CATANDO PAPÉIS & CONTANDO HISTÓRIAS

domingo, maio 31, 2020

PARA + UM DOMINGO DE ISOLAMENTO

Relembrando o quartel da Praça da Polícia que, obviamente, é marca de liberdade de circulação. Em nossos dias, transformado em Palacete Provincial, referencia este logradouro central. 

A fachada do Quartel em várias épocas, anexando famoso detalhe da Praça, o "mulateiro" do Clube da Madrugada

sábado, maio 30, 2020

TEATRO NACIONAL DE COMÉDIA EM MANAUS


Zanzando pelas páginas de Ramayana de Chevalier, inseridas no extinto jornal A Gazeta, compartilhei esta que apregoa a arte teatral em Manaus. O texto é mais que cinquentenário, redigido quando o autor servia ao governo de Mestrinho, em 1961.
Relata a visita a Manaus do Teatro Nacional de Comédia (TNC), que existiu entre 1956-67. O elenco era composto por vários atores, a maioria se tornou bastante conhecida ao integrar a TV Globo. É conveniente observar a apreciação de Ramayana sobre cada ator e atriz.
Duas notas próprias: a publicação aconteceu em 14 de novembro de 1961; e tomei a iniciativa de acrescentar alguns dados entre [colchetes].
 
Detalhe do artigo (A Gazeta, 14 nov. 1961)
  
José Renato Pécora
Só há um lugar onde o homem se sente completamente puro: na ribalta. Ali, ele abjura de tudo, entrega tudo de si mesmo, dá-se à Arte, vivendo outras vidas, sem egoísmo. Quando o artista é completo, quem o desperta do seu sonho é a tempestade de aplausos. E tão complexo, tão misterioso o Teatro, que envolve, na sua teia, tudo o que se aproxima dele, o mundo que lhe entra em contato. Muito antes do pano de fundos subir, muito antes do primeiro ator aparecer em cena, já começou o Teatro. O primeiro espectador leva consigo o segredo do Teatro. O silêncio, os cochichos respeitosos, a ansiedade, a luz faiscante que corre de olhar em olhar, antes da encenação, a borboleta nervosa e ágil que frequenta, antes do pano de fundo subir, muito antes do primeiro ator, tudo isso é o Teatro. (...)
Quando Jesus, esfarrapado e sangrento, batido pela ignorância, compareceu diante de Pilatos e. em silêncio, mirando-o no fundo dos olhos, deixou de responder o que era a Verdade, obrigando-o a baixar a vista e a ir lavar as mãos, fez o Teatro, no seu sentido mais puro e mais alto: a interpretação da própria Vida.

Milton Moraes

Um país sem estímulo ao Teatro, é um país morto, clamava Garcia Llorca. Em todo Brasil, o Teatro sofre. Laura Suarez acusava o público, de “desprezar o teatro”. João Augusto, crítico, vendo a vida miserável que levava Armando Braga, depois de uma existência dedicada à Arte teatral, gritava, possesso: “Antes ser porteiro de bordel!” E nisso não estava sozinho. Com ele estava William Faulkner, que a frase é dele. Mas o Amor salvará o Teatro, ou morrerá com o Teatro. O mundo, condenado ao fogo, no desígnio das escrituras, queimará a última peça, com o corpo do último homem.
Lícia Magna
Visita-nos agora, o Teatro Nacional de Comédia [TNC, 1956-67]. Um punhado de campeões, emocionados diante da pureza da Amazônia, seu legítimo palco. Comanda-os, essa figura séria e admirável que é José Renato [Pécora, 1926-2011]. É um veterano, que sabe. Olhou para o Brasil, para a sua incipiência, para o tremendo esforço dos seus autores e dos seus atores, dedicou-se à exaltação da cena brasileira. E o faz com retidão, talento e honestidade. Vem levando, os seus restos de deuses, por esse agreste afora, deliciando plateias, pondo um termômetro no sovaco do Brasil e os ouvidos sobre o bater do seu imenso coração.


