CATANDO PAPÉIS & CONTANDO HISTÓRIAS

domingo, junho 30, 2019

AVC NO TOREADOR


A AVC almoçou no Toreador, na sexta-feira passada, 28 de junho

A Associação dos Velhos Coronéis, como de hábito, cumpriu o ritual mensal, o do almoço na derradeira sexta-feira do mês, ocorrido no restaurante Toreador. A turma de coronéis veteranos, os mais antigos, no linguajar da caserna, da Polícia Militar compareceram em número reduzido, de certo, devido as festas juninas em Parintins. Todavia, confesso que me surpreendi com as caras novas que foram chegando em respeitável quantidade. Eram oficiais da ativa, inclusive, ao lado de colegas recém ingressos na reserva.
Coronel Helcio (de gravata) e parte dos coronéis
Em busca de explicação, cheguei ao secretário da instituição, coronel Cavalcanti, que me esclareceu: a nova turma renova a modalidade de pagamento do rega-bofe: cada qual cuida de sua despesa. Do nosso lado, dividimos a fatura, sem qualquer restrição ou “dieta”.
Em vendo essa nova tropa que se associa, retirei-me desse encontro com o ânimo renovado, porque sei que a AVC vai se estender por muito mais tempo. Somente para relembrar: essa confraria de oficiais teve partida no comando do coronel Pereló Ossuosky (1975-79), portanto lá se vão quarenta anos. Mudanças houve, como locais frequentados, a forma de cobertura, a seleção de convidados, enfim, vendo o desaparecimento de membros, uns até “furando a fila”.
A longa mesa dos convivas
Estiveram presentes: coronéis Eber Bessa, Antonio Pereira, Romeu Medeiros, Deusamar Nogueira, Cavalcanti Campos, Raimundo Encarnação, Helcio Motta, Mael Sá, Roberto Mendonça, Ruy Freire, Amilcar Ferreira, Odorico Alfaia, Gutemberg Soares, Homero Leite, Luís da Rocha, Osvalci Frazão, do lado dos veteranos.
Coronéis de várias gerações
A nova turma: coronéis Alves da Silva, Helcio Jr., Marcello Araujo, Denildo Brilhante, Araújo, Azamor dos Santos, Gilvandro Mota, Rivaldo Barbosa, Marinho, Ronilton Cavalcante, Savio Cardoso e Augusto Magno.

sábado, junho 29, 2019

PEDRO RENATO: 68 ANOS



“Tu es Petrus”, assim deve ter anunciado o falecido seu Manuel Mendonça o nascimento do filho no dia de São Pedro. Ali no bairro de Educandos, onde o vigário de então idealizou e instituiu a procissão do santo padroeiro dos
Renato, em 2015
pescadores. Renato, veio de enxerido, porém foi este nome que se sobrepôs.
Assim, meus parabéns ao meu irmão Renato, que hoje completa sessenta e oito junhos.

Talvez nunca tenha eu comemorado um “cumpleaños” dele, em sua companhia, por dois ou três imperiosos motivos: pela ordem, a morte de nossa mãe, um ano após o nascimento dele; minha internação no colégio dos padres; e, por fim, nosso afastamento geográfico, ele, morando em Niterói (RJ), eu, em Manaus.

Novamente acontece neste dia, quando gostaria de estarmos juntos, lembrando um pouco do que nos foi possível compartilhar. Vou apelar para o celular, para enviar-lhe meus votos de saúde e de crédito financeiro, a ele e aos seus mais queridos, em especial da esposa Isabel (em recuperação da saúde).

Repetindo sua costumeira saudação: fica com Deus, mano Renato. Até breve.


INCRÍVEL DESASTRE DE AVIÃO



O tenente Geminauá Nery de Medeiros, da Polícia Militar do Estado, entre cursos da área militar, possuía o brevê de piloto civil expedido pelo Aeroclube de Manaus. Nascido no Pará em 1912, ingressou na PM amazonense, mediante concurso, em 1942, vindo do Exército. Com esta especialização, pode-se afirmar que este foi o primeiro aviador da PMAM. Sua habilidade na condução de aeronave produziu o desastre abaixo transcrito, compartilhado de O Jornal 24 de agosto de 1945.

Aeroclube, quando de sua fundação, com os aviões de
treinamento, um desses estava com o tenente

Lendo o aludido noticiário, desejo efetuar duas considerações: o Piquete de Cavalaria estava situado na rua Dr. Machado esquina da rua Duque de Caxias. Seus limites, além das mencionadas artérias, alcançavam a rua Leonardo Malcher e o igarapé do Mestre Chico. Curso d’água que impedia a ampliação dessas ruas, e impunha a fronteira entre os bairros da Praça 14 de Janeiro e a Cachoeirinha.
Acredito que o tenente, por exibicionismo ou para desembarcar o passageiro, ambos moradores das imediações, resolveu aterrissar no espaço existente dentro do Piquete, tanto que no acidente apenas uma das asas do avião chocou-se com a parede da edificação.
Nosso tenente, mediante essa proeza, entrou para o livro dos causos mais disparatados da corporação.

