CATANDO PAPÉIS & CONTANDO HISTÓRIAS

segunda-feira, maio 31, 2021

ALMIR DINIZ & O CHÁ DO ARMANDO

Almir Diniz, falecido na semana passada, participou com entusiasmo do Chá do Armando, a extinta entidade etílica-filosófica, que se reunia à cada sexta-feira, para dialogar motivada pelo uísque (chá) e os petiscos fornecidos pelo saudoso Armando de Menezes, daí a pomposa designação.

Morto o fundador e patrocinador, Diniz bem que intentou refazer o grupo e o papo de cada sexta. Foram poucas as novas oportunidades, porém. Desse modo, quero lembrar com a postagem destas fotos os apetitosos encontros chazistas.

Há promessa para um breve  reencontro, para solenizar os dois primeiros membros desta confraria. Descansem em paz!

Confraternização no Ideal Clube (acima e abaixo)


A grande mesa da residência de Anísio Mello

Logo da agremiação

Local de fundação: Academia de Letras


domingo, maio 30, 2021

ALMIR DINIZ DE CARVALHO (3)

 A memória do poeta Almir Diniz, anteontem falecido aos 91 anos, segue aberta e categórica. A minha homenagem prossegue hoje, compartilhando o soneto de Jorge Tufic, inserido em seu livro Dueto para sopro e corda (2ª edição, 2014). Os dois poetas-amigos já não necessitam de cartas para a conversação, são hoje astros a iluminar nossas leituras. Gracias. 

Jorge Tufic


SONETO AO POETA ALMIR DINIZ

(respondendo sua carta)

 

Almir Diniz, que em poucas linhas diz

tanto quantas imagens necessita

para saudar a quem, por essa dita,

vai ser agora muito mais feliz:

 

Não fora coincidência, a sorte quis

que a pluma nos unisse; estava escrita

esta amizade que entre nós habita,

sendo eu, do mestre, humílimo aprendiz.

 

A carta que recebo neste dia,

carta-poema desse velho amigo,

abre clarões na sombra que me guia.

 

Muito obrigado pelos teus florais

dourados, com que vês o que não digo,

fazendo ser o menos algo mais.

sábado, maio 29, 2021

ALMIR DINIZ DE CARVALHO (2)

A lembrança do poeta Almir Diniz, ontem falecido aos 91 anos, segue intenso e categórico. Desejo lembrá-lo por esta semana, ele merece, e para seguir este ritual, compartilho o Artigo do advogado Júlio Antonio Lopes, hoje circulado na edição de A Crítica. 


Faleceu ontem o jornalista, escritor e poeta Almir Diniz de Carvalho, membro, dentre outras instituições culturais do estado e do país, da Academia Amazonense de Letras (AAL), do Instituto Geográfico e Histórico do Amazonas (IGHA) e da Associação dos Escritores do Amazonas (ASSEAM); da qual, inclusive, foi presidente. Diniz nasceu em 6 de novembro de 1929. Contava, portanto, com 91 anos, muito bem vividos. Ele foi prefeito e fundador do município do Careiro da Várzea. Era também advogado, inscrito na OAB/AM sob n° 266.

Eu estreitei meus laços com ele durante a gestão do nosso amigo comum Armando Andrade de Menezes na presidência da AAL, entre 2014 e 2015, quando, invariavelmente os dois, que coisa notável, ambos já em idade avançada, davam expediente diário na sede do Silogeu, para a qual, aliás, Diniz foi eleito em 24 de setembro de 1999, assumindo a cadeira de n° 5, cujo patrono era Araújo Filho, antes era Martins Jr, sucedendo a Paulo Pinto Nery.

Como ele próprio descreve no fantástico "Acadêmicos Imortais do Amazonas - Dicionário biográfico", de sua autoria, assumiu a titularidade em 24|09|1999, saudado pelo acadêmico José Braga, durante a gestão de Max Carphentier.

Como jornalista Almir Diniz foi agraciado com vários prêmios, inclusive, com dois Prêmios Esso de Reportagem, nos anos de 1956 e 1957. O Esso era uma espécie de Óscar do jornalismo brasileiro. Ele trabalhou nos jornais Folha do Povo, O Combate, A CRÍTICA, O Jornal, e, também, no Diário da Tarde.

Escreveu os seguintes livros de crônicas, contos e poesias: Encontros com a natureza, Caminhos da Alma, Andanças poéticas, Os deuses, O elogio do caboclo, Plumas humanas, Algemas de ternura, O império das águas, Minha roça de urtigas, Floradas do corpo, O pitoresco e o hilariante na Imprensa, Paiol de lembranças, Nos remansos da saudade, Sob a concha da Panacaria, O capineiro, Agenda literária do Amazonas, além do Dicionário biográfico, já mencionada. Era um dos próceres do famoso Chá do Armando.

Almir Diniz

Num de nossos encontros pela manhã, na sede da Academia, a meu pedido, pude ouvi-lo declamar algumas de suas poesias. Uma delas, a que mais encantou e enterneceu o coração, a que considero uma das mais belas de toda a literatura brasileira, chama-se "O JARDIM DA MINHA MÃE", que gravei no meu celular e disponibilizei na época na minha página de Facebook, e ontem repostei, porquanto foi um momento mágico e único que merecia e que merece ser compartilhado, melhor dizendo, merece ser eternizado.

