Júlio Uchoa, que assistiu o esforço de Genesino Braga, contou o fato em O Jornal, 23 agosto 1949 |
De qualquer sorte, aleluia! A Biblioteca Pública do Amazonas ressurgiu
para os interessados, depois de mais de cinco anos de restauração sobre restauração.
Não houve reinauguração ou coisa semelhante. Simplesmente apareceu.
Nem o eminente secretário de Cultura, que tantas vezes prometera, ao
menos em uma oportunidade com a mão sobre uma bíblia medieval, teve a consideração
de prestigiar o evento que não existiu.
Quem falou para a imprensa, e falou demoradamente, foi o Sharles (assim
mesmo), diretor do setor das bibliotecas da Secretaria de Estado da Cultura. E falou
das surpreendentes novas que o espaço oferece aos manauenses. Até elevador para
os deficientes e outros entes.
Antigamente, eram as igrejas que demoravam em ser construídas, acredito
que alguma deve ter superado um século. Para ficar no paroquial, a matriz de
Nossa Senhora Conceição levou quase três décadas até ser benta em 1876. Os beatos
e seus contrários comentam que não interessa construir dentro do cronograma,
para usar uma preocupação de Copa do Mundo. A demora, o retardamento sempre
permite arrecadar um dízimo diferenciado.
Genesino Braga (GB), nome de sala, quando deveria ser o patrono da Biblioteca Pública,
deve ter se contorcido no túmulo. Para justificar, conto uma velha historia: em
agosto de 1945, um incêndio consumiu todos os livros, e queimou e fez ruir uma
parte do edifício. Não havia bombeiros, nem recursos tantos como se conhece em
nossos dias. GB era o diretor. Recorreu a quem pode e, em novembro de 1947, a Biblioteca
voltou a funcionar e funcionava até aos domingos.
Agora, atende de segunda sexta e, para quem cumpre horário comercial, não
tem como usufruir de seus modernos recursos. Tudo poderia ser contornado com o
aumento do terceiro turno de atendimento.
Para encerrar: surpreendeu-me o comercial gerado pelo Governo do Amazonas
e exibido pela rede de TVs, que falando da abertura da Biblioteca, não mais a subordina
à SEC. A mesma pertence ao Governo de Omar Aziz, que igualmente não esteve na
reabertura.
Ainda no correr da semana vou lá conferir as maravilhas, oxalá os jornais
locais de antanho estejam disponíveis.
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