Sigo com a avaliação sobre o policiamento de trânsito na capital, efetuado a pé e com os prosaicos Fuscas. A primeira parte foi postada no dia anterior.
Na ocasião, o controle do trânsito efetuado pela Segunda
teve um comandante assaz cumpridor de metas (caxias, em linguajar da caserna):
tenente Ruy Freire. Exigente no trajar, exigia o mesmo dos subordinados, que
tiravam serviço em pontos fixos e móveis da cidade, todos dotados do temido
“talão de multas”. Ao tempo, cada policial cuidava de resolver os problemas
encontrados, pois, não havia como contactar com o quartel. Afora o sargento
“rondante”. As artérias mais preocupantes, em decorrência do comércio que
carecia de carga e descarga e pela aglomeração de fregueses, situavam-se em
redor do Mercado Público. Outra bastante agitada, era a rua Marechal Deodoro
(antes de se tornar exclusiva de pedestre).Adesivo distribuído em 1991
Essa operacionalidade prosperou até 1971, por conta de um
episódio grotesco que apressou a implantação de nova etapa de policiamento. Em
Manaus, atuava a Polícia Rodoviária, subordinada à Divisão de Trânsito do
extinto Deram (Departamento de Estradas de Rodagem do Amazonas), cujo
aquartelamento situava-se diante do entroncamento do atual elevado de Flores,
localidade onde em nossos dias opera o Batalhão de Bombeiros Especial (BBE). Próximo
ao final de dezembro de 1970, um guarda rodoviário altercou-se com o
comandante-geral da PM, coronel EB Maury Silva, amigo do governador Danilo
Areosa. Este, ao conhecer o fato, sancionou a lei 1.011, de 31 de dezembro,
criando o Batalhão de Policiamento Especial para cumprir o policiamento urbano
e rural de trânsito, florestal, rodoviário nas estradas estaduais, entre mais
atribuições, e, com este regramento, extinguiu a Polícia Rodoviária do Deram.
O batalhão foi instalado de imediato, posto que foi
agraciado com “o acervo patrimonial, inclusive as viaturas” do suprimido órgão
controlador. Ainda que desse modo premiado, somente em 1 º de fevereiro de 1971
assumiu o comando o tenente-coronel Pedro Lustosa, que o transferiu para o
capitão Ruy Freire, em 25 de março, a fim de assumir a chefia da Casa Militar
do governador João Walter. Ruy passou ao tenente-coronel Helcio Motta, menos de
um mês depois; Helcio foi até novembro daquele ano, quando passou ao major
Osorio Fonseca, que o conduziu até a data do desmembramento.
Durante aquele ano de 1971, o pessoal encarregado do
trânsito urbano enfrentou amplos obstáculos logísticos, posto que sua sede
estava situada fora do centro de Manaus, principal local de desempenho. Como
distribuir e como alimentar os policiais? relembrando que o aquartelamento
estava em Flores. O arranjo ocorreu em abril do ano subsequente, com a
disposição do comandante-geral, coronel EB Paulo Figueiredo, que providenciou o
afastamento dos irmãos siameses. No quartel acima indicado, permaneceu a
Companhia de Polícia Rodoviária, sob o comando do capitão Humberto Soares; e a
de Trânsito, ocupou as dependências que antes serviam de almoxarifado do
quartel da Praça da Polícia, com entrada pela rua José Paranaguá, sob o comando
do major Osório Fonseca.
Este arranjo, contudo, somente seria legalizado pelo
Decreto 2.426, de 14 de dezembro de 1972, que dispôs “sobre a Organização
Básica da Polícia Militar do Amazonas”. Como enunciado, este edito promoveu
vigorosa reformulação na estrutura geral da corporação. Oportunidade em que
foram criados e extintos alguns corpos policiais, tendo obtido mais evidência a
incorporação do serviço de extinção de incêndios, até então executado pelo
Corpo de Bombeiros Municipais.Relíquia instalado no CPM
Relacionado ao policiamento de trânsito, foram tomadas as
seguintes medidas: extinção do Batalhão de Policiamento Especial, art. 29 - e, com seu efetivo, criadas a Companhia
de Trânsito (Cia Tran) e a Companhia de Polícia Rodoviária (Cia Pol Rdv), consoante
o art. 30, mantidos o efetivo e o aquartelamento já ocupados, desde abril.
A atividade da Cia Tran veio disciplinada no art. 15:
“tem por missão realizar todo o policiamento de trânsito na capital e atuará em
obediência ao planejamento do Departamento de Trânsito (Detran)”. No parágrafo único
ficou estabelecido que “as atividades de policiamento deverão ser disciplinadas
em convênio celebrado entre a Polícia Militar e o Detran”. Tamanha proximidade
e subordinação se esclareciam pelo apoio financeiro que este departamento
obsequiava à Cia Tran, como retribuição ao reforço nas finanças que esta
promovia mediante a aplicação de multas.
Circulada em A Crítica, 1995 |
Seu primeiro comandante – major Osorio Fonseca – permaneceu na direção até outubro de 1973, quando foi nomeado diretor do Detran. De maneira casual, foi simples essa permuta, bastou-lhe atravessar a rua e meter o paisano, pois como já descrito as duas repartições estavam uma na ilharga da outra. (segue)
Nenhum comentário:
Postar um comentário