Cidade de Iquitos - Peru
CATANDO PAPÉIS & CONTANDO HISTÓRIAS
domingo, outubro 30, 2016
TAXI OU UBER? EIS A SOLUÇÃO
sábado, outubro 29, 2016
TV MANAUARA
Penso que raro é o amazonense hoje que viu falar deste empreendimento. A instalação da primeira emissora de TV em Manaus, intitulada de Manauara.
Recorte de O Jornal |
Inaugurada a TV Manauara Em solenidade que contou com a presença do Governador Arthur Reis e de sua esposa, senhora Graziela da Silva Reis, presidente da Legião Brasileira de Assistência, do coronel [PM] Themistocles Trigueiro, Chefe da Casa Militar e Chefe de Polícia, de nossa diretora, jornalista Maria de Lourdes Archer Pinto, autoridades e pessoas convidadas, foi inaugurada a tarde de ontem a TV Manauara, empreendimento que orgulhece o nosso Estado, pelas perspectivas que nos oferece.
Desde ontem já existem os telespectadores amazonenses, que encontram na televisão Manauara momento de prazer.
Os flagrantes mostram o Sr. Ataliba Santos, diretor-geral da TV Manauara, quando discursava perante as autoridades, e a Primeira Dama do Estudo, dona Graziela da Silva Reis, quando cortava a fita simbólica, inaugurando a televisão amazonense
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segunda-feira, outubro 24, 2016
MANAUS: 347 ANOS
Para relembrar a cidade nascida na margem esquerda do Rio Negro, que segue crescendo com afinco, para isso, enfrenta com determinação os desafios casuais.
Nesta data, Manaus, a capital do estado do Amazonas, comemora 347 anos de existência, ainda que inexista registro formal deste evento.
Parabéns pra você!
Nesta data, Manaus, a capital do estado do Amazonas, comemora 347 anos de existência, ainda que inexista registro formal deste evento.
Parabéns pra você!
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Roadway de Manaus |
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Restaurante Chapéu de Palha, já demolido |
Edifício ainda existente, abrigando no térreo uma loja TVLar |
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Cruzamento da avenida Sete de Setembro e rua Joaquim Nabuco |
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domingo, outubro 23, 2016
ANÚNCIOS DE MANAUS DE ONTEM
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DISCURSO DE POSSE (2)
Quadro da Princesa Isabel, do acervo IGHA |
DE ONDE VENHO E PARA ONDE VOU
Venho do Seminário São José, quando
ainda situado na rua Emílio Moreira, nº 6
01, bairro da Praça 14 de Janeiro, onde obtive consolidada formação humanista e religiosa. Desta, resulta meus intensos agradecimentos à Deus por este ato de bondade de Vossas Excelências, que me consentiu ocupar a Cadeira 24, patronada por Frei Gaspar da Madre de Deus.
01, bairro da Praça 14 de Janeiro, onde obtive consolidada formação humanista e religiosa. Desta, resulta meus intensos agradecimentos à Deus por este ato de bondade de Vossas Excelências, que me consentiu ocupar a Cadeira 24, patronada por Frei Gaspar da Madre de Deus.
Do meu antecessor, Dom João
de Souza Lima, tive o privilégio de, na condição de seminarista
menor, acolitá-lo nas solenes festas religiosas em nossa secular Catedral e outros
templos, como na sagração da Igreja de São José Operário, dos padres
salesianos, no entroncamento das ruas Visconde de Porto Alegre com Ramos
Ferreira.
Aproximo-me deste sodalício, vindo do Quartel
da antiga Praça da Constituição, local
onde se perfilou em 8 de novembro de 1897, o 1º Batalhão do
Regimento Militar do Estado, comandado pelo tenente-coronel Candido
José Mariano, combatente distinguido na Campanha de Canudos, cujo centenário já
estremece a Nação por força da obra imortal de Euclides da Cunha - Os Sertões.
Acerca do comandante Candido Mariano,
venho arregimentando recursos para muito breve editar uma biografia do
herói de muitas campanhas, além de participante da fundação de Sena
Madureira, no estado do Acre.
Procedo ainda do outrora
quartel do Canto do Quintela, onde se aprestava o Corpo de Bombeiros de Manaus. Em nossos dias, transmudado
em sede do Museu do Homem do Norte. Oh! tempos difíceis, tempos heroicos. Melhor dizer, tempos oportunos para que os bombeiros
demonstrassem toda a dedicação pela Cidade
e o desprendimento para enfrentar o perigo. Ali compreendi os objetivos primordiais deste serviço, aprendi a
servir com devotamento, acreditando que cada singela
tarefa, executada por um simples camarada, traz benefício coletivo. Assimilei, senhor comandante do Corpo de Bombeiros,
que o heroísmo escolta cada comboio, em
cada chamada, a mais rotineira possível.
