CATANDO PAPÉIS & CONTANDO HISTÓRIAS

quarta-feira, junho 29, 2022

PEDRO OU PAULO: EIS A QUESTÃO


Deve ter sido essa a dúvida na residência de Manuel e Francisca, quando nasceu o terceiro filho do casal, em 1951. O segundo nome - Renato - já estava estabelecido, faltava o primeiro. Para resolver o impasse, o casal recorreu à folhinha do
Sagrado Coração de Jesus: era dia (como hoje) dos apóstolos Pedro e Paulo, com o primeiro Papa da Igreja dominando a festa religiosa. Pronto: Pedro Renato, que hoje festeja 71 anos, razão dos meus votos de saúde e de créditos diversos para consumir com a família.

É dele o texto aqui compartilhado, em que Renato traça linhas entre  o número de sua idade e outras sinalizações.

O CASO DO ‘SETE UM’

29.06.2022

 

O número tornou-se pejorativo ao longo do tempo e virou um jargão popular. Do texto da Lei 2.848/1940, extraiu-se o artigo 171 para qualificar uma espécie de estelionato praticado desde os velhos tempos. Nem sei se atualmente se aplica a tal lei quando o indivíduo é acusado de obter para si ou para outrem vantagem ilícita; e como pena de reclusão, de um a cinco anos e multa de quinhentos mil réis a dez contos de réis. Observem que os valores monetários se tornaram obsoletos e impraticáveis, assim como a prática do crime parece que está banalizada, principalmente no meio político do nosso país.

Pedro Renato 71a

Por conta da oralidade, do artigo lhe amputaram o primeiro “um” — para não ficar repetitivo, talvez — e se consolidou em gíria apenas o “sete um”. Hoje o número carrega nas costas outros pequenos delitos cometidos nas relações sociais entre os indivíduos. Pode ser um fingidor, um plagiador, assim como aqueles mentirosos de natureza leve. Mas pode ser também os que não carregam consigo nenhuma dessas desqualificações, apenas fogem da normalidade do ser humano, ao abrigarem em seu espírito um pouco da inquietude ou sanha da delinquência juvenil. Algo que os fazem diferentes de pessoas normais, ou acomodadas e sem brio. Usando um argumento supostamente filosófico, podemos afirmar que a mentira, em alguns casos, tem um valor intrínseco mais nobre que a verdade, principalmente se a inverdade tem o propósito de salvar uma vida.

Vejam bem que eu estou tentando desmistificar a carga negativa do número para lhe dar uma legenda com mais dignidade. E por que estou advogando essa causa? Porque agora, a partir da data de hoje, vou conviver com esse número representando a minha nova idade.

Quero que, durante esse novo ciclo que se inicia, ele — o bendito sete um — seja apenas um pequeno símbolo do estoicismo, sempre dentro do princípio da ética e da moral humanística; quero que o número e a idade me abasteçam dos princípios filosóficos extraídos da essência da doutrina fundada por Zenão de Cítio.

Que a nova idade e a mística das relações humanas, baseadas no amor ágape endossado pelos ensinamentos de Cristo, possam reapertar os laços familiares e me congregar como um missionário da fé e do amor na intenção de fomentar a unidade.

Aproveito para agradecer o calor das fogueiras que, junto com as bençãos de São Pedro, aqueceram minha alma e, por consequência, extravaso aqui minha gratidão pelo espetáculo da vida. Sou grato por estar são, com boa cognição, imaginando-me com a saúde razoável e tentando expressar nessa crônica a absoluta  gratidão a Deus.

Tenho a consciência da exata missão da qual estamos imbuídos. É assim: todo ser humano tem seu encargo na vida, uma cruz que precisa ser carregada ao longo do caminho, não necessariamente um calvário. Mas é preciso se espelhar no modelo divino da vida do Salvador. Lembremo-nos da sua cruz, da sua dolorosa paixão. E não nos esqueçamos da sua glória, da sua ressurreição — da vitória da vida! Pode ser essa a mística que transcende o nosso entendimento: quando realizamos nossa missão com amor, com entrega e dedicação, estamos ressuscitando sempre, a cada dia que nasce.

Desejo, acima de tudo, que não se extirpe de dentro de mim as paixões da vida, para que se possam incorporar afetos e saudades de quem amamos. Quero sentir o encanto pela beleza arquitetônica do Criador; que nem a soberba nem o egoísmo se interponham nas minhas atitudes. Quero ter a consciência das minhas próprias limitações, mas me facultar servir ao outro mais necessitado, e viver as coisas simples. E me seduzir por elas...

Já que não posso me esquivar da idade, desejo que a idade me aceite, a fim de que as pessoas que não me conhecem me vejam apenas como um “coroa” — um belo eufemismo para “velho”. E outra coisa: que esse marco temporal passe despercebido por mim. Não tenho certeza disso, no entanto acredito que a partir do sete um deixa-se de lado, sossegado, o espírito irrequieto do menino que assumia o corpo, e fica apenas o resquício da inquietude que se abrasa no peito.