Com ele novos e antigos. Milton Moraes [1930-93] um brasão novo, afirmando uma técnica. Ferreira Maia é o próprio teatro nacional, desfazendo-se em amor e em glória por todo este país. Um dia estacará, docemente, com o seu olhar tão profundamente humano e o seu sorriso tão pródigo, e, nesse dia, sua voz estará musical como a dos anjos, despedindo-se de nós, da pátria, do destino. Oswaldo Louzada [1919-2008], sempre o gentleman, apurado, à flor da pele, flor de um Rio de Janeiro que se desfigura com os arremessos da civilização. [Angelo] Rodolfo Arena [1910-80], sóbrio e preciso, humano, sobretudo humano, um reflexo artístico do seu peito estuante, onde se têm representado dramas sentidos e profundos. Magalhães Graça, honesto em sua representação, um guardador de tipos, que ele tira da sacola quando quer. Ivan Cândido, tão jovem e tão natural, evocando a época em que, de pele lisa, Procópio, meu amigo, embarcava para a Europa a fim de receber as palmas de outras mentes. José Damasceno, bom faiscador de papéis, afirmação inteligente da gente brasileira. Sérgio Cavalcante e Antônio Ganzarolli [1932-1999], que mal começam a sofrer da grande moléstia artística e já se comportam tão bem e com tanta eficiência. Beatriz Veiga leve, sugestiva, natural, com uma expressão que é sua e basta. Yolanda Cardoso [1928-2007], forte, entranhada nos tipos como uma unha num músculo querido, compondo em corpo e em alma as suas personagens. [Alcina] Lícia Magna [1909-2007], intérprete comedida e sensata, com largo tirocínio de teatro, que sabe onde moram as lágrimas ocultas e os sorrisos angelicais da vida do artista. Maria Esmeralda marcou. Deve subir ainda muitos degraus, com o seu talento. Está dançando em torno da chama, como as libélulas que amam ao fogo e desprezam o seu poder. (...)


O Serviço Nacional do Teatro lavrou um tento com essa viagem. Em “Pedro Mico”, em “A Joia” e em “Boca de Ouro”, o elenco esteve à altura. Milton brilhou nos dois tipos principais da primeira e última. Yolanda e Esmeralda, também. Nélson Rodrigues diz que a arte escouceia e por isso é, a pinta assim. O gênio de Nélson pulsa com a época que ele vive. Faz Teatro, do melhor, como Callado, “Pedro Mico”, molhando a pena no estrumal da realidade. Nós vivemos em carne viva. Os eufemismos perderam a sua vez. O que se ouve, não pode ser embrulhado em papel celofane. Se o Teatro é um ato de amor, como quer Barrault, então que se o ame com lealdade, em crispações, sentindo o sangue, o suor e as lágrimas dos seus assuntos.
Manaus ficou feliz com a visita do Teatro Nacional de Comédia. Na geografia, parecemos no fim do mundo. Mentira. O Brasil é tão grande, e tão bom, e tão belo, que é tudo isso até os últimos limites dos seus cabelos, na selva amazônica. Gente enternecedora e amiga, vocês estão em casa. Façam de nossa taba, uma extensão do imenso lar humano que é o teatro universal. +++

sexta-feira, maio 29, 2020

MARCO GOMES (1954-ONTEM)

Contra-capa do Agora...
Surpreendido, mas não tanto, pois acompanhava o diário virtual do Marquinho, no qual ele narrava sua batalha contra um câncer. Ao sair para o Cecon, sob sol e chuva e isolamento, deixava registrada sua mensagem de otimismo. Agradecia a todos, beijava aos que o acompanhavam. Sabia do tamanho do gigante que enfrentava, mas não temia. Estava sempre a engendrar artimanhas para combater o Golias. Infelizmente, não conseguiu. 
Conheci o Marquinho nas salas do Chá do Armando (aquela entidade semi-filosófica, movida a uísque e outros gêneros). Ele, acompanhado da máquina fotográfica, estava sempre a escolher o melhor ângulo e disciplinar os filósofos, a fim de produzir as milhares de fotos que certamente constituem seu acervo, e que gostaria de compartilhar.

Marco e sua marca: o sorriso

Reconheço, sou de pouco sorriso e nenhuma circulação noturna, características básicas do amigo, portanto, não podia conhecer ao Marco, sempre sorridente, animado para qualquer parada. Todavia, ano passado pude me aproximar mais, quando ele e o Celestino embarcaram fundo na produção de uma Feira Cultural, ocupando a Praça da Polícia. Estive em algumas reuniões e sei, que os poucos recursos obtidos, não permitiram o brilho da festa que o entusiasmo do Marco era capaz de produzir. Ajudei como pude, mas fiquei devendo bem mais. 

Capa do livro Agora...

Em setembro do ano passado, ganhei o Agora eu conto... retalhos do rebotalho (Ed. Utopia, 2017). Estava lá na dedicatória: ao cel. Roberto Mendonça, minhas crônicas com bafo-de-onça. Ao ler o material literário, fiquei amigo do Marco, sem que ele soubesse. Agora, o Agora me serve de ligação com ele, e pelo quanto soube diariamente, através de seus posts, transmitir-me, e aos amigos e irmãos em geral - a dose forte, combativa para suplantar esse momento tão doentio de nosso país. 

Até a eternidade, amigo novo de guerra!

quarta-feira, maio 27, 2020

NOTA BIOGRÁFICA: PRESIDENTE DA ASSEMBLEIA



Diz respeito a um presidente da Assembleia Legislativa do Amazonas, dos primeiros momentos da República. 


