CATANDO PAPÉIS & CONTANDO HISTÓRIAS

quarta-feira, abril 28, 2021

CENTENÁRIO & OUTRAS DATAS

 Uma breve revisão no calendário me permitiu observar algumas datas bem representativas, “redondas”, abrindo com o centenário de nascimento de Áureo Nonato, idades que ocorreram no corrente mês de abril.

Aureo Nonato (ao microfone)
 

Há 100 anos:

Dia – Nasceu no bairro de São Raimundo, em Manaus, Áureo Nonato dos Santos, filho de Antônio e Virgília Nonato dos Santos. Foi estudante do Grupo Escolar Olavo Bilac, instalado no mesmo bairro. A continuação dos estudos realizou no Rio de Janeiro e iniciou-se no jornalismo em São Paulo, escrevendo para o jornal A Noite. Viveu grande parte de sua existência no Sul do país, trabalhando em teatro e jornalismo.

Estreou na literatura com o livro Os Bucheiros: um memorial da infância (1983), seguiu com Porto das catraias: um memorial da juventude (1987) e Pitombas & Biribas (1993), todos sobre a temática do bairro de nascimento. Eleito para a Academia Amazonense de Letras, assumiu a Cadeira 17, em dezembro de 1993. Faleceu em Manaus, em 2004.

 

Há 60 anos:

Dia 6 – Inauguração da linha aérea Rio/Manaus, em voo de 12h, alcançando Manaus no mesmo dia, com escalas em Belo Horizonte (MG), Anápolis (GO), Carolina (MA) e Santarém (PA), pelo Loide Aéreo Nacional.

Há 50 anos:

Dia 18 Criada a paróquia de Santo Antônio, no bairro de mesmo nome, desmembrada da paróquia de São Raimundo, sendo seu primeiro pároco o padre João de Vries.

Dom João (à esq.) ao lado do governador
Mestrinho, na inauguração da Maternidade
Balbina Mestrinho (1959)

 

Há 40 anos:

Dia 25 – Por renúncia ao cargo eclesiástico, retirou-se para Salvador (BA) dom João de Souza Lima, arcebispo metropolitano de Manaus, nascido em Tacaratu (PE). Entre outras dignidades, era sócio efetivo e benemérito do IGHA, ocupante da cadeira 24, cujo patrono é frei Gaspar de Madre de Deus. Terminou seus dias no Conventos dos Monges Cistercienses, em Jequitibá (BA), em 1984.


Quartel do 2º Batalhão PM

 

Há 30 anos:

Dia 30 – Inauguração do quartel do 2º BPM (Batalhão de Polícia Militar), denominado Candido Mariano, na cidade de Itacoatiara (AM), em local doado pela Prefeitura local, conforme a Lei 1, de 23|02|1978. Era seu comandante o tenente-coronel Ilmar dos Santos Faria.   

segunda-feira, abril 26, 2021

EXPOSIÇÃO FILATÉLICA REGIONAL (1975)

Os Correios estão na mídia, lamentavelmente por um infeliz motivo: sua desestatização. Em outras palavras, o governo se empenha em passar seu emprego à iniciativa privada. No entanto, múltiplas perguntas circulam, algumas ainda sem retorno. Uma delas é: qual o destino dos Selos e, em consequência, dos colecionadores?

Em Manaus, como em inúmeras unidades territoriais do país, funciona um clube ou associação, abrigando os filatelistas. O Clube Filatélico do Amazonas (CFA) data de 1969, e segue em funcionamento. Ainda que claudicando, vai tentando se reerguer, para isso vem realizando reuniões semanais. De outro modo, busca reunir os antigos filatelistas e, para tanto, repassa os jornais antigos da cidade que contam a trajetória do CFA.

Compartilho a publicação do Jornal do Commercio (8 junho 1975), que noticia a terceira exposição regional promovida pelos Correios e o CFA.  

Recorte do Jornal do Commercio (8 junho 1975)

 A exemplo de anos anteriores, a Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos — Diretoria Regional do Amazonas realizará de 12 a 22 de julho próximo a III EXFILAM —Exposição Filatélica do Amazonas, com a participação direta do Clube Filatélico do Amazonas e de convidados especiais.

A III EXFILAM visa, evidentemente, difundir em termos mais amplos a Filatelia em nosso Estado, conforme vem ocorrendo no resto do país, dentro de diretrizes educacionais, de alcance maior voltadas para a grande massa estudantil. Cumprindo a nova política filatélica da ECT e do CFA, os objetivos da III EXFILAM são, despertar o interesse em estudantes e no povo em geral por selos, como também mostrar a todos os novos os amplos caminhos que a Filatelia vem tomando no Brasil, e seu sólido prestígio, pois trata-se de atividade eminentemente educacional.

Esses caminhos se consubstanciam na constante melhora do selo na Casa da Moeda, que com equipamento moderno, matéria prima de alta qualidade c ainda com excelentes artistas, equiparou o selo brasileiro aos melhores do inundo, superando velhas dificuldades. A evolução foi tão acentuada que dentro em breve o Brasil passará a exportar selos, operação verdadeiramente sem precedentes, e que mostra definitivamente o avanço técnico-artístico do nosso selo. (...)

