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quinta-feira, setembro 24, 2015

IGREJA DE N. S. DOS REMÉDIOS (2)

Os vigários da capela de N. S. dos Remédios desta cidade, 

desde 1850 à 1927:
 
Igreja dos Remédios, em construção no início do sec. XX

Para substitui-lo, também interinamente, na vigararia dos Remédios foi nomeado o padre José Henrique Felix da Cruz Dácia. Por ato do Bispo Diocesano, de 3 de abril de 1883, foi nomeado vigário encomendado da freguesia de N. S. dos Remédios o padre Cruz Dácia.

O ato do ilustrado prelado, encomendando a igreja dos Remédios ao padre Cruz Dácia, naturalmente deve ter sido o resultado de uma representação dos paroquianos daquela freguesia em que pediam à S. Exa. Revma. a nomeação daquele sacerdote para seu vigário.
Durante uma pequena ausência do padre Cruz Dácia, em 1885, foi vigário dos Remédios o padre Luiz Gonzaga de Oliveira.


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Em janeiro de 1888 foi nomeado vigário da paróquia de N. S. dos Remédios o padre amazonense Dr. Wolfango Rafael Nunes de Abreu. Era natural deste Estado, filho legítimo do tenente do Exército Manoel Martinho dos Santos Abreu e de D. Antonia Nunes de Abreu.

Fez o curso de humanidades no Seminário do Carmo de Belém. Completara os seus estudos em França e aí, no Seminário de S. Sulpício de Paris, em 26 de maio de 1887, recebeu o grau de bacharel em Direito Canônico.

Muito jovem ainda e bastante ilustrado, o padre Wolfango de Abreu angariou as mais sinceras simpatias entre os seus paroquianos durante os poucos anos que paroquiou a igreja de N. S. dos Remédios. O jovem levita viveu exclusivamente para a sua igreja, a consolar os tristes, os fracos e as dores.

O seu caráter e as suas belas qualidades tinham a consistência e o polido do aço que resiste a todos os golpes.

O padre Wolfango de Abreu regressou a Manaus, vindo de Paris, a 27 de dezembro de 1887. Dias depois foi nomeado vigário dos Remédios. A 1º de junho de 1890 faleceu, nesta capital, vítima de uma violenta febre cerebral.

Serviu como vigário da paróquia de N. S. dos Remédios durante dois anos e cinco meses completos. Contava 26 anos de idade.

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Ostensório - acervo da igreja
dos Remédios

Foi novamente chamado para paroquiar a igreja de N. S. dos Remédios o cônego Cruz Dácia. Em fins de 1896 fez uma viagem a Belém, em visita à sua família ali residente.

O governador-geral do bispado, monsenhor Francisco Benedito da Fonseca Coutinho, designou o padre Manoel Raimundo Nonato Pita para dirigir a igreja dos Remédios.

A 17 de novembro de 1895, na nossa Catedral, o Sr. Bispo Diocesano conferia as quatro primeiras ordens ao então seminarista desta diocese Nonato Pita. Recebera as sagradas ordens de diácono, na igreja de S. Sebastião desta capital, a 6 de setembro de 1896.
Em 5 de maio de 1897 regressou o cônego Dácia, reassumindo a vigararia.

Os serviços que o virtuoso apostolo da religião do Calvário, padre Nonato Pita, prestou ao humilde rebanho confiado à sua direção espiritual estão na consciência de quantos professam o culto católico; e nós, que, como jornalistas, interpretamos os sentimentos da população, que nos identificamos com o povo nas suas manifestações mais justas, não podemos deixar de consignar aqui a relevância dos esforços postos ao serviço da causa da religião pelo ilustre sacerdote padre Nonato Pita.

Em março de 1900, o cônego Cruz Dácia, que há muitos anos, exercia o ministério paroquial na igreja de N. S. dos Remédios, voltou novamente ao exercício de suas elevadas funções, do qual se havia ausentado. Foi grande a satisfação de seus paroquianos, pois o cônego Dácia era muito estimado, pelo seu zelo e dedicação pela causa da igreja, pelas suas maneiras lhanas de tratar e sobretudo pelo seu talento e ilustração.

A 7 de agosto do mesmo ano seguiu para Roma. Daí foi para Paris e depois para a cidade do Porto, Portugal, em visita à uma sua irmã, que ali residia.

O cônego Cruz Dácia faleceu, em Belém, a 16 de agosto de 1908.

O estimado sacerdote achava-se recolhido, como pensionista, na enfermaria S. José do hospital da Santa Casa de Misericórdia daquela cidade desde o dia 10 de julho daquele ano e ainda que se tivesse retirado daqui bastante enfermo, a notícia do seu traspasse surpreendeu-nos dolorosamente.

Era que o cônego Dácia conquistara simpatias por aquele coração extraordinariamente bom, que o tornava um ente quase proverbialmente caridoso. As suas economias eram partilhadas pelos pobres e por isso morreu sem conhecer a opulência. 

(SEGUE)

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