Ingresso na Casa de Bernardo
Ramos com modesto trabalho literário
dado a lume, todo ele volvido
à divulgação da história da Polícia
Militar do Amazonas, instituição criada ainda no período imperial que, desde 4 de abril de 1837, presta segurança à sociedade
amazonense. Corporação, entretanto, que foi capaz de abrigar homens de diversas
virtudes. Os fatos revolucionários, dos quais teve participação coerente, talvez
prestem às reminiscências uma revelação com tal miopia, com certa visão disforme.
A instituição da segurança estadual abrigou alguns
membros deste sodalício: Ramayana de Chevalier, coronel médico, escritor de méritos,
jornalista de nome nacional; Octavio Sarmento, tenente-coronel comandante interino em
1920, fundador e membro da Academia Amazonense de Letras; Álvaro Botelho Maia que,
ao regressar a Manaus, graduado em Direito, exerceu a função de Juiz Auditor de
Guerra, com o posto de capitão, e cuja biografia dispensa maiores
comentários; Djalma Batista, intelectual
de nomeada, serviu
temporariamente no posto de capitão médico da Policia Militar, quando do comando
do coronel Gentil João Barbato (1941-45); Gonzaga Tavares Pinheiro, aposentado
coronel, que em 1932, ainda capitão, era prefeito nomeado de Itacoatiara, onde protagonizou a célebre disputa contra as forças rebeldes
vindas de Óbidos (PA), pugna conhecida
nos compêndios regionais como "Batalha Naval de Itacoatiara"; Djalma Vieira Passos, oficial
superior da PMAM, igualmente intelectual de recursos, com várias publicações editadas e comprovado efetivo desempenho
seja na Assembleia Legislativa do Estado seja na Câmara Baixa do país.
Assumo a Poltrona 24 rememorando a escola
inspiradora de meu hábito pelos livros - o Seminário São José de Manaus, orientado pelos padres diocesanos, enquanto lá estudei.
Homenageio a este estabelecimento, recordando dois de seus Reitores: ao Padre Jorge de Andrade Normando,
de tradicional família amazonense, que vive atualmente em Belém do Pará, servindo a comunidade, como auxiliar da paróquia de Santo
Antonio de Lisboa. É-me igualmente
justo recordar ao padre
Antonio Juarez de Moura Maia, na condição de ecônomo por longos anos, a quem devo inúmeras provas de
amizade, capazes de me conduzir pelas sendas da cidadania e da dignidade.
Reverencio a este aqui e agora, na pessoa de seu representante, o tenente-coronel
Raimundo Pereira da Encarnação, por esta oração. A propósito, padre Juarez Maia
acaba de ser agraciado com o título de Cidadão Honorário de Porto Alegre,
cidade onde reside e exerce seu múnus sacerdotal.
Quero assumir neste instante solene um compromisso para
com a Casa de Ensino mais antiga do Estado, o Seminário São José. À proximidade
de seu sesquicentenário, porquanto fundado pelo bispo do Pará - Dom José Afonso
de Moraes Torres, em 18 de maio de 1848. Neste estabelecimento, entre 1956 e
1965, tive o ensejo de caminhar pelas letras e pelos clássicos nacionais, igualmente pelo verbo do autor de Aparição do Clown, padre Luiz Ruas, poeta laureado que,
vitimado por acidente vascular cerebral, se conforta com as orações de seus ex-discípulos e fieis
paroquianos, como agora em que aproveito para rogar ao Altíssimo
por sua recuperação.
Escrever a História do Seminário São José constitui-se,
pois, um compromisso sagrado que
estabeleço com a arquidiocese de Manaus, no instante em que assumo a Poltrona
24, ontem ocupada por Dom João de Souza Lima, a quem solicito o devido entusiasmo para meu melhor desempenho. Que Deus,
igualmente, me ilumine!
APELO
Suplico aos presentes para
que não se assustem com o estado das instalações, nem imaginem
descaso para com a edificação, pois, conheço a dedicação do Senhor Presidente
e do Secretário-Geral, Dr. Gera1do dos Anjos, na busca incessante por uma solução
para o problema. Apelo, enfim, às autoridades: concedam uma, mais uma ajuda a este Instituto. Para que sirva assim de atração aos jovens estudantes da cidade de Manaus, cuja presença efetiva
possibilite a renovação de seus quadros.