 

Programação oficial para a realização da III EXFILAM —Exposição Filatélica do Amazonas. Realização — Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos. Participação — Clube Filatélico do Amazonas. Data — de 12 a 22 de julho do corrente ano. Local — Pinacoteca do Estado.

 

Serão oito os prêmios a que concorrerão os filatelistas que participarem da III EXFILAM:

a) Grande Prémio de Honra (melhor conjunto).

b) Grand e Prêmio Amazonas (Melhor Brasil).

c) Grande Prémio Cidade de Manaus (melhor temática).

d) Grande Prémio ECT (melhor coleção estrangeira).

e) Premiu Especial Paulo Emílio Bregaro (O Correio da Independência). Melhor coleção juvenil.

f) Segunda melhor do Brasil.

g) Segunda melhor temática.

h) Segunda melhor estrangeira.

Além desses prémios, serão distribuídas cerca de 20 medalhas às damas concorrentes.

 

Comissão julgadora: comendador Danilo Duarte de Matos Areosa, ministro Álvaro Bandeira de Melo, dr. Jaime Bitencourt, Hugo Fracarolli (possivelmente, vice-presidente da Associação Brasileira de Filatelia), um representante do Conselho de Cultura, presidente do Juri: Sra. Lais Scuoto, Assessora Filatélica da ECT

Comissão Executiva: engenheiro Nelson Porto, Roderick Castelo Branco e Edilson Aguiar.

Carimbo — Haverá distribuição de envelopes carimbados com carimbo especial da exposição.

Diplomas — Todos os participantes da III EXFILAM terão direito a um Diploma de Honra, como também o Diretor Regional da ECT e os patrocinadores.

Quadros — As coleções serão expostas em 21 quadros de propriedade da empresa. Caso haja necessidade, poderão ser utilizados os painéis da Pinacoteca.

Inscrições — As inscrições terão início no próximo dia 10 de junho, e serão aceitas até o dia 10 d e julho, gratuitamente, no Guichê Filatélico da ECT.

Coquetel — Por ocasião da abertura da III EXFILAM, haverá um coquetel para os convidados e para a imprensa. Segurança — As coleções estarão sob a guarda da Polícia Militar do Estado.

sábado, abril 24, 2021

INCORREÇÕES EM JORNAIS

 Esta postagem traz duas publicações jornalísticas  lançadas na cidade com algumas incorreções. 

Começo pelo anúncio do restaurante, na verdade Garfo de Ouro, não “gafo”. E outros mais pecadilhos contra a língua materna, circulados uma edição de A Crítica, de abril de 1973.Este restaurante funcionou no entroncamento do atual complexo de Flores, advertindo que ao tempo inexistia a avenida Djalma Batista. Para melhor entendimento, ainda existe um ponto de referência, o atual quartel do Corpo de Bombeiros.

Anúncio circulado em A Crítica (abr. 1973)

Isso revela a inexistência de agência de propaganda, que me leva concluir que a “arte” era realizada na própria redação, para ser mais específico, era improvisada de toda maneira, diagramada em cima da hora, no corre-corre da redação. E que não havia controle de qualidade na publicação, após circular, que fazer? Enfim, mostra a pobreza dos periódicos locais

A segunda foto mostra o quartel da Praça da Polícia, exposta pelo Jornal do Commercio (4 abril 1973), aniversário da Polícia Militar do Amazonas. Aliás, era o primeiro ano em que a nova data da corporação era festejada. Porquanto, até o ano anterior, a PM celebrava sua criação em 3 de maio (1876).

Recorte do Jornal do Commercio (4 abr. 1973)

A chamada jornalística, cujo texto recordava o passado da aniversariante, nomeia a corporação por PMM. Como definir esta abreviatura: Polícia Militar de Manaus? ou Prefeitura Municipal de Manaus? De concreto, a abreviatura já definida era PMAM (Polícia Militar do Amazonas).

Outro detalhe: na foto aparece parte de um caminhão de transporte de pessoal da força estadual. Possuía uma construção exótica para nossos dias, pois a construção da carroceria permitia facilmente o desembarque dos policiais. Porém, não havia qualquer segurança. Coisas do tempo.

sexta-feira, abril 23, 2021

SÃO JORGE NA POLÍCIA MILITAR

Hoje é dia consagrado a São Jorge, santo da igreja católica. A imagem aqui exposta foi ofertada à corporação em volta de 1950, sendo instalada em um pequeno oratório no quartel da Praça da Polícia. Hoje estivesse no Palacete para uma gravação, motivo pelo qual visitei aquela imagem, que espera o retorno ao seu lugar.

Imagem exposta no restauro do
Palacete Provincial (hoje)

Este santo nunca foi constituído em patrono daquele corpo policial, porém, a maioria dos policiais o tratavam com essa distinção. Tanto que aquele nicho sempre esteve ornado com velas, fitas, cédulas e outras oferendas.

Em certa data, ainda no serviço ativo, combinei com o padre capelão o restauro da imagem. Para isso, a retiramos do quartel sem passar pelo portão principal. Isso, levou o coronel comandante Mael Sá a se enfurecer ao perceber que a segurança do portão não avistou “o santo montado a cavalo, açoitando um dragão, fugir do quartel”. O incidente resultou um corre-corre danado, afinal, os “caçadores” chegaram a mim, que expliquei a “fuga”.