JOAQUIM DE ALBUQUERQUE SEREJO

Nasceu na província do Maranhão, em 24 de julho de 1864, filho de João Policarpo Serejo e de Maria de Jesus Albuquerque Serejo. Foi batizado no ano seguinte, em 20 de janeiro. Consolidou os estudos secundários na sua cidade natal, depois do que seguiu para a Corte.
Teve praça como aspirante a Guarda Marinha, em 4 de março de 1882, aos 18 anos, tendo concluído o curso em 25 de novembro de 1884. Em seguida, a promoção ao posto inicial da Armada – segundo tenente, em 24 de setembro de 1886. Em cumprimento ao regulamento naval, foi nomeado para integrar a guarnição de diversos navios da Marinha. Com serviço prestado tanto no país quanto no exterior.

Em 8 de março de 1890, no alvorecer da República, foi promovido ao posto de primeiro tenente. Nesta condição, por Aviso de 29 de janeiro de 1892, foi nomeado para o Aviso fluvial Tefé, sediado na Flotilha do Amazonas. Para assumir o encargo, Serejo embarcou, em 1º de fevereiro de 1892, no vapor Maranhão com destino a Manaus.
Aqui desembarcou a 25, sendo nomeado para o Aviso “Tocantins”. Servindo na guarnição local, Serejo foi promovido ao posto de capitão-tenente, em 9 de agosto de 1894. Permaneceu na área, onde operou em outros navios da Marinha, até sua eleição para o Congresso Estadual. Deixou o comando da canhoneira “Araripe”, ao tomar posse no Legislativo, em 10 de julho de 1895.

Na mesma legislatura, que se estendeu por três anos até 1898, foi eleito presidente da Assembleia Legislativa. Convém assinalar que exercia o governo do Estado, Eduardo Gonçalves Ribeiro, tenente do Exército. Também é aconselhável recordar a eleição do sucessor de Eduardo Ribeiro, o tenente Fileto Pires, em uma articulação política que passou à história do Amazonas pela alcunha sugestiva de “Congresso Foguetão”. Serviu no Estado, ao tempo em que os oficiais das Forças Armadas, especialmente os capitães e tenentes, ocupavam os lugares de destaque da administração amazonense. Serejo soube aproveitar a oportunidade.

Consta no Dicionário histórico-biográfico da Primeira República (1889-1930) Rio: editora FGV, que Serejo foi unicamente deputado federal pelo Amazonas, no período de 1897 a 1902. Não me parece consistente esta informação, estou em diligências para assegurar o verdadeiro.


Retornou ao serviço ativo da Marinha, ao deixar o Poder Legislativo. Assim é que, segundo normas da época, seguiu sendo promovido. Ao posto de capitão-de-fragata, em 15 de maio de 1909, ocasião em que passou a residir na cidade do Rio de Janeiro. Nesta guarnição desempenhou diversas comissões, destacando-se as de comandante de vários navios da Esquadra e a de vice-diretor da Escola Naval.  Finalmente, alcançou o posto de contra-almirante, em 22 de janeiro de 1920, sendo reformado no posto imediato, contando mais de 39 anos de serviço, em 7 de junho do mesmo ano.
Faleceu em sua residência, na capital da República, em 3 de junho de 1943, às vésperas de completar seu octogésimo aniversário 

segunda-feira, maio 25, 2020

COVID-19 E SEUS MORTOS



A coronavírus vem espalhando a morte sem distinção, acompanhada de dores e de tristezas densas. A despeito de proteger-me e a família com apuros, o desaparecimento de pessoas de nossa relação nos aflige. A comunidade cristã de minha esposa Beatris, Testemunhas de Jeová, cuida com desvelo de seus irmãos. Assim sendo, acompanhamos a situação daqueles atingidos pela pandemia.

Semana passada, fomos enredados com a notícia de duas mortes, cuja postagem registra, em texto de Jorge Graff, membro das Testemunhas de Jeová. 
  
2Coríntios (1:3-4)
Quando alguém da nossa família ou um amigo querido morre, podemos ficar arrasados. A Bíblia pode nos dar o consolo que precisamos.

Olá irmãos, nestes últimos dias tivemos muitas perdas de vidas de irmãos, de amigos, vizinhos e alguns parentes de irmãos nossos. Conversando com esses irmãos a gente vai descobrindo coisas interessantes e até inusitadas sobre essas pessoas queridas que, infelizmente, faleceram.

Manoel e esposa Francisca
Por exemplo, o esposo da irmã Francisca Costa o "seu" Manoel Pereira que, apesar de nunca se tornar cristão, era bem conhecido por gostar de receber pessoas em casa e bater um bom papo. Há um episódio interessante que aconteceu, num domingo de manhã, um de seus genros chegou na sua casa, e as primeiras palavras do Seu Manoel foi: "ué, você não foi pro campo??... a Francisca já foi". Era comum ele lembrar às filhas e à esposa sobre a hora da reunião, do campo... Durante algum tempo, a saída de um grupo de campo funcionou em sua casa, e ele gostava muito de receber os irmãos lá. 
*
Outra pessoa entre esses nossos queridos está o "Zeno", para os mais achegados, ou "seu” Zenil Gomes, o paizinho da Cleilda. Surpreendente é que, quando ele tinha 33 anos de idade e sua esposa faleceu, ele criou sozinho os 6 filhos, entre 4 e 5 e 14 anos. Nunca se casou de novo. Lutou muito para sozinho educar os filhos, e mesmo com suas limitações sempre proveu o necessário.
Muito conhecido na região onde morava, se destacava por sua generosidade, apesar de poucos recursos sempre dividia o que tinha. Dias atrás, já doente, quando estava conversando com sua filha, ela disse que ele precisava vir pra Manaus se tratar, sua resposta foi: “o que Jeová fizer por mim, tá bom, filha”.
Zenil e filha Cleilda
 
