A FEB (Força Expedicionária
Brasileira), que atuou na II Guerra (1939-45), contou com brasileiros de todos os
quadrantes do país. Um amazonense, excepcionalmente, destacou-se, apesar de ter
sido morto no conflito. A Revista Amazônia nº 5 – setembro 1998
–
publicou o artigo abaixo, lembrando com detalhes a participação de nosso digno representante:
Manuel
Freitas Chagas, sargento. por ato de bravura.
Todos os Estados brasileiros estavam representados na FEB
(Força Expedicionária Brasileira) que foi combater na Itália na 2ª Guerra
Mundial, e só um estado, o Maranhão, não
teve um único morto na campanha.
Entre
julho de 1944 e fevereiro de 1945, foram enviados, num total de cinco escalões,
22.445 expedicionários brasileiros, entre oficiais e soldados, para Nápoles, na
Itália. A grande maioria desses soldados era formada por jovens de menos de 20
anos, ainda envoltos na audácia e empolgação características da juventude.
Alistavam-se como voluntários para ir combater pelo país que pouco ou nada lhes
dava. Do total de homens enviados, quase três mil sofreram ferimentos, com
muitos ficando mutilados e 443 não voltaram com vida.
Os
Estados amazônicos também choraram seus mortos, com exceção de Rondônia,
Roraima e Amapá, ainda não criados e pertencentes ao Amazonas. Foram mortos
quatro paraenses, um acreano e um amazonense, Chagas, o soldado que não voltou.
A
tropa de amazonenses seguiu no último escalão e chegou a Nápoles no dia 21 de
fevereiro de 1945, combatendo até 8 de maio e regressando ao Brasil em 20 de
setembro.
O herói Chagas -
Manuel Freitas Chagas nasceu no dia 2 de outubro de 1920 e era filho de
Francisco André Chagas e Raimunda Nascimento Chagas. Teve uma única irmã,
Regina, mais nova que ele cinco anos. Ainda criança, Chagas e Regina ficaram
órfãos. Ela foi trabalhar e morar na Santa Casa de Misericórdia e ele foi morar
com parentes, na av. Joaquim Nabuco (Vila Pedrosa), nº 38.
Talvez por não ver perspectivas de melhora de vida em Manaus, Chagas resolveu, quando contava 17 anos, alistar-se como voluntário, num navio da Escola Militar que aportara em Manaus com aquela finalidade, indo servir no Rio de Janeiro, prometendo à irmã levá-la junto, assim que tivesse condições, porém, isso nunca aconteceu. Quando estava para dar baixa do Exército, quebrou uma arma e foi obrigado a permanecer mais tempo servindo. No ano seguinte, 1939, teve início a 2ª Guerra Mundial e, é muito provável que ele não tenha mais podido dar baixa, permanecendo na ativa até a entrada do Brasil na guerra, em 1944. Quando os demais amazonenses rumaram para a Itália, Chagas já estava lá, pois havia embarcado no dia 2 de novembro de 1944, no 2º escalão da FEB.
Talvez por não ver perspectivas de melhora de vida em Manaus, Chagas resolveu, quando contava 17 anos, alistar-se como voluntário, num navio da Escola Militar que aportara em Manaus com aquela finalidade, indo servir no Rio de Janeiro, prometendo à irmã levá-la junto, assim que tivesse condições, porém, isso nunca aconteceu. Quando estava para dar baixa do Exército, quebrou uma arma e foi obrigado a permanecer mais tempo servindo. No ano seguinte, 1939, teve início a 2ª Guerra Mundial e, é muito provável que ele não tenha mais podido dar baixa, permanecendo na ativa até a entrada do Brasil na guerra, em 1944. Quando os demais amazonenses rumaram para a Itália, Chagas já estava lá, pois havia embarcado no dia 2 de novembro de 1944, no 2º escalão da FEB.
Da
classe de 1920, Id. IG-305272, Chagas serviu no 1º Regimento de Infantaria. Em sua
biografia, constata-se,
sua bravura e ousadia.
sua bravura e ousadia.
"
Ex cabo de Infantaria, Manuel Chagas em combate no dia 23 de fevereiro de 1945,
nas vizinhanças de La Serra, Itália. O
cabo Manuel Chagas mostrou frieza e coragem debaixo de fogo inimigo no cumprimento do dever. Avançando sobre
terreno montanhoso, chegou à observação de um ninho inimigo de posição vantajosa.
Organizou
uma emboscada, conseguiu assaltar o mesmo, logo depois, dois alemães caíram na
sua emboscada, os quais foram rapidamente presos.
