Me desculpem os cultores desta arte. Todavia, acabo de ler os Estudos do mestre Tenório Telles sobre o assunto, daí talvez esse meu capricho. Lembrando que enquanto catava papeis nos jornais de Manaus, recolhi um sem-número de poemas de abalizados e de anódinos poetas.
Explico o fundamento: era costume na imprensa de anteontem a abertura de suas páginas para esse tipo de destreza intelectual. Em datas mais afetivas (Dia das Mães e dos Pais, festividades religiosas e patrióticas) a contribuição se aprofundava. Em cada periódico, uma coluna literária. Nesta postagem recolhi de O Jornal e do Jornal do Commercio.
Desse modo, seguem
duas contribuições, esperando que nos distraia nesse tempo de ira e ranger de
dentes. Mas, de Páscoa, aleluia!
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Circulado em O Jornal, 29 julho 1956 |
Embate
as ondas no rochedo bruto.
Embalde
o leme, o timoneiro astuto,
E
sucumbe o batel leve e formoso.
Amaina a tempestade, o vento iroso;
O mar, com pena, cobre-se de luto,
E num lamento triste e ininterrupto,
Carpe o destino do batel, choroso.
Assim,
minha alma, cheia de vaidade,
Cometeu
a sublime crueldade
De
fazer naufragar o nosso amor.
Enquanto o sentimento me entristece,
E o coração ingênuo não te esquece,
Tento
afogar em versos minha dor!
Circulado em Jornal do Commercio, 25 abril 1958 |
Sempre ouvira falar da felicidade
Qual
meiga fada para mim desconhecida.
Então
parti a procurá-la pela vida
Com
ardente desejo, com imensa vontade.
Busquei-a
nos brilhantes píncaros da glória,
No
deslumbrar das riquezas a ela não vi,
Nas
ilusões fugazes busquei com frenesi,
Ainda
nos triunfos não logrei vitória.
Onde
está a felicidade que procuro?
Em
vão meu peito fraco e inseguro,
Clamou
por ela sem poder a encontrar.
Por
fim, cansada voltei desiludida
E
na humildade do meu ponto de partida,
A
felicidade veio-me abraçar.
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