Aos 79 anos, o "Tracajá", como também era conhecido, faleceu vítima do covid19. A esses dois, e a todos os outros amigos queridos que têm sido vítimas deste sistema imperfeito, ficamos tristes, mas temos a certeza que nosso bom Deus Jeová irá corrigir isso tudo, afinal....

Isaías (40:26) assegura... Se Jeová consegue se lembrar do nome de todas as estrelas, vai ser fácil ele se lembrar de tudo sobre as pessoas que ele vai ressuscitar.

domingo, maio 24, 2020

SOFIA SM - 10 ANOS


O isolamento alterou tantas realizações, coisas simples como festejar o primeiro decênio de nascimento da minha caçula.


Sofia S. Mendonça
Costumava imprimir um poster com fotos da Sofia, aumentando as fotos conforme cada aniversário. Enrasquei-me, não saiu. Depois, era o momento de rebentar o cofrinho, contar a poupança e comprar o presente.

Este ano, apenas o cofre foi implodido. Todavia, esperava abrir uma poupança no banco, para estimular a jovem nesta direção. Também não consegui, pois o banco atende com a marcação de presença. Assim, o poster fica para o segundo semestre.

No mais, meu emocionado abraço para a Sofia, filha da Beatris e aluna do IAM, que começa a mudar seu procedimento estimulado pela alteração hormonal. Logo mais, vamos sentar-nos à mesa e comemorar a conquista desse primeiro limite, e programar os novos passos.
Abraços da família, Sofia, pela passagem deste seu natal.





sábado, maio 23, 2020

ACADÊMICO WILLIAM RODRIGUES: JUBILEU DE OURO


A Academia Amazonense de Letras mantém uma galeria com os acadêmicos que, na ativa, completaram o Jubileu de Ouro. São poucos, o último a ser entronizado foi o poeta Elson Farias, ano passado. Agora, em abril, mais um imortal conquistou o laurel: William Antonio Rodrigues.


Quando em 1968, o Silogeu amazonense ampliou o quadro de seus acadêmicos para quarenta, que ainda se conserva, William Rodrigues foi alcançado, atuando no INPA (Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia). Nascido em 1928, nas Minas Gerais, graduado na antiga capital brasileira, em Manaus consolidou sua dedicação à ciência, percorrendo a região amazônica por completa.
Entre os dez imortais recepcionados com a reforma de 1968, William Rodrigues que assumiu a Cadeira 38, patronada por Barbosa Rodrigues, é o único sobrevivente. Encerrada sua participação no INPA, transferiu-se para ensinar na Universidade Federal do Paraná. Aos 91 anos de idade, William Rodrigues vive em Curitiba (PR).

A postagem traz dados sobre a solenidade de posse e acerca do eleito, compartilhados de jornais então em circulação.

Jornal do Commercio, 10 abril 1970

A Academia Amazonense de Letras receberá, à noite, de hoje em sessão solene, mais um “imortal” dentre os eleitos recentemente para preencher os seus claros. O recipiendário de hoje é o cientista William A. Rodrigues, do quadro de pesquisadores do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia [INPA], autor de valiosas obras relacionadas com as ciências naturais, principalmente no Vale Amazônico.
O novo acadêmico ocupara a Cadeira nº 38, patronada por Barbosa Rodrigues, e pronunciará o seu discurso de posse todo ele se ocupando da obra e da personalidade do saudoso naturalista brasileiro do Sertum Palmarum.
A sessão terá início as vinte e meia horas, no salão de recepções da Academia, e será presidida pelo acadêmico André Vidal de Araújo, 1º vice-presidente do sodalício dos homens de letras amazonenses, em virtude da ausência do presidente Djalma Batista, que viajou para o Sul do país.
Apresentará as boas vindas da Academia ao novo “imortal “ o acadêmico Cosme Ferreira.

Entrevista publicada em jornal A Notícia, 19 abril 1970

O cientista William Antonio Rodrigues é o mais novo “imortal” da Academia Amazonense de Letras, cuja posse verificou-se na semana passada, sendo saudado pelo escritor Cosme Ferreira Filho. Natural de São João-del-Rei, Minas Gerais, William Rodrigues, 41 anos, é casado com a senhora Anna Maria Cardoso Rodrigues, de tradicional família amazonense.