Agora, somam-se às antigas preocupações, outras: além da saúde — tema relevante em qualquer idade —, há também que lutar com as armas que dispõe para não ver juntar os dois primeiros vocábulos do título dessa crônica. Anseio que o “O” fique sempre separado do “caso”, para que eu não veja tão cedo o infausto poente da vida.

Para que isso aconteça precisamos enganar o tempo e fazê-lo acreditar que somos sete um mesmo, com o aval de Deus. Mesmo com o desfolhar do calendário, nunca devemos exilar de nossa alma a irreverência e a alegria convertidas no deleite da vida. Aprendendo, cada vez mais, a conhecer a mim mesmo, procuro acatar essas dádivas com prazer, como um presente permanente muitas vezes oportunizado pelos filhos e pelos netos, que me encantam independentemente da idade; e me doam o carinho e o amor que necessito.

E como me doam!

 

domingo, junho 26, 2022

PADRE NONATO & MONSENHOR PEDRO MOTTAIS

 Retirei esta coluna do Jornal do Commercio (edição de 10 de agosto de 1980), de autoria do padre Nonato Pinheiro. Meu interesse se deve às anotações sobre o sacerdote Pedro Mottais, que tive como reitor no Seminário São José. Lembro ainda que um destacado amazonense buscou comigo dados sobre o padre Mottais, o saudoso Ruy Lins que o conheceu na Faculdade de Ciências Econômicas.

Não se conhece o local e a data de sua morte, as últimas informações conhecidas são que vivia no estado de São Paulo, tanto que existe a rua Monsenhor Pedro Mottais, na cidade de Jundiaí.

Para saber mais: https://catadordepapeis.blogspot.com/2018/07/o-bispo-do-amazonas-dom-joao-da-matta.html 

Recorte da coluna citada 


 Fados, bodas & impressões

 Padre Nonato Pinheiro, da Academia Amazonense de Letras

BODAS DE OURO SACERDOTAIS

 

São muitos os que conhecem nesta cidade o sacerdote francês, naturalizado brasileiro, monsenhor Pedro Mottais, ora residente em Itanhaém, São Paulo, com seus 78 anos de idade. Neste domingo, 10 de agosto, está completando 50 anos de sacerdócio. Ainda jovem diácono, veio da Franca para servir como oblato, na Prelazia de Tefé, então administrada por monsenhor Miguel Barat, também francês, que exerceu naquelas plagas do Solimões um belo e diuturno apostolado.

O jovem diácono recebeu o sacerdócio na Catedral da Senhora da Conceição, aqui em Manaus, no dia 10 de agosto de 1930. Conferiu-lhe o presbiterato o santo Dom Pereira, o bispo de minha infância, de minha adolescência. Tinha eu meus 8 anos de idade, e foi a primeira ordenação sacerdotal a que assisti, acompanhando minha saudosa mãe, que era da Associação das Mães Cristãs da Catedral, cujo assistente espiritual era o próprio Bispo.

Depois de exercer seu ministério sacerdotal em Tefé, durante alguns anos, padre Pedro veio para Manaus, recebido pelo mesmo Bispo que o ordenara. Também serviu na administração diocesana de Dom João da Mata de Andrade e Amaral, de 1941 a 48. No governo metropolitano de Dom Alberto Gaudêncio Ramos foi incardinado na Arquidiocese, passando a pertencer oficialmente ao seu clero secular.

Entre os cargos que exerceu, lembro os seguintes: capelão da Beneficente Portuguesa, da Escola do Bom Pastor e do Colégio de Santa Dorotéia, vigário ecônomo das paróquias de Nossa Senhora da Conceição e dos Remédios, chanceler da Cúria, reitor do Seminário de São José, procurador da Mitra, consultor arquidiocesano. Dom Alberto Ramos conferiu-lhe o canonicato honorário. Dom João de Sousa Lima providenciou-lhe o monsenhorato, conferido pelo Papa João XXIII. O autor destas linhas estruturou a exposição de motivos, justificando o pedido.

São poucos os sacerdotes que chegam ao cinquentenário de sua ordenação. Congratulo-me pela ocorrência dessas Bodas de Ouro e dou o endereço do IUELLANS SACRUM LITANS, professor aposentado de francês da [escola] Sólon de Lucena: Rua Leão XIII.

"Ad multos annos!"

sexta-feira, junho 24, 2022

POLÍCIA? ONDE ANDAM AS POLÍCIAS?

 Esta postagem compartilha o Editorial do matutino Jornal do Commercio, circulado nesta data. Usei a imagem do indigenista Bruno Pereira e do jornalista Dom Philipps, mortos há duas semanas em nosso Estado, cuja cena rodou o mundo, para melhor caracterizar o terror que vivemos. Não há mais Polícia!, tenho repetido, seja qual for a gradação administrativa. 