A propósito, o movimento Manaus+Verde, que propugna pela rearborização de nossa cidade, fundado pela minha filha Laís, editou o poema e o distribuiu nas escolas e nos eventos ambientais, em parceria, também, com a ASSEAM. Diniz, no poema, fala da saudade de sua mãe Lídia, que cultivava aquele cantinho do céu em sua casa. Revisitando o espaço encantado e sentindo-se incapaz de cuidá-lo com o mesmo zelo, mas cheio de amor, resolve, afirma em seus versos, refazer o pomar, onde sua mãe ia orar, depois de saudar seu jardim...

Descanse em paz, amigo e irmão. Sentiremos a sua falta, mas somos gratos a Deus por ter compartilhado a luz de sua existência.  

sexta-feira, maio 28, 2021

ALMIR DINIZ DE CARVALHO (1929-HOJE)

Esta última sexta-feira de maio levou para o infinito o poeta e prosador Almir Diniz de Carvalho. Nascido no Careiro em novembro de 1929, onde foi o primeiro prefeito quando este município recebeu a emancipação. Seu currículo é extenso e respeitável, tanto no trabalho como jornalista, como prosador e poeta, como intelectual ocupante de Cadeiras nos principais sodalícios do Amazonas. 

Almir Diniz, 1958

A pandemia nos afastou danosamente, ainda efetuamos um reencontro dos integrantes do Chá do Armando, para lembrar o amigo que nos irmanou e nos precedeu com o sinal da amizade e da festividade. Almir o agora o encontra, para uma renovada conversa.

Como despedida de Almir Diniz, que tanto me ensinou a ler e apreciar os bons costumes interioranos, transcrevo um texto de L. Ruas, o padre-poeta, igualmente levado de nosso convívio. As "Palavras à árvore morta" foram escritas em A Crítica, edição de 19 de setembro de 1957.

E o fícus desprovido da inadvertência da mocidade, o fícus, abalado por tantos males, não resistiu à notícia. Sentiu que a seiva estacava dentro de seu tronco calejado pelas pedras duras do calçamento, sentiu que alguma coisa estava se rompendo e... com estalo de dor, tombou, abraçando a sua rua, acariciado pelo vento que, absolutamente, não compreendia a razão do colapso.

Mas, assim mesmo, chorava.   

Almir Diniz (ao fundo) observa o autor da postagem

terça-feira, maio 25, 2021

FESTIVA MANHÃ COM MÚSICOS

Minha disposição para concluir o trabalho sobre a Banda de Música da PMAM me levou hoje a dois Músicos bem antigos: João Candido Figueiredo Filho que, em 12 próximo, completa 94 anos de idade. O segundo era o José Candido de Figueiredo, filho do primeiro. Fui à residência do João acompanhado do Bernardo, professor de Música na UEA.

João nasceu no Varre Vento, em 1927, e chegou na Polícia Militar em 1953, na primeira grande enchente amazônica. Tocador de clarinete, alcançou a graduação de subtenente, quando foi reformado em 1980. Seu filho José foi mais além, nascido em Manaus, em 1952, ingressou na corporação em 1972. Alcançou o posto de segundo tenente em 2002 e exerceu a direção da Banda de Música entre 1996 a 2006.  

João, apesar das dificuldades naturais da idade, em especial de audição, ofereceu-nos boas informações sobre a corporação musical, e se alegrou com a recordação de velhos parceiros de festejos e de boas marchas. Voltaremos breve.

Compartilho algumas fotos do álbum de família e do registro da festa matutina.

João, ao ingressar na PM, em 1953


João, caricaturado pelo Palheta


As conquistas do João na Banda

Bernardo, João, José e Roberto
(a partir da esq.) 

segunda-feira, maio 24, 2021

SOFIA S. MENDONÇA


A personagem deste dia é a filha Sofia Santos, pelos onze anos de idade. Estudante do quinto ano do ensino fundamental no Instituto Adventista de Manaus, não poderá apreciar com os colegas o seu natalício pois as aulas foram suspensas para a vacinação dos professores.

Sofia e a sósia

Melhor assim, sobrará tempo para, em nosso domicílio, recordar as emoções que nos apertaram naquele dia pré-estabelecido pela medicina. Dia em que tudo correu dentro do previsto, e, como pode-se observar, vem acertando de modo satisfatório desde o nascimento. A “gazeta” às aulas vai nos proporcionar uma visita ao núcleo da gastança, ao shopping para celebrar.

Reconheço que são tantos amigos e parentes a agradecer pela acolhida e pelo carinho dispensado a pimpolha. E, a cada dia, alguma pessoa é incluída. Sem poder nominá-los, aproveito esta postagem para registrar nosso reconhecimento.

Que outros e mais outros maios venturosos sejam celebrados.