AGRADECIMENTOS
Enfim, senhores acadêmicos, meu sincero agradecimento
pela acolhida singela a este garimpeiro dos arquivos regionais,
que opera com a sofreguidão de
quem parece ter partido com atraso.
Sou grato particularmente
ao autor
de Gazeta do Purus que, ao relatar a fundação e o fausto da “Princesinha do
Iaco”, me ensinou a admirá-la
e me fez aprofundar nos encantos acreanos.
Ao Dr. Antonio Loureiro,
a minha continência regulamentar.
Na pessoa do comandante-geral
– sou reconhecido à Polícia Militar do Amazonas, fonte de inspiração e tema de
meus relatos, cuja saga, cuja história
prometo divulgar. Este será meu propósito na Casa de Bernardo Ramos. Que todos
saibam que, onde se encontrar um
policial militar, no ponto mais isolado do território
amazonense, ali certamente se escreve um conto de heroísmo e abnegação.
O derradeiro agradecimento (pela ordem de nobreza) vai para o peruano de Caballococha - Manuel Mendonça Malafaya, fundador da dinastia proletário dos Mendonça. Vindo de Iquitos para Manaus, sabe Deus como!, acreditando topar com o Eldorado, serviu por décadas na
firma J. G. Araújo & Cia.
Ltda. Apenas alfabetizado, confiou-me que a educação sempre foi
o caminho altaneiro para o sucesso. Em razão dessa premissa,
obrigou-me a estudar com afinco, prometendo por prêmio a vitória como a que
acabo de alcançar. A ele dedico com ardor filial esta noite.
Repito como ocorria, ao final de cada discurso no Seminário São José:
Deo gratias (graças a Deus)!
Manaus, 4 de novembro de 1994.
Roberto Mendonça
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Roberto Mendonça
sexta-feira, outubro 21, 2016
DISCURSO DE POSSE (1)
DO SODALÍCIO E DO ÚLTIMO OCUPANTE DA CADEIRA
Para aqueles que nesta solenidade são neófitos, registro um pouco do caminho histórico
percorrido por este sodalício. Desejo salientar que foi com estímulo e
coragem que varões distintos e ilustres fundaram o Instituto
Geográfico e Histórico do Amazonas, a 25 de março
de 1917, quando na governança estadual
o Dr. Pedro de Alcântara Bacelar (1913-17), o
qual, num gesto digno de reconhecimento e gratidão por todas as gerações, concedeu
a Casa de Bernardo Ramos, consoante o Decreto nº 1.191, de 18 de abri1 de
1917, o usufruto do imóvel que ainda
agora serve de sede a este colegiado.
Sinto-me de alguma maneira abençoado
ao assumir a Poltrona cujo meu antecessor foi o segundo Arcebispo do Amazonas
- Dom João de Souza Lima.
Concluído o curso primário em sua
cidade natal, João viajou para Recife a fim de cursar humanidades, curso que foi realizado
no edifício que hoje abriga
o Colégio Estadual de Pernambuco. Aos vinte anos, acolhendo o chamamento divino para o sacerdócio,
matriculou-se no célebre Seminário de
Olinda. Todavia, para concluir os
estudos teológicos, foi transferido
para o Seminário Central de São Leopoldo, no Rio Grande do Sul. Enfim, recebeu a
ordenação sacerdotal – “sacerdos in aeternum”, na cidade de
Pesqueira (PE), em 12 de novembro de 1939.
Dez anos depois, em 14 de maio de
1949, foi eleito pelo papa Pio XII bispo auxiliar de Diamantina (MG), tendo assumido suas
funções pastorais em 6 de novembro daquele ano. Nessa cidade, terra natal do presidente
Juscelino Kubitscheck, Dom João travaria conhecimento com a eminente personalidade, de quem se tornaria
amigo.
Em 9 de fevereiro de 1955, foi
transferido para a diocese de Nazaré da Mata (PE), onde se manteve como bispo
diocesano até 16 de janeiro de 1958, data de sua promoção a arcebispo do Amazonas. No dia 24 de maio, festa de Nossa
Senhora Auxiliadora e, naquele ano, véspera da solenidade de
Pentecostes, tomava posse na Catedral de Manaus, como o 2º arcebispo, sucedendo a Dom Alberto Gaudêncio
Ramos, que foi membro deste
Instituto.
