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segunda-feira, agosto 15, 2022

MORTE DO TENENTE LISBOA: 60 ANOS

 Hoje, há 60 anos morria na Santa Casa de Misericórdia de forma inesperada, e sem que a medicina sequer estabelecesse um diagnóstico seguro, o tenente Osvaldo Anacleto de Moraes Lisboa. A cidade foi tomada de emoção pela morte do jovem oficial. O padre-cronista L. Ruas traduziu este sentimento no texto - Tenente Lisboa - inserto em seu Linha d'Água (1970).

Tenente Moraes Lisboa (1928-62)

Ao ingressar na Polícia Militar do Estado, este fato ainda estava vivo nos corredores do quartel da Praça da Polícia. Conversei com alguns subordinados do tenente e dele guardei a dedicação ao serviço. Quando completaram 30 anos da morte, publiquei uma retrospectiva no jornal Diário do Amazonas, ocasião em que conversei pelo telefone com a viúva do tenente e pude sentir as mágoas que a afligiam com o descaso imposto pelo Estado e pela corporação. 

Neste ano, juntei-me ao filho dele - César Lisboa e demais parentes para reivindicar uma pequena homenagem ao morto de tantas décadas. Espero ver o resultado positivo. O texto a seguir trata-se do requerimento enviado ao comando-geral da Força Estadual, assinado pelo mencionado filho.

BREVE HISTÓRICO PESSOAL DO TENENTE PM  

OSWALDO ANACLETO DE MORAES LISBOA, paraense, nascido em Belém/PA em 13/07/1928, filho do Major PM Manoel Lopes Lisboa e de Raimunda Cavalcante Moraes Lisboa, casado com Francinayde Teixeira Lisboa, aos 17 anos de idade ingressou na Polícia Militar do Amazonas em 31/05/1945, e na curta, elogiada e honrada carreira militar realizou em 1952 junto ao Ministério da Guerra/RJ o curso de Datiloscopista; em 1960 foi promovido ao posto de 2º Tenente Identificador Datiloscopista da Corporação; exerceu em 1961 o cargo de Delegado Geral de Polícia nos municípios de Tefé e de Itacoatiara, e faleceu em missão e no estrito cumprimento do dever militar, em 15/08/1962, aos 34 anos de idade, deixando na orfandade um filho de um ano e onze meses e a viúva, com vinte e oito anos de idade, grávida de nove meses.  

Casamento de Lisboa e Francynaide, e os sogros

RELATO RESUMIDO DOS FATOS:

Conforme relato veiculado nos jornais à época e, especialmente, na dedicatória de autoria do tenente-coronel PM Roberto Mendonça, publicada no Diário do Amazonas pela passagem do 30º aniversário da morte do TENENTE PM LISBOA (1992), consta que em julho do ano 1962, durante o governo estadual de Gilberto Mestrinho, no antigo município de Abufary, situado na Região do Rio Purus, em razão da disputa pela posse de terras naquela região, índios da tribo Apurinã invadiram uma propriedade particular, resultando aquela chacina em mortes e graves feridos.

Diante da chegada da notícia do terrível massacre indígena, a Polícia Militar do Amazonas, então comandada pelo coronel Ormail Stockler, destacou um pelotão policial chefiado pelo TENENTE PM LISBOA objetivando por fim àquela contenda, cujos assassinos foram, de fato, efetivamente presos e conduzidos à capital em 02/08/1962 como resultado da heroica missão exercida com todos os méritos e no estrito cumprimento do dever e em honra à farda militar.

Todavia, não obstante o êxito daquela gloriosa missão policial militar, de forma fatídica e inexplicavelmente, em 15/08/1962, cerca de duas semanas depois, o TENENTE PM LISBOA faleceu após poucos dias internado na Santa Casa de Misericórdia e, embora na Certidão de Óbito se tenha atestado a causa mortis pelo doutor Hosanah da Silva como consequência de “encefalite devido à infecção de causa indeterminada”, há relatos pessoais de policiais militares, integrantes daquele pelotão, de que o TENENTE PM LISBOA teria sido vítima, em verdade, por ingestão de água do rio envenenada pelos índios

A morte do TENENTE LISBOA, que consternou a corporação militar, entristeceu a família, surpreendeu os parentes, comoveu os amigos e cujo sepultamento com honras militares se deu no cemitério São João Batista desta cidade, devido à repercussão do fato, teve o cortejo fúnebre emocionantemente relatado em uma das crônicas do livro Linha d’Água, de autoria do padre-escritor L. Ruas, do Clube da Madrugada e frequentador do Café do Pina, importantes e conhecidos pontos de encontros de intelectuais de nosso Estado, no passado.

DO PEDIDO:

Pelos motivos acima expostos e pela vasta documentação anexada à presente CARTA, motivado pelo orgulho de ser filho de um verdadeiro herói militar, ao tempo que externo os meus agradecimentos ao coronel PM Roberto Mendonça e ao Eros Augusto, meu primo, responsáveis diretos por esta iniciativa, acreditando ser justa, merecida e apropriada a singela homenagem ora proposta, solicito, em nome da família, a Vossa Excelência, Senhor Comandante Geral da Polícia Militar do Amazonas, Coronel QOPM Marcus Vinicius Oliveira de Almeida, que seja deferida a intitulação do atual Gabinete de Identificação da Polícia Militar do Amazonas com o nome do TENENTE PM LISBOA, oficial reconhecido e promovido ao posto de IDENTIFICADOR DATILOSCOPISTA pela própria Instituição Militar em 1960, que literalmente, conforme dito, “deu a vida pela Corporação”, por uma questão de justo reconhecimento e homenagem, que, embora póstuma, se vê bem representada nas palavras do escritor Luiz Ruas ao encerrar a mencionada crônica, dizendo que “Resta, agora, que a Polícia Militar continue seguindo a trilha gloriosa de homens como o TENENTE LISBOA que, com certeza, já conquistou, na memória de todos os seus companheiros de caserna, um lugar privilegiado e imorredouro e já se inscreveu, nas páginas de sua história, como um dos mais cintilantes nomes”. 

Que seja, pois, materializado, na intitulação do Gabinete de Identificação da Polícia Militar do Amazonas, esse privilegiado e imorredouro lugar, pelo qual, ansiosamente, aguardamos merecer, em breve, quiçá em 15/08/2022, data do 60º Ano de Morte, o nome do bravo TEN PM LISBOA, acreditando que sua morte não se deu em vão. 

Manaus, 11 de março de 2022 

Mário César Teixeira Lisboa representante da família Lisboa

3 comentários:

  1. Em nome da Família Lisboa, agradeço a lembrança, ao tempo em que deixo aqui registrada a esperança de ver realizada, em breve, a justa homenagem devida pela Polícia Militar do Amazonas ao meu pai.
    Sou-lhe grato.

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  2. 😍😍👏🏻👏🏻👏🏻

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  3. Em nome da Família Lisbôa, agradeço ao amigo pela homenagem.

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