CATANDO PAPÉIS & CONTANDO HISTÓRIAS

domingo, abril 11, 2021

POESIA NA PANDEMIA

Me desculpem os cultores desta arte. Todavia, acabo de ler os Estudos do mestre Tenório Telles sobre o assunto, daí talvez esse meu capricho. Lembrando que enquanto catava papeis nos jornais de Manaus, recolhi um sem-número de poemas de abalizados e de anódinos poetas. 

Explico o fundamento: era costume na imprensa de anteontem a abertura de suas páginas para esse tipo de destreza intelectual. Em datas mais afetivas (Dia das Mães e dos Pais, festividades religiosas e patrióticas) a contribuição se aprofundava. Em cada periódico, uma coluna literária. Nesta postagem recolhi de O Jornal e do Jornal do Commercio.

Desse modo, seguem duas contribuições, esperando que nos distraia nesse tempo de ira e ranger de dentes. Mas, de Páscoa, aleluia!


Circulado em O Jornal, 29 julho 1956 

 Em noite de tufão, o mar raivoso

Embate as ondas no rochedo bruto.

Embalde o leme, o timoneiro astuto,

E sucumbe o batel leve e formoso.

          Amaina a tempestade, o vento iroso;

          O mar, com pena, cobre-se de luto,

          E num lamento triste e ininterrupto,

          Carpe o destino do batel, choroso.

Assim, minha alma, cheia de vaidade,

Cometeu a sublime crueldade

De fazer naufragar o nosso amor.

          Enquanto o sentimento me entristece,

          E o coração ingênuo não te esquece,

Tento afogar em versos minha dor!

  

Circulado em Jornal do Commercio, 25 abril 1958

Sempre ouvira falar da felicidade

Qual meiga fada para mim desconhecida.

Então parti a procurá-la pela vida

Com ardente desejo, com imensa vontade.

Busquei-a nos brilhantes píncaros da glória,

No deslumbrar das riquezas a ela não vi,

Nas ilusões fugazes busquei com frenesi,

Ainda nos triunfos não logrei vitória.

Onde está a felicidade que procuro?

Em vão meu peito fraco e inseguro,

Clamou por ela sem poder a encontrar.

Por fim, cansada voltei desiludida

E na humildade do meu ponto de partida,

A felicidade veio-me abraçar.

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