Em visita a São Jorge (hoje)

Outra recordação que me trouxe hoje a imagem de São Jorge foi a devoção que o tenente Silvestre Torres lhe dispensava. O fato ocorria quando orientava o pessoal de serviço do trânsito, no longínquo 1982/83. Antes de dispensar a turma, Torres entoava uma oração bem estapafúrdia, posto que a encerrava exigindo dos policiais em serviço o compromisso de “não pegar propina”.

Em nossos dias, a PMAM possui no quartel do comando-geral o Oratório Policial Militar, bem que a imagem de São Jorge poderia ser acolhida nesse sítio religioso. Todavia, percebo: no local, a religião católica e as evangélicas se topam, daí o impasse para o retorno do Santo do Dia de hoje. Salve Jorge!

quinta-feira, abril 22, 2021

DEMOLIÇÃO DO TABULEIRO DA BAIANA

 Existiam na praça da Matriz pela avenida Eduardo Ribeiro dois postos de gasolina e uma edificação, intitulada de Abrigo Pensador, mas alcunhada de Tabuleiro da Baiana, na qual funcionavam duas lanchonetes. Funcionaram até quando o prefeito Abrahim Lima (1971-75) decidiu reurbanizar a área. Diante da impertinência dos proprietários em não atender as normas municipais, recorreu à Justiça que decidiu pela municipalidade.

Assim, em abril de 1973, a equipe da prefeitura de Manaus interditou os estabelecimentos, aplicando-lhes uma lacração. Adiante veio a demolição e, desse modo, a cidade perdeu algo bem peculiar, como era o Tabuleiro.


Esta notícia foi compartilhada de A Crítica (13 abril 1973).

 


Os postos de gasolina "Avenida" e "Texaco" e as duas lanchonetes do Abrigo Pensador, situados na Av. Eduardo Ribeiro foram lacrados ontem pela Prefeitura Municipal de Manaus por intermédio de uma Ação Cominatória enviada pelo prefeito Frank Lima, à Justiça.

A operação começou às 10 horas de ontem, quando vários funcionários da Prefeitura se puseram a lacrar os imóveis da principal artéria de Manaus, construindo ao redor dos postos de gasolina vários cercados de madeira, como também ao redor das duas lanchonetes do Abrigo Pensador. Depois de terem executado a operação escreveram no madeirame com tinta preta: LACRADO PMM.

A DEMOLIÇÃO

Quanto à demolição dos referidos imóveis os funcionários encarregados da lacração informaram que isso ocorrerá dentro de breves dias, pois por enquanto "só recebemos a ordem de lacrar" disseram eles.

O prazo de 60 dias dado pela Prefeitura Municipal de Manaus expirou anteontem dia 16, quando os proprietários dos imóveis já deveriam ter desocupado aquela dependência e, por isso, ontem (logo no dia seguinte após o prazo terminado), o prefeito Frank Lima através da Ação Cominatória que deu entrada na Justiça, vencendo a causa ordenou que todos os imóveis existentes próximos ao Relógio Municipal fossem lacrados, ou seja: os postos de gasolina "Avenida" e "Texaco" e ainda as lanchonetes existentes no "Abrigo Pensador".

Conforme explicações dadas pelo governador municipal os responsáveis por esses imóveis da Av. Eduardo Ribeiro serão indenizados, pela perda que sofreram, pois o que não poderia ser admitido era que isso continuasse e fosse evitado de qualquer maneira a poluição no local e ao mesmo tempo deverá haver mais espaço para a nossa população caminhar pela artéria principal da cidade.

ESTACIONAMENTO

Depois de serem demolidos os imóveis da Eduardo Ribeiro é pensamento do prefeito Frank Lima, mandar construir no lugar dos postos de gasolina "Avenida" e “Texaco” e do "Abrigo Pensador” um moderno estacionamento para veículos.

Para tanto, o arquiteto Júlio Tupinambá já apresentou na Câmara Municipal, no mesmo momento em que o governador da cidade apresentava o plano para a demolição, o projeto do referido estacionamento que será construído em forma de "dentes", cabendo, em cada um, cerca de 42 veículos, todos em "fila indiana". Assim sendo, mesmo com o surgimento do estacionamento, a nossa população terá muito mais espaço para caminhar à vontade.

quarta-feira, abril 21, 2021

POLICIAMENTO DE TRÂNSITO: NOTA

Objetivando aprofundar uma apreciação sobre o policiamento de trânsito em Manaus, deparei-me com esta nota, estampada no Jornal do Commercio (15 abril 1973).

Então quartel da PMAM, na Praça da Polícia

Três palavras sobre aquele período: uma, a Polícia Militar havia instalado no ano anterior a Companhia de Trânsito, sob o comando do major Osório Fonseca, no quartel da Praça da Polícia, com entrada pela rua José Paranaguá. Outra, também em 1972 a PMAM havia ampliado sua existência, passando a comemorar, como ainda realiza, sua criação em 4 de abril de 1837. Terceira, a Zona Franca revitalizada em 1967 estava com seu comércio em dilatada expansão, exigindo no tocante ao trânsito cada vez mais dos policiais.

