CATANDO PAPÉIS & CONTANDO HISTÓRIAS

quarta-feira, junho 19, 2024

MANAUS: ANÚNCIOS EM JORNAL

 Uma revisão em jornais de Manaus permitiu compilar publicações sobre profissionais e o comércio, em periódicos da virada do século 19. 

A Federação circulou em 22 de dezembro de 1895 (domingo) 

Correio do Norte, em 21 de janeiro de 1906 (domingo), abaixo




CHRISTUS, RÁDIO RIO MAR E CLUBE DA MADRUGADA: 70 ANOS


O lembrete me vem da crônica radiofônica - A Voz do Povo, escrita e lida pelo saudoso padre-poeta L. Ruas na Rádio Rio Mar. Aconteceu em 26 de novembro de 1979, no horário do meio-dia, quando esta emissora rivalizava, no horário, com a Difusora e A Crônica do Dia, de seu fundador Josué Claudio de Souza.

Recorte do original apresentado

O autor recorda os 25 anos de fundação destas três entidades: Instituto Christus, Rádio Rio Mar e, por fim, o Clube da Madrugada. Curiosamente, nos citados, L. Ruas esteve presente com categoria.

A VOZ DO POVO

HORÁRIO: 06,30 - 11,55

DIA: 26 NOVEMBRO 1979

PRODUTOR: L. Ruas

APRESENTADOR: L. Ruas

Senhoras e senhores ouvintes, bom dia.

Chegando ao início da última semana deste mês de novembro de 1979, um ano que tem se caracterizado por grandes mudanças políticas e por maiores dificuldades econômicas e financeiras, mas, ao mesmo tempo, por alvissareiras perspectivas culturais para o país, a partir do momento em que se iniciam a suspensão da censura prévia aos órgãos de imprensa, rádio e televisão, talvez seja conveniente lembrar três acontecimentos da maior importância para a vida cultural do nosso Estado e, em particular, para Manaus, ocorridos, exatamente, há vinte e cinco anos.

Corria o ano de 1954, que foi, também, um ano de profundas convulsões políticas no Brasil e que culminaram com a tragédia da morte de Getúlio Vargas. Os que precipitaram os acontecimentos que banharam de sangue - o sangue do Presidente - o Palácio do Catete e, por um processo de simbiose simbólica, todo o país, argumentavam que tudo aquilo era para salvar a honra da democracia. Então, era só a honra. Dez anos mais tarde seria necessário salvar a vida da própria. Tudo bem.

Em outubro daquele ano, ocorria o primeiro acontecimento que merece destaque: a fundação do Instituto Christus do Amazonas. Orígenes Martins voltava de Fortaleza, do Seminário da Prainha, da Juventude Universitária Católica e da Faculdade de Filosofia. Mas voltava, também, do Christus de Fortaleza que era o fruto de tudo isso como o seria também o Christus do Amazonas.O que é que queria aquele moço, aquele jovem professor de geografia, recém-casado, ao voltar à sua terra, abandonando as perspectivas que sempre são mais espaçosas em meios mais adiantados como era Fortaleza em relação a Manaus, uma cidade praticamente estagnada até então e que, apenas, começava, também no plano político, a sacudir as cinzas numa tentativa de ressurreição?

Orígenes queria mudar o processo educacional de Manaus. Queria trazer algo novo, algo que fosse capaz de sacudir o ramerrão do processo educativo aqui existente.

Muita coragem, muita ousadia, muita força de vontade, foi preciso. Não é à toa que se muda o que está estabelecido há séculos, principalmente, em meios tão simples e tão pequenos como era o de Manaus, há vinte e cinco anos que vivia às escuras - não é metáfora, não. Manaus vivia sem luz. E as aulas noturnas eram dadas à base de aladim. Agora parece que chegou a hora - agora, vinte e cinco anos depois - de um julgamento do trabalho pedagógico do Christus. Isto é oportuno. Mas que não se confundam juízes com apedrejadores. Ou melhor, que os linchadores profissionais não vistam a toga de juízes.

Em novembro de 1954, um outro fato também muito importante, ocorria: a fundação do Clube da Madrugada. Diz o Abrahim Aleme que o nome foi sugerido por Luiz Bacellar, o poeta. De qualquer maneira, o nome foi bem atribuído e corresponde exatamente à realidade do Clube: uma agremiação de jovens intelectuais, escritores, poetas, ensaístas, pintores, músicos, escultores, artistas que estavam se sentindo asfixiados pelo ar abafado e mofado de uma noite parada de um ambiente cultural esclerosado. Eles queriam um novo dia. Queriam romper as trevas e partir para um novo dia.

Assim foi. No dia, isto é, na madrugada do dia 22 de novembro de 1954, surgia o Clube da Madrugada, algo inteiramente novo como o nascer de um novo dia, não só pela média da faixa etária de seus membros fundadores, mas, principalmente, pelo espírito de transformação, pela inquietude borbulhante em cada um deles e por uma rutura com tudo aquilo que já estava maduro demais.