OCORREU ONTEM ÀS 14 HORAS E 45 MINUTOS, DESASTRE
DO AVIÃO DO AEROCLUBE



O desastre – À hora referida, voava sobre o Piquete de Cavalaria, à rua Leonardo Malcher, o avião “Piper-But”, pilotado pelo 2º tenente da Força Policial do Estado, Geminauá Nery de Medeiros, conduzindo ainda o comerciante Pedro Ramos de Oliveira, quando, ao passar em voo baixo sobre a parte traseira do Piquete, o avião foi chocar-se com o edifício da frente, por bater no mesmo uma das asas.
Segundo apurou a nossa reportagem, que esteve no local, logo após o sinistro, o tenente Geminauá, quando o avião se despencava ao solo, abriu-se a portinhola do aparelho e conseguiu pular, o que resultou não sair muito ferido. Alguns homens que se achavam naquele edifício da Força Policial do Estado, no momento do choque do avião, saltaram, tendo um dos mesmos pulado de uma altura bem avultada, para não serem pegados.
Segundo declarantes que se achavam no local no momento do desastre, o avião escapara momentos antes, de bater numa árvore, indo chocar-se com o edifício do Piquete, com fragor que de longe se ouviu, destruindo uma parte do prédio.

Após o sinistro – Após o sinistro, foram as vítimas conduzidas à Santa Casa, comparecendo ao local pessoas para tomarem as providências necessárias. Um caminhão foi que conduziu os restos do aparelho para lugar destinado.
Esteve no lugar do desastre o presidente do Aeroclube.

As vítimas – O tenente Geminauá Nery Medeiros, da Força Policial e comandante do Piquete de Cavalaria, com 32 anos de idade, paraense, casado e residente à Rua Duque de Caxias, 1248 (próximo ao local do desastre), apresenta escoriações contusas na face e em várias partes do corpo, mas não é perigoso o seu estado.
A outra vítima, Pedro Ramos de Oliveira, de 23 anos, solteiro, comerciante, residente à rua Duque de Caxias, 1200, apresenta ferimentos contusos e escoriações na face. O seu estado é grave. Pedro Ramos, à noite de ontem, continuava pondo sangue pela boca. Foram medicados na Santa Casa pelo médico plantonista Dr. Romualdo Seixas, auxiliado pelo enfermeiro José Maria.

Mais notas – Disseram-nos, mas não podemos assegurar a verdade, que o avião sinistrado é o fabricado pelo falecido capitão Mario Silva, morto em acidente de aviação, há alguns meses, de cor prateada o planador.
Pedro Ramos, o comerciante, fora, a convite do tenente Geminauá, dar um voo, para tomar melhores ares, pois se achava impaludado.

Do presidente do Aeroclube do Amazonas, recebemos a seguinte comunicação:
“Levo ao vosso conhecimento que o piloto de turismo, tenente Geminauá Nery de Negreiros, da Força Policial do Estado, quando pilotava uma aeronave deste Aeroclube, sofreu um acidente de aviação, tentando uma aterrisagem forçada no Piquete de Cavalaria, sendo leves seus ferimentos.Sem mais, aproveito a oportunidade para reiterar os meus cumprimentos de elevada estima e consideração.
Saudações (a) Almir Correa”.

quarta-feira, junho 26, 2019

EIRUNEPÉ (AM)


Em Eirunepé, a posse do prefeito Armando Mendes (genitor do governador Amazonino Mendes e patrono de bairro na capital), em 1951, foi de festa imponente. Afinal, contou com a presença do governador Álvaro Maia e comitiva. Nesta, incluído o prefeito de Manaus.
Além desses conhecidos, veem à lembrança membros da família Conrado, que exerceu domínio político na localidade; Amauri Thomaz, cujos filhos seguem operando na capital. Enfim, o nome de Anísio Mello, então Promotor Público, inaugurando o seu serviço público.
As fotos foram extraídas de O Jornal (perdão pelo lapso, pois somente anotei o ano - 1951).





Ao alto — O líder político João Quadros sendo abraçado pelos srs. Armando Mendes e João Conrado, logo após a posse do Prefeito. Aparecem ainda, à esquerda, o seringalista João Domingos e outras pessoas.
Em baixo — Grupo tomado no salão de honra da Prefeitura, depois da posse, no qual aparece o governador Álvaro Maia em companhia de sua comitiva e dos srs. Armando Mendes e dr. Edson Araújo, juiz de Direito da Comarca, e a senhorita Acy Conrado, filha do seringalista e chefe pessedista João Conrado.




Ao alto Logo depois de empossar-se, o prefeito Armando Mendes é abraçado pelo governador Álvaro Maia. Aparecem ainda na foto, da esquerda para a direita, os srs. dr. Bandeira de Melo, prefeito de Manaus, agricultor Pedro Viriato, vereador João Conceição, promotor Anísio Melo, seringalista João Carioca e outras pessoas.
Em baixo aparecem os vereadores municipais recentemente eleitos e empossados. Da esquerda para a direita: Sebastião Monteiro Albuquerque, Amauri Thomaz (PTB), João Conceição, Luiz Sidou (presidente) e Alcides Barbosa.


sábado, junho 22, 2019

350 ANOS DE MANAUS


Este ano a cidade de Manaus comemora seus 350 anos, 

contados desde a instalação do fortim no Lugar da Barra em 1669. No entanto, esta comemoração veio a se estabilizar em 1969, quando o prefeito Paulo Nery promoveu a celebração do Tricentenário.
A data é controversa: pouco se sabe da construção do forte, tanto que a data é um arranjo cronológico, ou seja, a junção de 24 de outubro de 1848 com o ano de 1669.
Já postei aqui um longo discurso do então deputado Paulo Nery, saudando o centenário de Manaus em 24 de outubro de 1948, que correspondia à lei que elevou a vila à cidade de Manaus.
Do mesmo periódico comemorativo (O Jornal), compartilho outro texto, cujo autor compartilhou grande parte da História do Amazonas, de Bertino de Miranda. 