 

PS. Abraço igualmente ao velho camarada, coronel Paulo Vital, pelo seu natalício, que hoje ocorre, devidamente abençoado pela Virgem Maria Auxiliadora, madrinha desta data. Ad multos annos!

sábado, maio 22, 2021

INSTITUTO HISTÓRICO E GEOGRÁFICO PARAIBANO

Na virada deste século, estava eu envolvido com a reabertura do IGHA (Instituto Geográfico e Histórico do Amazonas), quando o congênere paraibano empreendeu um encontro regional. Ainda que nortista, entendi que deveria participar com a expectativa de avaliar a movimentação daquele instituto, que me parecia de igual proporção à agremiação amazonense.

Desse modo, em novembro de 2000, participei do I Encontro Regional de Institutos Históricos, na capital da Paraíba. Na Revista do IHGP, de maio 2001 nº 34, adveio o registro daquela reunião, cujo documento aqui segue compartilhado.

 

Mesa dirigente (à dir.) Roberto Mendonça

Encontro Regional de Institutos Históricos

 

Realizou-se nos dias 25 e 26 de novembro de 2000 o 1 Encontro Regional dos Institutos Históricos de Alagoas, Pernambuco, Paraíba e Rio Grande do Norte. O evento ocorreu na sede do Instituto Histórico e Geográfico Paraibano, com a presença de delegações dos Institutos daqueles Estados.

Como a iniciativa do evento partiu do Instituto Paraibano, o I Encontro realizou-se em João Pessoa, sendo a maior delegação a de Pernambuco, que veio liderada por seu presidente José Luiz da Mota Menezes e constituída de Reinaldo Carneiro Leão, Maria Cristina Cavalcanti, Yony Sampaio, Fernanda Ivo, Luzilá Gonçalves Ferreira e Everaldo Azevedo Pontes. Do Rio Grande do Norte, compareceram o presidente Enélio Lima Petrovich e os associados Olavo de Medeiros Filho, Fátima Martins Lopes e, como convidado, o professor Augusto Guilherme Mesquintela Lima, da Universidade Nova de Lisboa, ora lecionando na Universidade Federal do Rio Grande do Norte. A delegação de Alagoas foi constituída por seu presidente, historiador Jayme de Altavila, e do vice-presidente Douglas Apprato, que vieram acompanhados de suas esposas. Também estiveram presentes o presidente do Instituto Histórico de Campina Grande, historiador Amaury Vasconcelos, do Instituto Histórico de Patos, jornalista José Romildo de Souza e do Instituto Histórico do Amazonas, o diretor Manoel Roberto Lima Mendonça.

Capa da Revista

 Os associados do Instituto Paraibano prestigiaram a solenidade de abertura do Encontro, registrando-se a presença do presidente Luiz Hugo Guimarães, do vice-presidente Dorgival Terceiro Neto, do secretário geral Adauto Ramos, da 1ª secretária Waldice Mendonça Porto, do diretor de atividades culturais Deusdedit Leitão e dos seguintes associados: Altamir Milanez, Balila Palmeira, Carmen Coelho de Miranda Freire, Diana Soares Galliza, Rosilda Cartaxo, Glauce Maria Navarro Burity, Péricles Vitório Serafim, Guilherme d'Avila Lins, Marcus Odilon Ribeiro Coutinho, Wellington Aguiar, José Octávio de Arruda Mello, Monsenhor Eurivaldo Caldas Tavares, Joacil de Britto Pereira e Flávio Sátiro Fernandes.

Durante o evento os presidentes dos Institutos participantes ofereceram um relatório sucinto de suas atividades durante o ano e trocaram experiências sobre a melhor forma de preservarem seus acervos históricos.

Várias comunicações foram feitas sobre recentes fatos históricos de cada Estado, cujos detalhes serão registrados nos Anais do Encontro a serem editados no começo do ano 2001.

Foi aprovada uma moção sugerindo ao Ministério da Cultura que o Projeto Resgate “Rio Branco” seja estendido para o resgate da documentação existente nos Institutos Históricos e Arquivos Públicos do país.

Foi eleita a cidade de Maceió (AL) para a sede do II Encontro, no início de abril vindouro.

sexta-feira, maio 21, 2021

COMANDO DE POLICIAMENTO ESPECIALIZADO

Ontem, em visita ao quartel do CPE, onde havia marcado uma conversa com o veterano coronel Raimundo Encarnação, colhi muitas anotações e expliquei alguns fatos da corporação. De outro modo, aprendi bastante, afinal aquele espaço policial militar que começou com a Cavalaria, fruto do empenho do coronel Pedro Lustosa, comandante maior da Força Pública, em nossos dias mudou bastante. Com o passar do tempo e diante da necessidade de mais segurança, à cavalaria foram agregadas novas unidades. Por isso, serve de abrigo ao Comando das várias unidades específicas.

Para marcar a passagem, reproduzo alguns dos brasões do CPE. Iniciando com o brasão fora de uso da Polícia Militar do Amazonas, que foi distribuído em forma de adesivo em 1991 (abaixo).



