronel

Antônio Guedes Brandão

14/04/1987 

 

Major

Jaime José Galisa de Lucena

26/04/1989

 

 

Tenente Coronel

Luis Gonzaga Rodrigues Oliveira

30/08/1990 

 

Tenente Coronel

Eber Bessa Rebello

 

14/05/1991

 

Coronel

Antônio Carlos Cardoso Pereira

13/04/1993 

 

Tenente Coronel

Ronaldo Francisco Albuquerque Toledano

28/12/1993

 

 

Tenente Coronel

Jaime José Galisa de Lucena

20/01/1995 

 

Tenente Coronel

Wilde de Azevedo Bentes

15/05/1995 

 

Tenente Coronel

Alcides Ferreira Costa

01/03/1996 

 

Tenente Coronel

 

Jaime José Galisa de Lucena

 

14/04/1997

 

Tenente Coronel

José Alves de Lima

08/03/1999 

 

Major

 

Raimundo Gonçalves Nogueira Júnior

24/06/1999 

 

Tenente Coronel

José Moreira Nunes

12/04/2000

 

 

quinta-feira, fevereiro 17, 2022

PMAM: FORMAÇÃO DE OFICIAIS

 Recentemente empreendi a busca pelos dados dos oficiais da Polícia Militar do Amazonas (PMAM). As perguntas são múltiplas, porém nesta postagem vou avaliar o desdobramento das primeiras promoções, ou como eram incluídos os primitivos oficiais.

A formação de oficiais concretizada na própria Polícia Militar do Amazonas suportou alentado atraso (e quanto!), ultrapassando várias fases até o funcionamento de sua Academia, em 2002. Não obstante a longa existência, posto que a corporação foi criada em 1837, antes mesmo da instalação da província amazonense. A indigência da província logo impôs a dissipação da Força Estadual, até que em 1876 esta foi recomposta e, desde então, segue assinalando sua respeitosa presença nos espaços amazonenses.

Diversas tomadas do antigo quartel da PM na Praça da Polícia

A fim de instruir este levantamento, cabe inquirir: como a corporação provia seu corpo diretivo, ou seja, como se aparelhava quanto aos oficiais? Refiro-me ao primeiro instante de sua organização, inda no Lugar da Barra, a denominação primitiva de Manaus, que crescia na beira do barranco, cercada de igarapés e das diversas etnias em sua ilharga. Distante de tudo e de todos, Manaus somente podia contar com material e pessoal militar escassos, porém. A segurança pública era efetivada pela Força Terrestre, com uma marcante deficiência de pessoal. Reservado aos homens, poucos eram os voluntários para o serviço de vigilância pública, desse modo, restavam engajados os analfabetos e os arrivistas (alguns estrangeiros). 

A extração do látex trouxe um descomedido alento ao território na virada do século 20, no qual a fortuna corrente impulsionou a administração pública em todos os rumos, atraindo imigrantes daqui e de além-mar. Evidente que a Força Militar Estadual foi contemplada. Com a instalação da República (1889) e o usufruto da “fase áurea da borracha”, o estado do Amazonas tomou pujante impulso. Vejamos apenas a evolução da Polícia Militar, então denominada Regimento Militar do Estado, título este conservado entre 1896 e 1906.

O corpo de oficiais era integrado por oficiais do Exército, em particular no comando, e de cidadãos escolhidos ou indicados ao governante, segundo lhe permitia a legislação, e, enfim, os provenientes da classe subalterna dos sargentos. No fundo mesmo, as promoções ocorriam em função da afeição e do compadrio (no linguajar castrense: da peixada). Portanto, inexistia a formação de oficiais.

Encerrado o boom da goma elástica (cerca de 1920), quando a benfeitora exploração da borracha mudou de continente, a derrocada financeira tomou conta do Estado. Órgão estadual, a Força Pública foi no banzeiro, após período em que esteve desativada (1930-36), teve a redução de efetivo e de soldo até alcançar o fundo do leito do igarapé na metade do século passado. O balizamento desse descalabro pode ser notado pelo “efetivo previsto para o exercício de 1950”, contados em 326 homens (lei 438/49). 

