CATANDO PAPÉIS & CONTANDO HISTÓRIAS

sábado, dezembro 31, 2022

ANO VELHO: RETROSPECTIVA PESSOAL

 Não me recordo de ter elaborado a lista de minhas promessas para o ano findando. A idade já me absolve dessa penúria, pois o esquecimento toma conta deste idoso, que completou na metade do ano 76 junhos (foto). Postei isso no devido tempo e lugar.


Mantive-me morando no mesmo endereço, no entroncamento da rua Belém com a rua Recife (cujas artérias já mudaram de nome, mas eu continuo conservador). Apenas lamento na localização o fluxo de trânsito pesado que suporta, composto de todos os tipos de veículos. Grandes e pequenos. A queixa maior, todavia, é pela ausência de fiscalização, de controle de circulação. Nunca vi guarda ou policial exercendo sua atribuição no local.

Eis um compromisso abandonado: a complementação de um trabalho sobre a Banda de Música da Polícia Militar. Apesar de estimulado fortemente pelo professor Bernardo Mesquita, da UEA. Parei totalmente. Aproveitei este espaço para compartilhar uns capítulos desta história. Contribuiu para tanto a falta de contrapartida de membros daquela corporação musical e da corporação maior.

Parte do efetivo da Banda em solenidade no
quartel do 1º Batalhão

Outro compromisso não realizado: nenhuma viagem com a família e para a família fora da cidade. Havia uma motivação assaz exponencial: acabo de ser elevado à categoria de bisavô, com o nascimento de Agatha Maria, em Brasília. Somente ao final de janeiro entrante, vamos (junto com a casa de Manaus) apreciar a mais nova descendente dos Mendonça.

A primeira bisneta

Ainda em maio, recebi um contato de um oficial do CIGS, desejando informações sobre a queda do Constellation PP-PDE da Panair do Brasil, fato ocorrido nas cercanias de Manaus em 1962. A conversa me estimulou a escrever uma retrospectiva do acidente, visto que havia postado sobre este no Blog, quando do cinquentenário do desaparecimento do avião. O entusiasmo foi tanto, que somente parei agora em novembro, finalizando de algum modo, diante da necessidade da diagramação e da implementação de outros recursos técnicos.

Fragmento de O Jornal, Manaus, 16 dez. 1962

Aprendi bastante não somente sobre o avião, mais ainda sobre a indigência da cidade de Manaus, em vários aspectos. Somente para ilustrar essa conversa, esclareço que as equipes de busca alcançaram o avião e os mortos após dez dias do acidente. O livro, que passa por preparo mercadológico, deve vir a público nos primeiros meses do Ano Novo.

Agora, ao final do ano, mudei o roteiro de minhas preocupações adquirindo um lote de terras no outro lado da Ponte Rio Negro. Decidi construir uma “casa no campo”, confesso que a primeira tentativa foi de insucesso. Estamos, junto com a família, elaborando a nova tentativa, tornada a promessa primordial do ano de 2023.

Sucesso no Ano Novo é o meu desejo a quem passar por esta despretensiosa postagem. Prosperidade no âmbito familiar e profissional, protegido pela saúde e pelo crédito.

Amém!

terça-feira, dezembro 27, 2022

HAJA POLÍCIA

Na tarde do Natal, pela tarde, assisti estarrecido uma motociata que rumava certamente para a praia de Ponta Negra. O barulho ensurdecedor das máquinas me atraiu à janela para o espetáculo.

Imagem de arquivo da internet

Motocicletas, entre 300 a 400 motos – são meus cálculos – de todos as marcas e potências dobravam da rua Belém em direção à avenida Álvaro Maia, na metade da tarde. Eram poucos os devidamente equipados, com capacetes, ao menos. A grande maioria desfilava sem essa proteção, sem camisas, descalços e, mais grave, transportando os filhos menores. Tem mais, havia os que executavam manobras arriscadas, como empinar ou levantar a traseira do “cavalo de aço”.

Que fazer? me indaguei. Recorrer ao 190? Desisti prontamente.

Lembrei-me então do CPM (Comando de Policiamento Metropolitano) que abriga o policiamento de trânsito. Este possui um site em que proclama sua atuação na "fluidez e a fiscalização do trânsito”. Desisti de pronto, pois era o Dia de Natal.