Vamos à anotação jornalística: 

 

Recorte do mencionado matutino

O carro particular do prefeito Frank Abrahim Lima foi há tempos furtado em Manaus e levado para o Maranhão, passando por Santarém, sem que o ladrão fosse importunado uma só vez. Aparentemente, poderia se pensar em falta de fiscalização. Mas não houve nada disso: apenas um golpe espetacular muito bem engendrado, por quem se apropriou indevidamente do veículo. (...) 

O POLICIAMENTO NO AMAZONAS

Antes de 1967, o policiamento do trânsito no Amazonas era exercido por guardas-civis (cujo número era limitado), contando com a cobertura da Polícia Militar do Estado. A partir deste ano, com a extinção da guarda-civil, a situação evoluiu para melhor, através do decreto-lei 667 (01/07/1967), definindo o que era a Polícia Militar no Brasil e atribuindo-lhe, além da segurança interna, todo o policiamento ostensivo fardado.

O Detran ficou como órgão normativo e a PM como executivo. No nosso Estado, há duas unidades da PM especializadas: a Companhia de Trânsito e a Companhia de Polícia Rodoviária, com 300 homens aproximadamente e 14 viaturas devidamente equipadas com rádio. Essas unidades com suas patrulhas motorizadas, são manobradas pelo Centro de Operações da Polícia Militar, que é quem orienta os deslocamentos, funcionando como espécie de cérebro da máquina.

Com essa estrutura, foi possível organizar-se e disciplinar se o trânsito. Não se disciplinar 100% por que está mesmo provado que o problema depende de educação, começando pelo Jardim de Infância e terminando na Universidade. Contudo, os resultados têm sido animadores, haja vista, que só no mês de fevereiro foram apreendidos mais de 140 veículos, a maioria porque seus motoristas dirigiam alcoolizados, não tinham habilitação, se excediam na velocidade e 0utras infrações previstas no Código Nacional de Trânsito, cujo regulamento está sendo aplicado a rigor pelo pessoal da PM.

O número de acidentes, estatisticamente diminuiu comparando-se os resultados de 1966. Hoje Manaus está com cerca de 26.000 veículos, rodando por um centro congestionado, onde não há estacionamento e daí figurar percentualmente em primeiro plano as infrações cometidas por estacionamento em locais proibidos. 

O perigo de roubo de carro pela Manaus-Itacoatiara não existe devido à fiscalização exercida pela Companhia de Polícia Rodoviária, através dos postos mantidos na sua sede, em Flores (passagem pelo restaurante 1800), na confluência dessa rodovia com a Manaus-Caracaraí, e também no ponto estratégico da travessia do rio Urubu, onde o Deram mantem estação de rádio em contato com o Centro de Operações da PM. Referimo-nos ao roubo, que significa existência de violência, e não furto (caso do carro do prefeito Abrahim Lima) . 

Os acidentes provocados por motoristas que regressam dos banhos alcoolizados estão send0 eliminados graça a uma nova estratégia adotada pela PM: concentrar o policiamento a partir das 12 horas, que é justamente quando começam os desastres. 

E quanto às infrações para equipamento com defeito (faróis queimados, principalmente), ainda é valido o conselho de que o melhor é ter-se no carro, pelo menos, algumas lâmpadas sobressalentes. Não é preciso nem trocá-las, basta apenas exibi-las.  

Detalhe da placa do Fusca, circulando em 1964

OS PROBLEMAS

Apesar do esforço dos homens da Companhia de Trânsito e da Companhia de Polícia Rodoviária, muitos acidentes se repetem devido à precariedade de nossas ruas e estradas. Nestas, o problema se torna grave devido à ausência de sinalização (faixas, principalmente) e, sobretudo de acostamento, além dos erros gravíssimos cometidos pela maioria de nossos motoristas (amadores e profissionais) dirigirem perigosamente com luz alta, provocando o ofuscamento de quem trafega em sentido contrário; correm onde não devem; ultrapassam onde não podem e é proibido; estacionam em locais inapropriados; e, o que é de apavorar: não sabem o significado da pouca sinalização existente nas estradas e ignoram os princípios comezinhos de direção.

Para muitos técnicos em trânsito, falta ao motorista de Manaus uma tradição e um "know how”. A maioria aprendeu na "marra", sem nunca ter frequentado uma autoescola ou assimilado conhecimentos de quem realmente domina um volante na verdadeira extensão da palavra. 

O TREINAMENTO

Mas não se pense que é fácil preparar-se um PM para a batalha de trânsito de Manaus.  Além das qualidades morais, o soldado terá que ter curso primário completo, e depois um treinamento básico de 6 meses na Polícia Militar. Sargento tem que ter curso ginasial completo; oficial, curso colegial e o curso de nível universitário na Academia de Polícia.  Muitos praças já foram excluídos da corporação por exorbitância da função e outras falhas, pois o objetivo de seus superiores é manter sempre em Manaus uma boa imagem da nossa Policia Militar, o que, de fato, vem sendo conseguido.

segunda-feira, abril 19, 2021

GRANJAS NA POLÍCIA MILITAR

A Polícia Militar do Amazonas já operou duas granjas: a primeira, inaugurada em 1967 e conhecida por marechal Humberto de Alencar Castelo Branco, teve a sede na rodovia AM-010; a outra, oferecida pelo Exército e denominada de Caldeirão, esteve funcionando à margem do rio Solimões, entre os municípios de Iranduba e Manacapuru. Ambas desativadas há tempo.