Desativada em novembro de 1930, o Amazonas prosseguiu sem força policial. Consolidando os esforços da Câmara Federal, no início de 1936, Getúlio Vargas promulga a lei 192, de 17 de janeiro, com a qual “reorganiza pelos Estados e pela União, as Polícias Militares, sendo consideradas reserva do Exército”. Entretanto, o interventor Álvaro Maia já havia sancionado a Lei 55, de 31 de dezembro, em que “restabelece a Força Policial do Estado”, posto que não se tratava de estruturação. Uma das diretrizes (art. 1º) estabelecia que sua implantação ocorresse em até seis meses, todavia, o imperativo de policiamento e o grande afã de seus ex-integrantes contribuíram para que, em 20 de abril, a Força retornasse às atividades. 

No bojo desta legislação federal encontram-se regras, ainda que indiretas, sobre a formação de oficiais. Nela ficou estabelecido que, após 5 anos de existência desta legislação federal (art. 25), “só concorrerão ao provimento das vagas de segundo tenente, os candidatos que possuírem o Curso de Formação de Oficiais, de sua corporação ou da Polícia Militar do Distrito Federal; (...)”. Não foi dessa vez que algum candidato acudiu à vaga inicial do oficialato portando o CFO, até porque o decreto-lei 1.623/39 revogou o citado artigo.

Dez anos depois, nova alteração ocorreu na lei de reorganização das Polícias Militares. Com o país alforriado do governo ditatorial de Getúlio Vargas, Gaspar Dutra baixa o decreto-lei 9.460/46, alterando o art. 8º, sem que modifique o entendimento sobre a promoção aos candidatos a 2º tenente, que persiste “por merecimento intelectual”. Concurso neles, pois! Na contramão, a Força Estadual amazonense como não possuísse recursos para implementar essa decisão, prosseguia com o preceito consuetudinário, aproveitando os sargentos e os “indicados” para o quadro de oficiais. 

1.    Oficiais da Reserva (R/2)

Em 2 de abril de 1941, Gentil João Barbato, major do Exército, assume o comando da Força. Imbuído dos regulamentos militares, obtém do Interventor a sanção do decreto-lei 581, de 2 de junho, que, modificando legislação anterior (decreto 108/36), estabelece normas básicas para a promoção ao primeiro posto do oficialato. As vagas destinavam-se aos graduados, porém, se houvesse civis inscritos, dispondo do CPOR, “terão estes preferência, sendo dispensados do concurso”. Pode ser alcunhada de lei Neper Alencar, o primeiro beneficiário. 

Ocorreu, no entanto, ligeira variação: o acolhimento de oficiais R/2, sendo o primeiro deles formado no CPOR (Centro de Preparação de Oficiais da Reserva), sediado em Belém (PA), turma de 1940; logo, outros chegariam do NPOR (Núcleo de Preparação de Oficiais da Reserva) pertencente ao 27 BC local, turma de 1942/43. Além disso, é conveniente registrar que o primeiro oficial a concluir o CAO (Curso de Aperfeiçoamento de Oficiais) foi o então capitão Omar Gomes da Silveira, na PMDF (em nossos dias RJ), em 1954. Este oficial, sendo tenente-coronel, em 1967 assumiu o comando-geral da corporação. 

O capitão EB Pará Bittencourt assume o comando em 12 de setembro de 1947, e logo se confronta com a lei 82, de 25|11|1947, a qual ordena (art. 16) que “a partir de 1º de janeiro seguinte funcione na Polícia Militar o Curso de Formação de Oficiais”. Incrível, somente 40 anos depois se renova o empreendimento para a formação de oficial com a criação da “Academia de Polícia Militar Coronel Neper Alencar” (lei 1.876, de 18|12|1988). E mais 12 anos para seu funcionamento, a despeito de malmente aquartelada. Outra cláusula (letra “d” do art. 15) estabelecia que a promoção de segundo tenente, seria feita “por merecimento intelectual”. Logo, mediante concurso.

