CATANDO PAPÉIS & CONTANDO HISTÓRIAS

segunda-feira, janeiro 30, 2023

PMAM: SEUS PRIMÓRDIOS (17)

A propósito do desenvolvimento da Guarda Policial, hoje PM do Amazonas, no período provincial, compartilho novo tópico do meu pretendido livro Guarda Policial (1837-1889).

Primitivo Palacete Garcia, hoje, amplamente aumentado,
Palacete Provincial
 

Palacete Provincial (I)

Consoante a informação contida em Relatório, José Coelho da Gama e Abreu, presidente da Província (1867-68), alude à compra de um prédio em construção de propriedade do capitão (Guarda Nacional) Custódio Pires Garcia pelo governo provincial, no valor de 12:000$000 (doze contos de réis). O sobrado em edificação situava-se à rua do Espírito Santo, hoje Dr. Moreira, cujo terreno estendia-se para o “aterro” (eufemismo para indicar o soterramento do igarapé existente nos fundos), atual avenida Floriano Peixoto. Em frente ao Palacete Garcia, assim crismado em alusão ao sobrenome do proprietário, existia um terreno ocioso destinado à construção de um logradouro conveniente ao entretenimento da urbe.

O parque ali edificado já acumula meia dúzia de denominações: 1) Largo do Palacete; 2) Largo 28 de Setembro (em memória à Lei do Ventre Livre, de 1871); 3) Praça da Constituição (dos primeiros instantes da República); 4) de João Pessoa, no alvoroço do “golpe getulista” em 1930; 5) Gonçalves Ledo; e 6) atual de Heliodoro Balbi (consoante o decreto 472/1953), portanto, há 70 anos mantém esta denominação.

Houve um período em que a praça esteve tripartite, sob as denominações de Gonçalves Dias (local do original Café do Pina), de Heliodoro Balbi (parte central) e de Roosevelt (seção situada após a rua Marcílio Dias), todavia, o prefeito Jorge Teixeira de Oliveira (1974-79) reunificou-as, legando à cidade o largo tal como usufruímos em nossos dias.  A população, no entanto, teima em alcunhá-la de Praça da Polícia, em decorrência da presença do extinto quartel da Força Militar do Estado em seu entorno.

O Palacete Garcia, quando de sua aquisição, destinava-se a abrigar a Tesouraria Provincial, porém, acolheu diversas repartições públicas. Nesse prédio estiveram abrigadas a Assembleia Provincial, a Biblioteca Pública, a Repartição das Obras Públicas, entre outras. A mais marcante foi a Polícia Militar, especialmente pelo duradouro período de ocupação (1890-2002), em cujo edifício funcionou em seus últimos anos o comando-geral da corporação. (segue)

domingo, janeiro 29, 2023

FRUTAS REGIONAIS: AMAZONAS

 

Pupunheira e seu fruto (cima)
Maracujá do mato (baixo)  |  Cupuaçu (centro)

(Sentido horário) 1. Taperebá | 2. Cubiu | 3. Abricó do Pará  4. |Araça-boi
5. Castanha do Brasil | 6  | Bacuri (fotos de Gunter Engel)

PALACETE PROVINCIAL: SUA INAUGURAÇÃO

Em 2002, há duas décadas, a Praça da Polícia perdeu seu maior referencial, o quartel da Força Pública, que foi transferido para o bairro de Petrópolis. Sete anos depois, em 25 de março de 2009, o governo do Estado inaugurou naquelas dependências o Palacete Provincial, que segue oferecendo diversas atividades culturais.
Quartel da Polícia Militar, em festa noturna

Na ocasião desta solenidade, o matutino EM TEMPO circulou um caderno Especial, no qual ocupei uma página, entrevistado pelo jornalista Evaldo Ferreira sobre a mudança do comando da Polícia Militar do Amazonas.  