Registro da inauguração da Granja Castelo Branco,
na rodovia AM-010, em 1967

O Caldeirão, apesar dos incentivos e de esforços de oficiais oriundos da escola agrotécnica do Paredão, as aves não produziram a contento. Levaram a granja pro brejo.

A primeira granja, apesar do espetaculoso nome do patrono, funcionou algum tempo com algumas interrupções, até seu encerramento. O prédio ainda se encontra marcando o empreendimento, todavia com outra destinação, ainda que temporária: treinamentos específicos sob o nome do coronel Mael Sá.

Como afirmei, aqui e ali, o comando da Força preocupava-se em dar alguma utilidade à edificação, como ocorreu em 1989, sendo comandante-geral – coronel Romeu Medeiros. Na ocasião, uma diminuta tropa foi destacada para o local, a fim de revitalizar e assegurar aquele espaço.

Coronel Romeu Medeiros, comandante
entre 1989-91

Compartilhei esta postagem do Boletim Geral 237, de 20 dezembro de 1989, que transferiu para o 2º Batalhão de Polícia Militar, com sede em Itacoatiara, para serem destacados para o município de Rio Preto da Eva (AM), ficando à disposição da Granja Marechal Humberto de Alencar Castelo Branco.

A direção coube ao subtenente Sandoval da Silva, porém, quanto tempo durou a inciativa, não me foi possível averiguar. 

Página do citado boletim geral da corporação

Subtenente

Sandoval Paulo da Silva (0373)

 Cabos

26.0 - 1050 José Catanduba (3734) /13.0 - 1492 Luiz Raimundo Amazonas Smith (3818) / 2.0 - 1692 Manoel Brasil de Lima. (2398) / 13.0 - 1711 Antonio Paulino da Silva (5713) /  1.0 - 1789 Paulo Klinger Ferreira da Silva (5047)

Soldados

1.0          - 2612 Sialdias Costa Martins (5047) / 28.0  - 3122 Antonio Marcos Costa Souza (6297) / 27.0  - 5653 Daniel de Souza e Silva (9412) / 16.0  - 2990 Carlos Damasceno Vasconcelos (6047)

domingo, abril 18, 2021

FUTEBOL AMAZONENSE: FAST CLUB

Repiso a postagem de ontem, com uma variante: o futebol floriu com bastante vigor na capital do Amazonas. Faz algum tempo, certamente. Um dos clubes de expressão, o Nacional Fast Club, em data de seu aniversário ganhou do matutino A Crítica este tributo, festejando seu presidente mais exponencial. 

Recorte do mencionado matutino: Piola, além de presidente,
foi seu craque mais destacado; Ezio Ferreira (1940-2016),
o presidente dinâmico, empreendedor.


Diversos foram os presidentes do Fast Clube. Todos deram a sua parcela de colaboração, na medida do possível. O importante era ser fastiano. Sentir orgulho de clube que nasceu pequeno e pequeno foi por muito tempo. Hoje tudo são favas contadas. Os homens que o dirigiram sabem perfeitamente o que é ser presidente do “Clube do Povo”. Por ele passaram grandes homens como Vivaldo Palma Lima, Vicente de Mendonça Junior (hoje o seu presidente de Honra), José do Valle, Rodolfo Gonçalves, Hilmar Oliveira, Jonas Martins Lopes, Ezio Ferreira, João Sena etc.

Todos trabalharam. Todos o ajudaram como verdadeiros torcedores. Sentiram o sabor dás vitórias e dos revezes. Mas com o clube permaneceram. Então é por isso, que todos eles hoje podem sorrir e ver o clube no destaque onde merece. Para isso houve luta e sacríficos. Derramaram suor e quem sabe? Lágrimas.

EZIO FERREIRA

E por falar em grandes homens, em grandes presidentes ninguém pode esquecer o nome de Ezio Ferreira de Souza. A sua colaboração ao Fast foi de grande valia. A partir de 1968, o Fast passou a ser temido, um grande clube com um grande time. Passou a lutar de igual para igual com todos. Construiu a sede, movimentou a torcida e armou grandes times, com ajuda de Rubens Melo.

Foi conhecido no Brasil inteiro. Passou 53 partidas em 70/71 (período do bicampeonato) sem conhecer o amargor de uma derrota. Ganhou torneio, taças e uma participação das mais honrosas no velho “Nordestão”. Um senhor time. Por tudo isso, que se deve fazer esta ressalva. Ezio Ferreira foi um grande timoneiro. Hoje alguns ainda sentem a sua saída. Outros o chamam de traidor trocou o Fast pelo Rio Negro. “Ele que se dizia fastiano”, falam. Todavia, o Ezio foi embora, mas o Fast continuou firme e forte. O importante e saber que ele fez alguma coisa de bom, assim como os outros. O importante me tudo isso é que os homens passam e o clube fica.