O que o Clube da Madrugada já produziu, se não se estivesse em Manaus, teria provocado reações barulhentas e divulgadíssimas. A verdade é que o que se fez de positivo no plano cultural de 54 para cá está ligado direta ou indiretamente ao Clube da Madrugada. Os quércias daqui e de outros lugares não destruirão o que já foi feito e o que está se fazendo.

No dia 15 de novembro de 1954, era lançada ao ar a primeira programação da Rádio Rio Mar, realização de três homens que ficarão para sempre na história da radiodifusão da Amazônia: Charles Hamu, Aloysio e Aguinaldo Archer Pinto. Com a inauguração da Rádio Rio Mar, ampliava-se o trabalho heroico da radiodifusão em nosso Estado iniciado pelo pioneirismo dos criadores da Baricéia.

Vinte e cinco anos. Parece que foi ontem. Mas ao mesmo tempo, parece que está tudo começando agora e que é preciso partir como se partiu para o futuro há vinte e cinco anos passados. Não há dúvida. Mais vinte e cinco anos esperam pela frente, o Christus, o Clube da Madrugada e a Rádio Pio Mar. Vamos lá.

quinta-feira, junho 13, 2024

13 DE JUNHO - DIA DE SANTO ANTONIO

 Vou ilustrar a postagem com a fotografia da imagem de Santo Antonio, erigida no barranco da cidade de Borba (AM), cuja construção foi processada pelo artista Marius Bell, que a tem como sua maior obra. Todavia, o texto pertence a meu irmão - Renato Mendonça, saudando o Santo do dia e o santo de casa. Somos três irmãos: Roberto, Antonio e Renato.


BOLO DE SANTO ANTÔNIO

13.06.2024

Estive hoje pela manhã na Igreja da Porciúncula, em Niterói. Não sabia que a festa na rua ao lado estava repleta de pessoas. Muita gente querendo comprar coisas para degustar, entre eles o famoso Bolo de Santo Antônio. Uma fila enorme para comprar nas diversas barracas postadas ao longo da rua. Nem fui até o final, não me atrevi a me acotovelar com tanta gente, ou faltou-me um pouco mais de perseverança mesmo. Aproveitei a ocasião e, na volta para casa pelo caminho do Campo de São Bento, a minha consciência começou a fazer suas reflexões e me interpelar por um juízo de realidade sobre o que eu tinha observado naquele curto momento, baseado nos conceitos subjetivos que se têm hoje da religião, sem caminhar pelo preconceito, pela discriminação ou julgamento precipitado.

Embora não tenha conseguido comprar nada, particularmente fiquei feliz por saber que ainda temos tantos católicos neste lado sul do Brasil. O que me deixava intrigado, sem saber exatamente como isso aconteceu, é como as igrejas evangélicas, ditas neopentecostais, conseguiram cooptar tanta gente humilde de boa-fé, e alguns de má fé. O que se viu, nos últimos anos, é uma politização em torno das religiões evangélicas. E isso acarreou entre os fiéis um sentimento pouco espelhado na solidariedade humana. A primeira coisa que me ocorre pensar, é como essas pessoas execram a figura de Maria, mãe de Jesus. Nem se importam que Nossa Senhora é, antes de tudo, uma figura simbólica de todas as mães deste planeta. É o símbolo da vida, é o símbolo do afeto, do aconchego, da amamentação, do zelo — é o símbolo do Amor.

Dia desses, quando eu estava na frente de um hospital aqui no Rio, esperando o momento de visitar a um amigo de nome Antônio, uma dupla de mulheres se aproximou de mim com um folhetim da Igreja Batista, e me entregou. Quando lhes disse o porquê da minha presença ali, elas falaram num discurso vazio e protocolar, que só Deus conseguiria a salvação. Concordei, mas acrescentei que eu estava também esperançoso e com fé no seu filho Jesus, que realizou muitos milagres e curou muita gente. Observei que elas ficaram incrédulas sobre essa minha referência. E eu, evitando polemizar o assunto, disse-lhes que está tudo no Novo Testamento, e que isso é uma questão de fé, qualquer que seja o credo tutelado pela Bíblia. E foi só, elas me abandonaram com as minhas orações sendo rezadas silenciosamente.

Renato, Roberto e Antonio, 2007

Todavia, outro fator de júbilo nesse dia 13 de junho é o aniversário de meu irmão Henrique Antônio. É pena que só posso abraçá-lo virtualmente. Ele está na terra natal do padroeiro, e me ocorre pensar positivamente que está com boa saúde. Isso já me conforta, me basta. Sempre isso: que ele seja feliz e goze de boa saúde, até quando Deus quiser. Mas, é sempre bom ter fé que Jesus Cristo, com seu poder divinal, também possa volver seu olhar misericordioso e suas mãos santas para lhe abençoar nesse dia. E que ele possa simbolicamente saborear a cada dia uma fatia generosa e vital do bolo de Santo Antônio, servido pelo Senhor. Parabéns!

quarta-feira, junho 12, 2024

MANAUS: JORNAL ESPORTIVO (1916)

 O periódico intitulava-se CORREIO SPORTIVO, e abria nesse ano sua 3ª fase. Fora fundado por Deodoro Alcantara Freire e A. L. Castro, sem indicação de data. Na nova fase estava sob a propriedade de P. Ricevich (não identificado), tendo por redatores: A. Guinard e C. Couto. 

