CATANDO PAPÉIS & CONTANDO HISTÓRIAS

domingo, outubro 31, 2021

DIA DOS FINADOS (3)

Ainda ontem, as voltas com um resfriado impertinente, recebi de meu irmão Renato o soneto que compartilho. De outro modo, parei devido o estado de saúde a recuperação do jazigo (pode ser sepultura) da família LIMA MENDONÇA, situado no cemitério de São João Batista. Mas já foi um passo bem largo. 

De forma que o soneto Esperança tem a ver com o Dia de Finados, que se apresenta. 


A Esperança

Renato Mendonça 29.10.2021

 

Quem só espera, nunca alcança.

Isso é para os fracos, sem coragem.

Há que se adotar sempre a perseverança,

Para conseguir objetivos nessa dura viagem.

A esperança nunca morre! É uma eterna criança,

Que deseja uma rica prenda, feito uma miragem.

Ou um delírio que lhe traga almejada bonança.

Mas, é preciso força e fé para mudar essa imagem.

         Quando se fazemos adultos, não existe esse rito.

Vivemos apenas o agora, o momento fútil,

Tentando se desvencilhar do falso mito.

                 É preciso deixar Jesus reger nossa dança ao infinito,

        Para se chegar ao ápice do amor, o caminho fértil e útil;

        E se doar, servir ao nosso semelhante, como nos foi dito. 


Flores do cerrado em torno de Brasília



segunda-feira, outubro 25, 2021

ACERCA DE RAMAYANA(S)

A busca pelos ascendentes de Ramayana de Chevalier tem-me levado a repetir este nome onde me encontre. Foi num papo festivo, na noite de sexta-feira (21), que fui presenteado pelo autor deste texto expressivo, aqui compartilhado, sobre o distinto manauara. Agradeço a citação ao meu trabalho.

A publicação original de autoria de Pedro Lucas Lindoso ocorreu no Jornal do Commercio, edição de 6 de janeiro de 2015.

 

Detalhe da crônica de Pedro Lindoso, circulada no JC (6 jan. 2015)

Importante obra literária da Índia antiga, o Ramayana é um épico sânscrito atribuído ao poeta Valmiki. O belo texto tem profundo impacto na arte e na cultura da Índia. O poema Ramayama não se reduz a um simples monumento literário. É destaque na tradição do hinduísmo. A reverência é tal que o mero ato de lê-lo ou ouvir tem o poder de libertar os hindus do pecado. E mais. A sua leitura pode garantir todos os desejos do leitor ou de quem ouve o magnífico poema.

Um dos mais ilustres membros do IGHA (Instituto Geográfico e Histórico do Amazonas), do qual tenho a honra de ser membro efetivo, foi o Dr. Ramayana de Chevalier. Imortalizado no IGHA onde têm sala com seu nome e outras honrarias, Chevalier foi médico e escritor. Produziu livros sobre a Amazônia e possuía destacada oratória.

Segundo Roberto Mendonça, outro nosso confrade no IGHA, Chevalier "graduou-se em medicina na Bahia, sem que exercesse a profissão, pois optou pelo jornalismo em sua forma mais abrangente, de redator contundente a polemista por vocação". Ramayana de Chevalier, que foi morar com a família no Rio de Janeiro, com certeza transmitiu essa verve, esse "savoire faire", a pelo menos dois de seus quatro filhos. Ronald de Chevalier e Scarlet Moon.

Ambos como o pai, jornalistas, polêmicos e de aguçada inteligência e sofisticação intelectual. Segundo conta Ruy Castro, no livro "Ela é Carioca", o economista Roniquito de Chevalier, irmão da jornalista Scarlet Moon, às vezes entrava num botequim e se anunciava: "Senhoras e senhores, aqui Ronald de Chevalier. Dentro de alguns minutos... Roniquito!". E tudo podia acontecer. Scarlet Moon foi casada com Lulu Santos por quase três décadas. Rita Lee escreveu a música "Scarlet Moeu", gravada por Lulu Santos para ela. Scarlet é citada na letra da canção "Língua" de Caetano Veloso.

Conheci pessoalmente outra filha de Ramayana, Barbara de Chevalier. Foi diretora de Eventos da Embratur, no início dos anos 90. Também brilhante como todos os Chevalier, foi minha dileta colega de trabalho. À época exercia o cargo de Procurador-Geral da Embratur.