(compartilhado de A Crítica, 8 julho 1976)


sábado, abril 17, 2021

VOLEIBOL EM MANAUS

O esporte em suas várias modalidades floriu com vigor na capital do Amazonas. Faz algum tempo, certamente. Mesmo os amadores depararam nos clubes sociais um ponto de apoio. Nesta postagem vou destacar a final de voleibol disputada entre os dois dos mais lembrados clubes de Manaus: Rio Negro e Nacional. O evento ocorreu em julho de 1976, na quadra René Monteiro.

Roberto Gesta

Um detalhe convém se destacar: a movimentação de desportistas levou à criação da Federação Amazonense de Voleibol, cuja presidência foi exercida pelo entusiasmadíssimo dirigente Roberto Gesta (1945-), que se destacou nao apenas no Amazonas, mas como dirigente por décadas do esporte brasileiro.

 

Recorte do jornal A Crítica, 5 julho 1976

Rio Negro — Paulinho, Sérgio, Ozenir, Atala,
Paulo, Osvaldo, Advar, Hamilton, Manoel e Mário.

O Rio Negro manteve sua superioridade no sábado à noite, no Ginásio Renê Monteiro, ao derrotar o Nacional por 3 a O, sagrando-se Hexacampeão Amazonense de Voleibol Masculino Adulto. Nos dois primeiros sets, a equipe do Negão aplicou dois capotes: de 15 a 02 e 15 a 04. No terceiro, o técnico Thales Verçosa lançou vários reservas para que seus principais elementos fizessem descanso de 10 minutos, e depois voltaram com todo gás e liquidaram a fatura, com o set de 15 a 06.

Nos dois primeiros sets, o jogo estava sem motivação de torcidas, em face da fragilidade do time adversário. Mas nos primeiros minutos do último set, a torcida rionegrina começou a festejar o título de hexacampeão, conquistado com méritos pela melhor equipe do voleibol do Amazonas.

Os nacionalinos não conformados com os capotes aplicados pelo Rio Negro, resolveram catimbar a partida, tentando talvez desequilibrar o bom senso do juiz Alcimar Sampaio, que por sinal conseguiram. Porém, o resultado da catimba acabou causando a expulsão do atleta Marcão. Antes do jogo, os atletas do Nacional se recusaram entrar na quadra para decidir o título contra o Negão. Mas, tão logo isso aconteceu, o presidente da FAV, Dr. Roberto Gesta de Melo, agiu de bons modos e conseguiu convencer os nacionalinos.

Quadro do Nacional — Márcio, Manasseh, Marcão, Tadeu, Beto e Humberto. 

sexta-feira, abril 16, 2021

NOTÍCIAS DA POLÍCIA MILITAR DO AMAZONAS

Revirando os boletins da corporação em busca de algum fato, encontrei duas preciosidades, publicadas em dezembro de 1989: a reverência ao comandante e uma visita frustrada deste comandante. Este comandante da Polícia Militar do Estado, entre 1989-91, foi o coronel Romeu Medeiros.

Os dois apontamentos, como afirmei, compartilhei dos boletins corporativos: 1) o primeiro detalhava a atitude que o policial deveria tomar ao toque indicativo da chegada do comandante-geral ao aquartelamento. Estava eu na ativa, nesse contexto, e não me recordo da sua aplicação. 

Recorte do Boletim Geral mencionado

2) a viagem frustrada aconteceu quando a delegação deste comandante, na qual eu estava incluído na condição de comandante do policiamento do Interior, intentou chegar em Tefé (AM). A finalidade da comitiva era prestigiar a formatura do 1º curso de formação de soldados, que creio tenha sido o primeiro no interior do Estado.

Extrato do Boletim Geral indicado

Viajamos em um pequeno avião, partindo da capital pela manhã bem cedo. Ao se aproximar de Tefé, onde se encontra a sede do 3º Batalhão, sob o comando do major Adson Costa Silva, o piloto foi informado da impossibilidade da aterrissagem devido a forte neblina. As opções então apresentadas ao coronel Medeiros: prosseguir até Eirunepé (AM), enquanto desanuviava o tempo, e retornar a Tefé; ou, retornar para Manaus. Coronel Medeiros optou pela segunda.

Detalhse da Ata e da relação dos aprovados





Recortando a Ata, pode-se ver os dirigentes do CFS, no outro, a relação dos cinco primeiros. E quanto à formatura, somente o ora coronel reformado Adson pode nos relembrar.


domingo, abril 11, 2021

POESIA NA PANDEMIA

Me desculpem os cultores desta arte. Todavia, acabo de ler os Estudos do mestre Tenório Telles sobre o assunto, daí talvez esse meu capricho. Lembrando que enquanto catava papeis nos jornais de Manaus, recolhi um sem-número de poemas de abalizados e de anódinos poetas. 

Explico o fundamento: era costume na imprensa de anteontem a abertura de suas páginas para esse tipo de destreza intelectual. Em datas mais afetivas (Dia das Mães e dos Pais, festividades religiosas e patrióticas) a contribuição se aprofundava. Em cada periódico, uma coluna literária. Nesta postagem recolhi de O Jornal e do Jornal do Commercio.