Bruno Pereira + Dom Phillips

Editorial

Nunca convivemos com tanto sentimento de insegurança 

O crime organizado continua mantendo suas atrocidades em Manaus, matando sumariamente seus rivais nas barbas da polícia, que se mostra impotente para frear a violência. Ontem, foi morto o filho de um traficante famoso, que expandiu o seu reinado a partir do bairro da Compensa, zona Oeste da cidade. Ele foi torturado e ainda decapitado, algo que choca e espalha o terror.

Incrível como as facções criminosas se expandem, mantendo suas próprias regras e eliminando quem não se adapta às suas exigências. O tribunal do crime age livremente. Mata em plena rua, invadindo até casas para eliminar seus eventuais desafetos. E a população assiste a tudo com muito medo. O sentimento de insegurança já é muito grande.

Claro, o desenvolvimento econômico vem seguido de mazelas sociais. Nem todos têm a mesma chance de ascender social e economicamente. O capitalismo é selvagem. A desigualdade abre precedentes para milhões de jovens serem cooptados como soldados do crime. Nessa briga marcada por tantas barbáries, eles acabam morrendo precocemente, em tenra idade.

É assim nos grandes centros urbanos. Eles (os criminosos) mantêm um poder paralelo que desafia os órgãos instituídos. Chegam a realizar atentados, numa demonstração de que também são poderosos, deixando um rastro de sangue e famílias enlutadas.

Até quando vamos conviver com situações de tanto terror, sem que os direitos humanos sejam respeitados? Hoje, os aparatos de segurança reúnem equipamentos de última geração. Porém, nem com todas essas novas ferramentas tecnológicas somos capazes de frear a violência.

O problema está na base familiar. Jovens são marginalizados por um sistema injusto. A educação, capaz de transformar vidas, não cumpre o seu papel por falta de mais condições, uma contrapartida que deveria ser prioridade nos programas governamentais. É uma demanda que permanece invisível.

Os desajustes estão em todas as esferas do poder municipal, estadual e federal. A corrupção também é uma agravante. Milhões de recursos são desviados, acabando nas contas de gestores corruptos, prejudicando a população. Eles estarão de volta nas próximas eleições com a promessa de proporcionar mais benefícios, que são apenas retóricas eivadas de muita demagogia.

O eleitor precisa estar vigilante. O voto é a maior arma para mudar um país sangrado pela corrupção que atinge todos os setores. Bolsonaro prometeu extirpar um mal que coloca o Brasil no topo do ranking de países mais corruptos do mundo. Porém, seus discursos caem por terra. Há episódios sobre esquemas que incriminam o seu governo com a participação até de ministros.

O suposto balcão de negócios montado no Ministério da Educação pode ser um golpe de misericórdia contra a sua pretensão de continuar comandando o país por mais quatro anos. O governo Lula também foi marcado por muita corrupção. No entanto, o petista se beneficia de um Bolsonaro claudicante, desnorteado. E tem muitas chances de ser turbinado de novo para a presidência da República.

terça-feira, junho 21, 2022

COMPANHIA SIDERÚRGICA DA AMAZÔNIA (SIDERAMA)

 Compartilho este tópico do Relatório a ser apresentado ao presidente Janio Quadros, em agosto de 1961. Sei que há diversos TCC e outras apreciações sobre este empreendimento, que me parece ter sido "um sonho numa noite de verão". Apesar de tantos embaraços na região, da pobreza de infra estrutura local, deve-se louvar a iniciativa. 

O interesse do governador Gilberto Mestrinho (1959-63) era providencial, para tanto estava buscando o amparo do governo federal, porém, a reunião dos governadores com o presidente a ser realizada em Manaus foi cancelada. Os mais velhos se lembram do motivo: Janio Quadros renunciou ao mandato. 

A COMPANHIA SIDERÚRGICA DA AMAZÔNIA


A Siderama em seus primórdios, anos 1960


Um grupo de homens de negócios de Manaus, sob a inspiração do senhor Sócrates Bomfim, incorporador da Empresa, organizou, em março do ano corrente, o prospecto e o projeto de Estatutos da Companhia Siderúrgica da Amazônia "SIDERAMA" a constituir-se com o capital de Cr$ 500 milhões, e que construiria em Manaus uma usina siderúrgica com a capacidade anual de 30.000 toneladas de laminados.

Essa companhia, já em sua constituição incorporaria a seu patrimônio os direitos à lavra de uma jazida de minério de ferro pertencente ao incorporador.

A usina de 30.000 toneladas tinha como programa produzir perfilados leves, arames e tubos soldados, e desde o princípio foi reconhecido que o seu tamanho estava no limite mínimo de dimensão econômica, pois, necessariamente, a aciaria teria de trabalhar com uma fração apenas de sua capacidade. Por esse motivo foram feitos, desde o princípio, estudos e negociações que permitissem antecipar o aumento de sua capacidade para 100.000 toneladas anuais de laminados.

