Existiu na esquina (ao tempo era no “canto”) da av. 7 de Setembro com a rua Marechal Deodoro o Armazém Colombo, cujo slogan era “as três bocas de fogo contra carestia”. Desapareceu em 1973, após 68 anos de existência, em decorrência do desaparecimento de seus proprietários. Esta postagem extraída de A Crítica (19 mar. 1973), conta um tanto daquela empresa.
Na parede uma faixa “Armazéns Colombo em liquidação. Aproveitem”, este anúncio marca o fim de uma tradição no comércio de Manaus. Os “Armazéns Colombo”, após 68 anos de atividade vão fechar suas portas, abandonando o tradicional canto da 7 de Setembro com a Marechal Deodoro. Durante muitos anos foi o ponto alto do comércio amazonense, onde qualquer um poderia adquirir confecções e perfumes franceses.
A ORIGEM
Os "Armazéns Colombo” surgiram em
1905, graças ao entusiasmo de um comerciante português, o fundador José de
Souza Azevedo. Nascido na cidade de Batalha em Portugal, o comerciante veio para
o Brasil e radicou-se na Amazonia, criando as “Casas Colombo”, uma pequena loja
na 7 de Setembro quase esquina da rua da Instalação.
A firma funcionava inicialmente num prédio de
duas portas, onde existia também uma pequena alfaiataria. O proprietário
residia na parte superior do prédio onde hoje está localizado o Palace Hotel.
Homem trabalhador e econômico, o
comerciante José de Souza conseguiu ampliar seus negócios aos poucos, sempre
com a colaboração de sua esposa, dona Armanda Parente de Azevedo. Era a firma
Azevedo & Cia., proprietária das “Casas Colombo'”.
A história dos “Armazéns Colombo” apresenta
diversas etapas. Logo no início quatro elementos faziam parte da sociedade: o
comerciante José Azevedo, sua esposa Armanda; a filha Angelina de Azevedo Moura
Ramos e ainda Antonio Batista de Carvalho. Aos poucos a sociedade foi sofrendo
transformações sensíveis. Antonio, um dos sócios saiu. José faleceu em 1969; vitimado
por um colapso. Sua filha Angelina desistiu. Ficou a esposa dona Armanda
Parente, que faleceu em 1972. A organização ficou então sob a responsabilidade
da senhora Janet Parente de Medeiros, irmã de dona Armanda.
Dona Janet ainda hoje é sócia dos “Armazéns
Colombo Limitada” e se encontra em Recife, acompanhando de longe o processo de
dissolução da sociedade. Seus irmãos, dona Maria de Boaventura Batista, Hugo,
Claudio e Maria de Lourdes cuidam dos últimos momentos da tradicional loja.
Os funcionários mais antigos da casa não
sabem precisar quando o Colombo passou a funcionar na 7 de Setembro com a Marechal
Deodoro. Dona Aurea Moraes Freire, de 54 anos, entrou na firma em 1937. “Naquele
tempo nós tínhamos uma alfaiataria funcionando nó prédio e as três secções de
vendas. As três secções: Louvre, o Fogo sem
fumaça e Colombo vendiam artigos diversos. O primeiro com perfumes e tecidos
franceses; o Fogo sem fumaça com chapéus e outros artigos pequenos e o Colombo
com artigos para homens e crianças. O prédio pertencia mesmo à dona Armanda Parente,
e até há 25 anos ainda funcionou a alfaiataria, instalada nos altos do prédio.
Os Armazéns Colombo iniciaram em Manaus a
entrega a domicilio. - Seu proprietário, José Azevedo, criou a figura do Papai
Noel para entregar as compras na véspera de Natal. Ele ficava na porta da loja
conversando com as crianças. Hugo lembra parte da história: Seu José comprou um
carro americano, para entrega a domicilio. Foi um dos primeiros carros a
circular em Manaus.
Os Armazéns Colombo graças ao espírito de seu proprietário conseguiram sobreviver na grande crise da borracha. Muitos estabelecimentos comerciais fecharam as portas e os Armazéns estiveram no caminho. No final acabaram vencendo a luta. “Seu” José faleceu aos 89 anos de idade. Sua esposa o seguiu em 1972. Começou aí o processo de dissolução da sociedade.
Na tradicional casa da [avenida] 7 de
Setembro, os antigos funcionários, modelos da cortesia cabocla vivem os últimos
momentos de uma loja que é tradição no comércio amazonense. O povo não mais vai
ver “as três bocas de fogo contra a carestia”. O prédio vai ser vendido e
existem diversos empresários interessados na transação. O Armazém Colombo
encerra uma página curiosa e brilhante do passado pondo um ponto final numa
tradição de 68 anos.
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