O
cabo Manoel Chagas rechaçou todas as
investidas e tentativas de socorro e retirando-se debaixo de pesado fogo de
fuzis e armas automáticas, trouxe os prisioneiros às linhas amigas.
fuzis e armas automáticas, trouxe os prisioneiros às linhas amigas.
Com
o resultado deste feito de bravura, foram obtidas muitas informações sobre posições inimigas".
Apesar
de terem convivido pouco tempo juntos,
as cartas de Chagas, da Itália, à irmã,
em Manaus, são melancólicas e tristes. As palavras demonstram uma quase
incerteza de retorno com vida, embora não quisesse demonstrar isso, tentando
apegar-se à irmã como único ponto de segurança. Os lamentos de solidão são
constantes.
Ato
de bravura - Na manhã de 13 de abril de 1945, em
Castel D'Aiano, o então sargento Chagas saiu junto com uma patrulha de
reconhecimento rumo ao Monte D'Aiano. Afoito, afastou-se do resto da patrulha e
descobriu um ninho de metralhadoras nazistas. Imediatamente voltou ao grupo,
informando do acontecimento ao comandante.
Sem
demora, a patrulha partiu na direção do ninho de metralhadoras e pegou de
assalto um grupo de soldados alemães. Mais uma vitória de Chagas.
A
morte - No dia seguinte, ainda com a mesma patrulha de reconhecimento,
Chagas avistou uma casa abandonada
e não titubeou em aproximar-se. Desavisados, dois alemães saíram da casa e foram metralhados por ele. Foi então que o
destino se fechou para o amazonense. Empolgado com a sua sorte, penetrou na casa. Três alemães estavam lá dentro e fuzilaram-no com suas metralhadoras. Ali mesmo Chagas tombou morto. Quando o resto da patrulha chegou ao local, era tarde demais. Monte D'Aiano cairia, em seguida, em mãos brasileiras com a rendição dos soldados alemães.
e não titubeou em aproximar-se. Desavisados, dois alemães saíram da casa e foram metralhados por ele. Foi então que o
destino se fechou para o amazonense. Empolgado com a sua sorte, penetrou na casa. Três alemães estavam lá dentro e fuzilaram-no com suas metralhadoras. Ali mesmo Chagas tombou morto. Quando o resto da patrulha chegou ao local, era tarde demais. Monte D'Aiano cairia, em seguida, em mãos brasileiras com a rendição dos soldados alemães.
Chagas
foi sepultado no Cemitério Militar Brasileiro de Pistoia, na quadra D, fileira
1, sepultura nº 8, marca: lenho provisório, de onde sairia, dez anos depois,
rumo ao Rio de Janeiro, para ser enterrado no Monumento aos Pracinhas, junto
com os demais combatentes mortos.
Em
Manaus, Regina receberia a notícia da morte do irmão através de um vizinho que
ouvira no rádio o nome dele incluído na lista dos mortos. Dias depois,
receberia o comunicado oficial através de um emissário do Ministério da Guerra.
Hoje,
Regina está com 73 anos e, plenamente lúcida, ainda lembra de fatos de sua infância
órfã, do irmão indo embora, de suas notícias do Rio de Janeiro e depois da
Itália, guardando com carinho todas as cartas recebidas dele, seus diplomas e
medalhas de guerra e, emocionada, diz não saber se valeu a pena ele ter ido
lutar e morrer pelo país. O único busto do herói que existia em uma das praças de
Manaus foi destruído e sumiu, e nenhuma rua leva o seu nome.
Condecorações
recebidas:
Em
reconhecimento aos seus serviços, o chefe do Governo brasileiro, o então presidente
Getúlio Vargas, o promoveu post mortem
à graduação de 3º sargento.
Condecorado
pelo 5º Exército Norte Americano, ao qual a FEB estava subordinada, com a
Medalha de Bronze. Uma comissão militar americana veio até Manaus, para
entregar a medalha.
Condecorado
com diploma e medalha Cruz de Combate de
1ª Classe da FEB, descrevendo seu ato heroico. Entregue em 1º de fevereiro de
1946, quase um ano após sua morte.
Condecorado
com diploma e Medalha de Campanha da
FEB, entregue na data acima. Reconhecia Chagas como integrante e participante
das ações da FEB.
Condecorado
com medalha Sangue do Brasil,
entregue em seguida a sua morte. Os soldados feridos ou mortos em combate
recebiam essa medalha.
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