 

A lei 494, de 16|12|1949, aprova o “Estatuto dos funcionários públicos civis do Amazonas”. Este código, ainda que destinado a civis, certificou certas atividades e funções na corporação da Praça da Polícia, nem sempre de forma republicana. Somente para elucidar: foi aproveitado para comissionar um oficial médico EB no posto de tenente-coronel PM e, servindo-se desta lei, designar o “comissionado” na chefia da Casa Militar (07|1960). 

A promoção, que amiúde serve de pretexto para suspeita ou disputa acirrada entre camaradas, já continha regras fundamentais, algumas bastante vagas, todavia, cumpridas com higidez. Inexistia a figura do oficial excedente ou do agregado, expediente tão comum em nossos dias. Em 1952, a lei 21, ao estabelecer as “normas para o ingresso no oficialato da PM e para as promoções”, tornou-se um marco incisivo desse processo.

2.    Primeiros oficiais de Escola

Em 1959, ao assumir o governo do Estado, o professor Gilberto Mestrinho nomeia ao doutor (advogado) Francisco de Assis Albuquerque Peixoto para a função de coronel comandante da Polícia Militar. Ao final desse ano, a corporação promove a seleção de candidatos para o CFO (Curso de Formação de Oficiais) da PM da Guanabara, hoje Rio de Janeiro. Foram selecionados três moços, nascidos em 1939: Pedro Câmara, Pedro Rodrigues Lustosa e Hélcio Rodrigues Motta (um quarto, desistiu – Pedro Falabela, saudoso prefeito de Urucará e gerente da Afeam). Tornaram-se, pois, os primeiros alunos a oficial, adiante, os cadetes e, enfim, os oficiais da PMAM com formação apropriada.

Antigo logotipo da PMAM, circulado em 1991

A experiência exibiu à corporação o elevado proveito em enviar seus candidatos a oficial para outras coirmãs, possuidoras de Academia. Tornou-se conveniente para ambos os lados, e a força amazonense aproveitou a ocasião. Em frente, com a instalação do Regime Militar (1964-85), que criou a IGPM (Inspetoria Geral das Polícias Militares) para gerenciar as polícias estaduais, em 1969, esse intercâmbio expandiu-se, alargou-se tanto que onde houvesse escola, certamente, havia amazonenses. Espalharam-se pelo país inteiro e, tem mais, até pelo continente, pois uma turma concluiu o CFO nos Carabineros do Chile (1985). 

quarta-feira, junho 16, 2021

CORONEL MÁRIO PERELLÓ OSSUOSKY

Faleceu ontem, em Brasília (DF), o ex-comandante da Polícia Militar do Amazonas (PMAM), coronel Mário Ossuosky. que assumiu o comando em 23 de abril de 1975 e o deixou em 13 de maio de 1979, quase todo cumprido na gestão do governador Henoch Reis. 

Coronel Ossuosky (no detalhe), seguido do general Heitor Luiz - IGPM; oficial CMA;
desembargador Jesus Ferreira Lopes; doutor Mário- Auditor Militar e major PM Odorico
Alfaia, em recepção ao IGPM ocorrida no restaurante Chapéu de Palha (1977)

Sua presença na corporação foi marcante, cabendo ressaltar a implantação do corpo de leis, que ainda servem de diretrizes na corporação. Outra respeitável iniciativa foi a criação dos grandes Comandos, então divididos em Capital e Interior. 

A ele cabe a existência das primeiras Diretorias: de Finanças, de Apoio Logístico e de Pessoal. No tocante ao policiamento ostensivo, tratou de dotar a Cidade e o Interior com as Companhias Independentes, e diante da expansão da Zona Franca, a Companhia de Choque. Em Tefé, foi instalada a sede do 3º Batalhão. Sua última inauguração foi o Centro de Suprimento e Manutenção, no bairro de Petrópolis.