Na manhã seguinte, fui solicitado por um amigo a ouvir a descrição de um fato que envolve a fiscalização do trânsito. Os moradores de Manaus vêm observando nesta última semana a presença de policiais militares, atuando na vistoria de automóveis e motocicletas. Tudo bem, pena que o fato ocorra somente no final de ano.

O fato que ouvi deixa triste qualquer cidadão, não precisa ser policial ou militar. O casal teve seu carro retido por apresentar uma ligeira fissura no para-brisa. Certo. Porém, o policial levou o condutor pro canto e anunciou a multa, que poderia “ser indultada”, se fosse adiantado o pagamento. Entendeu?

Está lamentável a circulação de automóveis na cidade, não se sabe quem deve fiscalizar, orientar o trânsito. Não se vê agente ou policial de farda alguma. E haja Polícia neste nosso país verde-amarelo. Perdão pelo desabafo, desejo contribuir.

Feliz Ano Novo, de governo novo.

domingo, dezembro 25, 2022

NATAL: COLECIONISMO

 Recordação de meus colecionismos: de Igrejas católicas e do Natal na filatelia, saudando a todos os visitantes desta postagem

Igrejas (acima) e Aerogramas 


sábado, dezembro 24, 2022

POEMA NATALINO

 

Reprodução alegórica do nascimento de Jesus

É Natal — de todas as mães, sublimes, eternas, presentes em nosso Plano ou não, que conceberam e doaram sua luz para uma nova vida;

É Natal — de todas as crianças, amparadas no seio da família ou mesmo as que não tiveram essa sorte; daquelas carentes que vendem balas nos sinais de trânsito para prover o “pão nosso”;

É Natal — dos operários, dos trabalhadores informais, que fazem mágica durante o ano com o salário minguado para levar alegria ao lar;

É Natal — de todas as mulheres, abnegadas e altivas, que se empenham nas tarefas domésticas, ou daquelas que ainda precisam se lançar em jornada dupla;

É Natal — de todos os doentes que, com um olhar penitente ou um sorriso suplicante almejam que o médico Jesus possa lhes oferecer saúde e energia;

É Natal — dos idosos, sempre esperançosos de uma simples companhia, ou de alguém que lhes dê atenção e seja capaz de ouvir suas histórias de vida;

É Natal — dos povos em guerras absurdas e desumanas, que vivenciam um presépio de dor, na expectativa de um sinal de paz;

É Natal — das comunidades pobres, que apesar de todas as dificuldades, recebem de coração aberto o Deus menino;

É Natal — dos dedicados missionários da fé e do amor, que fazem apologia da caridade, fomentam a paz e a semeia entre os seus semelhantes necessitados;

Aerograma natalino

É Natal — do Jesus menino, catalizador das mais diversas emoções, que simboliza as criaturas que se propõem a compreender as dificuldades da relação humana, oferecem o perdão e entoam com a voz do Senhor: “Glória a Deus na Alturas e Paz na Terra!” 

É Natal!

24.XII.2022

Renato Mendonça

NATAL DE 2022

Não sei bem explicar o que se passa neste Natal, pois não vejo aquela alegria deslumbrante, aquele entusiasmo contagiante. Manaus está bem decorado e com ampla atividade teatral. Bom. 

Dois eventos me parecem conturbar a festa do nascimento de Jesus, sempre própria para os encontros familiares e a troca de mimos. Talvez seja a festa da democracia com a eleição de novos dirigentes para o país, embolada com a desfeita da seleção nacional no campeonato mundial de futebol. 

Recorte do edital alusivo ao Bloco natalino

Há anos, entre outros preparativos, destacavam-se os produtos servidos pelos Correios: o cartão postal, o aerograma, o telegrama, até que veio o celular e todos esses recursos de saudação foram gradativamente apagados, substituídos. Os selos e seus afins promoviam um exuberante colecionismo, com o funcionamento de clubes e de exposições. Pouco se vê sobre a filatelia, os saudosistas têm que buscar na internet. 

Da produção dos Correios, apenas um ainda teima em marcar a festa do Menino Jesus, é o Selo ou o Bloco comemorativo. Abaixo a emissão postal comemorativa deste ano, intitulada Estrela de Natal. O Edital correspondente explica desse modo a escolha do mais icônico símbolo natalino. 