O outro grande Ramayana foi meu tio avô Salim Daou. Assinava seus trabalhos jornalísticos com o pseudônimo de S.D. de Ramayana. “S”, provavelmente de Salim e “D” do sobrenome Daou. Também de inteligência sofisticada e personalidade cativante, Salim Daou, o Ramayana libanês, gaúcho, não ficou em Manaus. Seus irmãos Philippe Daou e José Daou ficaram por aqui. O primeiro, meu avô materno e o outro pai do Dr. Philippe Daou, presidente da Rede Amazônica de TV, primo de minha mãe, Amine Daou Lindoso.

A única irmã dos Daou sêniores, que também era Amine, seguiu com o marido para Nova Zelândia, do outro lado do mundo. Tio Salim, S.D. de Ramayana, publicava crônicas e poesias semanalmente no jornal Correio do Povo, de Porto Alegre. Também era responsável pelo noticiário do interior do Rio Grande do Sul. Tio Salim teve dois filhos com tia Maria: Salim Junior e Daniel.

Ramayana de Chevalier faleceu no Rio de Janeiro em 1973. S.D. de Ramayana, Salim Daou, em Porto Alegre, em 1986. Ambos, homens de letras, jornalistas, intelectuais brilhantes e de forte personalidade. Portavam esse peculiar e sonoro nome: Ramayana, nome de herói, de divindade. A Enciclopédia Britânica ensina que ramayana é uma encarnação de um deus, partícipe da Trindade no hinduísmo. O principal propósito da sua encarnação é demonstrar o caminho correto, que eles intitulam de dharma, na vida na Terra.

Ambos os Ramayana, tanto o Chevalier quanto o Salim mostraram um caminho, não só correto, mas cheio de sabedoria, de belos e inesquecíveis textos jornalísticos e literários. Ambos encantaram sobremaneira àqueles que tiveram o privilégio de conhecê-los e saborear de suas verves, seus escritos e ensinamentos.

sexta-feira, outubro 22, 2021

FAMÍLIA PAULA & SOUZA

Há cerca de dois meses recebi um “prêmio” por uma postagem deste Blog. A jovem Jael Souza consultou-me sobre a família Paula e Souza, que integra o sobrenome de Ramayana de Chevalier, e sobre a qual nenhum relevo foi oferecido. Também eu me penitencio desse blecaute, pois já efetuei algumas publicações sobre o saudoso amazonense. Todavia, reconheço que somente fucei o apelido paterno: Chevalier.


Ramayana de Chevalier (1958)

É hora, pois, de ressuscitar a vertente materna - Paula e Souza.

Inicio pelo médico, jornalista, oficial do Exército e da Polícia Militar do Amazonas e, sabem deuses, que ofícios além disso ele exercitou. Seu nome completo: Walmiki Ramayana Paula e Souza de Chevalier (filho de José Chevalier e Raymunda de Paula e Souza). A fim de apurar sua ascendência fui ao 1º cartório e retirei a certidão de nascimento dele; para minha surpresa, ele foi registrado aos 24 de setembro de 1909 como Walmiki de Souza Chevalier (foto).

Certidão de Nascimento, observar o nome
aqui registrado

De pronto, cabe a indagação: quando e como e quem sofisticou a espaçosa alcunha pela qual é conhecido o falecido acadêmico do Silogeu Amazonense? Não sei. Os caminhos para essa descoberta são exíguos e exigem engenhosas pisadas. Já dei o primeiro passo...

Sobre o genitor de Ramayana há vastas notícias, o contemporâneo Agnello Bittencourt dispôs páginas em seu Dicionário Amazonense de Biografias, outros dados estão catalogados na Academia Amazonense de Letras. Porém, Dona Raymunda (sic) foi contemplada com somente duas linhas no mesmo Dicionário, uma, em página dedicada às “falangiárias do ensino primário e Normal”; a segunda, indicando sucintamente o casamento com Chevalier.