QUEM É?
Para apresentar ao público amazonense o acadêmico William Antonio Rodrigues, cujo talento como homem de ciências e de letras têm sido proclamados, A NOTÍCIA procurou-o para este trabalho de pesquisa informativa: formado em História Natural pela Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras da antiga Universidade do Distrito Federal, em 1954, o sr. William Rodrigues fez diversos cursos de especialização na Guanabara, entre eles o de pós-graduação em Botânica Médica, no Instituto Oswaldo Cruz. Em 1967 esteve durante seis meses no Japão, participando de um treinamento em grupo sobre Pesquisas Florestais.
Meus principais professores — disse o sr. William — foram: João Geraldo Kudlmann, notável botânico de renome internacional, já falecido, ex-diretor do Jardim Botânico do Rio de Janeiro; Karl Arens, conceituado fisiologista vegetal, alemão, atual professor da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras do Rio de Janeiro; Hildegardo de Noronha, emérito professor de Botânica, já falecido, ex-diretor da Faculdade de Farmácia do Rio de Janeiro; Olímpio Fonseca Filho, renomeado biologista, ex-diretor do Instituto Oswaldo Cruz e do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia; e T. Kobayashi, conhecido anatomista de madeiras, japonês, orientador de meu curso realizado no Japão.

NO AMAZONAS
O acadêmico William Rodrigues chegou ao Amazonas em fins de 1954, contratado pelo INPA para criar e organizar o seu setor de Botânica, juntamente com alguns outros colegas. Tomou parte em diversas expedições científicas, percorrendo a Amazônia em quase todas as direções, para coleta de material botânico e estudo da flora. É membro da Sociedade Botânica do Brasil, da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência e da Association for ÇãO com o pedologista supra citado.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA
Indagado sare quais os maiores vultos da Academia Brasileira de Letras, sr. William acentuou:
"Como cientista que sou, não me é fácil destacar em nossa Academia Brasileira de Letras os maiores cultores de nossa língua, no meio de tão notáveis acadêmicos como Jorge Amado, Alceu Amoroso Lima, Austregésilo de Ataíde, Aurélio Buarque de Holanda, Josué Montello, Pedro Calmon, Álvaro Lins e muitos outras.
Posse (A Notícia 19 abr. 1970)

ACADEMIA AMAZONENSE
Na Academia Amazonense de Letras – continuou o sr. William – sem querer desmerecer os outros seus membros, honram a Casa a veneranda figura de Agnello Bittencourt, um historiador da projeção de Arthur Cezar Ferreira Reis, um etnógrafo de nomeada como Nunes Pereira e muitos outros valores da mesma pujante estirpe destes.

MOCIDADE
E da nossa mocidade, sr. William, o que diz? perguntamos: Como homem de ciência, repito, não tenho acompanhado muito de perto o movimento cultural amazonense, muito embora eu conheça alguns valores dignos de toda a minha admiração e apreço.
A Academia Amazonense de Letras já se orgulha de possuir alguns desses valores, como os poetas Elson Farias, que foi também presidente da UBE; Jorge Tufic, antigo presidente do Clube da Madrugada; Sebastião Norões, e mais o romancista Paulo Jacob, eleito, mas não empossado, até aqui. Entendo, também, respondendo à pergunta, que a AAL aceita qualquer mulher no seu quadro, desde que se faça merecedora da nossa acolhida, como se deu tempos atrás com a poetisa Violeta Branca.
Como recém empossado, entretanto, ainda não tive oportunidade de descobrir valores femininos que pudessem abrilhantar o nosso Silogeu com sua presença, razão pela qual deixo de citar nomes, concluiu o sr. William Rodrigues.
No contato que mantivemos com ele, vimos um homem realmente de estudos. Quase sempre não se diverte. Durante o dia, o sr. William vive dentro de um laboratório, por isso, talvez, que seu nome apareceu no cenário cultural sem a evidência daqueles que ocupam quase diariamente as colunas dos jornais. No entanto, figuras de alto gabarito, tem-no como intelectual da ciência, e não lhe recusam os mais largos elogios, aplaudindo a Academia Amazonense de Letras pela sua escolha.
O sr. William tem uma característica marcante: é extremamente modesto. Tão modesto que chegou a recusar-se a falar ao jornalista. Dentre outras virtudes que apresentam o seu talento, o sr. William fala, fluentemente, além do português, o inglês, o espanhol, o francês e lê, suficientemente, o alemão e o japonês.
WARodrigues, em Curitiba/PR, 2015
William Rodrigues o novo “Imortal"
Foi conselheiro durante 4 anos das duas primeiras entidades, e presidente do XIV Congresso Nacional de Botânica, realizado em Manaus, em 1963. Entre 1967-68, foi delegado regional do Conselho de Fiscalização das Expedições Artísticas e Científicas do Brasil.
Para disputar a Academia de Letras, o sr. William Rodrigues apresentou 31 trabalhos publicados versando somente sobre o assunto de sua especialidade. Embora não tenha nenhum livro editado, o novo "imortal" destacou cinco estudos de sua lavra, mais conhecidos e citados por especialistas em diversas monografias.

sexta-feira, maio 22, 2020

SANTOS vs MILAN - 1963

Enquanto em nossos dias assistimos ao futebol, e demais eventos, ao vivo e em cores, tal modernidade somente alcançou a cidade de Manaus, a partir da década de 1970.