O Jornal, 24 outubro 1948
 Estão sendo celebradas nesta capital as festas e solenidades comemorativas do primeiro centenário da fundação da cidade de Manaus. Em cada peito do povo de Ajuricaba, o valente guerreiro índio que preferiu a morte à escravidão, lançando-se n’água, acorrentado, quando lhe levavam numa canoa para bordo de um navio português, que o transportaria para Lisboa, onde certamente iria acabar os seus dias de vida entre as grossas paredes de um cárcere, palpita e freme, no culto que nesta hora a cidade engalanada rende à memória do seu grande antepassado, o amor da Pátria através da grandiosidade das lendas, dos mistérios da selva, da impetuosidade da corrente que a solapa os barrancos para se construir melhor e da realidade maravilhosa do vale que representa um mundo cheio de promessas dadivosas.A cidade de Manaus tem a sua história bastante movimentada e interessante, não sendo, por isso, fastidioso que nesta oportunidade transcrevamos fragmentos do que nos diz a respeito Bertino Miranda:
“Em 1833, a Regência manda executar em todo o Império o Código do Processo. É um dos muitos meios de que se utiliza para ver se consegue acalmar os ânimos, harmonizando um pouco os múltiplos interesses políticos que ameaçam subverter o país. A Manaus cabe um quinhão ótimo; vê-se livre da sujeição de Serpa, como já se havia visto, em 1828, da de Barcelos. Toca-lhe ser cabeça de um Termo! Este lhe dá direito de possuir uma Câmara Municipal própria. Enfim, se realiza um de seus sonhos doirados!”

“Os novos limites incluem Serpa; isto causa certo orgulho aos manauenses vendo seus antigos dominadores sujeitos, agora, a seu auto. Sobem igualmente pelo curso inferior do Solimões até Castro de Avelãs e abrangem o Purus, ainda inculto e quase sem moradores. Luzéa (Maués) é outro Termo; surge, em vez de Serpa, e como outrora Barcelos, a rivalizar, na bacia do estuário, com o antigo e microscópico Lugar da Barra do século XVIII. Luzéa absorve Silves na preponderância do Baixo Amazonas e do Madeira. Barcelos é o terceiro Termo, e o quarto Ega (Tefé), com limites no Alto Solimões e Japurá. A influência de Manaus se alastra rapidamente. Ocupa logo a primeira plana. Todas as ordens que se expedem de Belém escalam primeiro por aí. A Câmara é que as envia aos outros Termos. Nas diversas crises da Cabanagem, Óbidos e Santarém, dois centros da Legalidade, procuraram de preferência a sua aliança e estimaram em grande apreço o seu apoio.” (...) 

Morto Batista Campos, seus partidários procuram se aproximar de Felix Malcher. É a única influência que pode assumir a chefia do partido. Seu engenho no Acará torna-se logo um foco de exaltados que precipitam as coisas. Com o primeiro encontro sangrento perdem as ramificações da capital. Estas, segundo conjectura Rayol, eram João Batista de Figueiredo Tenreiro Aranha, o futuro fundador da província, o cientista Corrêa de Lacerda, Marcos Rodrigues Martins, o barão de Jaguararí e outros. Representavam por si e pelos seus amigos elementos poderosos. Todos eles se haviam tornado beneméritos nas lutas da Independência.
Entrementes, Manaus se apercebe do que se passa lá com rapidez vertiginosa, a onda rubra. Desde a Aclamação abortada de 1832 seus habitantes vivem alarmados com as Expedições Militares.

 Tem lugar a Cabanagem. Maparajuba é um dos seus chefes mais prestigiosos e Bernardo de Sena o seu lugar-tenente.
“Seis meses esteve Manaus sob o jugo dos Cabanos. Sena mete-se em todos os assuntos e afeta um escrúpulo excessivo pelos dinheiros públicos. Parece que não é crime fazer-lhe essa justiça. Naturalmente, sua vontade não encontra obstáculo. Todos deviam querer adivinhar os seus pensamentos e aplaudir com entusiasmo os seus discursos”.

 Bernardo de Sena foi, depois de sua forte atuação na cabanagem, assassinado e Freire Taqueirinha assumiu o Comando Militar. Gregório Naziazeno restabeleceu a legalidades na madrugada de 31 de agosto de 1836, quando os patriotas e os guardas nacionais puderam apoderar-se do Quartel, sem derramamento de sangue. Encerrando-se hoje as comemorações desse centenário, que funde, Manaus — a linda cidade que é uma revelação do espírito brasileiro vencendo a selva imensa — numa só alma a exaltar o Brasil, queremos trazer nestas palavras nossa saudação muito comovida ao berço querido de muitos dos entes que nos são mais caros — esposa e filhos.

quinta-feira, junho 20, 2019

CONTRABANDO DE CAFÉ


Em nossos dias, há uma enorme oferta de café, processado de várias formas. Não há perigo de desabastecimento. No entanto, nos anos 1950 e 60, essa rubiácea, por sua escassez, era causa de contrabando e mortes na região.
Ao final de 1950, estudei com o filho do dono do Café Brasil, instalado no bairro do Céu, e já se conversava sobre esse descaminho; em 1966, quando ingressei na PMAM, encontrei presos no quartel da Praça da Polícia dois traficantes, um deles, ex-soldado da corporação. Motivo: acusados de matar dois outros concorrentes.

Foto incluída na reportagem
Notas sobre dois personagens citados na postagem: Antogildo Viana, presidente do Sindicato dos Estivadores, estando no Rio de Janeiro, foi ali morto na detonação do Governo Militar (1964); Abel Praxedes era cabo da PMAM, enfatizando que cada subúrbio possuía ou uma delegacia ou uma subdelegacia, dependendo da dimensão do bairro.

