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segunda-feira, abril 11, 2022

FAMÍLIA PAULA E SOUZA (2)

 Levou algum tempo até que eu cumprisse a promessa de publicar novamente sobre a família Paula e Souza, cujo o segundo capítulo diz  respeito ao Tupinambá de Paula e Souza. 

Tupinambá de Paula e Souza (1915-1995)

Estimulado a buscar dados desta família, logo dei de cara com um Paula e Souza, falecido coronel da PM amazonense, portanto, meu precursor no quartel da Praça da Polícia. Possuía um nome bem singular: Tupynambá. Nasceu no Amazonas, mas ainda não se encontrou a localidade (acreditando a viúva que tenha sido em Manicoré), em 8 de novembro de 1915, sendo o primogênito de Pedro de Paula e Souza e Leonor dos Santos e Souza.


A fim de melhor possibilitar o entendimento sobre o avanço de Tupinambá, recordo que Ramayana de Chevalier, filho de Raymunda de Paula e Souza, nasceu em Manaus, em 1909. Acredito que eram primos, basta observarmos as idades e, acima disso, o sobrenome dos pais. E mais, a fisionomia, a cara de ambos.

Rastreando o arquivo central da Polícia Militar do Amazonas (PMAM), ora “encostado” ao Palacete Provincial, deparei com o ingresso de ambos nesta corporação. Os dois chegaram em abril de 1936, quando Ramayana, já formado em Medicina, e amparado pela amizade paterna angariada na praça de Manaus, conquistou o cargo de chefe do Serviço Médico, com o posto de capitão da Força Estadual. Tupinambá, ignorando o grau de instrução escolar, aos 21 anos de idade, foi incorporado como soldado, após cumprir o serviço militar no legendário 27 BC, instalado no hoje Colégio Militar de Manaus, em 1934.

Coincidência: os primos chegam na mesma ocasião, ao mesmo emprego. Apenas a variação escolar modificou o lugar hierárquico. A próxima anotação sobre Tupinambá, datada de 07|12|1939, registra que ele conquistou um cargo no departamento de Finanças (atual secretaria de Fazenda), encargo que lhe traria benefícios financeiros ao se aposentar. Deixou a Força e foi pra Fazenda? É plausível. Todavia, três anos depois (22|06|1942) pode ter feito o trajeto oposto; por força de concurso (re)ingressa na Polícia Militar, agora na categoria de 2º tenente.

Em plena Segunda Guerra, Manaus sitiada pela carência de navios mercantes, o comandante coronel Gentil Barbato efetua concursos para reequipar o quadro de oficiais da Força Policial, a fim de cumprir as determinações elevadas que incluíam o controle do Porto e da venda de gêneros de primeira necessidade sob tabelamento.

Já era finda a refrega mundial, quando o tenente Tupinambá obtém promoção a 1º tenente - por merecimento, em 09|04|1946. Na oportunidade em que a ditadura de Getúlio Vargas foi suplantada, e, no Amazonas, Leopoldo Neves é eleito governador, empossado em 08|05|1947, a escolha dos prefeitos cabia ao chefe do Executivo.

Em documento arquivado – Almanaque – relativo a 1947, encontrei anotado: o capitão Ramayana seguia na chefia do Serviço de Saúde, e o 1º tenente Tupinambá na função de “subalterno da 1ª Companhia de Fuzileiros”, ambos com onze anos e meio de serviço. Para estes oficiais aquele ano tornou-se marcante: enquanto o capitão abdicava do Serviço de Saúde e deslocava-se para o Rio de Janeiro, o tenente deslocava-se para o rio Madeira, nomeado prefeito do município de Borba, nele permanecendo por dois anos. Ainda é daquele ano a anotação do próprio tenente indicando que residia à rua Manicoré, 252 – Cachoeirinha.

Quem terá indicado o tenente para este encargo? O capitão?  Estou crente que este dispunha de superior prestígio e influência, todavia, tenho que permanecer nas conjecturas. Ocorre que na barranca do Madeira, na cidade de Borba, morava Pedro de Paula e Souza, que fora prefeito daquela cidade em duas ocasiões: 1929-30 e 1932-33, e pode ter sido outro excelente cabo-eleitoral! Enfim, não custa lembrar os três oficiais que também administraram aquela Comarca: José Rodrigues Pessoa (que foi comandante da Polícia Militar); Arkibal Moreira de Sá Peixoto (filho do desembargador Sá Peixoto) e Sergio Rodrigues Pessoa Filho.

Nesse tempo, o capitão abandonou o emprego policial, desconheço quando, deixando Manaus para se engajar no jornalismo da então Capital Federal, onde combateu em defesa de Vargas e, a seguir, de Jango. Embarcou em Manaus acompanhado da esposa Neusa Magalhães Cordeiro, cujo casamento ocorreu em 1934, e os filhos Stanley e Ronald (o afamado Roniquito). Acolá nasceram as filhas: Barbara Beatriz (1950) e Scarlet Moon de Chevalier, em 12|09|1952 (e morta em 05|06|2013). (segue)


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