O obstáculo a esse aumento de capacidade era puramente financeiro, pela impossibilidade de financiar um montante muito maior de inversões, já que as considerações técnicas e de rendimento econômico eram todas favoráveis à elevação dessa capacidade.

As negociações tiveram êxito, afinal, quando foi alcançado um acordo básico com a firma Fried Krupp, de Essen, na Alemanha, pelo qual essa organização industrial, especializada em todos os ramos da siderurgia, concordava em construir em Manaus, sob sua inteira responsabilidade financeira e técnica, a usina siderúrgica de 100.000 toneladas anuais da SIDERAMA, recebendo em pagamento 500.000 toneladas anuais de minério de ferro produzido nas jazidas da própria SIDERAMA, no Rio Jatapu.

Esse acordo foi preliminar, ainda sujeito ao aclaramento de muitos detalhes dependentes da elaboração do projeto industrial (cuja responsabilidade cabe à Krupp) e do plano da lavra da jazida (cuja elaboração cabe à SIDERAMA). 

Um estudo inicial avaliou o investimento a realizar na usina siderúrgica em DM 80.000.000,00 (oitenta milhões de marcos alemães), acrescidos de Cr$ 2.000.000.000,00 (dois bilhões de cruzeiros) em despesas a realizar no Brasil.

A inversão na lavra da jazida, no transporte do minério até um porto, foi estimada em cerca de DM 24.000.000,00 (vinte e quatro milhões de marcos) acrescidos de mais Cr$ 1.330.000.000,00 (um bilhão e trezentos e trinta milhões de cruzeiros).

O acordo foi consubstanciado em carta de 25 de maio de 1961, assinada conjuntamente pelo incorporador e fundador da SIDERAMA, e pelo Escritório Técnico Krupp Ltda., de São Paulo, e endereçada ao Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico. A esse Banco foi pedida a aprovação prévia dos termos do acordo, para que declare se estará disposto a garantir a operação, caso o projeto industrial, o plano de lavra e o esquema de pagamentos a serem apresentados, ulteriormente, sejam considerados satisfatórios.

A nova usina de 100.000 toneladas produzirá vergalhões, perfilados leves, arames, tubos e chapas grossas e finas. 

A USINA DE MANAUS

A usina siderúrgica de Manaus está sendo projetada para uma capacidade de 125.000 toneladas de ferro gusa, refinado com a adição de sucata interna em 125.000 toneladas de lingotes e laminando 100.000 toneladas de produtos em sua primeira etapa.

Em sua primeira fase a usina produzirá:

5.000 toneladas de perfilados

15.000 toneladas de vergalhões de 1/4" a 1.1/4"

10.000 toneladas de chapas de 3/32" acima

50.000 toneladas de chapas finas a frio

10.000 toneladas de arames ns. 4 a 16 BSG

10.000 toneladas de tubos soldados galvanizados 1/2" a 1"

sábado, junho 18, 2022

DESDE ONTEM, SÃO 76 PRIMAVERAS

 O feriado de Corpus Christi contribuiu grandemente para o festejo natalício deste blogueiro, quando foi iniciado o festejo. Ontem, sexta-feira, foi o dia da festa, que prossegue hoje e se encerra amanhã. Esta festa me traz à memória o fundador da Rádio Difusora, ocasião em que ele misturava os astros para informar que algum ouvinte ganhara mais um fruto "no pomar de sua existência".  

Se pudesse escolher, optaria por um biribá (doce, macio e de fácil digestão), porém, o que mais cresce é o abacaxi. Apesar de suculentos e doces, como dão trabalho os abacaxis... De qualquer modo, gratíssimo aos chegaram junto com um abraço ou um telefonema ou aquele pedaço de bolo. 

Registros do artista modelo 7.6

Compartilho a página com que me saudou Renato, meu irmão, inserida no livro em que ele reverencia nossa mãe Chicuta (Niterói: Ed. Autor, 2022), e lembra meu aparecimento no seio da família Manuel e Francisca Mendonça.

E assim, seguindo o rito da natureza, com as dores do parto se iniciando em manifestação, todos acreditavam que a criança nasceria na sexta-feira, 14, no primeiro dia da lua cheia, tal qual a mãe. Mas, o primeiro vaso do oleiro não estava totalmente pronto, faltava o retoque final do Criador, o requinte, por isso o primogênito só conseguiu receber o sopro da vida no dia 17 de junho, em plena segunda-feira da semana de Corpus Christi.

Nasceu sob as bênçãos dos santos juninos, entre o dia de Santo Antônio e o dia de São João, um saudável garoto com carinha de peruano; olhos amendoados, tez morena clara e cabelos negros, trazia também na sua bagagem, os genes do bravo povo nordestino.