Para enfatizar esse movimento criminoso, reproduzo a notícia publicada em A Crítica, de 14 fevereiro de 1963.




O sr. Antogildo Pascoal Viana, presidente do Sindicato dos Estivadores [SEM], às 2 horas da madrugada de ontem, com o auxílio das autoridades policiais do Morro da Liberdade, tendo à frente o sr. Abel Praxedes, subdelegado daquele Distrito,apreendeu 221 sacas de café em grão que se encontravam depositadas na residência do sr. Manuel Pereira da Silva, vulgo “Paraíba”, localizada à rua São Pedro, 704, Morro da Liberdade, sendo 80 sacas que estavam na carroceria de um caminhão, parado à porta da referida residência, 67 sacas no interior de um quarto e o resto em uma garagem, nos fundos da casa do sr. Manoel. Cientificando o fato as autoridades da Delegacia de Segurança Pessoal, direto da Receita da SEF [Secretaria de Economia e Finanças], sr. Clovis Lemos de Aguiar, que compareceram ao local, foi imediatamente lavrado o auto de apreensão pelos fiscais da SEF, uma vez que o café não possuía documentos, sendo considerado produto de contrabando.
O chofer Manoel Pereira da Silva, proprietário de dois caminhões e da casa onde se encontrava o café, ao ser interrogado pelas autoridades, declarou que fora contratado pelo comerciante conhecido por “Janjão”, para fazer o transporte do produto e guardá-lo em sua residência. Daí a Polícia estar crente ser o referido cidadão o dono da “muamba”, uma vez que se trata de café cru e que o dono do “Moinho de Ouro” já esteve metido em desvio de café clandestino.
 INQUÉRITO NA POLÍCIA
 Na Delegacia de Segurança Política e Social, de ordem do Chefe de Polícia, foi instaurado o competente inquérito para apurar a responsabilidade das pessoas envolvidas no contrabando de café apreendido, madrugada de ontem. Enquanto isto, as 221 sacas de café foram transportadas para o Quartel da Polícia Militar do Estado, onde ficarão aguardando até que seja concluído o respectivo processo.Hoje pela manhã, deverão ser ouvidos o sr. “Janjão”, acusado de ser o dono do contrabando e o motorista Manoel Pereira da Silva, que transportou em seus caminhões e armazenou em sua residência. NOVA DENÚNCIA Em atenção a uma denúncia recebida, o sr. Antogildo Pascoal Viana e o vice-presidente do SEM, sr. Sebastiao Romão, acompanhados de fiscais da SEF, seguiram à tarde de ontem em uma diligência até o Paraná da Eva, segundo consta, existe um deposito de café cru.



quarta-feira, junho 19, 2019

MEUS SETE PONTO TRÊS (3)


Ainda pela data de meu aniversário (73a), recebi do mano Renato o presente que abaixo reproduzo, agradecendo-lhe com o coração nas mãos. Ou como diziam os romanos: ab imo pectore. 

SER FELIZ
17.06.2019


Você pode ter defeitos, ser ansioso, e viver alguma vez irritado, mas não esqueça que a sua vida é a maior empresa do mundo; só você pode impedir que vá em declínio. Muitos o apreciam, o admiram e o amam.
Aniversariante
Gostaria de lembrar que ser feliz não é ter um céu sem tempestade, uma estrada sem acidentes, trabalho sem cansaço, relações sem decepções; ser feliz é achar a força na simplicidade, esperança nas batalhas, segurança no palco da incerteza, amor na discórdia. Ser feliz não é só apreciar o sorriso, mas também refletir sobre a tristeza. Não é só celebrar as vitórias, mas aprender lições com os fracassos. Não é só sentir-se feliz com os aplausos, mas ser feliz no anonimato.
Ser feliz é reconhecer que vale a pena viver a vida, apesar de todos os desafios, incompreensões, períodos de crise. Ser feliz não é um acaso do destino, todavia uma conquista para aqueles que conseguem viajar para dentro de si mesmos. Ser feliz é parar de sentir-se vítima dos problemas, e se tornar autor da própria história. É atravessar desertos fora de si, e conseguir achar um oásis no fundo da nossa alma.
É agradecer a Deus por cada manhã, pelo alvorecer, pelo milagre da vida! Ser feliz, não é ter medo dos próprios sentimentos, é vive-los! É saber falar de si. É ter coragem de ouvir um "não". É sentir-se seguro ao receber uma crítica, mesmo infundada. É beijar os filhos, mimá-los, reverenciar os pais e avós, viver momentos poéticos com amigos, mesmo quando nos magoam.
Ser feliz é deixar viver a criatura humana que existe em cada um de nós: livre, alegre e simples. É ter maturidade para poder dizer: Errei! É ter a coragem de dizer: Perdão! É ter a sensibilidade para dizer: Eu Preciso de Você! É ter a capacidade de dizer: Te Amo! 
Que a tua vida se torne um jardim de oportunidades para ser feliz. Que sua primavera seja amante da alegria, porém no seu inverno seja amante da sabedoria. E que quando errar, recomece tudo desde o início, pois somente assim seguirá apaixonado pela vida. Descobrirá que ser Feliz, não é ter uma vida perfeita, e sim usar as lágrimas para irrigar a tolerância, e utilizar as perdas para treinar a paciência, usar os erros para esculpir a serenidade, utilizar a dor para lapidar o prazer, aproveitar os obstáculos para abrir janelas de inteligência e da sobriedade. 