PLACAS DE INAUGURAÇÃO



Brasão do CPE


quinta-feira, maio 20, 2021

CANUDOS: UM NOBRE COMBATENTE

A crônica de Robério Braga neste último final de semana, em A Crítica, trouxe a nossa ciência as ações produzidas em prol do desenvolvimento do Amazonas por Ephigênio Salles. Uma das ações foi a participação dele contra os conselheiristas (1897), tema de minha predileção. 

Recorte de A Crítica, 15/16 maio 2021

Dentre os muitos embates levados a cabo no Arraial de Canudos, nos anos primeiros da República brasileira, por extremo equívoco do governo que se instalava e que mancharam a nossa história com a grave nódoa de luta entre irmãos, um deles teve a participação de forças da polícia amazonense, partida de Manaus com salva de tiros, bandeira estadual recém-lançada, armas e munições, a qual foi ao encontro de forças federais destinadas a derrubar a resistência de Antonio Conselheiro, tal como sucedeu.

Sob o comando do coronel Bento Thomás Gonçalves e do major Lídio Porto, dentre tantos militares, um brasileiro das Minas Gerais formou na linha de frente. Anos mais tarde, ainda jovem, sediado em Manaus, faria longa e proveitosa carreira política e na imprensa diária como repórter e diretor de jornal.

Apaixonando-se pelo Amazonas e crendo firmemente em futuro glorioso que sempre era anunciado por entre toques firmes de trombetas, esse rapaz alto e elegante se aventurou em outro embate, tomando armas para combater na guerra do Acre, integrando uma expedição que, composta por inexperientes, mas bravos soldados, de tão frágil e apressada foi chamada de "expedição dos poetas" porque reunia mais intelectuais, políticos e jornalistas do que combatentes experimentados nessas agruras sangrentas.

Pelo seu passado ou por sua firmeza e teimosia em defesa das terras amazonenses ameaçadas por interesse estrangeiro, ele assumiu o importante posto de capitão-assistente do comando das nossas forças, sob as ordens de Orlando Corrêa Lopes e em par com João Barreto de Menezes, Trajano Chacon, Pery Delmare, Manoel Domingos Gomes, José Maria dos Santos, dentre outros que retomaram felizes pelo dever cumprido, mas sem conseguir assegurar nosso patrimônio fundiário e altamente produtivo.

Ephigenio Salles

Depois, sem apartar-se do Amazonas, cursou direito na Faculdade Nacional do Rio de Janeiro, e, retornando a Manaus, em 1910 estava novamente de arma em punho na defesa da legalidade e em favor do governo de Antonio Bittencourt contra o bombardeio levado a efeito por navios da Marinha do Brasil, por ordens de Pinheiro Machado. Na ocasião esteve sob o comando do coronel Pedro José de Souza perfilado com Adriano Jorge, Júlio Pedrosa Filho, Pedro Guabiraba e outros.

Em 1917, mais uma vez, armou-se sem capa e sem espada, mas com arma pesada, para defender a posse de Pedro de Alcântara Bacellar, governador eleito, ameaçada pelo intenso provocado por opositores, numa intentona que foi difícil de vencer e assustou a cidade durante horas.

Contador do foro, por concurso, diretor do jornal "O Diário do Amazonas", deputado federal em vários mandatos a partir de 1911 e até 1925, secretário da Câmara Federal e membro da Comissão de Instrução Pública, terminou eleito governador do Estado em 1925. Em 1929 chegou ao Senado da República em cujo mandato foi alcançado pela revolução getulista e por esta levado à Junta de Sanções - o tribunal revolucionário - no qual foi absolvido por sentença prolatada por J. J. Seabra, mas, mesmo assim, não deixou de ser perseguido pelas forças simpáticas ao tenentismo e a Getúlio Vargas, e foi obrigado, por suas convicções e espírito de sobrevivência, a aderir à revolução constitucionalista de 1932, inclusive, com sistema de rádio comunicação próprio, armado em sua residência de forma clandestina. Pouco depois, foi chamado para deputado constituinte federal em 1934, por Minas Gerais.

O combatente em Canudos, como visto, lutou em muitas batalhas em defesa do desenvolvimento do Amazonas, mas seu busto, erguido em praça pública na avenida que leva seu nome, foi furtado pouco anos depois de sua inauguração, e seu nome é constantemente usado de forma torta em desrespeito à sua memória: Ephigênio Ferreira de Salles.

terça-feira, maio 18, 2021

MANUEL MENDONÇA MALAFAYA (1916-2014)

 São passados sete anos que nosso pai - Manuel Mendonça - partiu, sem volta. Veio do Peru, da fronteira brasileira, para viver em Manaus. quando "partiu" estava em São Paulo, razão pela qual atravessou o país para ser sepultado no cemitério de São Francisco, no alto do Morro. Renato, meu irmão, assina o texto aqui postado, com que reverenciamos o saudoso pai. 

Manuel e Francisca, em belo momento da vida (1950) 

·     Eis o pequeno grande homem!

Eis aí, Senhor, o pequeno grande homem.

