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terça-feira, julho 29, 2025

A CARROÇA DO GELEIRO

 Compartilho do jornal A Gazeta, na coluna Manaus em Foto, de 11 março 1964, para lembrar um antigo meio de transporte, de mudanças e de vendas. Entre outros recursos. Falo da carroça que não mais se vê na capital amazonense. Mas, ainda existem em capitais do país. Lembro-me da mudança que a família realizou indo de Educandos para o Morro da Liberdade utilizando este meio de transporte. Para os garotos da casa foi uma farra, indo e vindo na boleia. A legenda relembrou os mais conhecidos geleiros e a fórmula de venda. Estou certo de que somente os setentões podem lembrar outros detalhes. De fato, é o progresso...

A carroça e o geleiro bem descritos no texto da legenda (abaixo)
 

Antigamente não era assim. Quando havia “gelo cristal”, as geladeiras de fabricação doméstica proliferavam e não havia as “Frigidaires”, apelido popular das geladeiras elétricas quando surgiram. O carro era diferente, coberto, revestido internamente de folhas de flandres para proteger o produto. E o dono da carroça, do burro e do gelo eram nossos patrícios de ultramar que fizeram fortunas no comércio, como o Felipe Geleiro, de sempre lembrada memória e espólios e o Alonso, outro campeador das ruas, levando frescuras às multidões.

Com aquelas grandes bolsas de couro presas ao cinto, onde guardavam o “tutu mimoso”, que amealhavam com prazer. Até nos estribos e nas rodas as carroças antigas eram diferentes. E a boleia também, com um pouco mais de conforto. Os estribos eram maiores e um pouco mais de atrás. As rodas eram grandes, de madeira, com aros de ferro, no estilo das boas carroças de antanho. Os donos da carroça, do gelo e do burro, invariavelmente, usavam chapéus de massa e somente estacionavam nas esquinas. Tinham uma balança, daquelas de pendurar, pra pesar o gelo, dando o desconto devido.

 Mas o progresso chegou, o gelo a domicílio perdeu seu cartaz, o Felipe Geleiro morreu deixando uma fabulosa fortuna e de tudo restou apenas o burro. Não é o mesmo, mas nada mudou no aspecto, perdendo apenas os antolhos. É que hoje em dia, mesmo sendo burro ninguém se conforma mais em olhar só para a frente: Daí...

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