Mais uma contribuição de aluno do NPOR, órgão
do Exército que funcionou nesta cidade durante a Segunda Guerra Mundial. Esta, o
tema do artigo publicado há 70 anos, em O
Jornal, 12 de agosto.
Quando
da deflagração da guerra atual, e dos sucessos obtidos a princípio pelos
nazifascistas, o mundo teve ocasião de assistir a derrocada de vários países. Os
povos que se deixaram iludir pelos propósitos de paz, mantidos nos aplausos dos
representantes das nações em Genebra, quando os países que representavam, às escondidas
preparavam-se para o trágico 2 de setembro de 1939, data em que novamente se pôs
em choque o poderio militar das potencias mundiais, sentiram a necessidade de
um preparo maior, a fim de defenderem o que de mais precioso haviam conquistado
no terreno social, político, econômico e religioso.
A
mesma Alemanha que em 1914 fizera estalar (sic)
o conflito mundial, atravessando a fronteira polonesa, naquele dia levou a
fome, a destruição e a morte à infeliz Polônia. Não parando aí as suas
investidas, cedo a guerra atingiu todas as partes do mundo, vindo até nós,
trazida pela felonia malsã dos piratas germânicos, afundando navios nacionais e
ceifando vidas preciosas de patrícios nossos.
O
Brasil soube repelir a afronta sofrida, declarando guerra ao nazismo e a seus
asseclas, ao mesmo tempo em que lançou um apelo aos seus filhos, chamando-os ao
cumprimento do dever, nos campos, nas fábricas, nas oficinas e nos quarteis. O Brasil
mobilizou-se militar e economicamente. E a guerra foi recebida por todos nós,
como uma medida extrema, porém, necessária, dada a nossa índole de povo pacífico.
Sempre
fomos uma nação consciente e respeitadora da soberania alheia. Não se queira
com isso, ver na formação nacional de nossa pátria, uma atitude inversa a que
sempre ditaram os postulados cívicos do Brasil. Ao contrário, nunca nos
esquecemos do dever a cumprir nos instantes precisos, não diminuindo a resistência
e o valor próprios quando necessários, ao mesmo tempo que não deixávamos relegado
ao esquecimento o preparo moral e material de
nosso Exército.
A
prova concreta disso tivemos agora, quando da nossa mobilização. Enquanto não se
desencadeava a borrasca, no Brasil pensava-se em dotar o nosso país de um
preparo técnico militar. Devemos os benefícios advindos desse grandioso plano
da defesa nacional ao ilustre tenente-coronel Correia Lima, militar consciente
e de raras virtudes, que previu a necessidade de um dia o nosso Brasil chamando
os seus filhos à luta, contar com valiosos meios de defesa. Possuíamos uma
reserva considerável, é verdade, dado o serviço militar obrigatório, mas, que não
satisfazia uma circunstância premente, como a atual pela deficiência do número
de oficiais.
As
necessidades da guerra moderna exigem forças capazes e dotadas de um preparo,
sem que nada se pode realizar no teatro das operações bélicas. O Exército
brasileiro é dotado de ótimos elementos, formando uma elite de homens
devotados, capazes intelectual e profissionalmente, mesmo assim não se poderia
dar uma rápida solução que o caso exigia. O número de oficiais seria pequeno em
relação às convocações. Faltava, portanto, para o Brasil uma reserva de
oficiais. Dessa forma, a ideia de Correia Lima foi aplaudida e a nação
brasileira teve a satisfação de ver milhares de brasileiros, que hoje são oficiais,
acorrerem aos Centros de Preparação, visando no oficialato a defesa da honra,
da dignidade e do território nacional, quando para isso a Pátria precisasse.
Cedo
se colheram os frutos dessa grande obra. Com a declaração de guerra,
difundiu-se em vários Estados do Brasil, a formação desses elementos. O Amazonas
também foi dotado de uma escola desse gênero, e a mocidade amazonense
preocupada com os destinos do nosso país, ingressou no Núcleo de Preparação de
Oficiais da Reserva, escola de civismo, técnico-profissional, onde se ensina a
defender a Pátria, ministrando os conhecimentos necessários a um oficial, incutindo
nos cérebros jovens, o respeito, a obediência, a camaradagem e a disciplina sob
a orientação de oficiais competentes.
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