Manoel correu à folhinha pendurada na parede para ler as efemérides daquele dia. Exclusivamente, interessava-lhe os santos homenageados, destacou-a e guardou no bolso. Mostrou à Francisca os nomes das personalidades: entre outros, estava São Manuel. Pronto! Seu compromisso de escolha estava consumado, um dos nomes fora selecionado.

Francisca, que já tinha em mente sua preferência, apenas adicionou. Repetiu várias vezes para sentir a melhor ordem, a melhor eufonia. Nasceu então, o Manoel Roberto.

quinta-feira, junho 16, 2022

DESASTRES NA AMAZÔNIA

 Estou ultimando um trabalho sobre o acidente de aviação com o Constellation da Panair do Brasil nas cercanias de Manaus, em dezembro de 1962. As operações de busca e salvamento levaram sete dias para alcançar os destroços e os despojos. Estavam mortos todos os ocupantes do avião, sendo 43 passageiros. Para tentar explicar os motivos de tantos desatinos há sessenta anos, fiz uma ligeira comparação com dois eventos recentíssimos, para provar como andamos desassistidos. O segundo, encerrado há horas: o assassinato de Dom & Bruno.

Detalhe da 1ª página de jornal, edição de 15.12.1962

Ao final de tantas ferocidades, pode-se arquitetar que a indigência de Manaus contribuiu enormemente para o desastre do PP-PDE, tanto pela ineficiência de comunicação com a aeronave e um simulacro de aeroporto. Quanto aos mortos, poucos foram os corpos que puderam ser sepultados, nenhum pode ser visto pelos familiares, tal a degradação de todos. Famílias e famílias receberam apenas aquele caixão como um símbolo, pois nada havia no seu interior que pudesse ser apreciado, reverenciado.

Agora aos fatos sucedidos em 2022: 1) em 24 de março, o barco regional “Bom Jesus” deixou Santarém (PA) com destino ao município de Chaves (PA) na ilha do Marajó, com apenas a tripulação de 6 pessoas (5 homens). Resolvido o que tinha que resolver, o barco navegou para a localidade de Nazaré, ainda no arquipélago marajoara. Dia 28, o “Bom Jesus” sofreu um incêndio, restando aos tripulantes se refugiar em uma ilha. Com pouca comida, sem água potável, mas todos com seu celular, que em nada auxiliou, pois no local não há sinal de telefonia. E, pior, a ilha encontra-se fora da rota de navegação.

Diante desse quadro, restou aos náufragos se alimentar como plausível, recolher a água da chuva para uso, enviar sinais de fumaça, e esperar... O tempo foi passando e nada de socorro, porém. Decidiram, então, recorrer ao medieval pedido de SOS marítimo, que consistia em colocar o pedido em uma garrafa e soltá-la ao mar. Nossos cabocos anexaram um adjutório, amarraram a garrafa em uma boia individual colorida.

O resultado foi positivo: um pescador encontrou o arranjo e informou a Marinha que, no dia 13 de abril, resgatou os confinados, que haviam passado 17 dias na ilha das Flechas.

 

Bruno Pereira & Dom Philips

2) no domingo, 5 de junho, dois homens viajando em um barco desapareceram, quando se dirigiam para a sede do município de Atalaia do Norte. O sumiço era estranho, pois os dois – o jornalista britânico Dom Philipps e o indigenista Bruno Pereira – conheciam sobejamente a região, onde desenvolviam um trabalho de apoio aos indígenas do Vale do Javari.

O fato foi inicialmente comunicado aos organismos internacionais, os quais passaram a reclamar providências junto ao governo brasileiro. Logo se juntaram naquela região, na diminuta Atalaia do Norte (AM), órgãos do governo federal: núcleo das três Forças Armadas e da Polícia Federal; do governo estadual: Polícia Militar e Civil, além de Bombeiros Militar e Defensoria Pública. Sem olvidar a estrutura do Poder Judiciário da Comarca. Uma concentração de autoridades como nunca se viu naquele pedaço esquecido e inóspito do Amazonas.

No intento de encontrar os passageiros e o barco via-se pela TV cenas inusitadas: aviões militares com ocupantes vasculhando os labirintos da selva com binóculos; barcos com militares e armas de longo alcance; o exame de provas que durariam trinta dias; bombeiros enfrentando as águas barrentas do rio Itaquaí; policiais armados de potentes metralhadoras conduzindo um esquálido suspeito; enfim, tanta tecnologia e resultados pífios.

Oito dias depois e o mundo civilizado ainda perguntava: onde estão Bruno e Dom? Somente no décimo dia, foram encontrados... mortos.