Eis aí, Senhor, o menino dos tempos idos, el niño cholo de Caballococha, no Peru. Junto com sua mãe e outro irmão mais novo, deixaram sua página de dor, para ingressarem na história. Na história da borracha e do Amazonas, escrevendo com o suor derramado. Desde a aurora da vida, buscando angariar a dignidade do ser humano, enfrentando as dificuldades da língua e dos costumes.   

Eis aí, Senhor, o garoto carente, mas firme nos seus propósitos, sem medos, sem tempo para contemplar a vida, senão enfrentar as inquietudes e desafios, construindo sonhos conforme os vossos desígnios, aproveitando as oportunidades na sociedade.

Eis aí, Senhor, o jovem Manoel, vivaz, sem angústia, cheio de esperança. Aceitando o que a vida lhe reservou, mas experimentando novas fronteiras, com a finalidade de sedimentar um projeto para o futuro. Sonhos realizáveis ou devaneios, sem detrimento do prazer, sem deixá-los de viver.

Eis aí, Senhor, o homem na sua plenitude, com o dever cumprido, arquiteto de duas famílias bem alicerçadas. Conduzindo sua cruz nos momentos difíceis, sem rancor, sem abdicar da responsabilidade, da luta pela dignidade, apoiando-se tão somente na sabedoria que a vida lhe ensinou.

Eis aí, Senhor, o homem! Um homem quase centenário, lutando contra as doenças da velhice como um guerreiro que não foge da guerra, e não esmoreceu jamais. Como um prodigioso missionário, doou-se de corpo e alma, usou as orações e os dogmas de Deus para terminar sua jornada em paz, para chegar ao fim da estrada sem lamentar nada.

Eis aí, Senhor, o homem!

Eis aí, Senhor, José Manoel Mendonça Malafaya, desde 18 de maio de 2014.

domingo, maio 16, 2021

TRÂNSITO EM MANAUS

 Em trabalho para o Batalhão de Policiamento de Trânsito (BPTran) recolhi de jornal local esta imagem, que mostra um ônibus construído de madeira, em uso na capital, e a exposição das mazelas do transporte coletivo, que segue assombrando os usuários. Fato ocorrido há quase 50 anos.
 

Edição do Jornal do Commercio,
em 7 nov. 1971

Ônibus sem nenhuma condição de conforto, esquema de viagens que repousa no mais intolerável descaso; todos esses ingredientes têm um só significado: Constantinópolis Transporte Coletivos, empresa concessionária da linha de veículos do bairro de Educandos.

Além de tudo isso, a empresa possui veículos em número não suficiente, que prejudica o seu péssimo funcionamento quando algum tem de ir para o conserto.

Às terças-feiras, e quando há jogo de futebol, a determinação dos dirigentes é de colocar os veículos no itinerário da rua Luís Antony. E que se lixe quem procurar um desses veículos nas paradas do centro da cidade, principalmente à noite, problema que já vem sendo veemente reclamado e combatido.

Agora só resta uma esperança para os habitantes do bairro do Educandos, que vêm sendo vítimas do abuso e alheamento aos seus problemas por parte dessa empresa de veículos coletivos: medidas imediatas que, por certo, serão tomadas pelo novo secretário de Segurança, o coronel José Jorge Nardi de Souza. 

UMA CANÇÃO DE L. RUAS

 Vasculhando hoje os escritos jornalísticos do falecido L. Ruas (padre e poeta / cronista e professor / filósofo e boêmio) para um livro em sua homenagem, selecionei o texto aqui compartilhado. O livro será uma homenagem a data de seu nascimento, ocorrida em 1931. 


Recorte de A Gazeta (2 outubro 1963)


Gostaria que me ensinasse a cantar, de novo, aquela velha canção. Sei que me dirá que estou ficando romântico. Sempre fui um romântico. Vivo mais do passado. O presente e o futuro. para mim, são consequências do passado.

Ensine-me a velha canção. a velha canção. Gosto de cantarolar velhas canções. É verdade. Estou definitivamente preso àquela melodia.

Não saberia dizer, com precisão, o que ela me recorda. Penso que não chega mesmo a me recordar coisa alguma. Afinal ainda não estou tão velho para viver de recordações. Acredito que a vida ainda pode me reservar muita coisa boa nos passos que vou dar. Ainda terei de enfrentar muitas lutas. É sempre difícil e dolorido lutar. Mas que podemos fazer? Não é isto a vida?

Não se trata, precisamente, de recordações. Talvez ela desperte em mim certas tonalidades de azul ou de violeta. Talvez por isso eu goste daquela canção. Ou talvez ela venha me curar de um mal que descobri há pouco.

De repente senti que perdi minha tristeza. E eu ando à procura da minha perdida tristeza.

Não fui o primeiro a perdê-la. Lembre-se do poema do Bandeira: “Perdi o jeito de sofrer. — Ora essa. — Não sinto mais aquele gosto cabotino da tristeza.”

Não acredito que Santa Terezinha tenha atendido aquela oração farisaica do poeta de Libertinagem. Não acredito, também, naquele adjetivo com o qual ele nos quer engodar ou quer engodar a si mesmo. Não há nenhum gosto cabotino de tristeza. Ou a gente gosta da tristeza ou não gosta. Melhor. Ou a gente é triste ou não é. Conheço certas pessoas que não são tristes. São irremediavelmente chatas. Não sei se você conhece alguma dessas pessoas. Nunca estão tristes. Nunca ficam tristes. São de uma estupidez incalculável. Tão incalculável quanto uma poça de água estagnada.