Recorte do jornal EM TEMPO, 25 mar. 2009

Em 2002, depois de passar 107 anos no Palacete Provincial, o Comando-Geral da Polícia Militar teve de ser transferido para outras instalações no bairro de Petrópolis. O coronel reformado Roberto Mendonça, que foi subchefe da Casa Militar de 1983 a 1984 e subcomandante da corporação de 1993 a 1994, lembra que a mudança dividiu opiniões.

"A situação em que estava o prédio, bastante deteriorado, inclusive o seu entorno, e pequeno demais para a corporação, levou a PM a procurar outro local e liberar o Quartel da Praça da Policia para outra destinação. Entretanto, muitos dos policiais saudosos, entre oficiais e praças, realmente “choraram” essa separação. Até hoje, muitos gostariam de ver a PM de volta no local”, comentou o ex-PM que serviu a corporação par 30 anos.

Segundo o militar aposentado, o que determinou, de fato, a transferência do Comando-Geral da PM foi a falta de estrutura física. "A mudança era necessária porque o prédio não tinha mais condições físicas de abrigar o efetivo, que havia crescido com o tempo, e nem mesmo os próprios carros dos militares. Agora, o Comando está mais bem instalado", comentou.

Roberto Mendonça é favorável à reutilização do antigo prédio da PM, que, agora se tornou um centro cultural. "A cidade ganhou um belo edifício de arquitetura antiga", disse, elogiando o trabalho de restauro realizado no prédio pela Secretaria de Estado e Cultura (SEC). "Ele também será muito importante porque vai abrigar importantes museus do Estado, como o Tiradentes, que tem peças adquiridas há mais de cem anos, entre elas a bandeira que os soldados amazonenses levaram a Canudos", comentou.

O ex-PM registrou a história da corporação na série "Memória", que foi lançada pelo governo do Estado em novembro de 2000. Ele também pretende lançar o seu livro "Administração do Coronel Lisboa", sobre a vida do também militar Adolpho Lisboa, no atual complexo do Palacete Provincial. O livro é um ensaio histórico que recebeu o prêmio Arthur Reis, concedido pelo Conselho Municipal de Cultura (ConCultura), por meio do projeto cultural Prêmios Literários Cidade de Manaus. 

PM continua no palacete

A Polícia Militar não foi totalmente retirada do prédio, após o restauro do Palacete Provincial. O secretário estadual de Cultura, Robério Braga, informou que o antigo gabinete do comandante, juntamente com todo o mobiliário original, como sofás, cadeiras, mesas, armários, além de objetos de arte, entre eles escudos, brasões, esculturas etc. foram completamente restaurados com o intuito de ser novamente utilizado pelo Comando Geral da PM em ocasiões solenes. "Da mesma forma que o governador Eduardo Braga recepciona chefes de Estado e outras autoridades no Palácio Rio Negro, o comandante da PM poderá realizar suas reuniões e receber convidados aqui no seu Gabinete", explicou Robério, destacando que a sala contém, ainda, a memória da PM. "Todos os boletins históricos da PM foram recuperados e agora estão disponíveis. A história da corporação está registrada aqui", frisou.

 Prédio teve várias utilizações

Antes de abrigar a sede do Comando Geral da PM, o Palacete Provincial teve várias utilizações. Ele começou a ser construído, em 1861, para ser a residência do empresário e capitão da Guarda Nacional Custodio Pires Garcia, que faleceu deixando a obra inacabada. Em 1867, foi comprado pelo presidente provincial José Bernardo Michilles para transformá-lo Paço Municipal.

No ano de 1873, o então presidente da Província (1873-1875) Domingos Monteiro Peixoto concluiu a obra para abrigar as várias repartições provinciais. Após um  ano, em 25 de março, com as obras concluídas, foram instaladas no edifício a Assembleia Provincial, a Repartição de Obras Públicas, a Biblioteca Pública e o Liceu Provincial – atual Colégio Amazonense D. Pedro II. Entretanto, a inauguração ocorreu somente em 28 de fevereiro de 1875.

