Padre Nonato Pinheiro |
No
artigo abaixo, datado de 10 de maio de 1958, o saudoso padre Nonato
Pinheiro lembra pequenas passagens de
sua vida jornalística. Os primeiros momentos de A Crítica, o veículo de comunicação que hoje domina o jornalismo local. E ainda
saúda o proprietário, seu amigo Umberto Calderaro.
O Clarão da Imprensa
Padre NONATO
PINHEIRO
(da Academia Amazonense de Letras)
Há muito tempo que prometia ao meu amigo Umberto Calderaro, operoso e esclarecido diretor de "A Crítica", que dotou a imprensa amazonense de um órgão moderno, envolto num
halo de fulgentes qualidades, enviar colaborações
para o seu vitorioso jornal. Segundo acertamos, sua simpática folha estampará trabalhinhos de minha
lavra nas edições de sábado.
Para algum leitor novo, de poucos janeiros, mal saído da infância para a adolescência, parecerá que este trabalho é minha estreia neste
jornal. Nada mais falso. Sou velho colaborador de "A Crítica".
Querem a prova? Percorram as coleções do jornal. Mesmo nas instalações da rua Lobo d’Almada, "A Crítica" tem
publicado artigos
de minha forja. Parece-me que o último foi sôbre o grande
Péricles Moraes, sob a epígrafe "Estilo de Clarões".
Minha
colaboração frequente, contudo, foi na velha casa da avenida Eduardo Ribeiro. Ali colaborei com mais assiduidade. Fui eu que fiz a cobertura completa do SEGUNDO CONGRESSO EUCARÍSTICO REGIONAL, e os exemplares (permitam que fira a
modéstia!) eram disputados pelos
próprios prelados que compareceram àquele brilhantíssimo
certame de fé. Os bispos tomavam seu desjejum na residência
confortável do Sr. (Tales) Loureiro, na praça do Congresso, e ali mesmo
devoravam "A Crítica".
Dom Helder Câmara e monsenhor João Ferrofino, que se hospedaram na residência do desembargador André
Araújo, também não dispensavam a
leitura diária do jornal. O noticiário era completo.
Como se vê, não se trata de estreia.
Agora, porém, é com satisfação que registo o progresso sempre
crescente do jornal de
Umberto Calderaro, que há pouco festejou
seu primeiro
decênio de lutas incruentas e vitórias consagradoras. O jornal está bem instalado. A redação é das melhores. As oficinas bem montadas. Tudo isso
é o prêmio que Deus deu a esse moço inteligente e dinâmico, que no mar azul de sua adolescência lançou
as redes douradas de um sonho: dirigir um jornal moderno,
que apresentasse os sintomas de uma imprensa sadia e progressista.
Parece que o ideal foi atingido.
"A Crítica" nasceu.
Primeiro era "onzerino". Circulava às onze horas, na
primeira fase. Hoje é um matutino que entra em circulação logo cedo, como os demais. O diretor,
ainda na primavera da mocidade, já colhe os frutos opimos da semeadura. As
bençãos divinas jorraram a flux sôbre
o jornal, que é hoje um patrimônio respeitável da família Umberto
Calderaro e um justo orgulho da imprensa do Amazonas.
Umberto Calderaro é um diretor
esclarecido. De quando em quando vai ao Sul: examina, observa
e assimila o que vê de novo e vantajoso para melhorar o seu jornal. Rasgam-se-lhe sempre novos e iluminados horizontes. Enviou seu secretário, o jornalista Gutemberg Omena, para fazer um curso de jornalismo.
Na redação e
nas oficinas há sangue novo e gente competente. E mesmo os mais velhos, como o seu dileto genitor e o professor Glomyer, têm espírito de moços, que demonstram pela
capacidade de trabalho.
Assinalo com júbilo a vitória do
jornal. A imprensa é sempre um clarão. Mentora da opinião pública, é o grande facho que penetra nos lares, nas oficinas e nas instituições, levando o "plat du jour", a novidade do dia, e também o contingente da ilustração. Voltaire afirmou que os jornais são os arquivos das futilidades. Não é verdade. São os lustres que iluminam o povo. A
imprensa é clarão. É a sagrada
locomotiva do progresso, na frase lapidar de Victor Hugo!
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