Pois eu perdi a minha tristeza e não me conformo. Vou procurá-la por toda parte. Vou ser o Peter Pan da tristeza. Não me conformo em viver sem ela. Sei. Você deve estar rindo, a dizer que estou um tanto ou quanto desequilibrado das faculdades mentais. É disso que estou com medo. Como é que alguém pode ser humano, como é que alguém pode gozar de todas as suas faculdades sem tristeza. Todos os homens mais importantes que eu conheço foram tristes. Não falarei dos poetas, dos pintores, dos escultores, dos dramaturgos, dos humoristas. Estes não negaram nunca sua condição humana. Afinal foram eles que melhor conheceram o homem. Se eu não recuperar minha tristeza vou terminar no hospício.

É por isso que lhe peço encarecidamente: ensine-me, de novo, aquela velha canção.

É possível que ela devolva para o meu céu aquelas adoráveis tonalidades azuis e violetas. 

quinta-feira, maio 13, 2021

ANÚNCIOS DE ONTEM

Dizia-se propaganda para o anúncio publicitário. A postagem indica alguns, com o ano de circulação, colhidos de jornais da terra. 

Da Panair do Brasil, de 1955, em A Gazeta; o Restaurante Adega Portuguesa, de 1959, em O Jornal; da Polícia Militar do Amazonas, 1991, adesivo; da Transbrasil, de 1971, em Jornal do Commercio; e da Estomalina, em 1962, em Jornal do Commercio.   



domingo, maio 09, 2021

DIA DAS "MÃOS"

  A postagem pertence ao Renato Mendonça, meu irmão e colaborador bissexto. Melhor não explicar o deslise gráfico, ele o fará no texto. A foto é de nossa Mãe, Francisca Lima.

Dia das mãos

09/05/2021

O que parecia ser um erro de grafia, quando digitei o título, ecoou pra mim como um alerta; ou melhor, mais um símbolo que podemos acrescentar à essas maravilhosas criaturas, que em um simples monossílabo, encerra tantos adjetivos de qualidade. Não quero convencer ninguém, mas posso garantir que foi Deus quem trocou o ‘e’ pelo ‘o’.

O simples monossílabo — Mãe! — é o grandiloquente nome que muito bem representa a candura e a lealdade de Nossa Senhora, a santa escolhida para ser a mãe de Jesus, e por excelência, a mãe de todos nós.

É o amor em sua essência. O presente de Deus para nós... o sopro da vida, que nos colocou no útero da mãe, fecundando um óvulo que estava preparado para o nosso nascimento. Desde quando a mãe nasceu, esse óvulo já estava gestado para servir futuramente à uma nova vida. Incrível, essa emblemática linhagem do ser humano! São as ligações em simbiose, que congregam também valores espirituais a unir a mãe aos seus filhos, além do cordão umbilical que os entrelaça fisicamente, compartilhando os mesmos nutrientes e o mesmo ar.

Neste Dia das Mães, mesmo se não puder abraçá-la — seja por causa da pandemia; seja porque a distância os separa; ou porque ela já frequenta outro Plano Espiritual —, demonstre todo seu carinho por ela, e reze por ela! O melhor presente será uma oração de fé! E ela, com certeza, também irá orar pelos filhos. Ela que já fez tanta coisa: gerou, deu sua luz, amamentou, criou e educou, até tornar-se um cidadão. Tantos sacrifícios que somente a alma materna é capaz, de exercer a verdadeira dedicação e doação do amor! Seu amor é como um sacramento, cuja igreja é a própria mãe!

Reze por sua mãe. Nesse tempo atual, a oração é a maior força espiritual, o alicerce no qual podemos edificar uma coexistência humana, aqui entre nós. Volto a sublinhar: mesmo se Deus a chamou por ter finalizado sua missão na Terra, reze por ela! Honre a sua grandeza, independente do quarto mandamento!

E as mãos? Por que Deus digitou ‘mãos’?

Esse é o maior símbolo de todas as mães! É o símbolo do aconchego; é o símbolo do recebimento do ser humano no colo materno. O apoio do dorso do bebê contra o peito da mãe. O abraço. As mãos que abraçam. As mãos que acolhem. As mãos que botam o peito pra fora para amamentar; as mãos seguram no colo o pequeno ser que ali se acomoda, e sonha. As mãos que protegem, desde o nascimento até quando eles nem precisam mais de tanta proteção. Mãos que às vezes agridem, mas com ternura e desvelo. As mãos que abençoam. Mãos que conduzem pelos caminhos da vida. Mãos que afagam, que envolvem os filhos como quem quer instalar a aura no seu entorno, um fluido a rodear seu corpo.

