Ainda enfrento dificuldades, tento superar entraves para
determinar os regentes da centenária Banda de Música da Polícia Militar do
Amazonas, hoje denominada de Coronel
Afonso de Carvalho. Contudo, estou certo de ter alcançado o primeiro: Cincinato Ferreira de Souza,
que começou em 1892 e terminou, possivelmente, quatro anos depois.
Banda de Música do Corpo de Bombeiros do Pará, a frente, mestre Cincinato Ferreira (de perfil), em 1904 |
Este maestro nasceu em São Luís do
Maranhão, em 1868, e morreu em Belém do Pará, em 1959, aos 89 anos. Parte de sua atuação em
Belém acha-se registrada em livro sobre o Corpo de Bombeiros (MENEZES,
José. O Corpo de Bombeiros no Pará,
2ª ed. Belém: Delta Gráfica e Editora, 2007),
em cuja corporação foi mestre de música. Desta obra, pode-se inferir que este
maranhense não demorou muito em Belém, aonde desembarcou em 1890, no alvorecer
da República.
Um pouco
depois, ou em busca de trabalho ou “indicado” por alguma autoridade, passou a
Manaus. Aqui, em 5 de agosto de 1892, Cincinato
Ferreira (24 anos) foi contratado para organizar a Banda da Polícia Militar do
Estado, que aguardava ou já teria recebido o instrumental comprado na Europa
para o corpo musical.
É tudo quanto alcancei. Ainda não
foi possível resgatar sua passagem pela música do Amazonas, pois, os registros
da Polícia Militar de antanho passam pelo processo de digitalização que impede,
ao menos enquanto pesquiso o tema, sua utilização. Por isso, não se pode
informar a data de sua exoneração e a retirada de Manaus. Acredito que foi substituído
em 1896, pelo professor Aristides Emídio Bayma. Nesse período, quem regeu o
governo do Amazonas foi Eduardo Ribeiro, outro maranhense. Coincidência!?
Assim sendo,
aproveito para revelar a trajetória de Cincinato em Belém, cujo nome figura em
livro sobre os músicos do Pará (SALLES,
Vicente. Música e músicos do Pará.
Belém: [s.ed.], 1970. Salles
consigna que Cincinato Ferreira “regia na condição de alferes a Banda dos
Bombeiros, quando esta em 1898 foi transferida da administração estadual para a
municipal”. Dizia-se que eram parentes, afinal, ambos são maranhenses. Esta
transferência se deve certamente à posse do Intendente Antônio Lemos na
prefeitura de Belém (PA), que dirigiu de 1897 a 1912, quando exerceu robusta influência
política no Pará.
Cincinato
foi promovido a tenente em 22 de dezembro de 1904, e reformado em dezembro de
1911, com vigência a partir de janeiro seguinte, após a Banda ter sido extinta
em agosto do mesmo ano. Como se observa, manteve-se na direção da Banda de
Música dos Bombeiros enquanto seu parente Lemos esteve na prefeitura de Belém.
Com a saída deste, defenestrado pelos políticos e escorraçado pela população, e
substituído por um adversário, a Banda desapareceu momentaneamente. Em agosto
seguinte, tanto a corporação dos homens
do fogo quanto sua Banda foi revigorada. No comando da corporação, assume o
bacharel Henrique Hurley, e na musical, o retorno do tenente Cincinato
Ferreira. É desconhecida a data de sua saída.
Além da
regência na Banda dos Bombeiros, Cincinato esteve na direção da Banda do
Instituto Lauro Sodré. Há mais informações no Música e músicos do Pará.
Seu trabalho
restou amplamente reconhecido, na condição de autor de várias composições em
estilos diversos. Cincinato era “professor de música, regente e hábil
orquestrador, autor de valsas, hinos, marchas e dobrados, além de música para
teatro”. Comprovação desse desempenho pode ser apreciada em uma produção
especializada, cujo disco, patrocinado do Banco do Brasil – Banda de Música de ontem e de sempre,
apresenta deste maestro duas composições (Música popular do Norte: no disco 1 – Canto
do pai Pedro (polca), gravada por Jane Duboc. E, no disco 2 – Artística paraense).
Cincinato
Ferreira é seguramente o primeiro mestre a dirigir a Banda de Música da PMAM.
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