            Estrela que abraça todos os seus significados: aquela que                brilha, que traz beleza e encanto aos nossos olhares para o                céu, que renova nossa fé e que nos guia e mostra os                            caminhos que devemos percorrer. Natal é renascimento,                    tempo de trazer aquilo que há de melhor em cada um de nós,             de olhar para o outro, de refletir. A estrela de Natal é o                    maior símbolo de esperança de um mundo melhor.

Cartão Postal expedido pelos |Correios para atrair 
donativos para as crianças

Aproveito para registrar a cada leitor desta postagem meus melhores votos pela festa natalina.

quarta-feira, dezembro 21, 2022

CAO | PMCE: CINQUENTENÁRIO (2)

 Em complemento à postagem anterior, compartilho o diploma do CAO (Curso de Aperfeiçoamento de Oficiais) recebido na ocasião; e mais a relação dos integrantes deste curso na Polícia Militar do Ceará. 

Diploma expedido por conclusão do CAO

A turma estava assim constituída e aqui vai relacionada pela corporação e a respeitada antiguidade; apenas o número UM em destaque:

    Polícia Militar do Ceará:

1.     Francisco de Assis Austregésilo de Paula Pessoa (1º lugar)

2.    Paulo de Cairo Nunes Perdigão

3.    José Faustino Nascimento

4.    Aldenor Abrantes

5.    Isaque Ferreira Janebro Rocha

6.    Kerginaldo Ferreira de Queiroz

7.    Cícero Vasques Landim

8.    Joseneas Barroso Arraes

9.    Sebastião Leme Ribeiro

10.      Antônio José Damasceno

    Polícia Militar do Maranhão:

11.  Carlos Alberto da Silva Frias  

12. Gilbert Zaqueu de Araújo  

    Polícia Militar do Amazonas:

13.  Manoel Roberto Lima de Mendonça

14. Francisco Carneiro da Silva

CAO | PMCE: CINQUENTENÁRIO

Realizei o CAO (Curso de Aperfeiçoamento de Oficiais) na PMCE (Polícia Militar do Ceará), há 50 anos. Realizado na Academia de Polícia Militar General Edgard Facó (APMGEF), em seu primeiro ano de atividade. Esta escola estava situada na avenida Mister Hall, em prolongamento da avenida Bezerra de Menezes, que seguia em direção a Caucaia.

Sala de aula, vendo-se (na primeira fila, à esq.) o comandante
coronel Archias Pereira

Era seu comandante o tenente-coronel PM Archias Luiz Paiva Pereira. E solenidade de encerramento ocorreu em 15 de dezembro de 1972, realizada no Ginásio Paulo Sarasate.


Sessão de formatura no Ginásio Paulo Sarasate, ao centro,
capitão Carneiro da Silva e família

Durante o corrente ano tentei contato com os velhos camaradas pelas redes sociais, mas não obtive êxito. Tentei o clube dos oficiais da reserva, também não fui bem-sucedido. Ao fim e ao cabo, comemorei a data festiva solitariamente, até porque creio que sou o único sobrevivente dos 14 capitães concludentes, sendo dois da PMMA (Maranhão) e o mesmo número da PMAM (Amazonas), os demais da PMCE (Ceará). Detalhe, eu possuía 26 anos, era o mais jovem.

Os "estrangeiros" (a partir da esq.): capitão Zaqueu (PMMA),
Roberto (PMAM), Frias (PMMA) e Carneiro (PMAM)

Na ocasião, por iniciativa do capitão Paula Pessoa foi elaborado o distintivo da Academia. Deixei nele minha contribuição ao compor o dístico do emblema: Vigilando discere.

Ao final do CAO realizamos aquela viagem de estudos, passando por São Luís do Maranhão e Belém do Pará, de onde visitamos Altamira (no rio Xingu) para conhecer a rodovia Transamazônica, joia da coroa do governo militar. Encerrando o circuito, estivemos em Manaus, para usufruir da Zona Franca, onde meu colega Carneiro recolheu as fotos que ilustram a postagem.

Embarque da comitiva em Fortaleza (CE) e

Desembarque no Ponta Pelada, em Manaus, à frente o
coronel EB Dagmauro, comandante PMCE



domingo, dezembro 18, 2022

AMAZONAS: ÁGUAS POR TODOS LADOS

 
Obras fotográficas de Gunter Engel 


sábado, dezembro 17, 2022

DESASTRE DO PP-PDE: 60 ANOS (final))

Duas expedições cumpriram o objetivo de alcançar os destroços e os mortos do Constellation da PP-PDE. Uma, da Petrobras, que buscava auxiliar aos quatro colegas embarcados em Belém; a outra, composta de recrutas do 27 BC, liderados pelo tenente Braga Vieira, e funcionários do Deram. 