Adiante adquiri a certidão de casamento de José e Raymunda. Nada interessante, somente o trivial: que ela possuía 24 anos, ao se casar em dezembro de 1908, nascida no Amazonas (todavia, onde?) e era filha de Raymundo Paula e Souza e Benta Alves de Souza. Consoante a parentela, o progenitor de Raymunda seria o criador desta linhagem no Amazonas, originário ele de Portugal. Que, de Manaus se aventurou no rio Japurá, vivendo em Porto Órion, atual município de Maraã; e trabalhando para Benjamin Affonso, no Porto Afonso situado na boca do Mamoriá, foz do rio Jutaí. Vários foram os filhos, que se espalharam pela hinterlândia.

Certidão de Casamento

Um de seus descendentes foi Tupinambá de Paula e Souza (1915-95), que foi deputado estadual e prefeito de Borba, além de oficial da PMAM e funcionário da Fazenda estadual. Sobre este Paula e Souza escrevo o próximo capítulo.

domingo, outubro 17, 2021

DO FUNDO DO MEU SURRÃO

Em menino achei um dia

bem no fundo de um surrão

um frio tubo de argila

e fui feliz desde então;

Luiz Bacellar

Variações sobre um prólogo

in Frauta de Barro

 

e os primeiros achados são obras de Jorge da Silva Palheta (1953-2015). Palheta, com era bem conhecido, legou-me estas caricaturas de de alguns de nossos presidentes:

João Baptista Figueiredo

José Sarney

Tancredo Neves


sexta-feira, outubro 15, 2021

FILATELIA EM MANAUS

 Ao me preparar para escrever este texto sobre o aniversário do Clube Filatélico do Amazonas (CFA), percebi uma afinidade com o aniversário de Manaus: nossa capital vai comemorar proximamente 352 anos, o CFA acaba de lembrar seu surgimento há 52 anos. Que aconteceu? Meramente sua fundação ocorreu na ocasião em que a cidade de Manaus solenizava seu tricentenário, sendo prefeito da cidade Dr. Paulo Nery.

Presentes a festa comemorativa do 52º ano

O colecionismo de selos, a Filatelia, já prosperava em Manaus, o registro pertence ao primeiro presidente da agremiação, Dr. Nelson Porto. Na primeira crônica escrita por ele e inserta no Jornal do Commercio, assegura que o CFA estava “fundado em setembro de 1969, graças a uma inteligente promoção do confrade Ubirajara de Almeida de “O Jornal” e o “Diário da Tarde” – que àquela ocasião promoveram a 1ª Mostra Filatélica do Amazonas – o Clube Filatélico do Amazonas nasceu com o entusiasmo natural das primeiras iniciativas”.

Todavia, o ato solene de inauguração ocorreu quando “Ubirajara de Almeida conseguiu inicialmente um local para reuniões e, em 11 de outubro de 1969, estavam aprovados os Estatutos da novel associação.” Porto segue informando e relaciona os “nomes dos Fundadores: Manuel Batatel, Carlos Lima, Carlos Alberto Garcia, Mario Xavier, Wagner Vieira, Emilio Garibaldi, Fernando Martinho, Ruy Martinho, Almerindo, Sergio Costa, Luiz Flavio Simões, Nelson Porto, Albino Fernandes, Ubirajara de Almeida e Joaquim Marinho.”

É dele ainda a informação que “as reuniões semanais se realizam na sede do IBEU, à avenida Joaquim Nabuco, gentilmente cedida pelo professor Rui Alencar.” Em nossos dias, modificado para Instituto Cultural Brasil-Estados Unidos (ICBEU), segue operando no mesmo endereço.

Nesta tarde o CFA efetuou a reunião de confraternização na agência dos Correios Mons. Coutinho, reunindo poucos, é verdade, porém cada vez mais dispostos a suplantar as dificuldades que são densas. Vamos suplantar, já pensando no próximo verão.

Dai meu abraço afetuoso aos presentes à festa de hoje, também àqueles que não puderam comparecer e, em particular, aos que nos precederam, legando o amor aos Selos. Até o 53° aniversário.


quinta-feira, outubro 14, 2021

LITERATURA AMAZONENSE

 Mais uma página do folheto Amazonas Cultural, publicação da subsecretaria de Cultura do Amazonas, circulado em dezembro de 1992. O trabalho literário pertence ao poeta Cláudio Fonseca e a ilustração saiu do pincel do saudoso artista Anísio Mello.