Nunca desista; nunca renuncie às pessoas que o amam. Nunca renuncie à felicidade, pois a vida é um espetáculo incrível!


MEUS SETE PONTO TRÊS (2)


Copio alguns dos abraços e beijos virtuais recebidos dos familiares, os mais próximos. Este ano retirei da internet a data de meu aniversário, pra sentir as lembranças. Agradeci ao final do dia, lembrando dois detalhes: cumprir aniversário na segunda-feira é desastroso, pois venho curtindo desde a sexta. Ainda hoje, almocei em razão da data.

Outro item lembrado: a idade vai afrouxando nossos sentimentos, de forma que a cada mensagem recebida, havia que recorrer ao lenço para evitar o vexame. Apesar disso, cheguei aos 73 anos com festa inesquecível.

[19:40, 6/19/2019] Roberto Mendonça: Bom dia!!!! Passando para festejar um feliz aniversário p o mano @Roberto Mendonça. Parabens...cade a merenda?????

[19:40, 6/19/2019] Roberto Mendonça: Bom dia!! Hoje não tem um santo do dia para comemorar. Então vamos de Robertinho Mendonça 🥰. Parabéns pai!! Felicidades e mais anos de vida e saúde 🎂👏🏻😍🥳🥳🥳

[19:40, 6/19/2019] Roberto Mendonça: Bom dia!!! Passando para lhe desejar um feliz aniversário e que Deus te abençoe sempre. Parabéns Roberto!!!
[19:42, 6/19/2019] Roberto Mendonça: Parabéns Com Amor Para o Avô @Roberto Mendonça !

Nesta data quero parabenizar uma pessoa muito especial. Tenho uma grande admiração por você, vovô, homem maravilhoso, guerreiro, avô, pai, amigo, super homem com enorme coração. Compreende seus netos, eternas crianças sempre pedindo sua ajuda.
E é por tudo isso, vovô, que eu faço esta homenagem sincera, e saiba que enquanto eu existir a solidão não fará parte da sua vida. pois eu o adoro muito. Neste dia especial peço a Deus que continue iluminando seus passos e lhe guiando pelos bons caminhos da vida.

Vovô, eu o amo muito e vou amar eternamente. Feliz Aniversário! Bjs 😘👏🏻🎂🎂🎈🎊🎉

Então quer dizer que hoje alguém completa mais ano de vida? Já há alguns anos fazendo parte da sua família, posso dizer de coração que me sinto privilegiada por fazer parte dela. Que venham muitos e muitos anos a frente, e todos acompanhados de muita saúde e felicidade. Aproveito para agradecer todo o apoio dado a mim, tanto nos bons e maus da minha vida, por ter me dado a mão quando mais precisei! Quero que saibas que tbm sempre vai poder contar comigo! 😊🎂🎂🎂🎂🎊🎊🎊🎊

Apesar de todas nossas desavenças e ideias contrárias, você sabe o quanto o amo e para sempre será amado. As circunstâncias da vida não foram muito generosas com o nosso relacionamento, mas com um pouquinho de esforço dos dois lados superamos tudo isso lindamente.
Que a sua vida lhe permita muitos momentos felizes, acompanhados de boas conversas e quem sabe também um bom vinho. Que o compartimento da saúde esteja sempre cheio, renovado constantemente com sua alegria de viver e muita energia positiva para enfrentar melhor os problemas da vida.
Espero que nossos encontros possam ser cada vez mais frequentes, já que não dá para recuperar o tempo perdido, que pelo menos não passe em branco o que estar por vir. Que possamos comemorar seu aniversário por muitos anos ainda, sempre com um sorriso no rosto lembrando os ótimos momentos que já foram vividos.
Receba cada palavra com muito carinho e saudades de seu filho, neto e nora que lhe amamos muito! Tenha um excelente dia e um feliz aniversário!
Parabéns Papai!

segunda-feira, junho 17, 2019

MEUS SETE PONTO TRÊS


Isso mesmo, são setenta e três junhos de existência. 


Como se costuma frisar, com saúde e crédito para viver bem. Aposentado, bem aposentado do serviço estadual, aproveito o tempo livre para apreciar a história regional, passando ao Blog do coronel Roberto aquilo que julgo de interesse. Para relembrar as lambanças de alguma autoridade, os feitos de poucos e as modificações impostas à cidade. Vida de santos, também seguem, pois sou oriundo do Seminário São José, de Manaus.

Roberto Mendonça
Do bairro de Educandos igualmente me ocupo, afinal sou oriundo daquele pedaço que, em espaço de tempo não muito distante, era um inferno, cheio de “inferninhos”. Como esquecer o Cine Vitória, com um salão com mais de mil poltronas? Lembro do administrador que me permitia entrar pelos fundos, passando da residência pelos banheiros.

Em certo final de ano mudamos para o Morro da Liberdade, outra impiedade, um bairro em criação, com aquela “fartura”, com reduzida infraestrutura. A lata d’água era recolhida no “buraco da vovó”, junto à casa da mãe Joana.
Depois veio o internato, findo este, o exercício militar obrigatório, que me vinculou na Força Estadual, onde permaneci, “pois era bom, Senhor”.
Volto ao início da postagem. Como bom aposentado, escrevo este tanto pra dizer que estou feliz nessa passagem natalícia.

Agradecido a esposa e aos filhos e netos e irmãos e amigos pelas mensagens que me levaram às lagrimas, pois estas são resultado das emoções frouxas de um Setentanos.



domingo, junho 16, 2019

ABILIO ALENCAR

Neper Alencar

Esta postagem vai em memória do saudoso coronel PM Neper da Silveira Alencar, patrono da Academia de Polícia Militar, e em lembrança de seu natalício (101 anos) completado dia 7 último. 