Fragmento da 1ª página de A Gazeta, 21 dez. 1962 

Ambas chegaram ao destino dia 21 de dezembro, lembrando que o avião desapareceu dia 14. Empreitadas de urgência: limpar a área para o pouso dos helicópteros e auxiliar na recuperação dos despojos. Tarefas realizadas com material primitivo: terçado (na linguagem baré) e machado... a motosserra ainda era objeto de pesquisa. Os restos humanos foram recolhidos com as mãos, sem uso de qualquer EPI.

Fragmento do jornal O Poti (RN), Natal, 16 dez. 1962 

A proximidade da festa de Natal certamente contribuiu para que as diligências necessárias fossem apressadas. Os resgatistas nem imaginavam em festa natalina dentro da selva, isolados de tudo, bastaram os dias de marcha. Dessa maneira, os investigadores do acidente, oficiais da Força Aérea, limitaram-se a fotografar os destroços, tanto que o laudo produzido é de maneira vergonhosa inconclusivo.

Dos restos mortais de 50 vítimas, somente 19 corpos (ou porções humanas) foram trazidas para Manaus, os demais obviamente foram abandonados à própria degradação e ao pasto dos predadores. O recolhimento dos corpos era (e é) obrigação da Força Aérea. A ausência de tantos corpos proporcionou diversas desventuras junto às famílias desejosas de sepultar seu “ente querido”. A própria companhia aérea viu-se emparedada para atender a este anseio familiar. Então, o que fazer? Algumas urnas funerárias foram entregues com saco de areia, para simular o peso. 

Recorte de O Jornal, Manaus, 9 jan. 1963

Passado o réveillon, a cidade de Manaus seguiu por meio da imprensa as várias iniciativas buscando - ainda - resgatar os mortos. Ao menos uma expedição foi ao local, supervisionada por um delegado de Polícia Civil. Além disso, soube a população que o local do acidente, desprezado pelas forças de segurança, passara a ser visitado por saqueadores, que levaram tudo quanto foi possível. O enorme avião transformou-se desse modo em sucata, em suvenires catados ao longo dos anos.

Parte da asa do Constellation exposta no CIGS

A derradeira lembrança do avião - parte da asa do Constellation - foi recolhida pelo CIGS (Centro de Instrução de Guerra na Selva), em junho deste ano, ao memorial que a organização militar mantém em seu quartel.

 

Autor desta postagem em pesquisa na
Biblioteca Pública, em Manaus 

Empenhei-me no curso deste ano em produzir uma retrospectiva do desastre do Constellation PP-PDE da Panair do Brasil, que a selva desmanchou nas cercanias de Manaus. Lamento que a BAMN pouco caso confira ao maior acidente aéreo da Região Norte. Enfim, ao lado do amigo Otávio, estou ultimando a publicação.

sexta-feira, dezembro 16, 2022

DESASTRE DO PP-PDE: 60 ANOS (4)

Amanheceu o sábado (15.12) imediato ao desaparecimento do Constellation da Panair do Brasil. Todos os esforços eram empregados na busca da aeronave, tanto que o próprio presidente da empresa aérea desembarcou em Manaus na noite anterior, acompanhado de bom número de dirigentes. A caça ao avião enfim teve êxito quando, pela manhã, o comandante Patrick, pilotando o Catalina Papa, Charles, Zulu da própria Panair, avistou uma clareira aberta na selva. Determinado a esclarecer o achado, empreendeu idas e voltas com seu avião até esclarecer a infeliz descoberta, assim como marcar os azimutes de localização.


Detalhe da primeira página de O Jornal, 16 dez. 1962

Patrick constatou que no fundo do vale estava o PP-PDE e que, pelo desarranjo e estado do sítio, era presumível que não houvesse sobreviventes. De fato, o desastre veio a se confirmar: todos mortos. 

Prontamente as autoridades tomaram as providências para enviar o resgate por via terrestre, posto que a floresta não recomendava que os paraquedistas vindos da BABE saltassem sobre o local. As forças da Aeronáutica eram insuficientes, restando à Força Terrestre a “obrigação” de processar a busca. As forças estaduais, incluindo os Bombeiros municipais, em nada podiam contribuir, os organismos da Segurança Pública era então um descalabro. 