“Cláudio Fonseca (1952) é um poeta que, seguindo a senda aberta por Luiz Bacellar, apresenta, em seu discurso poético, elementos clássicos. O autor faz uma poesia com forte conotação existencial e densidade literária. O poeta transcende a percepção regional da vida e elabora uma lírica identificada com os dramas humanos, a solidão e o tempo”, registra Tenório Telles em Estudos de Literatura do Amazonas (Valer, 2021).
 

 

terça-feira, outubro 12, 2021

APARECIDA: PADROEIRA DO BRASIL

Neste dia, consagrado à padroeira do Brasil, a festa de caráter religioso nos convida à reflexão. Cada qual procede conforme os costumes e as conveniências. De modo costumeiro as igrejas católicas acolhem seus fiéis para saudar a Virgem que, apesar das inúmeras designações, é a Mãe amantíssima. Que ela nos dê forças para suplantar o momento aziago que enfrentamos.
Em falando de igrejas, tomei alguns postais de santuários religiosos  para ilustrar a postagem.



segunda-feira, outubro 11, 2021

NOTA SOBRE A BANDA DA PMAM

 Em janeiro de 1970, o comando da Polícia Militar do Amazonas aprovou a criação do Jazz-Band, obviamente na Banda de Música, então sob a regência do tenente Raimundo Bezerra. Destinava-se a atender os contratos com interessados, e não eram poucos, que se valiam do corpo musical da PMAM para animar suas festas. E, para atender à clientela, entregou essa fração com os mais destacados músicos à chefia do contramestre Pedro da Costa Soeiro.

Brasão do 1º BPM, quartel onde há anos a
Banda de Música está alojada  
Lamento informar que não obtive a data de sua dissolução, que deve ter se extinguido seja pela aposentadoria de integrantes, seja pela mudança na direção do próprio corpo de música.

 

Extrato do Boletim Interno, com a relação dos músicos

Pistonistas:  

1º sargento 3 - Francisco de Sales Araújo;

3º sargento 12 - Jehoshuá Peixoto dos Santos e

soldado 767- Flório Florêncio Queiroz.

 

Trombonistas:

1º sargento 5 - Antônio Francisco Gonçalves do Souza e

1º sargento 15 - Oscar Albuquerque dos Reis.

 

Saxofonistas:

2º sargento 26 - José Ribamar de Lima Melo;

2º sargento 37 - Raimundo Sena Ferraz;

3º sargento 63 – Rafael da Silva Teixeira e

3º sargento 95 - Evandro da Rocha Freitas.

 

Baterista:

3º sargento 59 - Paulo Ribeiro dos Santos.

 

Contrabaixista:

sargento 54- João Sacramento dos Santos

 

Guitarrista:

3º sargento 50- Carlindo Lopes dos Santos. 

 

Ritmista:

cabo 163 - João Ferreira Dourado.

 

segunda-feira, outubro 04, 2021

DOIS EXCEPCIONAIS LUIZ

 Inicio pelo Bacellar, autor do livro de poemas Quatro Movimentos, (em outra edição foi intitulado de Quatuor), cujo trabalho gráfico coube a Artenova (Rio). Nesta edição, com capa de Van Pereira, a Apresentação competiu ao outro Luiz... Ruas promove autêntica aula, datada de agosto de 1975. Sem comentários: melhor é sua leitura.



 

APRESENTAÇÃO

 

Não raros foram os grandes mestres da música que, forçados pelas circunstâncias, tiveram de recorrer a textos de poetas médios ou mesmo medíocres para, sobre esses desfigurados e empalidecidos textos, compor as suas obras extraordinárias. E só o conseguiram devido à força dos seus gênios. Poucos foram aqueles que, como um Debussy, tiveram a sorte de encontrar um L'Après Midi d'un Faune.

O poeta Luiz Bacellar nos oferece um novo livro de poemas titulado Quatro Movimentos e tem como subtítulo "Sonata em si bemol menor para quarteto de sopro".

Digo que um alegre sobressalto de mim se apossou, à medida em que avançava na leitura dos poemas enfeixados em Quatro Movimentos e uma pergunta me alvoroçou o espírito e me perseguiu durante as leituras que fiz do livro: o que está acontecendo? Verlaine, Rimbaud, Baudelaire estão de volta? (...)