Talvez por estes fatos se possa melhor compreender as decorrências do desastre do Constellation PP-PDE.

segunda-feira, junho 13, 2022

ANTONIO: O "SANTO" DE CASA

Era inescapável esse privilégio, de relembrar o aniversário do meu primeiro irmão: Antonio, nascido neste dia em 1948, que chegou com o nome de batismo pronto. Nem foi necessário consultar a folhinha, porém, como o casal Mendonça já havia decidido contemplar cada filho com dois nomes próprios, este foi antecedido de Henrique, que homenageia ao avô paterno. 

Antonio Lima Mendonça

No seio familiar sempre foi Antonio e outros apelidos bem peculiares, até que veio o exercício profissional, quando prevaleceu o primeiro nome. Eu e Antonio vivemos a vida que nos permitia aqueles tempos, passando inclusive pela morte de nossa mãe Francisca. Assim prosperou até que a maioridade nos afastou, quando ele enfrentou a grande metrópole paulista e, para nossa fortuna, a conquistou. Desse modo, ele no Sudeste e eu no Norte, nos afastamos pelo aeroporto e pelos mal entendidos da vida.

Roberto e Antonio (sentado)


Que o Santo Padroeiro do dia nos proporcione saúde e créditos, e estes a retomada de nova fase de vida com a satisfação do "dever cumprido". Abraços, meu mano ANTONIO, e suas amadas! 


O texto seguinte saiu da pena do Renato, o segundo irmão, que completa a tríade dos Mendonça.

Como sempre, havia uma esperança no nascimento de mais um integrante, mas dúvida também. Promessas à santa do Bom Parto não faltaram, principalmente porque Maria havia perdido, recentemente, os gêmeos natimortos, Cosme e Damião. Porém, Francisca viu sair de seu ventre, exatamente no dia de Santo Antônio, uma bela criança que chorou, para alegria de todos e para anunciar a chegada ao nosso mundo. Os traços eram os mesmos, feições semelhantes, apenas mais cabeludo e a tez mais clara. Talvez por isso Francisca reclamava de azia, diziam as irmãs, mais experientes em gestações.


Antonio esbanjando alegria

De novo a espera ansiosa para saber o nome. Desta vez, Manoel nem teve necessidade de ir ao calendário, o nome do santo estava mais do que massificado na memória da sociedade cristã. Cabia à Francisca harmonizar os dois nomes escolhidos, o seu que já estava gravado no seu íntimo e o da folhinha, para que soassem como uma melodia. E assim, com sua perspicácia e seu carisma de mãe, plena de felicidade por gerar uma nova vida, escolheu: Henrique Antônio. Discretamente, uma homenagem ao avô, Enrique, pai de Manoel, que ele não conheceu.


domingo, junho 12, 2022

NOTA SOBRE O CORPO DE BOMBEIROS DO AMAZONAS

Conforme o título, a nota revela um detalhe dos Bombeiros Municipais, existentes em 1909. Convém lembrar que o Amazonas percorreu aquele início de século sob o governo dos irmãos Nery (1900-07), seguido da administração do coronel da PM Raimundo Afonso de Carvalho. Que foi sucedido por Antonio Bittencourt (1908-12), protagonista de sérios desastres na história amazonense. 

A notícia aqui compartilhada do Diário Oficial do Estado ocorreu em seu governo, apesar de que os "homens do fogo" estavam subordinados à Prefeitura de Manaus. De uma simples leitura pode-se perceber a indigência desse Corpo. E o edifício descrito na peça foi reconstruído, localiza-se no cruzamento da av. Sete com a rua da Instalação.


Em nossos dias, o Corpo de Bombeiros Militar é uma organização autônoma, integrante da Secretaria de Segurança do Estado.


Companhia de Bombeiros Municipais

 Diário Oficial, domingo,  21 de novembro de 1909                                                                    

 Insisto em ponderar que está sem materiais e em reduzido número de homens o Corpo de Bombeiros Municipais. Já vos tinha afirmado as suas precárias condições e agora aproveito o ensejo para lembrar-vos as dificuldades em que ficaram há pouco, no dia 19 de outubro, por ocasião do pavoroso incêndio que destruiu o prédio Kahn Polack.

Não há perícia e bravura que excluam a necessidade de bons aparelhos como sejam bombas, mangueiras, escadas etc., além da falta de homens, em momentos como aquele. Com os elementos que poderiam dispor, em frente ao maior incêndio que os anais da cidade registram em suas páginas, tudo fizeram digno de merecidos encômios; a falta d'agua abundante foi ainda um dos principais motivos de não se pode atacar eficazmente o fogo, que devorou, em poucas horas, o grande prédio.

Foi um fato aliás desagradável que veio patentear a carência em que estamos de dotar a Municipalidade com os recursos de que a Companhia de Bombeiros precisa. O aumento do número de praças, mangueiras e escadas, enquanto se espera que chegue a esta capital a bomba automóvel encomendada para Londres, suprirão as deficiências do momento.