Para os bem mais jovens, um esclarecimento: referindo-me ao futebol, este esporte chegava, e ainda chega, a nossa residência pelo rádio. Eram somente três rádios AM na capital – Baré, Difusora e Rio Mar (pela ordem de fundação), exterminadas no ano passado. 
Arnaldo Santos na Arena

Então, torcíamos pelos clubes e pelos narradores e comentaristas.
Para ilustrar esse fato ancestral, compartilho duas ilustrações, de autoria de Ajuricaba Almeida do jornal A Gazeta, as quais, a seu modo, mostram a disposição de jogadores e a evolução da bola em cada gol. A partida foi clássica: Santos 4x1 Milan, em disputa pelo título mundial interclubes.

O jogo ocorreu no Maracanã, em 15 de novembro de 1963, e foi narrado por Mário Emiliano e comentado por Arnaldo Santos (ainda em nosso meio), pertencentes a Rádio Rio Mar.


Ambos as ilustrações do jornal A Gazeta (16 nov. 1963)


NOTA DE ESCLARECIMENTO

Dr. Marcus Lacerda


Reproduzo, com integral contentamento, a manifestação do médico Dr. Marcus Lacerda, membro proeminente da Fundação de Medicina Tropical, na qual explana os obstáculos que vem enfrentando por ter realizado um ensaio clínico sobre a serventia da cloroquina.



NOTA DE ESCLARECIMENTO

Há dois meses nos lançamos na aventura de ajudar a humanidade, fazendo o primeiro ensaio clínico controlado do mundo com cloroquina, para formas graves de Covid-19, em Manaus. Após a publicação dos dados, em que demonstramos que a droga não elimina o vírus, e que não se devem tentar doses mais altas, fomos vítimas de uma terrível fake news oriunda de algum “gabinete do ódio”.
Espalharam pro Brasil que havíamos matado 11 pessoas de propósito, porque éramos do PT e porque queríamos derrubar a menina dos olhos do presidente. O poder dessa notícia impregnou a sociedade leiga, médica e científica. Mesmo após todas as manifestações de apoio das sociedades científicas, esse grupo se vê ainda hoje intimidado por inquéritos civis e explicações a todo tipo de órgãos que deveriam, também, defender os pesquisadores, que são antes de tudo cidadãos, no exercício de sua profissão.
As fake news encontraram terreno fértil na ignorância e no conceito popular de que “onde há fumaça, há fogo”. Quem acreditou na notícia deve ter o hábito de julgar os outros pelo que ele próprio teria coragem de fazer. A sociedade amazonense se calou, e perdeu a oportunidade de defender um dos seus patrimônios: a pesquisa clínica em doenças infecciosas, que aqui tem mais de 40 anos de excelência.

Quem cala consente, quem cala apoia o novo regime. Uma pena que não haverá responsáveis pelas mortes de idosos com Covid-19 usando cloroquina em casa, de forma indiscriminada. A eles nosso mais profundo respeito, por pagarem o preço das escolhas erradas de uma nação. Nosso luto será ainda maior.
À sociedade amazonense, minha gratidão pelo que me proporcionaram até aqui, e um pedido de que conheçam melhor suas instituições, seus filhos de “bravos que doam”, e aqueles que pra cá migraram por opção. Como quis dizer o governador Eduardo Ribeiro, ao colocar uma bandeira na cúpula de seu teatro, aqui também somos Brasil”.

Dr. Marcus Vinícius Guimarães de Lacerda 
infectologista e pesquisador,
Fundação de Medicina Tropical/Manaus

quarta-feira, maio 20, 2020

A CIDADE EM FOTO

Moacir Andrade

O extinto jornal A Gazeta circulava com uma coluna na primeira página intitulada A Cidade em Foto

Nela, gerava alguma informação, como propõe o título, sobre Manaus, trazendo sempre foto e adequada legenda. Em acertada ocasião, enfatizou o trabalho do saudoso artista plástico (então conhecido por Pintor) Moacir Andrade, com evidente reconhecimento no país. Nessa condição, já pensando em colocar os pés no mundo.

Esta postagem foi compartilhada da edição de 5 de novembro de 1963.