Neste sentido é que em toda a poesia simbolista encontramos uma presença do obscuro, do indizível, do ilógico ou, melhor, do alógico que se manifesta, principalmente, em duas atitudes comuns a todo poeta simbolista (repito que não me refiro aqui a simbolismo no sentido puro e simples de "escola" que já passou, que não tem mais sentido de existir, mas no sentido de "tendência" do espírito humano): a loucura ou a religiosidade.

Quando Paul Claudel chamava Rimbaud de "místico em estado selvagem" afirmava de maneira lapidar o que estamos querendo dizer. Sabemos que o simbolismo foi, antes de tudo, um movimento de revolta contra o naturalismo de um Flaubert, de um Zola, de um Maupassant e, em poesia, uma revolta contra o parnasianismo de Leconte de Lisle, de um Sully-Prudhomme, de um François Coppée, de um Heredia.

O aparecimento de Les Fleurs du Mal, em 1857, é, sem dúvida, o ponto de partida definitivo da rebelião literária contra as escolas que se deixaram dirigir pelas filosofias racionalistas e mecanicistas que arrancavam do mundo e da existência todo e qualquer significado de transcendência.

Por este motivo é que Claudel dizia que devia tudo a Rimbaud e que fora ele que o salvara "do inferno e da Universidade". É essa busca do mistério, da fuga de uma realidade imanentista, sem qualquer tipo de transcendência, que se revela na linguagem poética dos simbolistas de todos os tempos.

Santo Agostinho afirmava que toda vez que nos aproximamos da realidade misterial, a palavra perde toda sua força, torna-se incapaz de traduzir a experiência interna que é essencialmente intuitiva e a alma abandona a palavra e recorre ao canto, à música. Daí a musicalidade ter sido, ao lado da religiosidade, do mistério, do obscuro, da magia, da loucura, uma das características essenciais da linguagem simbolista. Eles não queriam dizer a coisa, as coisas, a realidade, mas, apenas, sugeri-la.

Aí está o livro de Luiz Bacellar. De todos os poetas que conheço, aqui do Amazonas, nenhum tem mais sentido do mistério do que ele. Os seus poemas de Quatro Movimentos, já são em si mesmos pura musicalidade. Não vamos nos deter, agora, em uma análise mais detalhada da obra.

Afirmo, porém, uma coisa: qualquer grande mestre da música sentir-se-ia feliz em ter em mãos estes poemas. E acrescento que os poemas, feitos para serem musicados, são de uma tal riqueza musical que até mesmo um músico medíocre seria capaz de arrancar deles a mais bela sonata em si bemol menor para quarteto de sopro.

Dedicatória a D. Carmen Marinho,
esposa de Jauary Marinho, Reitor da Ufam 


domingo, outubro 03, 2021

AMAZONAS CULTURAL

 

Nem desconfio quando e como desapareceu este folhetim, que era produzido pela então subsecretaria de Cultura do Amazonas. Conforme se pode ler no cabeçalho: era produzido por trimestre, este circulou no último trimestre de 1992. Composto de 12 páginas, portanto, bem-sucedido com trabalhos de literatos domésticos. E ilustrado por prestigiados mestres, como a mencionada edição que recebeu a inspiração do saudoso artista Anísio Mello (A.M.).

O Editorial esboça as propostas para o ano seguinte.

Detalhe da primeira página

sábado, outubro 02, 2021

PMAM E SUAS MEDALHAS

 As condecorações na PMAM surgem muito tempo depois da criação desta Força, sabido que seu advento ocorreu em 1837. As primeiras medalhas estão datadas de 1976, portanto, às vésperas desta completar os 140 anos.

A inciativa aconteceu no comando do coronel EB Mario Ossuosky, que foi comandante da PMAM entre 1975-79. Lembrando que, durante o Governo Militar, as Polícias Militares foram comandadas por oficiais do Exército.

Saudoso quartel da PMAM, hoje Palacete Provincial, que
abriga o Museu Tiradentes e as medalhas postadas

1. Intitulada de Medalha Policial Militar, foi a primeira comenda estabelecida, pelo decreto 3395, datado de 31 de março de 1976, data comemorativa da implantação do Governo Militar. Sua destinação: recompensar os policiais militares por bons serviços. Atualmente Medalha de Tempo de Serviço, modificada pelo decreto 7030, de 24 de fevereiro de 1983.

