Envolvido no esclarecimento do maior desastre de aviação ocorrido na Região Norte, que envolveu um avião da extinta Panair do Brasil e exigiu a bravura de militares e civis no resgate, conversei com um dos soldados do 27 BC, que esteve na "clareira do avião". Em nossos dias, oficial reformado da Polícia Militar do Amazonas, ao completar 79 anos revelou-me alguns detalhes que envolveram aquela saga. Abaixo o texto que escrevi para a retrospectiva.
Manoel Giovani de Souza Oliveira, soldado da 2ª Companhia de Fuzileiros do 27 BC, acompanhou ao tenente Braga Vieira no resgate e, desse modo, esteve na clareira do Constellation da Panair do Brasil, desaparecido há 60 anos.
Giovani, seu nome de guerra, nasceu em Manicoré (AM) em 25 de julho de 1943. Nascido e criado naquele município, o filho de seu Albertino Gomes de Oliveira e dona Walquiria de Souza era um jovem convivido com a selva, pois participava da exploração do castanhal da família. Aos dezoito anos, desembarcou em Manaus para cumprir o serviço militar.Não obstante sua experiência com a floresta, contou-me (em 22 de julho) às vésperas de comemorar 79 anos, que a missão de alcançar os destroços do avião e possíveis sobreviventes foi um desafio sobre-humano para um jovem, uma experiência singularíssima em sua vida. Assistiu excepcionais reações: os fortes, porém estropiados, que retornaram à base; os colegas jovens que se desesperavam, chorando; outros, intentando o retorno que desistiam, temendo uma prisão no quartel.
Outras inusitadas práticas: a tentativa de evitar o nauseante mal cheiro exalado pela decomposição dos corpos, mascarando o rosto com uma camisa; alimentar-se inicialmente de “ração fria” e, ao final desta, de qualquer modo, inclusive abatendo animais silvestres; recolher restos mortais sem utilizar quaisquer equipamentos de proteção em sacos de lona, utilizados no Exército; transportar esses sacos com restos putrefatos, por uma trilha de cerca de 300 metros, até o heliporto; viajar com essa carga no pequeno helicóptero Bell; e outras ferocidades que pelo passar do tempo deslembrou.
Giovani, ao dar baixa da caserna federal, ingressou na Polícia Militar do Amazonas, na condição de soldado nº 1034, para servir no GPO (Grupamento de Policiamento Ostensivo), mais conhecido por “Cosme e Damião”, em abril de 1964.
Na corporação da Praça da Polícia, o soldado Giovani enfrentou os cursos básicos: de Cabo, concluído em dezembro de 1965 e Sargento (3º) em julho de 1966. Sua habilidade e disciplina o levaram a outros setores, um de mais destaque foi servir na Casa Militar do governo. Enfim, reformado como 2º tenente, segue ainda pronto para novo desafio.
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