Detalhe da publicação sobre Moacir Andrade (A Gazeta, 5 dez. 1963)
Bom papo, bom garfo. É natural, pois o abastecimento deve acompanhar a produção. A cara podia ter saído do cartaz de um filme de bandido, do “procura-se” de uma chefatura policial. Mas pertence ao Moacir Andrade, que tem cara e complementos conhecidos em todo o país.
Tem talento. Tem inteligência. Concentrados nas mãos, no cérebro, nos olhos. Mãos que pintam, cérebro que imagina coisas, bonitas, olhos que sabem ver o que 0s mais cegos que os próprios cegos não enxergam.

PINTOR. Tudo na caixa alta, como de fato merece. Já mostrou (e vendeu) seus belos quadros no Rio Grande do Sul, no tempo e sob o patrocínio de [Leonel] Brizola.
Idem na Guanabara, onde estreou, numa promoção da revista “O Cruzeiro”. Com duas aspinhas, a mesma coisa, em Brasília, patrocinado pelo prefeito (sic) Ivo Magalhães. Está se preparando para voltar à Guanabara, desta vez convidado da [revista] Manchete. Depois, Buenos Aires, e, quem sabe, Roma, Paris, Londres?...
Em Manaus já fez umas dez exposições. Prefere os motivos regionais, e, lá fora, sozinho, vale um departamento de promoções da grandeza do Amazonas. Divulga os nossos usos e costumes com honestidade e exatidão. É modernista, tipo século XX, professor de desenho, casado, pai de filhos, pensa no futuro e já tem casa própria. Um artista da era atômica. Dizem até que toma banho.

terça-feira, maio 19, 2020

POLÍCIA FEMININA PMAM: NOTA HISTÓRICA


Havia apenas dois anos que a Polícia Feminina fora criada na Polícia Militar do Amazonas, quebrando aquela hegemonia masculina centenária. Enquanto se preparavam as mulheres para dirigir esse quadro, os oficiais masculinos
Tenente Arlene e Dona Amine
tiveram esse encargo. Pronta, em abril de 1982, a 2º tenente Arlene Oliveira (primeiro oficial feminina da corporação amazonense) assumiu o comando, em substituição ao tenente Ewerton Amaral. Os zelos dispensados na formação do primeiro grupo, e a dedicação dessa turma converteram a solenidade em brilhante festa. Dona Amine Lindoso, esposa do governador, escolhida a madrinha do Pelotão, veio prestigiar a posse.

O texto abaixo foi compartilhado do Jornal do Commercio (16 abril 1982).

Extraído da página do Jornal do Commercio (16 abr. 1982)

Em solenidade realizada às 15h 30 de ontem, no Quartel do Pelotão de Polícia Feminina, em Petrópolis, sob a presidência do coronel PM Guilherme Vieira dos Santos, comandante-geral da Polícia Militar do Amazonas, assumiu o comando daquele Pelotão, a 2º tenente feminino Antonia Arlene Silva de Oliveira, cujo cargo vinha sendo exercido há um ano e sete meses, pelo 1º tenente João Ewerton do Amaral Sobrinho.
A solenidade contou com a presença da primeira dama do Estado, sra. Amine Lindoso; coronel PM Guilherme Vieira dos Santos, comandante-geral da PMAM; bacharel João Valente de Azevedo, secretário de Segurança do Estado, que se fez acompanhar de seu oficial de gabinete, sr. Luiz Gonzaga de Souza; coronel Flavio Rebelo, subsecretário de Segurança; oficiais; a imprensa escrita, falada e televisada, e regular número de pessoas de diversas classes. A transmissão de comando constou formatura da tropa, passagem de comando, leitura da Ordem do Dia pelo oficial substituído, desfile da tropa em homenagem à Primeira Dama do Estado, entrega de um ramalhete de flores à nova comandante daquela unidade e um coquetel que foi servido a todas as pessoas convidadas.
A nova comandante do Pelotão Feminino da Polícia Militar, foi muito cumprimentada pelo grande número de pessoas presentes ao evento e, na oportunidade, falou à imprensa dizendo que sentia-se honrada naquele momento por assumir um comando e sentia-se feliz em poder servir à sociedade amazonense como oficial PM, e ao ensejo, incentivava todas as mulheres que admiram o militarismo a seguir tal carreira, que serão bem recebidas.
A jovem oficial é amazonense, nascida em 15 de fevereiro de 1960, filha do sr. Raimundo Valente de Oliveira e de dona Euza da Silva Oliveira. Ingressou na Polícia Militar do Amazonas, em 1º de abril de 1980 e possui os seguintes cursos: Técnico em Contabilidade, pelo Colégio Sólon de Lucena; Relações Públicas, no Senac; Curso de Formação de Sargento PM, tirado no CEFAP, e, finalmente, Curso de Habilitação ao Quadro de Oficiais da Policia Feminina, pela Academia de Polícia Militar do Barro Branco, na Polícia Militar do Estado de São Paulo.

domingo, maio 17, 2020

OS FILHOS DE FRANCISCA


Francisca

Neste domingo, junto-me ao Henrique e ao Renato para comemorarmos o Dia da nossa Mãe, dona Francisca Pereira Lima (1918-52). 