Agora que ides votar a lei orçamentaria para o ano próximo futuro é conveniente que se consigne uma verba para aquisição de mais alguns aparelhos de pequeno custo. Com a importância de 60:000$000 que o Governo do Estado destinou em seu orçamento para 1910, a título de auxílio para melhorar as condições da Companhia, além de lhe dar a casa que serve de quartel, pode-se afirmar que os bombeiros municipais prestarão grandes benefícios à cidade.

Aqui consigno em nome da Municipalidade, os meus agradecimentos pela valiosa oferta de 100 metros de mangueira para incêndio, que fizeram os srs. Kiernam & Peters.

sexta-feira, junho 10, 2022

PMAM E O ARRUAMENTO DE MANAUS

 Em 1942, a Polícia Militar do Estado estava em recuperação depois da temporada de desativação. O major EB Gentil Barbato havia assumido o comando e enfrentava alguns percalços: o principal era que o quartel da Praça da Polícia estava dividido com as alunas da Escola Normal. Para suplantar o desconforto, o pessoal da PM auxiliou com afinco a edificação do Instituo de Educação do Amazonas.

Agora encontrei esta publicação em Diário Oficial, registrando a abertura da rua Duque de Caxias pelos soldados da PM. O fato é que no entroncamento dessa artéria com a rua Dr. Machado, onde hoje se encontra a Maternidade Balbina Mestrinho, havia o Piquete de Cavalaria (ora quartel de várias OPM). E o pessoal da corporação tinha necessidade de se deslocar para o Centro. 


Assim nasceu a Duque de Caxias!

terça-feira, junho 07, 2022

DIA MUNDIAL DO MEIO AMBIENTE

 Marca ainda que tardia do Dia Mundial do Meio Ambiente, comemorado no domingo passado (5). Os cromos pertencem ao ambientalista alemão Guenter Engel.





sábado, junho 04, 2022

SEGURANÇA PÚBLICA: 1942

Mais um tópico explanado pelo interventor Álvaro Maia ao presidente Getúlio Vargas, em Exposição referente a 1942, tratando de setor da Ordem Pública, no tocante aos "soldados da borracha".

Recorte da capa 

ORDEM PÚBLICA

Intensificaram-se as providências de acautelamento e de fiscalização no que se refere à manutenção da ordem em todo o Estado. Foram encaminhados para os seringais milhares de trabalhadores nordestinos na maior parte solteiros, probos e respeitadores em grande número, mas, também com uma leva avultada de elementos acostumados ao vício ou revoltados pelas circunstâncias do momento.

Recusavam-se a seguir para os seringais, desligando-se do Serviço de Abastecimento do Vale Amazônico (SAVA), estabelecendo pouso em Manaus e em outras cidades. A atuação vigilante da Polícia impediu que manifestassem as suas atividades.

São informações da Chefatura: "dos elementos estatísticos colhidos pela Secção competente, verifica-se que, em comparação com o ano anterior (1942), houve um decréscimo de cerca de 28% no total das prisões correcionais, chegando esse decréscimo, em alguns dos motivos, a atingir mais de 50%".

Em um movimento de tantas incertezas, em viagens por motores, navios, lanchas, em loteamento em seringais longínquos, onde os trabalhadores iam encontrar seringueiros antigos, houve 13 homicídios em todo o Estado e 73 ferimentos.

Há a notar que o policiamento no interior é feito por Delegados Gerais de Polícia nos municípios, auxiliados por subdelegados, inspetores e agentes distritais; apoiam-se ordinariamente em uma guarda municipal composta de 3 a 4 homens. Somente nas sedes municipais em que há pavilhões da SAVA, para distribuição de trabalhadores, há elementos da Guarda Civil e da Força Policial do Estado.

A Interventoria solicitou ao coronel [Exército] Nelson de Melo, então diretor do Departamento de Segurança Nacional, a designação de um técnico para reformar os serviços policiais no Amazonas: exerceu essas funções com superior critério o doutor Alberto Tornaghi, que apresentou os planos necessários à organização de uma polícia completa. A execução depende de situação financeira.

Barranco do rio Jutaí (foto Guenter Hengel)


O movimento dos estrangeiros eixistas [relativo ao Eixo] foi pequeno no Amazonas, conforme atesta a Delegacia de Segurança Política e Social. Basta dizer que foram concedidas apenas 9 guias de trânsito, sendo 3 a súditos japoneses, 3 a italianos e 1 a alemão. Entraram 33.818 passageiros; saíram 28.331. (...)

A Delegacia de Ordem Política e Social exerceu severa vigilância entre os elementos eixistas e indivíduos suspeitos de quinta-colunismo, sobre os quais pairavam denúncias de trabalho sobre o terreno contra o aumento da produção de borracha, agindo entre as correntes de trabalhadores aliciados para os seringais. Não houve propriamente casos concretos, de vez que a fiscalização coube também aos prefeitos, às autoridades espalhadas pelo interior e aos próprios seringalistas.