Ao final da tarde desse dia, os jornalistas locais foram acomodados em um Catalina da FAB para um sobrevoo na área do acidente. As imagens publicadas são precárias, pois o aparelho era impróprio para as fotos e, ademais, as máquinas fotográficas eram mais ainda. 

Diante desse quadro, sobrou (gíria castrense) para o 1º tenente EB Manuel Luís Braga Vieira que foi acordado neste sábado com a missão de reunir uma tropa e se apresentar no aeroporto de Ponta Pelada para seguir em busca do PP-PDE. O tenente Braga havia concluído a AMAN em 1959 e chegara a Manaus em 1961. Nascido em São Paulo, Braga, servindo no 27 BC, pouco conhecia da selva em que se desmanchara o avião e seus ocupantes. Ainda assim, foi o maior artífice do resgate. O BIS ou o CIGS deve-lhe uma homenagem. 

A estrada Manaus-Itacoatiara estava sendo finalizada, a obra era executada pela Pavinorte, sob a supervisão do Deram. Os mateiros desta repartição contribuíram grandemente com a tropa do 27 BC.  A “sepultura do Constellation”  distava 15 quilômetros desta rodovia, distância que pode ser alcançada em quatro horas de marcha. No entanto, como os militares necessitavam abrir picadas, subir e descer os barrancos, desviar-se de obstáculos de diversas amplitudes, levaram 4 dias. Acrescidos de mais dois dias até que o comando das buscas decidisse que a entrada na selva seria pela rodovia. 

Em suma, foram gastos oito dias, entre a queda e o alcance dos destroços e despojos. 

quarta-feira, dezembro 14, 2022

DESASTRE DO PP-PDE: 60 ANOS (3)

Na primeira hora deste dia, há 60 anos, o Constellation da Panair do Brasil vindo de Belém não chegou ao seu destino: o aeroporto de Ponta Pelada. 

Desapareceu cerca de 1h da madrugada, faltando cinco minutos para o pouso, depois de o comandante solicitar ao controlador do acanhado campo de pouso que acendesse as luzes da pista. Diante da demora em aterrissar, o saguão com os familiares tomou-se de espanto, de interrogações e divagações, que a empresa aérea não conseguia atender, visto que a única forma de contato com a aeronave era o rádio e o telégrafo.  

Nada poderia ser realizado senão comunicar à Base Aérea de Belém (BABE) para as providências. E a madrugada foi longa para os presentes ao Ponta Pelada. No começo da manhã, a BABE desloca um Catalina com paraquedistas para refazer a rota do PDE. Nada viram, nenhum sinal do imenso avião.  

O alarme do acidente despertou na cidade as autoridades, o próprio governador Gilberto Mestrinho deslocou-se para o aeroporto acompanhado de secretários, passando a organizar a busca pelo avião. A esse esforço juntou-se a Panair com suas aeronaves, que já sobrevoavam a área calculada do desaparecimento com a mesma disposição.

Recorte da revista O Cruzeiro (5 jan. 1963), com fotos do
Jornal do Commercio

A cidade igualmente foi acometida com as conversas mais desencontradas sobre o destino do PDE, com os disse-me-disse, os boatos mais estapafúrdios, os - para usar a expressão hodierna - fake news. Assim se passou o dia, sem que nada de positivo fosse alcançado. 

Acerca da expectativa, escreveu o cronista L. Ruas (1931-2000), em publicação jornalística: “Isto foi um dia. Quando chegou a noite, brilhou longinquamente uma estrela. Muito pálida. Muito pequena. Mas suficientemente estrela para ser luz e esperança: era possível um sequestro. Todos se agarraram desesperadamente ao delgado raio de luz dessa possível estrela. Ah! Todos os desertos têm as suas miragens. E isto foi uma noite.”

No dia seguinte, pela manhã, foi descoberto o destino do Constellation: ao desabar sobre a floresta, ele havia cavado a própria sepultura e a de seus ocupantes.

 

terça-feira, dezembro 13, 2022

DESASTRE DO PP-PDE: 60 ANOS (2)

 Como enunciado na postagem anterior, nesta data de 1962, o Constellation PP-PDE passou o dia em reparos no aeroporto de Val de Cans, em Belém. Os passageiros embarcados no Nordeste com destino a Manaus foram acomodados, pois o voo somente teve prosseguimento ao final da noite.

