CATANDO PAPÉIS & CONTANDO HISTÓRIAS

sábado, setembro 28, 2024

Em 1965, ao comemorar o Jubileu de Ouro da evangelização do Rio Negro (AM), os Salesianos sob a orientação de dom Pedro Massa publicaram um livro registrando os caminhos percorridos e os personagens – eclesiásticos e políticos – que contribuíram com a obra. Por óbvio, vertendo reconhecimentos e bençãos sobre estes. Aproveito o livro editado, intitulado De Tupan a Cristo, para postar algumas páginas bem ilustrativas, começando com a do “tuxaua” Álvaro Maia (1893-1969), páginas que certamente fornecem detalhes da história amazonense.
Capa do livro

 

ÁLVARO MAIA

As missões salesianas desejam por em merecido destaque o nome de Álvaro Maia, que desde o início se revelou grande e devotado amigo, tendo sempre para com elas delicadas provas de amizade, que se revelaram em vários atos de sua administração como Interventor Federal e na qualidade de Governador do Estado.

Álvaro Maia

A Escola Industrial de Tapuruquara [atual Santa Isabel do Rio Negro] lhe deve uma das melhores provas de sua amizade, quando tendo que suspender a construção de seu imponente prédio, encontrou em Sua Excelência um amigo dedicado, que, vencendo dificuldades políticas então surgidas, conseguiu fazer chegar àquela obra um auxílio pecuniário substancial que lhe permitiu a sua definitiva conclusão.  

O nome de Álvaro Maia, que vem honrar a primeira turma de normalistas formada no ano passado naquele instituto, afirma a gratidão que os Salesianos e as Filhas de Maria Auxiliadora lhe devem como a um dedicado amigo e protetor.  Mas, o que melhor ainda atesta a amizade de Álvaro Maia, é o Patronato Santa Terezinha de Cachoeirinha [inaugurado em 1936], que é incontestavelmente a melhor obra de assistência feminina gratuita de todo o Norte do Brasil. (...)

Patronato Sta. Teresinha, em construção

Foi ele adquiriu vários dos vinte e tantos lotes em que estava, então, fracionada a atual área daquele estabelecimento resolvendo dúvidas para a indenização de pequenas faixas de terras e de pobres choupanas, amparando famílias que deviam dar lugar para a continuidade do terreno indispensável àquela obra, animando com sua presença os modestos inícios do Patronato desde quando se reduzia à residência e pequeno pátio do saudoso Professor Olímpio de Menezes, Álvaro Maia constituiu-se um dos maiores benfeitores daquela instituição, que agora é motivo de justificada honra para todo o Estado do Amazonas.

A ele a justa gratidão de milhares de jovens agora já devidamente diplomadas, que o consideram como amigo e benfeitor.

Poeta e orador, Senador pelo Estado, enaltecendo com seus primorosos discursos e sua capacidade intelectual, membro e depois presidente da Comissão de Relações Exteriores, representando nesta qualidade o Brasil nas grandes Assembleias da Europa, o modesto glebário, que ainda agora vive do seu pronunciado amor à gleba natal, prestou assinalados serviços à sua Pátria e num gesto feliz, na Comissão de Finanças no Senado, salvou a situação precária das missões, amparando-a de uma feita, no momento em que na votação final do Orçamento lhes haviam sido negados os recursos necessários para a sua manutenção.

Na pessoa de Álvaro Maia, a Missão Salesiana deseja manifestar sua gratidão também a todos os governadores, políticos e amigos do Estado, que amparam nas horas duras da necessidade os passos às vezes incertos, na longa caminhada pelos sertões adentro na sua conquista espiritual e civilizadora.

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