A fim de melhor harmonizar o entendimento sobre a evolução do policiamento de trânsito em Manaus, convém uma exposição de apropriados antecedentes: a circulação de automóveis em Manaus era bem diminuta na década de 1950. Todavia, com a instalação de montadoras de automóveis no Brasil, o número foi crescendo paulatinamente e, por óbvio, exigindo mais cuidados com o tráfego, cuja maior evidência eram os primitivos ônibus de madeira. Antecipando o Detran (Departamento de Trânsito), funcionou por décadas a Delegacia de Tráfego, seguida da Delegacia Especializada de Trânsito (DET), ambas instaladas à rua José Paranaguá esquina da rua Floriano Peixoto, nas proximidades do quartel da Polícia Militar do Amazonas (PMAM). Nessa esquina, não obstante o crescimento de veículos, operou a primeira sede do Departamento Estadual de Trânsito (Detran).
Ônibus na "estação" diante do Tabuleiro da Baiana
A partir de 1964, com a instalação do Governo Militar, e
com a PMAM se renovando, esta Força tomou novos encargos, um dos quais em
relação ao trânsito, tendo incumbido à 2ª Companhia de Fuzileiros (2ª Cia Fzo)
o controle do fluxo de veículos. É conveniente esclarecer que a reduzida Força
Estadual – cerca de trezentos homens – operava com a equivalência de um
batalhão do Exército. Desse modo, no quartel da Praça da Polícia existia a 1ª
companhia, que cuidava das guardas em geral; a 2ª, já circunstanciada; e a 3ª,
intitulada de Grupamento de Policiamento Ostensivo (GPO), que abrigava o
policiamento do “Cosme-Damião”; o pessoal de administração, mecânicos e
artífices, mais os integrantes da Banda de Música estavam sob o guarda-chuva da
Companhia de Comando e Serviços (CCSv).
Em fevereiro de 1967, o governo federal de Castelo Branco
restaurou a Zona Franca de Manaus. Mediante esta inciativa, o porto de
importação atraiu para a capital amazonense um número respeitável de nacionais
e estrangeiros. Além de lojas de todas as dimensões, a locomoção desses
visitantes redimensionou a circulação de carros na pacata cidade, tanto que
determinou novel recorte de policiamento, em geral.
Na ocasião, o controle do trânsito efetuado pela Segunda teve um comandante assaz cumpridor de metas (caxias, em linguajar da caserna): tenente Ruy Freire. Exigente no trajar, exigia o mesmo dos subordinados, que tiravam serviço em pontos fixos e móveis da cidade, todos dotados do temido “talão de multas”. Ao tempo, cada policial cuidava de resolver os problemas encontrados, pois, não havia como contactar com o quartel. Afora o sargento “rondante”. As artérias mais preocupantes, em decorrência do comércio que carecia de carga e descarga e pela aglomeração de fregueses, situavam-se em redor do Mercado Público. Outra bastante agitada, era a rua Marechal Deodoro (antes de se tornar exclusiva de pedestre).
Quartel da Polícia Rodoviária, hoje dos Bombeiros
Essa operacionalidade prosperou até 1971, por conta de um
episódio grotesco que apressou a implantação de nova etapa de policiamento. Em
Manaus, atuava a Polícia Rodoviária, subordinada à Divisão de Trânsito do
extinto Deram (Departamento de Estradas de Rodagem do Amazonas), cujo
aquartelamento situava-se diante do entroncamento do atual elevado de Flores,
localidade onde em nossos dias opera o Batalhão de Bombeiros Especial (BBE). Próximo
ao final de dezembro de 1970, um guarda rodoviário altercou-se com o
comandante-geral da PM, coronel EB Maury Silva, amigo do governador Danilo
Areosa. Este, ao conhecer o fato, sancionou a lei 1.011, de 31 de dezembro,
criando o Batalhão de Policiamento Especial para cumprir o policiamento urbano
e rural de trânsito, florestal, rodoviário nas estradas estaduais, entre mais
atribuições, e, com este regramento, extinguiu a Polícia Rodoviária do Deram.
O batalhão foi instalado de imediato, posto que foi
agraciado com “o acervo patrimonial, inclusive as viaturas” do suprimido órgão
controlador. Ainda que desse modo premiado, somente em 1 º de fevereiro de 1971
assumiu o comando o tenente-coronel Pedro Lustosa, que o transferiu para o
capitão Ruy Freire, em 25 de março, a fim de assumir a chefia da Casa Militar
do governador João Walter. Ruy passou ao tenente-coronel Helcio Motta, menos de
um mês depois; Helcio foi até novembro daquele ano, quando passou ao major
Osorio Fonseca, que o conduziu até a data do desmembramento. (segue)
Coronel Pedro Lustosa, pai do Amaury. Trabalhamos juntos no TCE de 1988 a 1995, ano que pedi minha exoneração...
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