Cuidou igualmente da área social, com ênfase nos clubes (hoje associação) de praças e oficiais. Prestigiava com vigor as iniciativas dos camaradas policiais. Outro detalhe desta área foi a abertura do Armazém Reembolsável, instalado no próprio quartel da Praça da Polícia, para atender aos policiais amazonenses.

Deixei por derradeiro a marca de outra iniciativa deste comandante, cuja ação ainda perdura em nossos dias, suspensa obviamente pela pandemia. Trata-se da congregação de oficiais em almoço fora da caserna, quando os espíritos se congregavam e as deliberações mais bem fluíam. Teve início com a alcunha de "almoço dos cardeais", hoje possui uma denominação mais eclética: "almoço dos coronéis".

Descansa em paz, talentoso Comandante, a PMAM tem a obrigação de consagrá-lo em alguma de suas realizações.

sexta-feira, julho 19, 2019

IGPM EM MANAUS - 50 ANOS

General Augusto Pereira

Na semana de festejos do Tricentenário de Manaus, a PMEA (Polícia Militar do Estado do Amazonas) recebeu a visita do IGPM (Inspetor-Geral das Polícias Militares), general de divisão Augusto de Oliveira Pereira. Tratava-se do terceiro oficial general a assumir esta função (ainda existente, agora englobando os Corpo de Bombeiros), criada em março de 1967. Além de controlar e disciplinar as corporações estaduais, distribuía cursos no país e no exterior (bastante aguardados em razão das diárias), entre outros deveres.

Estava eu presente nessa inspeção, lembrando-me ainda o quanto nos impressionou a postura do general e, detalhe, seu cabelo à escovinha. Havia uma cartilha de encargos a ser cumprida, enviada previamente. Após a inspeção, chegava ao comando as observações anotadas e as recomendações para os reparos. Certamente, acompanhavam os elogios.

A foto e o texto expostos foram sacados de O Jornal , edição de 21 de outubro de 1969. Alguns colegas consegui identificar, menos o fotografado cabisbaixo e com a mão no queixo. 

 
Estampado no jornal citado
Na manhã de ontem, o general Augusto de Oliveira Pereira, Inspetor Geral das Polícias Militares, iniciou os trabalhos de inspeção na nossa Polícia Militar. O comandante da briosa corporação, coronel José Maury de Araújo Silva, acompanhado de assessores, prestou-lhe os esclarecimentos pedidos sobre a situação e funcionamento da PMEA.
As fotos que ilustram este registro são desse encontro de militares, em cima, o coronel Maury Silva quando fazia a radiografia da nossa Polícia Militar; embaixo, o general Augusto de Oliveira Pereira e sua comitiva ouvem e tomam algumas notas.
À chegada do Inspetor Geral das Polícias Militares, a tropa formou e lhe apresentou as continências de estilo.

VISITA AO GOVERNADOR — Na parte da tarde, fazendo-se acompanhar do cel. José Maury de Araújo Silva, o general Augusto de Oliveira Pereira visitou o governador Danilo Areosa, no Palácio Rio Negro, conversando com s. exa. sobre problemas regionais.