Desse modo, seguem duas contribuições, esperando que nos distraia nesse tempo de ira e ranger de dentes. Mas, de Páscoa, aleluia!


Circulado em O Jornal, 29 julho 1956 

 Em noite de tufão, o mar raivoso

Embate as ondas no rochedo bruto.

Embalde o leme, o timoneiro astuto,

E sucumbe o batel leve e formoso.

          Amaina a tempestade, o vento iroso;

          O mar, com pena, cobre-se de luto,

          E num lamento triste e ininterrupto,

          Carpe o destino do batel, choroso.

Assim, minha alma, cheia de vaidade,

Cometeu a sublime crueldade

De fazer naufragar o nosso amor.

          Enquanto o sentimento me entristece,

          E o coração ingênuo não te esquece,

Tento afogar em versos minha dor!

  

Circulado em Jornal do Commercio, 25 abril 1958

Sempre ouvira falar da felicidade

Qual meiga fada para mim desconhecida.

Então parti a procurá-la pela vida

Com ardente desejo, com imensa vontade.

Busquei-a nos brilhantes píncaros da glória,

No deslumbrar das riquezas a ela não vi,

Nas ilusões fugazes busquei com frenesi,

Ainda nos triunfos não logrei vitória.

Onde está a felicidade que procuro?

Em vão meu peito fraco e inseguro,

Clamou por ela sem poder a encontrar.

Por fim, cansada voltei desiludida

E na humildade do meu ponto de partida,

A felicidade veio-me abraçar.

sábado, abril 10, 2021

EVOLUÇÃO DO SERVIÇO DE SAÚDE NA PMAM |3|

Mais um passo na evolução do Serviço de Saúde na Polícia Militar do Amazonas, prosseguindo a partir da implantação do Estado Novo, em 1930. 

Brasão do Serviço na PMAM

ESTADO NOVO (1930)

Competiu ao interventor federal Álvaro Maia, notável poeta e escritor, que havia sido capitão da PM, servidor da Auditoria Militar, a autoria da desativação da Força Estadual, em novembro de 1930. Também lhe coube o ensejo de reativá-la, em abril de 1936.

Quando desse retorno, consoante o decreto 99, foi dada nova projeção ao Serviço de Saúde – ou até diria que foi inaugurado, com previsão de três médicos: um capitão e dois tenentes, um dos quais, veterinário (profissional inalcançável em Manaus de então). Sem anotações, simplesmente a primeira vaga foi contemplada ao incorporar o Dr. Walmiki Ramayana de Paula e Souza de Chevalier. Abreviando o verso de seu sofisticado nome: Ramayana de Chevalier (1909-72). Excelente escritor e polemista, aqui nascido, mas que fez sucesso no Rio de Janeiro, então Capital Federal. Comentam os paralelepípedos de Manaus que este falecido clínico nunca receitou uma Cibalena ou um Melhoral. Digo eu, optou por escrever (muito bem) crônicas à receita médica. 

Em 1936, retornou a Manaus, depois de formado em medicina e realizada a etapa da residência, o doutor Ramayana de Chevalier. Homem bem relacionado, muito em função da ascendência paterna, encontrou acolhida em Álvaro Maia, interventor federal, que o designou para dirigir o Serviço de Saúde da PMAM. 

A situação econômica do Estado continuava precária. A 2ª Guerra (1939-45) trouxe desalentos, mas, também, reforço financeiro para o Amazonas. Na área sanitária, recordo a criação do Serviço Especial de Saúde Pública (SESP). Em relação ao tema que se aborda, em 1943, foi ampliada uma parte do quartel da Praça da Polícia, pela rua José Paranaguá. No segundo andar, foi construída e instalada uma Enfermaria, que devia permitir além dos primeiros cuidados médicos, os de curativos, e da baixa de doentes com diagnósticos triviais. 

A movimentação desta enfermaria obrigou a inclusão de enfermeiros, com a hierarquia de praças. Talvez o primeiro enfermeiro tenha sido Benedito Nogueira Sombra, cearense, incluído em 1947, que seguiu na função até sua aposentadoria, no meado dos 1970. Outros, foram: Edgar Lira de Oliveira e Valadares Pereira da Silva, incluídos em 1952 e 1955, respectivamente. 

Em relação aos médicos, ainda não foi nessa oportunidade que se estabeleceu um Quadro de Saúde. Não consigo aquilatar a indiferença desses profissionais para com o “emprego” na Força Estadual. Seriam os salários? Ou a falta de recursos básicos? Ou a própria hierarquia e a disciplina? Todavia, sempre havia um de “plantão”. Vejamos alguns “plantonistas”: Djalma Batista (na condição de capitão, entre março e julho de 1943), conhecido pela sua dedicação e pela erudição; Antonio Hosanah da Silva Filho (reformado coronel, um dos raros a se manter na corporação); Danilo de Aguiar Corrêa (de 1945, morto em acidente de aviação no interior do Estado, quando deputado estadual); Alfredo Corrêa Lima (reformado coronel). (segue)

EVOLUÇÃO DO SERVIÇO DE SAÚDE NA PMAM |2|

 Prosseguindo com o retrospecto sobre o Serviço de Saúde na Polícia Militar do Amazonas, relato o que colhi sobre a matéria nas três primeiras décadas do século 20.