A publicação registra alguns dados do genitor deste oficial, Abílio Alencar que, oriundo do Piauí, foi emérito Professor em nossa cidade. 
Outro competente mestre é o autor – João Crisóstomo de Oliveira, e a publicação circulou em O Jornal, 6 de março de 1953, por ocasião da morte do homenageado.


Recorte do mencionado periódico





João Crisóstomo de Oliveira

Na quase puerícia de seus 14 anos, chega Abílio de Barros Alencar com seus pais e irmãos procedente do Piauí, de onde era filho, para a outrora Terra da Promissão como era considerado o Amazonas malfadado de hoje.
Filho de Benedito de Barros Alencar e de D. Rosalina Feitosa de Alencar, ambos naturais do Ceará, Abílio Alencar desde aquela pouca idade radicou-se no Amazonas de tal modo que se considerou natural desta Terra como se os seus olhos se houvessem aberto, pela vez primeira, para o sol planiciário e para a grandeza do Rio Mar. (...)

Matriculando-se na antiga Escola Normal, vencendo todas as dificuldades, vai forjando o seu espírito sedento de saber em prélios intelectivos ao lado das brilhantes inteligências de Alice Brito Inglez, Isabel Freitas, Tristão de Sales e outros colegas e recebendo as lições dos grandes mestres da época como Sidou, Berredo, maestro Franco e outros.
Recebe o honroso diploma de professor normalista em 1908. Em 1913, conquista o título de engenheiro pela Universidade do Manaus. Nascem destes dois proveitosos cursos as suas grandes paixões: o magistério e a matemática.
Consagra-se o magistério de tal forma que desde a juventude só esta inclinação sublime polariza sua vida: conduzir, orientar, ensinar, sobretudo a ciência dos números.
Moço ainda, projeta o seu nome como um legítimo matemático. Faz concurso brilhante de aritmética para a antiga Escola Modelo, anexa à velha Escola Normal, para onde mais tarde é promovido.
Em 1927, bacharela-se em Ciências Jurídicas e Sociais pela Faculdade de então. (...)

Como professor, tornou-se um matemático respeitado não só no Estado, mas no país inteiro e em terras de além-mar, colaborando nas mais conceituadas revistas do gênero destacadamente na Revista Brasileira de Matemática e no Almanaque Bertrand, editado em Portugal, aos quais emprestava o brilho de sua pena de verdadeiro criador no campo da ciência dos números.
Como engenheiro, realiza notáveis e importantes trabalhos de agrimensura e perícias delicadas e difíceis, em que vence galhardamente.
Como advogado, colaborou modestamente com certo causídico de renome do nosso fórum, dele recebendo os mais exaltadores encômios que não o envaidecem e não o empolgam de modo a fazê-lo abraçar decisivamente a carreira, pois a sua paixão resume-se em uma só: o magistério. Unindo o seu destino, pelo laço do matrimônio, com D. Judith Pinheiro da Silveira, Abílio Alencar encontra nessa companheira lutadora e perseverante um grande estímulo para batalhar e vencer.

Funda a antiga Escola Rui Barbosa, leciona em a Universidade, no colégio N. S. Auxiliadora, na antiga Escola Municipal de Comércio, atual Sólon de Lucena, onde fez posteriormente brilhante concurso perante o interventor Nelson de Melo, sendo homenageado como mestre competente que dispensou a arguição. Dirigindo mais tarde a referida Escola, batalha, com perseverança e denodo pela conquista da federalização do Estabelecimento, vitória que conseguiu para a alegria e conforto de quantos estudavam, à época, naquela casa de ensino comercial.
Na antiga Escola Normal, tornou-se o mestre de Matemática competentíssimo e rigoroso no julgamento de seus discípulos de modo que todos o olhavam com um misto de temor e estima, embora mais tarde se tornasse o mestre indulgente que todos nós conhecemos.
Dirigiu a antiga Diretoria de Instrução Pública, na ausência do titular efetivo, Dr. Beltrão e, no governo Leopoldo Neves, já aposentado, voltou a dirigir o atual Departamento de Educação e Cultural, época em que tivemos ocasião de colaborar com o mestre amigo, que sempre pautou a sua administração pela manutenção de uma liberalidade e demonstração de estima e compreensão para com todos. Sempre se nos demonstrava constrangido quando não podia atender a parte que o procurava, a quem tratava como uma criatura estimada da família. E assim não foi compreendido por seus pares e correligionários, afastando-se daquela repartição bastante desgostoso sem, no entanto, nunca dar demonstração de rancor ou animosidade a quem quer que seja.
Como chefe de família, tinha tal afetividade aos seus que era capaz dos maiores sacrifícios para que ninguém sofresse a menor privação, chegando ao ponto de, na época de maior atribulação de sua vida, quando a Carta de 37 lhe cortar a cátedra do Sólon de Lucena, deixando- o em situação quase desesperadora, seguir para o Rio de Janeiro enfrentando todos os obstáculos para dar assistência ao seu querido filho enfermo Euler, inteligência privilegiada, o seu grande sonho, o seu grande ideal que ele desejava ver concretizado com o ingresso de Euler na carreira diplomática, sonho que é dilacerado com a morte prematura do jovem, o que o deixa profundamente abalado. 
No Rio, leciona Desenho no colégio Pritaneu, de Antóvila Vieira [depois deputado federal pelo Amazonas] para manter-se e sustentar os seus naquela angustiosa situação.
Ainda no desejo de amparar os seus, funda com sua filha Léa Antony o antigo Colégio “Gustavo Capanema”, atual Instituto com o mesmo nome que permanece sob a direção da dinâmica professora.