quinta-feira, julho 18, 2019

PMAM NO TRICENTENÁRIO DE MANAUS


Havia eu ingressado na PMAM (Polícia Militar do Amazonas) em 1966, e já no ano seguinte participava no Rio de Janeiro do Curso de Armamento, na então EsMB (Escola de Material Mélico), ao lado do tenente Odacy Okada, que cursou Moto mecanização. No início de 1968, assumiu o comando da Força Estadual o tenente-coronel EB José Maury de Araújo e Silva. Mineiro de conversa fácil, facilmente estabeleceu amizade com o governador Danilo Areosa e com a diretora de O Jornal, Lourdes Archer Pinto. Assim, ele sempre estava à mesa ou na coluna social da diretora, intitulada Betina.
Comandante Maury Silva (à direita) em palestra no quartel
O comando do coronel Maury ficou marcado pela preocupação em instruir o pessoal. Não apenas aproveitando os cursos militares, oferta do Exército, como assinalado no introito, mas, também os da Universidade do Amazonas. Assim, os oficiais de então ingressaram nas diversas faculdades – mediante vestibular. Ingressei na Faculdade de Direito, em 1969, juntamente com os tenentes Ilmar Faria e Mael Sá. E raros foram os oficiais que não frequentaram os bancos escolares. Maury acreditava que os oficiais-universitários causariam uma formidável promoção da PMAM.  
Devido à ligação citada, quando O Jornal (21 out. 1969) reverberou o Tricentenário de Manaus, nosso comandante assinou o texto que abaixo compartilho.
 
Recorte do citado jornal


Cremos sinceramente ser de interesse do público saber como se incorpora e se prepara o Policial-Militar, responsável no Estado pela segurança e manutenção da lei e da ordem.
Em nosso comando foi dinamizado e tornado operacional o Centro de Instrução Militar, hoje em pleno funcionamento no antigo Piquete de Cavalaria, na rua Dr. Machado junto a Maternidade Ana Nery. É este o órgão que, sob a supervisão do S/3 – oficial responsável pela instrução – se encarrega de formar o futuro policial-militar bem como os futuros graduados – cabos e soldados da corporação.
Por editais, publicados em nossos jornais da cidade, é aberto o voluntariado exigindo-se do candidato, além de outras habilitações:
— Ser reservista de 1ª categoria;
— Ter no mínimo o curso primário completo;
— Apresentar atestado de bons antecedentes passado pela Polícia Civil ou pela Unidade do Exército em que serviu;
 — Ter no mínimo 1m 65 de altura.

Apresentado o candidato há um pormenorizado estudo de sua documentação após o que ele será submetido à rigorosa inspeção de saúde, graças, inclusive, a precisa colaboração do Hospital Militar da Guarnição. Os julgados aptos ficam à disposição do CIM pelo período de 90 dias, quando lhes serão ministradas instruções policiais indispensáveis ao exercício de suas funções.

Dispõe a nossa PMEA [Polícia Militar do Estado do Amazonas] de oficial diplomado em Psicotécnica por Escola especializada do Exército a quem estão afetos os variados exames e testes de aptidão e de tendências.
À Seção de Psicotécnica caberá selecionar aqueles que poderão realmente ser incorporados. Durante 3 meses completos e em regime de tempo integral, são os recrutas preparados para suas novas funções. A parte da manhã foi reservada para o preparo físico sendo-lhes ministradas sessões de judô, karatê e defesa pessoal, uso e emprego do cassetete, controle de tumultos, ordem unida e maneabilidade, marchas, esportes, tiro de armas portáteis etc.

Já na parte da tarde cuida-se de seu preparo intelectual ministrando-se instruções básicas do policial-militar, destacando-se: relações públicas, rudimentos de Direito Penal, Guerra Revolucionária, Informações Militares, Higiene e Primeiros Socorros, Noções de Técnica e Tática Policial, Conhecimentos Essenciais de Leis, Noções Gerais de Trânsito, Noções de Polícia de Assistência ao Público etc.