Desse modo, quando do check-in em Belém, tomaram assento no avião 43 passageiros e 7 tripulantes, a mesma tripulação desde a saída do Rio.

A Gazeta, Manaus, 14.12.1962

Embarcaram em Belém (PA)

Ermindo Fernandes Barbosa (industrial); Candido Acciai (italiano); Sirio Simoni, José Haroldo Andrade; Maria Luísa Chauvin Chase e 5 filhos (Paulo Eugenio, Mauro Bernardo, Luísa Helena, Doris e Carlos Otávio); Maria América Farias Miranda; José Luís Nunes Pinto (médico), a esposa Maria Pinto e a filha Nair Pinto; Aline Linhares Teixeira e 2 filhas (Aline e Ângela Ester Linhares Teixeira); Kassen Merahim; Hugo Macario de Brito (engenheiro); Norbert Mannicke (alemão); Walter do Nascimento Meguins e Pedro Alves Ferreira (da Petrobras); Mauricio Samuel Ohana; Elias Jocayed; Jackson de Albuquerque Pinto (tenente aviador); Amaro Alves da Rocha; José Ribamar Nascimento Santos (sargento EB); Youssef Makarem; Aymoré de Paula e Souza (jornalista) e José Roberto Blanco.

Em trânsito do Recife (PE)

– Emília Benassuly Cohen e a filha Jannete Abraham Cohen (8a);

de Fortaleza (CE)

João Ivan Paiva; Ana Benita Peres Pontes; Peggy Blanche Farrance (inglesa); Geralda Santana Marques; Joaquim Cordeiro da Cruz; Milton Matos Rocha (deputado estadual do Acre) e seu filho João Alberto Pinheiro Rocha; Waldomir de Holanda Cavalcante e dois familiares (não identificados) e Pedro Vieira de Castro.

Os tripulantes:

A partir da esquerda: Fernando e
Simonidas - comissários, e Barcelos -
copiloto (Última Hora-PE, 16.12.1962)

Dalvo da Costa – comandante / Kenir Barcelos da Silva – copiloto / Orlando Medeiros Paiva – rádio telegrafista / Wander Ottoni de Souza – mecânico de bordo / Fernando Davi Fonseca / Rui de Almeida Pereira / Simonidas Jesus da Silveira – comissários. 

Todos a bordo, a aeronave da Panair do Brasil decolou às 23h (GMT local) com destino ao aeroporto Ponta Pelada, hoje Base Aérea de Manaus, onde infelizmente não aterrissou. (segue)

segunda-feira, dezembro 12, 2022

DESASTRE DO PP-PDE: 60 ANOS

 Nesta data, há 60 anos, decolou do aeroporto do Galeão com destino a Manaus, escalando pelo Nordeste, o Constellation PP-PDE da Panair do Brasil. O destino da aeronave seria interrompido a cinco minutos do aeroporto de Ponta Pelada, matando todos os 50 ocupantes ao se desmantelar na selva. A penúria de nossa cidade, assim como de organismos federais, fez com que os destroços fossem alcançados em incompreensíveis 10 dias.

O Constellation em aeroporto não identificado

A fim de melhor compreender o fato, devo explicar que ao tempo uma viagem tão longa não era alcançada no mesmo dia. Desse modo, o PDE depois de cruzar o Nordeste escalando em quase todos os estados a partir de Maceió, aterrizou em Belém no final da noite de 12 de dezembro de 1962.

Por motivos não elucidados, o avião passou o dia imediato no hangar do aeroporto Val de Cans em reparos. Os registros de periódicos nada acrescem sobre esse impasse, somente que o avião voltou a decolar para Manaus cerca das 23h local. A previsão da viagem era de três horas, no entanto, ao se aproximar do Ponta Pelada desapareceu na selva. Outra observação: no ensejo, o contato entre uma aeronave e o centro de controle era realizado pelo rádio e o telégrafo, daí a importância de um rádio telegrafista na tripulação.  


Logo da Panair do Brasil

Ainda recordando este trágico acontecimento: pensar em uma viagem à noite pela região era autêntica aventura. A fim de apoiar o meio de contato acima comentado, somente existiam duas bases na região: em Santarém (PA) e Itacoatiara (AM), após isso era a escuridão e os extensos perigos da floresta. E foi o que aconteceu com o Constellation PP-PDE que, construído na planta da empresa em Burbank (USA) em 1946, desapareceu nas cercanias de Manaus doze anos depois.

