CATANDO PAPÉIS & CONTANDO HISTÓRIAS

domingo, agosto 10, 2025

POESIA EM DIA DOS PAIS

 Andei buscando nos meus arquivos algum poema que preenchesse a data, ainda que não tenha relação, socorri-me do saudoso poeta Farias de Carvalho, sobejamente admirado. Aproveito para dedicar a postagem ao falecido meu genitor - Manuel Mendonça que, vindo da amazonía peruana, tanto amou esta cidade.

Recorte de A Crítica, 23 novembro 1957


  • Pelas portas, paredes, pesadelos
  • pendem pesados: gestos imprecisos,
  • fragmentos de poemas não colhidos,
  • tentativas de mar e de suicídio. 

  • A rede verde colhe o corpo e o tédio,
  • depois é barco de pescar a lua;
  • trabalho de deixar o amor no meio
  • e sacudir do sono os velhos tipos. 

  • Crânios, amantes, loucos, bailarinos.
  • Uma eterna aventura de palavras
  • plasma o casco da nau no cais da porta
  • para a velha viagem repetida:
  • a batida dos passos pela sala
  • e a cantiga da máquina no poema. 

Além do som os homens todos doidos

são puxados no comboio deste século.

Imaginai: Ontem na cacimba

a lavadeira declamou-me versos de Ezra Pound.

(Eu saí de lá com as mãos nas têmporas.)

 

  • Trazei o ouvido e atentai:
    • O monstro corcunda
    • Agasalha o meu filho louro
    • Lá para as bandas do Rio. 

 

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