Só após esses 3 meses estará o recruta preparado para o exercício de suas funções e será entregue às subunidades para os diferentes serviços. Durante todo esse tempo, apesar dos rigorosos exames de saúde e dos testes psicotécnicos, há sobre os homens uma permanente fiscalização por parte dos instrutores e dos auxiliares. (...)
Estamos certos de que os atuais policiais militares, submetidos a essas exigências, estarão realmente aptos e poderá o Amazonas ter a Polícia Militar que merece.
Outra finalidade do CIM é a readaptação. Quando o soldado regressa do interior, onde serviu cerca de um ano como destacado, alguns reflexos foram perdidos. É necessária uma intensiva instrução visando à sua readaptação integral às funções que irá exercer na Capital. (...)
Ainda os cursos de formação de graduados – cabos e sargentos – são ministrados no Centro de Instrução. Recentemente diplomamos uma turma de graduados entre os quais três de Rondônia e quatro do nosso Corpo de Bombeiros. Admitimos ter sido bom o índice atingido pelos diplomados consideradas sobretudo as naturais dificuldades e deficiências de uma experiência. Estamos agora iniciando a preparação de sargentos especialistas.
Infelizmente ainda não foi possível atingir-se ao estágio da formação de Oficiais e do Aperfeiçoamento de Sargentos. As nossas coirmãs da Guanabara, do Estado do Rio, de Minas e de São Paulo têm sido as responsáveis pela formação em 3 e 4 anos dos excelentes oficiais da nova geração da Polícia Militar. A PM do Ceará recentemente aperfeiçoou, em um curso bem ministrado, uma turma de sargentos da nossa PMEA.

A par disto estamos cuidando com atenção e carinho do aprimoramento dos nossos oficiais, graças sobretudo à excelente coordenação da IGPM (Inspetoria-Geral das Polícias Militares), órgão do Estado-Maior do Exército, específico para o trato de assuntos relativos ao controle da organização, da instrução, dos efetivos das PM.
Recebemos recentemente dos Estados Unidos da América, um oficial que se especializou em assuntos de Policiamento Ostensivo. Especializando-se em Controle de Fronteiras encontra-se em Washington um tenente de nossa PM e, brevemente, em princípios de novembro, para lá deverá seguir um outro oficial, a fim de cursar a Academia de Polícia daquele país amigo.

Acabam de regressar da Guanabara dois oficiais que cursaram escolas do Exército. Um deles destacou-se no Curso de Psicotécnica outro foi aluno distinguido da Escola de Educação Física do Exército. Estão em vésperas de conclusões de cursos no Curso Superior de Polícia da Guanabara um major, e um tenente do Curso de Material Bélico e Moto mecanização.
Vamos dessa forma, silenciosamente, nos aperfeiçoando para atender melhor os anseios de tranquilidade e de segurança do ordeiro povo amazonense, que só deseja ordem e paz para seu trabalho profícuo em prol de um Amazonas cada vez melhor, mais progressista e realmente integrado na federação brasileira.

quarta-feira, novembro 07, 2018

PMAM: NOTA PARA A HISTÓRIA



Frontispício do antigo quartel, 1980
Implantada no início do Governo Militar (1964-85), a Inspetoria Geral das Polícias Militares (IGPM) trouxe um reconfortante auxílio a essas corporações. Em especial, às dos Estados mais carentes, incluído o do Amazonas, onde eu me encontrava há três anos.
O comandante da PMAM era o tenente-coronel EB José Maury de Araújo e Silva (1968-71), que escreveu esta publicação, circulada no jornal A Crítica
edição de 13 de março de 1969.











Criada pelo Decreto-Lei 317, de 13 de março de 1967, completa hoje 2 anos de existência a IGPM.
Com o advento desse importante órgão, veio o Governo da Revolução preencher a lacuna apresentada pela falta de um centro coordenador de doutrina e de técnica de emprego de 22 Polícias Militares e, desta forma propiciar a existência de um setor capaz de concretizar antigos anseios das PMs de definir, de padronizar e de modernizar.
Sob a direção do Sr. General Carlos de Meira Mattos, conhecido em todo o Exército Nacional por seu dinamismo, sua cultura e espírito empreendedor, a Inspetoria vem prestando inestimável contribuição às PMs que só agora encontraram o verdadeiro caminho dentro de sua destinação constitucional.
Acaba a IGPM de realizar, em Brasília, um Congresso das Polícias Militares plantando sementes de extraordinário significado para os destinos das corporações, sementes estas que, em breve estarão dando frutos, há bastante tempo esperados.
Da coordenação da IGPM, bem como do perfeito entendimento entre os comandos, no citado Congresso já agora irmanam-se às PMs de todo o Brasil, em um intercâmbio muito importante em que se permitam experiências, legislação e informações.
Fazemos votos que permaneça à frente da IGPM ainda por longa data o Sr. General Meira Mattos e com ele seu brilhante e dinâmico Estado-Maior.