Durante o governo de Eduardo Ribeiro (1892-96), o Palacete passou a ser o comando da Polícia Militar. Hoje, o prédio considerado um patrimônio tangível que foi tombado em conjunto com a Praça Heliodoro Balbi e o Colégio Amazonense D. Pedro II, encontra-se sob a proteção especial da Comissão Permanente de Defesa do Patrimônio Histórico e Artístico.

quarta-feira, janeiro 25, 2023

MANAUS: CIDADE SORRISO

Duas respeitosas e saudosas lembranças: o folheto Amazonas Cultural, elaborado pela então Subsecretaria de Cultura do Estado, em 1992; no qual, o falecido padre Nonato Pinheiro, cultor de nosso idioma, escreveu curta página sobre nossa - igualmente saudosa - Cidade Sorriso.

Fragmento da capa do folheto, de 1992
(abaixo) título do trabalho do sacerdote


CIDADE-SORRISO - foi o título merecidamente alcançado pela Manaus de minha saudosa infância e adolescência. Cidade de feições europeias, limpa, arborizada, ruas e avenidas largas, praças ajardinadas, árvores que davam sombra e fruto, amenizando a soalheira da estação calmosa, era um encanto vê-la e senti-la em seu aspecto acolhedor e sorridente!

A capital amazonense foi uma das primeiras cidades brasileiras a usufruir luz elétrica e tráfego de bondes, com serviços de companhias inglesas. Seu porto flutuante, acompanhando o nível das águas do rio Negro, impunha-se como um prodígio de engenharia, visitado por navios de pequeno calado e transatlântico de alto porte, trazendo cornucópias do progresso e da civilização.

Companhias líricas da Europa vinham diretamente a Manaus, desprezando o Rio de Janeiro e São Paulo, porque a CIDADE teatroSORRISO era o foco da abundância, pelo apogeu da belle époque, mercê do galarim da exportação da borracha.

Recamou-se a cidade de edifícios suntuosos, como o Teatro Amazonas, o Palácio da Justiça e a Alfândega. Monumentos imponentes se ergueram, como o da Praça de São Sebastião. Pontes transpunham os igarapés, notabilizando-se a chamada Terceira Ponte, de majestosa estrutura metálica. Os subúrbios de Manaus eram sobremaneira aprazíveis por seus arvoredos, canteiros, igarapés e riachos: Cachoeirinha, Vila Municipal, Chapada, Flores, São Raimundo, Educandos, Mindu e Tarumã, com sua cascata escachoante.

Afonso Pena, visitando a cidade, exclamou: "Manaus é uma revelação da República!" Washington Luís ficou encantado quando conheceu Manaus em 1926.

Transatlântico no roadway de Manaus, cercado por
barcos regionais, como em reverência (Gunter Engel, foto)

A natureza circundante era um apelo turístico, com o encanto da paisagem, a amenidade dos igarapés e dos igapós, a pompa hierárquica da vitória-régia, a alvura das garças, o carmim dos guarás e o gorjeio da passarada, um conjunto ecológico de esplendor e beleza, que convidava a um epinício de vitória ao Criador!

Grandes vultos nacionais e estrangeiros aqui estiveram: sábios como Agassiz, Bates e Humboldt; escritores notáveis, como Euclides da Cunha, Rangel, Gonçalves Dias, Coelho Neto e Ferreira de Castro.

A Zona Franca, se foi veículo de progresso, produziu a descaracterização da CIDADE-SORRISO, com seu crescimento desordenado e inestético. Hoje Manaus é uma sombra do passado ou o túmulo de um esplendor extinto. Possam estas letras operar a taumaturgia de uma ressurreição sentimental nos espíritos dos que a viram e conheceram, garbosa e faceira, no feitiço e deslumbramento do seu inefável SORRISO!...

segunda-feira, janeiro 23, 2023

CORPO DE BOMBEIROS/PMAM - CINQUENTENÁRIO (2)

Em comemoração ao cinquentenário da incorporação do serviço de contra incêndios à Polícia Militar do Amazonas, reproduzo uma página - com algumas atualizações - de meu livro Bombeiros do Amazonas: retrospectiva 1876-1998, publicado em 2013. Acolá, deu-se a partida à renovação deste Corpo, que hoje prossegue sob administração própria.