 Domingo passado foi o Dia das Mães, quando postei minha comovida impressão, ainda que ilustrando a postagem com um literato e um poema.

Coube ao mais novo esta iniciativa, lembrança que ele traduziu em uma Carta à saudosa mãe. Apenas um detalhe para melhor compreensão da missiva: ele nasceu um ano antes da morte de nossa mãe, entretanto, nesse período ela pelejou pela saúde própria com as forças que a medicina possibilitava. Desse modo, Renato não teve o aconchego de dona Francisca. 

  
CARTA À DONA FRANCISCA


Renato
Fui visitado por um anjo num sonho, um anjo mesmo: de asas, roupa branca e auréola suspensa na cabeça. Pediu-me para escrever uma carta, para alguém em especial, numa data especial. Emprestou-me mãos de menino para escrever e ficou esperando para portá-la; busquei no baú da memória do menino, enquanto ele esperava. Feliz, mas desconcertado, pensei na destinatária:

Querida Francisca,
Espero que estas mal traçadas linhas possam lhe encontrar com saúde... com saúde espiritual. Enquanto eu e meus irmãos, estamos bem, levando a vida como Deus quer.Meu pai, infelizmente para nós e felizmente para você, deixou a nossa companhia por aqui e foi pra aí. Tanto tempo sem se falar, acabei por deixá-la com poucas notícias. Depois que você foi embora, naquele fatídico dia 18 de julho, eu fiquei chorando. Foi um choro de fome, sobretudo. Tudo ficou indefinido na minha vida, eu não sabia como ia fazer para mamar... Mas, sou testemunha, meu pai providenciou tudo e não me abandonou nem a mim, nem meus irmãos. Aliás, sobre isso queria lhe falar: meu pai cumpriu o que vocês combinaram, ele não nos abandonou em nenhum momento.Queria até lhe contar um caso engraçado, mãe. Quando eu tinha cinco anos, ele me levou alguns dias para “fazer a praça”, na boleia do caminhão. Ah, ele trabalhava como representante pracista de vendas de biscoitos e bolachas. E teve um dia, que eu estava com fome, e, sem que ele visse, comi todas as amostras de biscoitos. Quando ele foi mostrar ao comerciante o novo modelo de biscoito que a panificadora produzia, não tinha nenhum. Ele até perdeu a venda, mas não ficou chateado, não.
Outra coisa: ele gostava de me levar para tomar sopa. Ele almoçava sopa, eu também. Só que eu pedia dois pratos, e ficava empanzinado. Foi um tempo muito bom. Às vezes, ele me deixava na casa da tia Raimunda, sua irmã mais velha. Ela cuidava de mim, mas alguma vez eu a deixava irritada, e aí, ela não tinha paciência. Outras vezes, ficava com minha avó, vovó Vitória, lembra dela? Você lembra, sim. Vocês conviveram em Manaus e no Rio. E, por falar nisso, mãe. Por que o casal, estando em Iquitos (Peru), voltou para o Brasil? Se tivesse permanecido, o Roberto teria nascido lá, e seria um peruano. E o destino seria outro... Quando você responder, me tira essa dúvida, tá?
Formatura, Iquitos Peru

Ah, outra coisa: o Antônio não gosta de ser chamado de Antônio, prefere o Henrique. E, por falar nisso, quem escolheu o Antonio, foi meu pai? Vou esperar você me dizer, mas tenho quase certeza que foi ele... ele gostava de olhar na folhinha, não era? E no meu caso, mãe, quem escolheu o Renato? Acho que foi você! Essa charada eu matei: foi você. Só pode! Meu pai viu na folhinha o dia de São Pedro e São Paulo. Você não ficou com medo de ele escolher “Pedro Paulo”? Tem muita gente por aqui com esse nome duplo... Bem, mãe, ainda tenho muitas curiosidades, muitas dúvidas para esclarecer. Ainda sobre o Roberto, quem escolheu o Manoel? Foi meu pai? Acho que ele queria se homenagear, mas também desconfio que foi a folhinha.
Mãe, você tem muitas perguntas pra responder. Vou te deixar em paz, para pensar. Vou aproveitar para lhe atualizar de notícias. Seus irmãos já estão todos aí com você, assim como a avó Vitória. E por falar nela, você a encontrou por aí? Outra coisa, mãe, aqui estamos vivendo uma pandemia. Você passou por isso, quando tinha um ano, até três talvez. Dizem que demorou muito, mas você nem se lembra... Sua mãe, Adelaide, deve ter lhe contado sobre isso. Se você lembrar, diz como nós podemos nos proteger. Nos ensina esse caminho.
Todavia, o que queremos mesmo é sua proteção espiritual, mãe. Fala aí com o Senhor, ele pode acabar com isso, o vírus está matando muita gente boa, velhos e moços.Beijos, mãe. Parabéns para você, nesta data, querida!
Renato