quarta-feira, outubro 24, 2018

PM AMAZONAS: EFETIVO




O GOVERNADOR DO ESTADO DO AMAZONAS, no uso de suas atribuições legais, atendendo uma Exposição de Motivos do Comando da Polícia Militar do Estado do Amazonas, no que diz respeito ao aumento de mais duzentos elementos no efetivo daquela Corporação;
CONSIDERANDO que o atual efetivo da PMEA é bastante reduzido, para atender às necessidades de manutenção da Ordem Pública em todo o Estado do Amazonas;
CONSIDERANDO que a Inspetoria Geral das Polícias Militares, órgão que tem por finalidade a Coordenação e Controle das Polícias Militares do Brasil, após inspeção feita na Polícia Militar do Amazonas, autorizou o aumento de seu efetivo para dois mil homens;
CONSIDERANDO que no momento torna-se impossível dar à Polícia Militar um efetivo ideal, para aplicação de suas funções e finalidades impostas pelo Decreto-Lei 317, de 13 de março de 1 967;
CONSIDERANDO ainda a inadiável necessidade de deixar a PMEA com um efetivo que pelo menos satisfaça as funções mais necessárias e urgentes no que diz respeito à Segurança Pública do Estado;

DECRETA:
Art. 1º — Fica o efetivo da Polícia do Amazonas, fixado em mil e duzentos homens, assim distribuídos nos postos e graduações:

POSTOS                                                              GRADUAÇÕES
Coronéis ……………….. 2                   – Subtenentes …… 11
– Tenentes-Coronéis .... 4                   – 1º Sargentos ….. 30
– Majores …………………. 7                   – 2º Sargentos ….. 38
– Capitães ………………. 12                   – 3º Sargentos …. 104
– 1º Tenentes …………. 15                   – Cabos …………..… 164
– 2º Tenentes …………. 14                   – Policiais ……….... 799
– Aspirantes (variável – estagiários)

Art. 2º – Fica ao Poder Executivo atribuída a competência para fixar os Quadros de Organização do Efetivo proposto pelo Comandante Geral da Corporação.
Fac-símile da assinatura governamental







Notas acerca deste decreto:


1. A Polícia Militar do Amazonas ainda não possuía mil homens, apesar da previsão. Ou seja, havia a licença legal para tanto, porém, na prática ainda não alcançara este objetivo. Somente em 1972, o primeiro milhar foi alcançado; em nossos dias, passam de dez mil policiais.
Cabe a pergunta: qual a motivação para que a instituição não incluísse tantos policiais? Acredito que o fundamento era a ojeriza pela pobreza da corporação, ainda cercada de maus presságios. Os ocupantes, pejorativamente alcunhados de “mata cachorros” e “meganhas”, possuíam um índice de escolaridade baixíssimo. Em nossos dias, predominam os bacharéis de todos os cursos.

2. Atuava então de forma rigorosa sobre a Força Policial um órgão nacional, a IGPM (Inspetoria Geral das Polícias Militares). Daí a indicação desta no preâmbulo do decreto. Ainda existe este organismo, porém sem a força ditatorial daquele período.

3. O texto legal propunha a existência de dois coronéis. Um, o comandante-geral, provindo do Exército; a outra vaga acabava de ser criada, para ser ocupada pelo Chefe do Estado-Maior. Ocupou-a o mais antigo, o tenente-coronel Neper da Silveira Alencar (1918-1983) que, dessa maneira, tornou-se o primeiro coronel na ativa.

4. Enfim, os soldados tomaram a denominação de Policiais, cuja abreviatura era “Pol”. Não sei indicar o quanto, porém esta inovação pouco perdurou. Ainda hoje são conhecidos por soldados.