A fim de comemorar o centenário de nascimento de Manuel Mendonça ou Mendoza, em janeiro de 2016, fiz o lançamento de um selo personalizado. Todavia, o livro que havia escrito juntamente com meu irmão Renato Mendonça – Entre duas viagens – para esta celebração, somente viria a público em junho seguinte. O jornalista Evaldo Ferreira, conhecedor do empreendimento escreveu no Jornal do Commercio (26 jan. 2016) o artigo que aqui compartilho. Sem que imaginasse, ocasionou um atrito familiar. Explico: o nome de Henrique Mendonça, autor do prefácio, foi omitido pelo articulista, e essa omissão a família do mano não acolheu, daí a fricção.
Detalhe do artigo de Evaldo Ferreira |
“Em 2014 a família se preparava para comemorar o centenário do patriarca neste 17 de janeiro de 2016, mas ele resolveu partir antes, em maio daquele ano, então, eu e meu irmão Renato achamos por bem escrever o livro contando a saga do nosso peruano. Foi uma forma de homenageá-lo”, contou. Por mais de um ano Roberto Mendonça seguiu os caminhos do pai em Manaus, Rio de Janeiro, Santos e até em Iquitos e Lima, no Peru, onde Manuel Malafaya nasceu. “Mendoza, mais conhecido por Manuel peruano”, nasceu em Caballococha, uma povoação situada nas vizinhanças da fronteira Brasil-Peru, em “hermosa orilla” à margem esquerda do rio Amazonas”, disse.
Victoria Malafaya, a mãe de Manuel, era uma índia ticuna nascida na mesma localidade, em 1890. Na época do ciclo da borracha, acabou se envolvendo com um caucheiro, possivelmente um homem rude, pois num dia qualquer de 1927, ela fugiu em direção ao Brasil, trazendo os dois filhos: Manuel e Francisco. Em 1939, Manuel retornou ao Peru, visitou Iquitos e se inscreveu no serviço militar, mas logo voltou a Manaus onde obteve o primeiro emprego de carteira assinada, de balconista, depois gerente, na Fábrica Rosas, a padaria da cidade, instalada na avenida Sete de Setembro defronte à praça da Polícia. A ... com a noiva Francisca, viajou para Iquitos, onde se casaram.
“Os dois até pretendiam se fixar na capital de Loreto, pois chegaram a organizar um comércio, porém, no início de 1946 voltaram para Manaus, com dona Francisca gestante. Então, posso garantir que sou “hecho en Perú”, todavia, nascido em Educandos, à rua Inácio Guimarães, onde mais adiante surgiria o Cine Vitória”, relembrou. Manuel frequentou assiduamente a paróquia do padre Antonio Plácido. “Esse vigário colaborou para que eu ingressasse no Seminário São José, instalado à rua Emílio Moreira, onde pretendia me tornar padre, e conclui o curso de humanidades. Mas achei melhor seguir a carreira militar, servindo ao Exército e depois à Polícia Militar, onde cheguei a coronel. Hoje estou na reserva”, explicou o historiador.
Descobertas
históricas
“Voltando
a falar de meu pai, o mesmo padre Antonio Plácido realizou o casamento dele com
Doroteia, em 1958. Minha mãe havia morrido de tuberculose algum tempo antes. A
nova união gerou cinco filhos (Zemanoel, Jorge, Luís, Ricardo e Carlinhos). Com
minha mãe foram eu e meu irmão, Renato. No ano seguinte, a nova família de
Manuel mudou-se para o Morro da Liberdade e, mais adiante, migrava para Santos”,
recordou.
Novamente
viúvo, Manuel passou os derradeiros anos de sua vida entre Manaus e São Paulo,
visitando os filhos e netos, até morrer, em maio de 2014. “Para marcar o
centenário do peruano, no último 17 de janeiro, mandei confeccionar dois selos
personalizados. Dois selos porque o homenageado possuiu dois sobrenomes: a
certidão de nascimento registra — José Manuel Mendoza; todavia, ao desembarcar
em Manaus, aportuguesou o sobrenome, refez o nome, incluindo o sobrenome
materno. Desse modo, con mucho orgullo, sou filho de Manuel Mendonça
Malafaya”, comentou.
Roberto
Mendonça contou que começou a escrever “Entre duas viagens”, junto com o irmão
Renato, em janeiro do ano passado. Realizou pesquisas, conversou com parentes
mais antigos, viajou pelas cidades onde Manuel vivera e vasculhou fotos. “Conseguimos
garimpar algumas raridades, como a da casa onde minha avó, mãe de Manuel,
vivera no Peru, ainda no século 19. Acredito que o livro terá umas 50 fotos. A
ideia era colocar mais imagens e menos texto, tipo uma linha do tempo. Esse
trabalho me rendeu mais algumas descobertas históricas, como o racionamento de
produtos, na época da Segunda Guerra, na padaria onde ele trabalhou. O
racionamento era rigidamente controlado pelos militares, mas, por baixo dos
panos, o dono da padaria sempre conseguia liberar alguma coisa a mais para os
seus amigos", entregou.
O livro só
será lançado em junho, mas os dois selos o serão no próximo dia 30, sábado, na
Agência Filatélica Ajuricaba.
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