2. A segunda comenda, de mesma data, a Medalha Candido Mariano, foi criada pelo decreto 3396, “destinada a agraciar os policiais militares da ativa que se distinguiam por atos pessoais de coragem e bravura.” Esta igualmente sofreu modificação, consagrada pelo decreto 7031, de 24 de fevereiro de 1983, que ampliou o agraciamento para “funcionários civis, secretário de Estado, oficiais de outras forças estaduais e das Forças Armadas, desde que oficiais superiores com mais de 25 anos de serviço”.

Medalhas descritas



3. Ainda na sequência, pelo decreto 3397, de 31 março de 1976, foi estabelecida a Medalha Tiradentes, para homenagear ao patrono das Polícias Militares do Brasil. Nesta primeira fase “cabia aos oficiais e praças da PMAM e de outras organizações”.

Outra data expressiva no estabelecimento de condecorações foi a de 24 fevereiro de 1983, no encerramento do comando do tenente-coronel EB Duailibe Mendonça. E da presença de oficiais da Força Terrestre nas polícias estaduais. Além das modificações citadas, outras comendas foram estabelecidas.

4. A Medalha Cruz de Bravura, consoante o decreto 7025, prossegue de abrangência geral, pois cabe tanto aos integrantes da corporação, quanto aos “militares das Forças Armadas, policiais militares de outras corporações e civis que, no cumprimento do dever, se hajam distinguido por atos excepcionais de desprendimento, espírito de sacrifício, coragem e bravura, com risco da vida.”

No entanto, a Portaria 236/AjG, de 17 de agosto de 1984, regulamentou a expedição.

Destacada medalha
da corporação

5. A seguinte, a Medalha Mérito Policial Militar, foi criada pelo decreto 7027, de mesma data, igualmente de alcance geral, premia aos policiais da própria corporação, que “tenham se destacado pelo valor pessoal, capaz de contribuir decisivamente com a projeção da PMAM, seja na esfera estadual ou federal. A condecoração é estendida a civis e militares que à PMAM “tenham prestado assinalados serviços”. Seu Regulamento foi expedido em Portaria 225/AjG, de 17 de agosto de 1984.

6. Com proposta de incentivar os alunos de cursos básicos policiais militares em todos os graus, ao longo da carreira, foi criada pelo decreto 7027/83, de mesma data, a Medalha do Mérito Ajuricaba – dedicação aos estudos. A regulamentação ocorreu pela Portaria 233/AjG, de 17 de agosto de 1984.

sexta-feira, outubro 01, 2021

15 ANOS DE LUTO

 Começar por onde, como foi difícil tomar a partida desta postagem, afinal quero relembrar o filho Roberto (35a) que, nesse dia 1º de outubro, morreu há 15 anos!

Agora vêm à mente os passos antes daquela despedida. Estava em Brasília com as filhas quando fui alertado por elas de que o Roberto estava acamado com gravidade. Como se costuma dizer, tratando-se em casa. Valeria e Gabriela, as filhas, me apressaram em regressar a fim de cuidar do irmão. Assim fiz. E ao abraçá-lo no retorno seu aspecto delatou-me a situação gravíssima.

Lembrança do falecimento

Roberto me ajudava bastante, costumava me acompanhar nas pesquisas que há tempo realizo. De boa conversa, atencioso com os demais, havia casado há pouco. O último trabalho desempenhado fora de vendedor externo com a obrigação de circular pela região. Nessas idas e vindas contraiu seríssimo vírus que, por descuido ou por embaraço, preferiu esconder.

Quando o abracei, não podia demonstrar a tristeza que me abateu. Fomos à luta, reuni os recursos disponíveis e cada dia renascia uma frouxa expectativa, até que... a doença deu um basta. A nossa despedia ocorreu em hospital durante uma longa vigília. Para conturbar ainda mais o quadro, a TV estava ecoando o desastre do avião Gol ocorrido no dia anterior, que saindo de Manaus chocou-se com outra aeronave, e desabou. Se a cidade estava entristecida, eu estava no limite da aflição pelo Roberto.

Seu velório ocorreu na Igreja Batista do bairro da União. Foi na porta do templo que encontrei a foto que ilustra a postagem.  Confesso: ao vê-la, não resisti às lágrimas. E ela tem me acompanhado, mas sempre que a retomo o lamento acompanha. No dia imediato, deixei o filho na sepultura da avó Francisca, no São João Batista. RIP