Lecionou Matemática no antigo Ginásio Amazonense e constituiu-se o verdadeiro oráculo da juventude, no ensino particular daquela ciência.
Temos aí traços ligeiros da vida exuberante de Abílio de Barros Alencar que a morte nos arrebatou a 25 de fevereiro, deixando todo campo educacional do Amazonas enlutado, deixando principalmente o casarão do Instituto de Educação, onde ele pontificou por muitos anos, debaixo da pesada atmosfera da saudade, debaixo da angustiosa impressão do seu desaparecimento irreparável.
Solidarizando-nos sinceramente com a justa dor da família Abílio Alencar, apresentamos-lhe as nossas condolências de amigo, com estas palavras consoladoras: Abílio Alencar desapareceu no corpo, mas seu nome impoluto e a sua obra exuberante já o perenizaram na memória e no tributo de gratidão de seus discípulos de escola e do exemplo honroso. MANAUS, 28-2-53 

sexta-feira, junho 14, 2019

ÓSCAR RAMOS (1939-2019)


Junho tem nos castigado!


Oscar Ramos - A Crítica
Nascido em Itacoatiara (AM), morreu ontem este respeitado artista plástico e gerenciador de movimentos artísticos na cidade. Aos oitenta anos, depois de breve internação hospitalar. Foi velado no Centro Cultural Palácio Rio Negro e sepultado hoje no cemitério São João Batista.
Estive no PRN para as despedidas, quando em silêncio refiz o itinerário que me levou em várias oportunidades ao Óscar.

Em 2004, decidi homenagear um saudoso professor de meus tempos de Seminário, padre-poeta Luiz Ruas, autor de Aparição do clown (1958). Trata-se de um longo poema religioso que, pela sua complexidade, segue exigindo interpretação.
A capa do livro era obra de Óscar Ramos, amigo de L. Ruas, que me recebeu com sua lhaneza peculiar para explicar a concepção e a elaboração do trabalho gráfico, elaborado manualmente. É fácil entender, as artes gráficas não possuíam a tecnologia hoje disponível. Daí, pois, o valor alcançado pelo ofício.
Pouco mais adiante, ao elaborar uma pesquisa sobre os livros publicados (impressos) em Manaus entre 1900 e 1960, entendi a primazia do Óscar. Lá estava o Aparição... marcante, balizando, quebrando aquela simetria de tantas capas padronizadas, elaboradas à beira do rio Negro.

Ainda nessa primeira conversa, Óscar me ajudou fartamente com apreciações sobre seu amigo Ruas, colaborando naquilo que “parece” uma biografia do reverendo – L. Ruas: itinerário de uma vocação.

Banner comemorativo
Voltamos a conversar, sempre sobre os artistas amazonenses, um deles, Anísio Mello, morto há nove anos e que foi “esquecido” pelos seus contemporâneos. Nesse sentido, meu último papo com o Óscar aconteceu na sede do Paço Municipal, quando ele me declarou que neste 2019 iria produzir duas exposições, sobre dois astros da casa: Moacir Andrade e Anísio Mello.
Não vão sair, claro. Porém, nesse momento, Óscar já se desculpou com os velhos camaradas de tintas e pinceis, de sonetos e cinema. E de raríssimo valor artístico.

quinta-feira, junho 13, 2019

CENTENÁRIO DE MANAUS (2)


Ontem, escrevi (http://catadordepapeis.blogspot.com/2019/06/centenario-de-manaus.html) sobre o engano jornalístico circulado no matutino A Gazeta, ao apreciar o monumento instalado na Praça da Matriz. Para consolidar minha apreciação, transcrevo o discurso do então deputado Paulo Nery, saudando o Centenário de Manaus, estampado em O Jornal (24 out. 1948)  

Recorte de O Jornal, 24 outubro 1948
  
Cumprindo o que prometemos ao nosso mundo ledor, damos publicidade, a seguir, do notável discurso proferido pelo deputado Paulo Pinto Nery, na sessão especial, realizada sexta-feira última na Assembleia Legislativa do Estado, discurso esse que foi lido, em nome da bancada udenista, majoritária no Legislativo Estadual. Eis o discurso: 

As páginas vivas da história, recordadas nesta semana de eloquente alegria e satisfação para quantos tiveram a ventura de aqui nascer, ou aqui empregar as suas atividades, oferece-nos passagens maravilhosas que bem dizem da grandiosidade de espírito e dos propósitos sadios e patrióticos dos nossos maiores.
Os colonizadores portugueses e espanhóis, sedentos pelas grandes conquistas, e sonhadores no desbravar os mundos lendários, voltaram as suas vistas para as terras selváticas, fabulosas e misteriosas, na esperança de satisfazerem as suas curiosidades, aumentarem os seus domínios com a anexação de novas faixas de terras, transportarem para as suas metrópoles as riquezas formidáveis, inesgotáveis e cobiçadas por todos.
A efetivação desta conquista foi feita a troco de vidas preciosas e sofrimentos indescritíveis, onde a coragem do homem foi posta à prova, face às intempéries da região, à ferocidade dos selvícolas, senhores absolutos da terra, à temibilidade das feras, às dificuldades de transportes, à ambição descomedida e sempre insaciável dos próprios companheiros de jornada.
Cada palmo de terra conquistada, recebia o sinete de sangue derramado por aqueles heróis desconhecidos, que impulsionados pela miragem de tudo vencer, de pigmeus insignificantes, transformavam-se em gigantes indomáveis, levando de roldão a quase invencibilidade da natureza agreste.
Lendas e mais lendas atravessavam as fronteiras do território ainda inexplorado, aumentando o entusiasmo e a ânsia de conquista de quantos ouviam falar no Eldorado e no País dos Omagua.