A extensão desta arquidiocese, que compreendia todo o
território amazonense, levou Dom João a
pleitear junto à Santa Sé a criação de Prelazias. Seu empenho foi
acolhido, tendo o Vaticano determinado a instalação das
Prelazias de Humaitá, em 16 de junho de 1961, e as de Itacoatiara, Coari e Borba, em 12 de julho
de 1962. Em nossos dias, a arquidiocese
se restringe à capital do Estado e a pequena zona interiorana, permitindo ao metropolita intensificar
as tarefas pastorais.
Em seu governo arquidiocesano, Dom
João adquiriu a Rádio Rio Mar, propendendo com a aquisição melhor e mais amplamente
divulgar a doutrina e os atos religiosos, alcançando as regiões mais distantes
de seu território pastoral. Coube a este Prelado a instalação do Centro Maromba, destinado a promoção de eventos coletivos,
ali onde hoje funciona o Seminário São José. Compete-lhe, todavia, a sombria imputação do
fechamento do Seminário São José, situado à rua Emilio Moreira, causado pelo arrefecimento de
vocações sacerdotais e de forte crise na Igreja.
Por cerca de 23 anos, Dom
João dirigiu a arquidiocese de Manaus, tendo renunciado em 25 de abril de 1981,
quando se transferiu para Salvador (BA), onde faleceu no Hospital
Espanhol, em 1º de outubro de 1984.
Competentíssimo orador desta agremiação, padre Raimundo
Nonato Pinheiro registrou, ao proferir o discurso de recepção deste pontífice, em
sua posse na Cadeira de Frei Madre de Deus.
Em vossa eleição, guiou-nos o
alto quilate que vos caracteriza a inteligência, aberta a todas as ondulações da luz, e a
cultura, opulentada nas tradicionais e ubertosas tetas dos estudos clássicos,
que, digam lá o que disserem, continuam a ser os alicerces insubstituíveis de
toda grande e verdadeira cultura.
Como quer que seja, como premiar-vos os talentos,
quis o Instituto Geográfico e Histórico do Amazonas glorificar a
Igreja, de que sois pontífice; essa Igreja-Mãe, essa Igreja maternal, que
parturejou a civilização cristã, criadora e inspiradora de tantos e repetidos
benefícios que a humanidade vem usufruindo há vinte séculos de História!
Registro, finalmente, os merecidos títulos recebidos pelo 2º
arcebispo do Amazonas: Cidadão do Amazonas, nos termos da Lei nº 32, de
26 de setembro de 1961, e Cidadão
Honorário de Manaus, consoante a Lei nº 969, de 30 de julho de 1970. (segue)
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Roberto Mendonça
quinta-feira, outubro 20, 2016
DISCURSO DE POSSE
Detalhe da Sala Arthur Reis, no IGHA |
Há quatro décadas tomei assento no Instituto Geográfico e Histórico do Amazonas, ocupando a
Cadeira 24, cujo patrono é Frei Gaspar da Madre de Deus. Ocorreu em novembro de 1994, quando sucedi a Dom João de Souza Lima, que fora por décadas pastor da Igreja
amazonense.
Como é de praxe, elaborei e li o discurso de posse, que deve ter a divulgação na Revista da Casa. Como até o presente tal procedimento
administrativo não se consumou, tomei a iniciativa de fazê-lo no meu Blog. Assim
vou proceder por três postagens.
Senhor
Presidente
Comendador
Junot Carlos Frederico,
Demais autoridades
Senhoras e Senhores
Os desígnios divinos e a magnanimidade de
Vossas Excelências consentiram esta solenidade pontilhada de luzes, sobretudo das
intelectuais de seus dirigentes, para abrir-me em
definitivo as portas desta nobre Instituição. Neste
instante, em que me incorporo aos ilustres membros desta Casa de Cultura, acatando
a convocação para “sagrar-me
cavaleiro de uma cruzada de cultura regional, por graça da cordial confiança e
complacente consideração dos integrantes deste silogeu”, especialmente de seu
presidente, comendador Junot Carlos Frederico, cujo trabalho
na direção do Museu de Numismática, hoje instalado no quartel do comando-geral da Polícia
Militar, bem muito nos aproximou. A proximidade foi iniciada pela conversação singela
e pelo interesse mútuo na pesquisa; depois, pelo incentivo e pelo
devaneio em promover o Museu Tiradentes – que me cabia a direção, com
formato atualizado e, acima de tudo, dinâmico.