Se quiséssemos pintar a mãe num quadro abstrato, poderíamos apenas representar duas mãos segurando uma criança. É o melhor símbolo para essas aguerridas lutadoras do cotidiano, que lutam por amor.  O ato mais sublime está configurado na mais importante missão nessa Terra: conceber a vida! Felizes os que ainda hoje podem ser plasmados por essas bençãos maternas.

Parabéns a todas as Mães!

DIA DAS MÃES

Não há como esquecer este Dia. Assim, vou homenagear as Mães tantas, com as quais parcelei a vida e com as que prossigo compartilhando. E faço em nome de minha avó Victoria, uma mestiza e descendente de ticunas, nascida no lago peruano de Caballococha, em “hermosa orilla”, à margem esquerda do rio


Marañon, localidade então de cerca mil habitantes. Ao tempo da exploração do caucho, analfabeta, ainda jovem, sofreu o assédio dos caucheiros, desse modo levada a gerar quatro novos peruanos. Este infeliz relato familiar conheci há cinco anos quando, ao lado de meu irmão Renato, produzi um livro em homenagem ao filho (dela) Manuel Mendonça, nosso pai.

Nossas mães – Francisca Lima Mendonça – nasceu à margem do lago do Anveres, hoje pertencente ao Careiro Castanho (AM). E Doroteia Mendoza, a Dona que nos auxiliou com benevolência a encarar a vida. 

Esta semana recebi um presente: o livro Memórias de Barrancos (poesias), enviado pelo autor Isaac Melo, residente em Rio Branco (AC). Ao revirar o livro, enfrentei o poema postado na contracapa, que me relembrou a historieta acima resumida de minha ascendente. Sou grato ao Isaac pela dupla gentileza: o livro bem composto e a deixa para a postagem neste Dia das Mães.

A bisavó



sábado, maio 08, 2021

PRÊMIO GENESINO BRAGA

Há 15 anos conquistei o prêmio Genesino Braga da Academia Amazonense de Letras. Uma das cláusulas do laurel era a publicação do trabalho literário. Como ainda não foi oportunizada a impressão, tomei a iniciativa de efetuar seu lançamento em ebook. Para tanto, contando com a adesão do designer Adriel França, o texto premiado está prestes a surgir em sua telinha.

 

Detalhe da publicação do matutino, em 1º dez. 2006

A Academia Amazonense de Letras divulgou ontem o vencedor do Prêmio Literário Genesino Braga. Os autores do ensaio premiado são Manoel Roberto Lima de Mendonça, Roberto Souza de Mendonça (in memoriam) e Ed Lincon Barros da Silva.

O prêmio foi criado exclusivamente pela passagem do centenário de nascimento de Genesino Braga, autor de "Nascença e vivência da biblioteca pública do Amazonas", e comemorado no dia 6 de dezembro. Os autores do ensaio vencedor irão receber R$ 5 mil, além da inclusão nos programas editoriais da Academia, para futura publicação.

A cerimônia de entrega do prêmio acontecerá no dia 7 (quinta-feira), às 20h, no salão azul da Academia Amazonense de Letras. Para a comissão de acadêmicos que avaliou os concorrentes, o trabalho considerado vencedor, sob o pseudônimo Trio Esperança, foi o que, de todos, mostrou um conhecimento da história da região, nos últimos cem anos, contextualizou a obra e a vida de Genesino Braga, além de demonstrar um trabalho de pesquisa em jornais e revistas, que favoreceu rica leitura sobre o homenageado, sua obra e sua época.

O prêmio contou com o apoio da Prefeitura de Manaus.

Registro da solenidade, ao receber o prêmio das
mãos da filha do homenageado, Ursulita Alfaia


quinta-feira, maio 06, 2021

SESQUICENTENÁRIO E OUTRAS DATAS

A postagem traz significativas efemérides da história amazonense, que se celebram no corrente mês.

150 Anos

Dom Basilio
Pereira

Dia 27 Nasce em Vila Velha do Rio das Contas (atual Rio de Contas), na província da Bahia, frei Basílio Manuel Olímpio Pereira (OFM), que foi o quarto bispo do Amazonas (1925-41). Faleceu em Salvador em 30 de setembro de 1948.

140 Anos

Dia 14 – Elevada à categoria de Freguesia a Vila de Nossa Senhora de Nazaré de Lábrea, consoante a lei 523, sancionada pelo presidente da província Sátiro de Oliveira Dias. Atual município de Lábrea, com sede na calha do rio Purus. Sua protetora é Nossa Senhora de Nazaré, cuja igreja catedral, fruto do trabalho do padre Francisco Leite Barbosa, foi benta em 5 de setembro de 1911.

90 Anos

Dia 18 – Falece em Manaus, o bacharel Francisco Pedro de Araújo Filho, estando sepultado no cemitério de São João Batista. Seus filhos, ainda nascidos em Goiana (PE), se relevaram no Estado: André e Ruy Araújo.

50 Anos

Dia 3 – À noite, após a apresentação da película Comandos, e de menos de 300 pessoas na plateia, onde cabiam mais de mil, o cine Vitória encerrava suas atividades, exercidas desde 1954. Nascido e morador nas proximidades desta casa de diversão, assisti à construção do imenso prédio. Devido à amizade com os filhos do gerente do cinema, pude assistir grande número de sessões passando pela passagem “secreta”, que ligava a residência do gerente ao salão de espetáculos.

