Em 1974, Eneida Ribeiro Ramos lançou no Centro Cultural Palácio Rio Negro, em Manaus, o livro Ribeiro Júnior: Redentor do Amazonas, um resgate da memória política de seu pai. Participante do movimento conhecido na História brasileira como tenentismo, Ribeiro Júnior foi figura importante da política amazonense na segunda década do século passado.
Recorte da página do matutino A Crítica
Paralelo ao lançamento literário
foi organizada uma exposição com fotos da época e reportagens de jornal
repercutindo o movimento político da década de 20, informa o matutino A
Crítica.
Aproveitei aquela oportunidade
para lançar um folheto cotejando a participação da Força Policial no conflito. Agora,
aproveito para corrigir minha definição sobre o movimento: tratou-se de uma Rebelião,
nunca Revolução. Enfim, o folheto será aqui tripartido para melhor exame.
Parte I
Membro da Polícia Militar aprendi desse
episódio unicamente: a milícia estadual ao ser derrotada pelos insurretos foi,
por um ato de bravata, extinta e substituída pela Guarda Cívica. Ambiciono
nesta tarefa relatar a resistência imposta aos vitoriosos pelos ocupantes do
quartel da Praça da Polícia, sob o comando do coronel Pedro José de Souza,
nascido no Piauí, em 15 de agosto de 1866. Ainda que estivesse reformado por
"asterio Scloraz" (termo da época), exercia o comando da Força pela
terceira vez (curiosidade, em todos foi destituído por movimentos
insurrecionais), conduzido pela amizade pessoal do governador César do Rego
Monteiro (1921-24). Talvez por esta singela razão, o comandante também foi
acusado de estar mancomunado com a oligarquia dominante.
Somente para reentronizar os demais
personagens deste acontecimento. Governava interinamente o Estado o deputado
Turiano Meira, na condição de presidente do Poder Legislativo. Médico de
profissão, integrava a Força Policial, no posto de capitão. No outro extremo,
os tenentes do Exército Ribeiro Júnior, Magalhães Barata e Aloísio Ferreira.
Estes se consagraram: o primeiro, no Amazonas; com o advento da Revolução de
1930, Barata no Pará (onde foi interventor e governador), em cuja capital
recebeu de seus conterrâneos um memorial; e Aloísio, no então Território
Federal do Guaporé, hoje estado de Rondônia. É sabido que os tenentes chegaram
na guarnição do Amazonas transferidos por "castigo", devido ao
cometimento de infrações disciplinares. Pelo menos um —o tenente Barata, já
havia tentado semelhante proeza em outra praça militar. Portanto, a situação
caótica reinante no Estado forneceu o pretexto para a tomada do Poder, reflexo
da movimentação político-militar corrente no país, conhecida na historiografia
pátria como tenentismo. Juntou-se, pois, em Manaus, — ilustrando o adágio — a
fome do povo amazonense por liberdade e desenvolvimento, com a vontade de
militares em se saciar em novas sortidas no campo político. [segue]
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