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quinta-feira, setembro 21, 2017

CORPO DE BOMBEIROS DO AMAZONAS

1º comandante dos
Bombeiros amazonenses
O Corpo de Bombeiros do Amazonas foi criado em julho de 1876. O documento que chancela esse feito foi assinado pelo vice-presidente da Província, no exercício do cargo superior, Nuno Cardoso. Trata-se de um oficial da Marinha, que durante décadas permaneceu na região, tendo ocupado cargos de relevo e adquirido vastas propriedades.
O saudoso cronista Mário Ypiranga Monteiro é o autor das notas aqui postadas, e que foram sacadas da edição do jornal A Crítica (14.setembro.1982)    



Algumas notas sobre o capitão-tenente
Nuno Alves Cardoso

Sabe-se há muito que o capitão-tenente Nuno Alves Pereira de Melo Cardoso foi Capitão dos Portos do Amazonas, em consequência da criação de companhias de navegação a vapor e, consequentemente, a motivação maior do comércio fluvial entre Manaus e Belém, Manaus-Loreto, Nauta, Laguna e Iquitos, no Peru, e Manaus-Europa-América do Norte. Ignora-se, pelo visto, o trabalho social e humanitário desenvolvido por aquele cavalheiro, numa época em que os surtos epidêmicos locais e introduzidos matavam a população ainda desassistida de hospitais, de médicos e de enfermeiros, além da carência de boticas em número compensador.

Estas notas pretendem dizer algo mais que deixou de ser abonado pelos escassos biógrafos do ilustre marinheiro; inclusive a sua primeira participação na Assembleia   Legislativa Provincial como deputado eleito e reconhecido por ato do presidente da Província do Amazonas, a 23 de junho de 1860, em vista de haver requerido licença ao ministro do Império para tomar assento.

No jornal amazonense Estrela do Amazonas, de 1860, aparecem várias notícias a respeito do lazareto de Paricari, no Pará. Naquele ano, o capitão-tenente Nuno Cardoso havia contraído uma obrigação moral-social para com os hansenianos do Pará, qual fosse a de arranjar por meio de subscrição pública, algum numerário.


Fê-lo desinteressadamente, da mesma maneira como fez a doação de suas imensas terras em [bairro] São Raimundo Nonato, para a construção do cemitério e lazareto denominado Umirizal, mandado arrasar pelo governador Álvaro Maia.

Fê-lo, como fez a doação das suas terras para a construção da Vila Operária Municipal no antigo bairro da Vila Municipal, hoje Adrianópolis. A arrecadação importou em 456$734 réis antigos, que o capitão-tenente Nuno Cardoso encaminhou ao Governo provincial, em vista da dissolução, mais logo, do referido lazareto, pelo governo paraense. A importância reverteu, pois, em benefício do Colégio Nossa Senhora dos Remédios.

O que mais nos surpreendeu nessa coleta de dados, foi saber que o capitão-tenente Nuno Alves Pereira de Melo Cardoso exerceu o comando de navios da Companhia de Navegação, conforme este "Aviso", estampado no mesmo órgão amazonense, edição de 24 de outubro de 1861: "Agência da Companhia de Navegação e Comércio do Amazonas. O paquete a vapor Ince comandante o capitão-tenente Nuno Alves Pereira de Melo Cardoso, sairá para Laguna e portos intermediários às 5 horas da tarde de 1º de novembro vindouro. Recebe cargas para os portos do Peru nos dias 26 e 28 e para os do Brasil 29 e 30 do corrente. As encomendas e passagens serão recebidas até às 2 horas da tarde de 31 do corrente em que se fecha o expediente. Manaus, 24 de outubro de 1861."

Também foi ele excelente observador, como oficial de Marinha, dos fenômenos hídricos. No mesmo jornal, edição de 23 de novembro de 1861, vem ele fazendo as seguintes declarações: "a vazante do Solimões foi extraordinária", por isso que o vapor (Ince) não pôde entrar em Tefé e Coari, o "que não havia acontecido antes com navios a vapor".

Diz que a corrente do rio Amazonas era de quatro milhas horárias e que achou dez braças de fundo na foz do rio Negro e "como a vazante fora de cinco braças", seguia-se que nas enchentes o fundo era de cento e cinquenta palmos.

Não termino estas nótulas sem precisar que encontrei naquele jornal, de sete de junho de 1862, referências a um Nuno Alves Pereira, segundo tenente do Terceiro Batalhão de Artilharia-a-Pé, fazendo permuta de corpos com outro segundo tenente do Corpo de Artilharia da Província. Parece que foi mesmo em dezembro ou novembro de 1882 que faleceu o irmão do capitão-tenente, Caetano José Cardoso, pois encontrei um agradecimento do Nuno Cardoso às pessoas que compareceram à missa do sétimo dia.

O Comandante Nuno tem nome de rua no Plano Inclinado [bairro de Aparecida].

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