Desembargador
Francisco Oliveira

Dia 12 – Aos 43 anos de idade, toma posse no cargo de desembargador Luís Francisco de Oliveira Cabral. Nascido em Manaus em 20 de abril de 1928, graduou-se em Direito pela Faculdade de Ciências Jurídicas e Sociais de Manaus. Presidiu o Tribunal de Justiça em 1974, quando teve oportunidade de assumir provisoriamente o governo do Estado. Foi aposentado em junho de 1980.

40 Anos

Dia 13 – Toma posse no IGHA (Instituto Geográfico e Histórico do Amazonas), na poltrona 06, cujo patrono é Alfredo da Matta, o consócio Humberto Figliuolo (1948-).

20 Anos

Dia 6 - Inauguração do Teatro da Instalação, construído em prédio centenário na esquina das ruas da Instalação (daí seu nome) e frei José dos Inocentes.  Mais recentemente (2001), o governador Amazonino Mendes nele instalou o Instituto Superior de Estudos Amazônicos (ISEA), que lamentavelmente não prosperou.  O teatro foi inaugurado por ocasião da V Festival de Óperas do Amazonas, com a peça Três Vinténs.

quarta-feira, maio 05, 2021

IMPRENSA NO AMAZONAS

A data festiva de 3 de abril de 1851, em que se recorda a circulação do primeiro jornal na cidade de Manaus, foi bem lembrada pelo Adriel França, cujo trabalho vai aqui compartilhado.


170 anos da imprensa no Amazonas

Adriel França

Por força de lei, foi criada em 5 de setembro de 1850 a província do Amazonas, sendo nomeado em 7 de junho de 1851, Tenreiro Aranha, como seu primeiro presidente. Tenreiro saiu de Belém no dia 10 de dezembro de 1851, chegando em Manaus no dia 27 do mesmo mês, mas, antes disso, já se encontrava em Manaus, Manoel da Silva Ramos, que, em 3 de maio daquele ano inaugurou a imprensa na província, com o periódico “Cinco de Setembro”. A imprensa no Amazonas nasce com sua autonomia política.

Silva Ramos, o pai da imprensa amazonense, montou uma pequena tipografia onde fez se imprimir o primeiro periódico amazonense, o “Cinco de Setembro”, que logo mudaria de nome no ano seguinte, passando a ser chamado de “Estrella do Amazonas”. Este nome foi dado pois a nova província representaria uma nova estrela no brasão de armas do então Império do Brasil. O “Estrela do Amazonas” durou de 7 de janeiro de 1852 até 30 de junho de 1866.

Capa do livro sobre a imprensa no 
Amazonas

Entre 1851 e 1889 que compreende o período imperial do Amazonas, foram publicados 124 jornais em toda a província, apesar do número relativamente alto, 77 destes não passou nem de seu primeiro ano de publicação, outros 24 tiveram duração de mais de dois anos, e somente 7 resistiram ao período superior de 10 anos de publicação. Estes números representam que não era nada fácil manter uma imprensa funcionando, visto as grandes dificuldades para se ter papel, tinta, e até mesmo leitores.

A imprensa amazonense no seu início não era em nada chamativa, apenas um aglomerado de letras que formavam palavras sem estética alguma, e notícias sem grandes relevâncias, além de poucos anúncios comerciais. Dos anos de 1860 em diante podemos notar que os periódicos ganham um tom político, saindo em defesa de partidos, até mesmo dando notícias de outros locais do império. Após a Proclamação da República em 1899, surgiram 20 jornais somente naquele ano, o crescimento da imprensa representava uma mudança também no tipo de leitor e no tipo de conteúdo. Vale lembrar que desde a década de 1870, começaram a surgir os primeiros jornais no interior do estado, sendo um deles o Itacoatiara de 1874.

Um dos maiores expoentes do jornalismo amazonense foi Bento de Figueiredo Tenreiro Aranha, filho do próprio Tenreiro Aranha. Bento, fundou e dirigiu alguns jornais no Amazonas e no Pará, sendo conhecido em sua época como decano dos jornalistas amazonenses. Chegou a conhecer Machado de Assis quando da sua estadia no Rio de Janeiro. Deixou grandes obras da historiografia amazonense, e é de sua autoria Arquivos do Amazonas e Um olhar sobre o Passado, obras hoje escassas e que merecem nova edição.

O jornal mais antigo ainda em circulação em toda região amazônica é o Jornal do Commercio, fundado em 2 de janeiro de 1904, por Rocha dos Santos. Este periódico está marcado no imaginário popular amazonense por estar presente desde sempre em suas vidas, registrando e guardando para a posteridade, fatos e histórias amazônicas.

A imprensa amazonense vem a 170 anos levando informação à casa dos amazônidas. São 170 anos de luta contra as adversidades, contra os mandos e desmandos políticos, levando com seriedade e dedicação a informação ao lar amazonense, sem pretensão alguma. Viva ao 3 de maio, viva ao Amazonas.