Arthur Reis, bacharel
O festejado historiador amazonense Arthur Cezar Ferreira Reis, nas páginas lapidares da sua História do Amazonas, apresenta-nos em cores emocionantes essas lendas: “Para o Oriente, como o país da canela, fora também do domínio incaico, reinava, um príncipe, El Dorado, cujas riquezas não eram possíveis medir. Os templos, os palácios, a pavimentação das ruas da cidade de Manoa, onde vivia, tudo nessa região encantada se construíra em ouro. Ouro puro, só ouro. O monarca, pelas manhãs, banhava-se num lago de águas perfumadas, sob as quais lançavam ouro em pó”. (...)

O certo, porém, é que a preocupação dominava os espíritos dos homens civilizados além-fronteiras, forçando-os a projetarem expedições, que de escalada em escalada, iam varando a selva densa que escondia as paragens buscadas,
plantando aqui e ali um povoado.
Com o transcorrer dos anos, com a vinda de novas expedições, com a catequese dos selvícolas, ora pela imposição da garrucha, ora pelos meios convincentes, com a organização de novas povoações, com a implantação nestas regiões de uma civilização com caraterísticas já definidas, a história, afinal, oferece-nos o quadro soberbo da Assembleia Provincial Paraense, votando a Lei nº 147, de 24 de outubro de 1848, que eleva a Vila de Manaus a cidade, com o nome de cidade da Barra do Rio Negro.
Descrever os pormenores do evoluir daquela Vila, com foros de cidade, por força legal, gravando em páginas resplandecentes de heroísmo e de trabalho os nomes de todos aqueles que como chefes ou como parcelas ínfimas de urna coletividade, que presentearam-nas esta encantadora e risonha Manaus, seria empresa ciclópica, privilégio dos espíritos amadurecidos no manusear cotidiano os documentos que a História nos legou, e não para um espírito curioso, como o do orador que vos fala, que só agradecimentos tem para com o Grande Deus por lhe ter dado como pátria essa terra abençoada e dadivosa.
Todavia, o que não nos foge à imaginação, é a imprecisão das primeiras linhas urbânicas (sic), a insignificante e disseminada população, o mando absoluto como lei suprema, o trabalho forçado e escravo do nativo, a ganância como bússola de todos os sentimentos. (...)

Como todas as grandes cidades, Manaus teve os seus dias de apogeu. Agigantou-se na senda do progresso às suas demais irmãs da Federação. Começaram os traçados das grandes avenidas. As construções dos edifícios suntuosos, que tanto nos orgulhecem. A organização do porto fluvial, que é admiração para todos aqueles que aqui aportam pela primeira vez. O aterramento dos igarapés. As ligações dos bairros pelas pontes metálicas. A instalação de luz elétrica e água encanada. A inauguração dos serviços de bondes elétricos. O pronunciamento de uma vida comercial movimentada e irrequieta, atraindo as atenções dos brasileiros e estrangeiros, que impulsionados pelas ideias de lucros fabulosos e fáceis, transportavam-se em massa para a nossa capital, tornando-a o centro das grandes transações, colocando numa situação privilegiada a sua balança econômico-financeira, onde o Ouro Negro, como majestade, era rendado por todos.

Aquela minúscula cidadela, pontilhada de barracas e tapiris, de que um momento para o outro, como num sonho maravilhoso de mil e uma noites, transformou se numa capital elegante, exuberante de alegria, onde os salões e os teatros, as ruas e os cabarés, feericamente iluminados, acolhiam prazerosamente uma população feliz e despreocupada, que dava expansão a uma prodigalidade sem medida, numa demonstração edificante de riqueza e abundância.

Num trabalho ritmado e coordenado, os seus administradores iam imprimindo um cunho de grande metrópole a esta capital que tanto nos envaidece. Figuras de homens públicos exalçaram-se as cumeadas mais elevadas do dever de bem cumprir a árdua e delicada missão de que se achavam investidas. Exemplos marcantes nos foram deixados.
Encobrir, porém, os inúmeros colapsos de que fomos vítimas, seria crime imperdoável. Tivemos momentos de verdadeiro estado pré-agônica. Manaus, como um moribundo apelava para todos os recursos. Anêmica e depauperada, moral e financeiramente, sentia faltar-lhe as últimas forças. O espetro da desmoralização administrativa, sobrevoava como um corvo os nossos céus. Manaus, de decadência em decadência, despida dos dias festivos de grandeza e pompa, quedava-se abandonada e triste à margem do grande rio Negro. (...)

Para glória de Manaus e contentamento de todos que aqui mourejam, vemos que a sua trajetória ao alcançar o seu centenário, indica-nos uma curvatura ascensional, prometendo-nos que em dias não muito longe readquirirá, por justo título, o seu galardão de “Cidade Risonha”.

A União Democrática Nacional, com a responsabilidade que lhe é inerente na atual administração, sente-se no dever irrestrito de envidar todos os esforços no sentido de reafirmar os seus propósitos de em cumprir a sua finalidade de partido político genuinamente democrático e progressista, transformando a nossa Manaus na CATEDRAL AMAZÔNICA, de onde irradiarão beleza, opulência e hospitalidade.
Salve Manaus.