Detalhe da entrada principal do IGHA
O rendimento desse
trabalho ensejou a proposição de meu nome para integrar
esta Casa. Atitude efetivada pela fidalguia de seu digno presidente que, em duas
oportunidades, abriu-me as consagradas portas do Instituto Geográfico e
Histórico do Amazonas (IGHA): a primeira, quando me permitiu a leitura de livros e obras raras do acervo, com as regalias
de veterano membro; esse manuseio, essa busca incessante pela veracidade histórica, acredito, inoculou-me o vírus
da pesquisa. A segunda, ocorre neste momento
solene, quando adentro pela porta
faustosa, conduzido pela aceitação dos componentes do IGHA, entusiasmados embaixadores dos fastos
amazônicos, para tomar posse na Cadeira 24, cujo patrono é Frei Gaspar da
Madre de Deus.
DO
PATRONO
Nascido Gaspar Teixeira de Azevedo,
na cidade de Santos (SP), em 1699, descendia das mais antigas famílias
instaladas nas cercanias vicentinas. Seu pai – Domingos Teixeira de Azevedo,
era coronel do Regimento de Ordenanças de Santos, e, seu avô, fora capitão-mor
de São Vicente, hoje município de São Paulo.
A morte de seu genitor modificou a destinação da família, pois, dos seis
filhos de Domingos, apenas dois (inclusive duas irmãs) não ingressaram em
ordens religiosas. Assim, em 1715, ao professar na Ordem dos Beneditinos, na cidade de São Salvador (BA), Gaspar tomou a
designação de Madre de Deus.
Em Salvador, mais
de duas décadas adiante, em 15 de agosto de 1732, quando foi ordenado
sacerdote, já obtivera transcendência entre os irmãos religiosos, motivo pelo
qual foi enviado para a sede provincial, no Mosteiro de São Bento (RJ). Licenciado em filosofia
e teologia, por exigência de sua
formação profissional, lecionou estas disciplinas
na própria congregação. Transferido para
a cidade de São Paulo
(SP), foi provincial do mosteiro da Ordem.
Em 1746, encarou
um encargo nobilíssimo para sua irmandade: defender os direitos do mosteiro
beneditino de Santos (SP) e do santuário de Nossa Senhora do Monte Serrat, em
contestação pelos carmelitas. Para cumprimento desta obrigação, redigiu Dissertação e Explicações, calcando sua
tese em bem fundamentados conhecimentos da história da capitania de Santos.
Três anos
depois, defendeu teses de Teologia e História, ocasião em que recebeu o título
de Doutor. Nessa ocasião, declinou do cargo de abade de São Paulo, por não
desejar se retirar do Rio de Janeiro. E mais. Na capital baiana, foi eleito
membro da Academia Brasílica dos Renascidos (1759).
Enfim, frei
Gaspar da Madre de Deus aceitou o encargo de abade do convento do Rio de
Janeiro, assumindo em 2 de outubro de 1763. Durante sua gestão,
que durou três anos, este abade promoveu consideráveis melhoramentos,
essencialmente na biblioteca e no arquivo do convento.
Este encargo foi
encerrado devido sua elevação ao cargo de abade provincial dos Beneditinos no
Brasil, no qual se manteve por um triênio, quando então, aos 70 anos, se
recolheu ao mosteiro de Santos. Ainda retornou por breve tempo ao Rio de
Janeiro, como mestre de noviços.
Quando recolhido
ao claustro de Santos dedicou-se completamente às investigações históricas.
Para bem conduzir suas pesquisas, dedicou-se “em visitar os arquivos, a coordenar a enorme messe de documentos
trazidos do Rio de Janeiro e da Bahia, a traduzi-los e comentá-los”. Não somente os de Santos, mas também os das
cidades do litoral paulista, tanta
dedicação o fez alcançar a capital, a cidade de São Paulo.
Notabilizou-se pela investigação nos arquivos que manuseou, inicialmente no
Rio de Janeiro, onde colheu elementos valiosos para suas obras, quase todas inéditas.
Frei Gaspar escreveu inúmeras obras, não sendo conveniente destacar a mais notável.
Somente para ilustrar este panegirico, relembro:
Memórias para a história da capitania de
S. Vicente, publicada em Lisboa (1797),
e Notícia dos anos em que se descobriu o Brasil
e das entradas das religiões e suas fundações (1784).
A importância deste
religioso para o entendimento da história pátria se tornou incomensurável, seja
pela sua competente formação religiosa, seja como hábil administrador de uma respeitável
congregação religiosa que se espalhou pelo Brasil, seja, enfim, a do mestre de
História que soube recolher com avidez nos documentos então circulantes as
melhores e bem conceituadas asseverações sobre nossa História. Foram esses admiráveis
atributos, estou convicto, que conduziram os dirigentes do IGHA a outorgar-lhe o
patronato da Cadeira 24.
Frei Gaspar da Madre de Deus morreu em sua cidade natal, aos 81
anos, em 1800.
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