Relíquia do "mestre" Bala, que operava na ilharga 
de Manaus

sexta-feira, junho 03, 2022

DONA DORA: 02 JUNHO 1992

 Perdão, Dona, a postagem deveria ter circulado ontem, não que eu tenha esquecido, até lembrei demais. Uma coisa e outra, vai hoje essa lembrança de que há 30 anos a senhora se foi. Não esqueço o velório e o sepultamento no cemitério São Francisco, quando efetuamos o cortejo à moda antiga, carregando o caixão pelas ruas do Morro da Liberdade. Sua ida desarmou esses "moleques", seus filhos, que se espalharam pelo país. Estamos bem, cada qual a seu modo, a senhora breve vai receber uma tetraneta, a primeira, Até o final do ano, vou reunir a família na sepultura existente no São João Batista, perto de casa. Encerro recebendo sua benção.

A mansão da rua Amazonas, 29 Morro da Liberdade, 
local de tantas lembranças e saudades

Há algum tempo venho percebendo o emprego de “boadrastra”, em substituição ao termo madrasta.  Quem o emprega, certamente, deseja ressaltar a grata presença e o tratamento auferido da nova companheira paterna. Envolvido por este sentimento, lembro aqui a minha “boa”, ainda que nessa data, a de seu falecimento, ocorrido em 1992.  

Assim, simplesmente Dona, a tratávamos. Dona Dora chegou em casa ao casar-se com seu Manuel Mendoza, viúvo de dona Francisca (minha mãe). Era 20 anos mais nova que meu pai, razão pela qual entendia que ela faria o sepultamento do velho. Bem que cuidou com devotamento do marido e os filhos deste, daí meu ininterrupto entusiasmo por ela.
Porém, não teve sorte com a saúde, o câncer a matou apesar de nossos cuidados, deixando o velho novamente viúvo. Este somente faleceu há quatro anos, com 98 anos. Desfrutei esse privilégio. 
De jeito que estou de acordo com a nova ortografia para indicar a “boa” (ou excelente) substituta de nossa mãe. Até a eternidade, Dona!

quarta-feira, junho 01, 2022

MANAUS: FATOS DE 1962 (2ª PARTE)

  Em complemento ao enunciado, exponho a segunda parte de fatos que marcaram a cidade de Manaus naquele distante 1962

Por sua relevância, ressalto este registro de 2 de agosto: o governador do Estado exonera o Dr. José Bernardo Cabral do cargo de Chefe de Polícia, “em virtude de haver se candidatado a um cargo eletivo”. Cabral foi eleito deputado estadual pelo PTB. Detalhe expressivo: em substituição, “nomeia ao capitão médico do Exército Nacional”, comissionado no posto de tenente-coronel PM, para o cargo mais importante da Segurança Pública, não importavam pré-requisitos profissionais, bastava ser um homem de confiança do governante. Lembrando que a campanha eleitoral prosperava com acirrada disputa: o PTB (Partido Trabalhista Brasileiro) de situação, com Plinio Coelho, e o PSD (Partido Social Democrático) de oposição, com Paulo Nery. Que proporcionaria fortes emoções.

Recorte de O Jornal, 9 de setembro de 1962

Em 9 de setembro, a cidade ganhou a central de eletricidade pertencente a CEM (Companhia de Eletricidade de Manaus), instalada no bairro de Aparecida, no barranco do igarapé de São Raimundo. “Era o fim de 15 anos de escuridão e prejuízo ao nosso desenvolvimento”, glorificava o governo em editorial. Ao final de setembro, o comício de encerramento da campanha oposicionista ocorreu no bairro de Educandos, e desencadeou seríssimo atrito entre o governador e o comandante do GEF, cujas consequências envolveriam os “caciques” do 31 de março de 1964. Em síntese, a altercação ocorreu quando os “situacionistas” desarmam o palanque adversário e bloqueiam o trânsito no mencionado bairro. O comandante do GEF, general Moniz do Aragão, alertado por um subordinado (sargento Ritta Bernardino), interferiu na segurança do local, resultando em disputa brutal entre as partes, até mesmo com tiros em direção ao vigário local, padre Antonio Plácido. As duas autoridades travaram um bate-boca deselegante, o qual provocou a substituição do general – segundo o “canto do fuxico” – por prestígio do governador Mestrinho junto ao presidente Jango.

Em 7 de outubro ocorreu a eleição geral no Estado, sendo eleito governador o candidato do PTB Plínio Ramos Coelho (1920-2001), que tomaria posse em 31 de janeiro seguinte, para cumprir o segundo mandato. Era o chefe do Executivo, encerrando o mandato, Gilberto Mestrinho de Medeiros Raposo (1928-2009), a ele coube a tarefa de apoiar aos expedicionários empenhados na busca dos destroços. Para tanto, Mestrinho encarregou o capitão médico Chefe de Polícia, para representar o governo.