Os encargos do Correio eram tratados na Tabacaria Victoria, situada à rua Quintino Bocaiuva, 3 - Centro Histórico. E a impressão ocorria na tipografia da Revista Cá & Lá.

Primeira página da primeira edição - 3ª fase
Manaus, domingo, 19 março 1916

terça-feira, junho 11, 2024

MANAUS: ANÚNCIOS EM JORNAL (1906)

No início do século 20, Manaus passou a conviver com uma renovação nos periódicos, com apresentação bem mais eficiente, iniciando com o Jornal do Commercio (ainda em circulação). Recolhi do matutino Correio do Norte, edição inaugural, de 21 de janeiro de 1906, os anúncios aqui postados. 

Correio do Norte, domingo,21 jan. 1906




sábado, junho 08, 2024

MANAUS: ENCHENTE RECORDE (2021)

 Em junho de 2021, como natural, os rios amazônicos chegam ao ápice, ou seja, a enchente anual atinge sua cota máxima.  Naquela data, quando do máximo, as cidades estaduais estavam alagadas, inclusive a capital amazonense. As fotos são dessa situação, destacando o centro histórico debaixo da visão da Catedral da padroeira.

Os desastres ambientais, ano passado, mostraram o inverso. Lembrando que as cidades amazonenses estão instaladas na "beira" dos rios, quando os rios secaram com tal volume que, por paradoxal, faltou água em várias regiões. Enfim, o Rio Grande do Sul ainda padece do dilúvio que desabou sobre o estado. 

Centro histórico de Manaus alagado (junho 2021)



quarta-feira, junho 05, 2024

PMAM: SEUS PRIMÓRDIOS (33)

 Novo capítulo da história da atual Polícia Militar do Amazonas, relativo ao período provincial, compartilhado do meu almejado livro Guarda Policial (1837-1889).

 

Conrado Jacob de Niemeyer (1831-1905)

(filho de militar português de mesmo nome e de Olímpia Estelita de Aguiar Giffenig; militar, engenheiro e político)

Niemeyer foi nomeado em 29 de janeiro de 1887 e assumiu a presidência em 23 de março. Constava em seu currículo ser bacharel em Matemática pela antiga Escola Militar da Corte; comendador da Imperial Ordem da Rosa; cavaleiro da de Nosso Senhor Jesus Cristo e da Militar de São Bento de Aviz; condecorado com a Medalha de Campanha do Paraguai. Na oportunidade da posse, era coronel do Corpo de Engenheiros; presidente e comandante das Armas da Província do Amazonas. Sua gestão amazonense prosperou até 10 de janeiro de 1888. Quiçá para melhor auxiliá-lo na gestão provincial, ou já disseminando o nepotismo que angustia há tanto tempo o país, emprega como secretário – Olympio Giffenig von Niemeyer. Em que grau seria esse parentesco? Avaliando o sobrenome, seria assaz próximo.

Relatório Niemeyer


Tão logo, em 25 de março, o presidente Niemeyer, em Relatório com que instala a sessão legislativa, relata uma tenebrosa ocorrência envolvendo integrantes de duas tropas armadas em atividade na capital. De um lado, elementos da Guarda Policial e, de outro, soldados do Exército. Conhecedor do assunto, por sua patente militar, Niemeyer cientifica os legisladores de que, em face da gravidade da altercação, encaminhou-a ao conhecimento do Governo Imperial.

Em resumo, o choque entre os praças teve início cerca de 18h30, de 23 de fevereiro. O local – proximidades do quartel do 3º Batalhão de Artilharia, atual Colégio Militar de Manaus, quando dois Guardas faziam policiamento na estrada de Epaminondas. Sem explicações, os guardas são “atacados e esbordoados a cacete, por praças do batalhão”. O provimento presidencial consistiu em reunir os comandantes dos contendores, além do Chefe de Polícia, presumindo a evolução do conflito, diante das “rivalidades frequentes entre a força de polícia e a de linha”.

A despeito dessa diligência, novo conflito voltou a se verificar entre os litigantes, agravado pela participação de “cearenses moradores na Estrada (de Epaminondas), que são patrícios da maioria dos policiais”. Cerca de uma hora da madrugada, enfim, contornado o ataque mútuo, foram contados os feridos: “cinco soldados do 3º Batalhão, todos à bala, e só um gravemente; e da polícia seis, sem falar nos dois primeiros, todos a sabre”. Semelhantes divergências ou altercações, como perduraram. Talvez em nossos dias tenham sido amenizadas ou até anuladas, diante da reduzidíssima presença de militares fardados nas ruas.