Sobre este desastre – o maior ocorrido na Região Norte – escrevi neste espaço, quando do cinquentenário, algumas páginas. A maioria compilada dos jornais manauaras da época. Neste ano de 2022, estimulado por questionamentos diversos, estou ultimando um livro que, lamentavelmente, sairá no próximo ano.


domingo, dezembro 11, 2022

OLHARES SOBRE O AMAZONAS

 Compartilho as fotos de dois profissionais sobre o Amazonas. Coincidência, dois estrangeiros: Carlos Navarro preocupado com a destruição, com as queimadas, o outro é Guenter Hengel, divulgando as belezas amazonenses.




quinta-feira, dezembro 08, 2022

PMAM – BANDA DE MÚSICA (III)

Mais detalhes da trajetória da Banda de Música da PMAM, algumas observações constantes de um capítulo escrito para um almejado livro sobre esta corporação musical.


Minha publicação jornalística não obteve imediato acolhimento. Veio em seguida o trabalho acadêmico (certamente o primeiro) de um membro do corpo musical. Refiro-me ao Pedro Carlos Barroso Augustinho, então subtenente músico, com o TCC: A música na Polícia Militar do Amazonas: das origens à Primeira Guerra Mundial (1850-1910).

Ximeno de Villeroy, 1º governador do
Amazonas, que alojou a PM no
quartel da Praça da Polícia

Augustinho (nome de guerra), logo no Resumo, questiona: não podemos nos referir a este registro – 3 de junho de 1893 – “pois, em 5 de agosto do ano anterior, assume a regência dela o mestre de música Cincinato Ferreira de Souza”. Estou de acordo, pois o contrato com este músico ocorreu amparado no decreto 11/1890, que organizou a Força Militar Estadual e assegurou “a formação de uma Banda de Música composta de 16 músicos e nove corneteiros”.

Contratado para ensaiar a Banda de Música, o “cidadão” (tratamento observado nos dias inaugurais da República) Cincinato Ferreira de Souza foi, por conseguinte, o primeiro regente da Banda de Música coronel Afonso de Carvalho. A relação completa de seus regentes vem se tornando para mim uma desafiadora questão, provocadora, porque, como veremos adiante, ainda é precária a relação dos mestres e contramestres. E péssima, quanto aos demais músicos. Ora repartidos em classes, ora partilhados na graduação de praças, jazem no limbo, ocultos em livros de assentamentos menosprezados pela corporação, visto que grande parte desses volumes foi entregue ao esmero – ainda bem – da Secretaria Estadual de Cultura.

Há outro pormenor que se deve apreciar acerca de o aparecimento da Música na Polícia Militar do Amazonas. Trata-se da existência de corneteiros ou cornetas, presença já referida em 1878, dois anos após a reativação desta corporação, pelo seu comandante, major EB Silvério Nery (pai do governador de mesmo nome). Pormenor: ao corneteiro compete anunciar as atividades diárias de qualquer corpo militar, ou seja, o toque de corneta anuncia o horário do expediente e, também, dirige exercícios de ordem-unida. Disse “anunciava”, pois a tecnologia vem aposentando gradativamente esse profissional.

Em janeiro de 1890, empossado o primeiro governador do Amazonas, tenente EB Augusto Ximeno de Villeroy, a organização política do Estado tomou nova orientação, encetando novo rumo. A renovação atingiu intensamente a força militar estadual que, sob a denominação de Batalhão de Polícia ocupou, em março daquele ano, o edifício existente na Praça da Polícia (hoje rebatizado de Palacete Provincial), ainda em sua dimensão original, porém, com envergadura bastante para abrigar com certa comodidade aos policiais. (Neste endereço, a Polícia Militar permaneceria por mais de um século, precisamente até 2002.) A ampliação deste edifício, o imóvel que a cidade herdou, ocorreu em 1895 na administração de Eduardo Ribeiro (1892-96), sendo comandante, o major Raimundo Afonso de Carvalho da própria Força Estadual.  