Brasão do atual órgao
diretivo do serviço

PRIMEIRA REPÚBLICA

 

A primeira providência republicana foi mudar a denominação da Força Estadual amazonense, que passa de Corpo Policial do Amazonas para Batalhão de Polícia. Dois anos depois, Batalhão Militar de Polícia e, ainda no mesmo ano, Batalhão Militar de Segurança. Somente após o governo de Eduardo Ribeiro (1892-96), com o aporte de imensos recursos financeiros provenientes da hévea, houve uma evolução substancial – Regimento Militar do Estado, com dois batalhões e outros serviços. 

Em 1897, encontra-se o simulacro de um serviço de saúde. Ainda assim, com atendimento intitulado de “visita médica”. O quartel seguia ainda sem enfermaria. O nome do clínico mais conhecido é do doutor Nemezio Quadros, amigo de Adolpho Lisboa, que comandou a PM e a Prefeitura entre 1902 e 1908. Naquele ano, aconteceu o notável episódio de Canudos, na Bahia. A corporação amazonense socorreu as Forças de Terra, enviando o 1º Batalhão contra Antonio Conselheiro. Ainda nos preparativos, foi designado o doutor José Leite Barbosa, capitão cirurgião, para acompanhar a tropa. Esse médico “adoeceu”; comprovada a sua desídia, contudo, foi demitido do serviço público por “incapacidade física”.

Doutor Barbosa foi substituído espontaneamente pelo colega Pedro Juvenal Cordeiro, também capitão cirurgião. Como sabido, o batalhão amazonense em sua viagem a Canudos (BA) fez o primeiro transbordo em Belém (PA). Ali, Dr. Juvenal solicitou uns dias de folga para ultimar as providências junto à família. Atendido, deixou de viajar com a tropa, somente o realizando nove dias depois. Devido ao desencontro gerado pelo cirurgião, resultaram as agruras sofridas pelos policiais durante a expedição. Ao fim da missão, Dr. Juvenal não retornou ao Amazonas, sendo exonerado pelo governo, que o substituiu pelo Dr. João Ricardo Gomes de Araújo.

Aproveito o episódio de Canudos para anotar a existência de um Sanatório Militar em Itacoatiara (AM). Foi o governador Silvério Nery que em 1902 inaugurou esta casa de saúde, destinada ao recobramento de policiais militares. A explicação para essa providência sustentava-se na teoria médica de que a recuperação somática se acentuava com o afastamento do doente para sítio com novos ares.

Era uma construção em madeira, segundo o registro do autor de Cronografia de Itacoatiara, vol. 2 (1998). E que o sanatório esteve situado no terreno ao lado da Matriz de Nossa Senhora do Rosário, onde depois funcionou um serviço de controle do abastecimento de águas e esgotos. Hoje não se vislumbra qualquer sinal daquela casa de saúde. Era administrador do sanatório: capitão Joaquim Alves de Lima Verde e os “serviços de atendimento prestado pelo médico comissionado do Estado Dr. Domingos Pinheiro”.

Em Manaus, o Regimento prosseguia em alta, porém, seu custeio sempre motivou as lamúrias dos governantes. Estimo seu efetivo na ordem de seiscentos homens, em dois batalhões e serviços. Quanto aos médicos, estes pertenciam ao efetivo, dispondo de postos militares, e seguiam visitando os policiais no quartel da Praça da Polícia, pois os demais recursos clínicos eram providos pelos hospitais de benemerência. As lesões mais graves ou moléstia de cura prolongada, o único recurso era baixar o policial na Santa Casa de Misericórdia, a mesma que se agora se encontra com as portas cerradas. Esta estrutura permaneceu até o final da primeira década do século passado.

Indiscrição acerca de um médico: em maio de 1910, o Chefe de Polícia informava ao governador que apurava uma queixa do doutor Álvaro Moura, do Batalhão Militar do Estado, contra dois indivíduos, residentes à rua Joaquim Sarmento, 36. O queixoso reclamava das pilherias ofensivas ao pudor e ao decoro de indivíduo, em especial “à sua moralidade de varão”. Os acusados não foram encontrados, desconversou aquele chefe. 

Ao final da Primeira Guerra, o Amazonas perdeu o privilégio da exportação da borracha e, consequentemente, o fluxo de caixa até então abarrotado. Sua decadência levou consigo a Polícia Militar do Amazonas (PMAM), que teve gradativamente diminuído o efetivo e serviços. Ainda assim, foi engolfada em repetidas disputas políticas, tendo participado de, e até promovido, algumas rebeliões. Em julho de 1924, quando da Rebelião de Ribeiro Júnior, a corporação sofreu intempestiva mudança, ao tomar a denominação de Guarda Cívica sob o comando do capitão Martins, até que, ao final daquele ano, retomou o consagrado título. Não delongou bastante para que, em novembro de 1930, um dos primeiros atos da implantação do Estado Novo no Amazonas tenha sido a extinção da Força Policial. (segue)