Villeroy, ao substituir o provincial Corpo Policial pelo Batalhão de Polícia, fixou-lhe o efetivo e baixou o regulamento próprio, nele definindo os vencimentos. No efetivo, eram previstos um mestre de música e 15 músicos, também o corneta-mor e 8 corneteiros que auferiam o mesmo soldo do soldado. O mestre de música e o corneta-mor eram contemplados com o soldo de 2º sargento. Convém esclarecer que o efetivo de músicos não foi prontamente ultimado e, sem instrumental, a deficiência de música na corporação prolongou-se. Esta explicação é corroborada pela autorização que, em 24 de outubro, o tenente EB Silva Teles, comandante da Força, recebeu “para contratar 15 músicos e um mestre para exclusivamente ensaiar e comparecer completamente fardados em qualquer formatura e tocata determinada”.  A Banda, portanto, ainda ensaiava.

 

A notícia do primeiro desempenho da agremiação musical encontra-se em A Vida musical em Manaus na época da borracha (1850-1910) de Márcio Páscoa. O debutar ocorreu em 15 de novembro de 1893, é óbvio, em homenagem à Proclamação da República, diante do Palácio dos Governadores, hoje Praça Dom Pedro II. A musicata para o público teve início às 17h30 e prosseguiu por uma hora. Em seguida, apresentou-se em frente ao seu quartel, na Praça da Constituição, atual de Heliodoro Balbi ou, no popular, da Polícia. Lamentavelmente, não há a indicação do regente. Acredito, porém, ter sido o primeiro contratado: Cincinato Ferreira, sobre o qual escrevo no devido bloco.

Quatro dias depois – Dia da Bandeira, a Banda do Batalhão Militar de Segurança (nova designação da PMAM) efetua nova retreta, sucedida no último local mencionado. Em frente ao quartel, pois a praça que hoje desfrutamos ainda estava longe de sua inauguração, devidamente decorada e centralizada pelo coreto que apreciamos. De especial, cabe assinalar que no repertório constava o dobrado(?) Batalhão Militar de Segurança, de autoria de Aristides Bayma, futuro regente do mesmo conjunto. (segue)


 

segunda-feira, dezembro 05, 2022

PMAM: DIRETORIA DE FINANÇAS (DF)

O Governo Militar de 1964 estabeleceu um organismo para direcionar o serviço policial militar, incluído o dos bombeiros: a Inspetoria Geral da Polícias Militares (IGPM). As normas impostas às corporações alcançaram a Força do Amazonas, que tratou de cumprir as orientações. Neste sentido, abandonou a Tesouraria Geral para criar a Diretoria de Finanças (DF), consoante o decreto 3426, de 21 de abril de 1976. 

A implantação ocorreu algum tempo depois, como se observa pela data de nomeação do primeiro operador da DF, que ainda segue funcionando, obviamente com a incorporação de novas regras. Tratei de recolher os oficiais que dirigiram a seção, cuja coleta se estende até o nomeado no ano 2000. Espero que alguém complete a falha.

Segue abaixo os diretores com a indicação do Posto, do Nome (em negrito, o nome de guerra) e da Data de nomeação. 

Sentido horário: Osias Lopes, Ronaldo Toledano,
Galisa de Lucena, Nogueira Jr e Moreira Nunes

                                         

Capitão

Roosevelt Jobim

16/09/1976 

 

Major

Osias Lopes da Silva

03/07/1979 

 

Major


Odorico Alfaia Filho

 

24/09/1981

 

Tenente Coronel

Romeu Pimenta de Medeiros Filho

01/07/1985 

 

Tenente Coronel

Antônio Guedes Brandão

14/04/1987 

 

Major

Jaime José Galisa de Lucena

26/04/1989

 

 

Tenente Coronel

Luis Gonzaga Rodrigues Oliveira

30/08/1990 

 

Tenente Coronel

Eber Bessa Rebello

 

14/05/1991

 

Coronel

Antônio Carlos Cardoso Pereira

13/04/1993 

 

Tenente Coronel

Ronaldo Francisco Albuquerque Toledano

28/12/1993

 

 

Tenente Coronel

Jaime José Galisa de Lucena

20/01/1995 

 

Tenente Coronel

Wilde de Azevedo Bentes

15/05/1995 

 

Tenente Coronel

Alcides Ferreira Costa

01/03/1996 

 

Tenente Coronel

 

Jaime José Galisa de Lucena

 

14/04/1997

 

Tenente Coronel

José Alves de Lima

08/03/1999 

 

Major

 

Raimundo Gonçalves Nogueira Júnior

24/06/1999 

 

Tenente Coronel

José Moreira Nunes

12/04/2000