Quartel do Corpo de Bombeiros, em 1973

Mais detalhes do ato relatei no volume citado, pois na ocasião assumi o subcomando do CB/PMAM. Detalhe novíssimo: o edifício, que pertence a Prefeitura de Manaus, está tomado pelo mato e prestes a desabar.  

 

Situação do prédio, há dois anos, hoje está bem pior

Na terça-feira, 23 de janeiro de 1973, ocorreu a solenidade de incorporação do Corpo de Bombeiros de Manaus à Polícia Militar do Amazonas (PMAM). Curiosidade: reencontravam-se após mais de duas décadas na avenida Sete de Setembro, onde estiveram juntos no distante ano de 1936 (por ocasião da reativação da PMAM). O evento teve lugar no acanhado quartel adaptado para o Corpo há mais de quatro décadas, todavia emparedado em decorrência do avanço urbanístico da cidade. Três portas dianteiras serviam para a circulação de pessoal e viaturas, com saída diretamente para a avenida com constante fluxo de veículos, pois serve de ligação entre os bairros situados na Zona Centro-Sul e o Centro.

Dispunha de três viaturas denominadas de ABT (Auto-Bomba Tanque), que o vulgo denominava mesmo de carro-pipa. Serviam para combater incêndios, porém, serviam com mais agrado aos motoristas do Corpo para distribuir água; elemento vital, cuja distribuição na cidade continuava bastante precária. Assim, os motoristas compraziam-se em distribuir o precioso líquido, todavia, mais precioso ainda para eles, pois, enchendo alguns tanques ou camburões particulares, auferiam algum trocado. Em razão desse suprimento diário, apelidaram carinhosamente aos ABT de “mamãe Dolores”.

Na manhã desse dia, o major PM Pedro Câmara recebeu do major CB Nicanor Gomes da Silva o Corpo de Bombeiros de Manaus. Em uma solenidade estritamente policial militar, da qual, apesar da significação histórica, não há qualquer registro jornalístico. Muito embora circulassem vários títulos de jornais, além de rádios AM e da FM Tropical, as TVs Ajuricaba (Canal 20) e Baré (Canal 4). Nada foi noticiado (censura?), por se tratar de solenidade com tropas militares, ou para escamotear a inconcebível situação dos “homens do fogo”?

Recorte da capa do livro

Relembrou a singeleza desta solenidade para este relato o comandante dos municipais: nada de convidados, a mais destacada autoridade presente foi o comandante-geral da PM, coronel EB Paulo Figueiredo. A fim de abrigar a pequena tropa, retiraram-se as viaturas do quartel, e pronto! Não houve sequer a indefectível Ordem do Dia, tampouco coquetel. Todavia, os sofridos Bombeiros de Manaus possuíam uma incontida aspiração: ver a hora de recomeçar nova e prestigiosa etapa profissional. 

Vida longa aos “homens e mulheres do Fogo”!

domingo, janeiro 22, 2023

MANAUS DE ONTEM

 

No sentido horário: Cervejaria XPTO, bairro de Aparecida (sem utilização); Hospital da Beneficente Portuguesa (fachada); Penitenciária Central (desativada); Cine Eden (inativado); Sede do Atlético Rio Negro Clube (em processo de falência) e Centro Cultural Chaminé (sem funcionamento) 
(fotos de Gunter Engel)

sábado, janeiro 21, 2023

JORNALISMO NO AMAZONAS

A postagem de hoje compartilha um artigo de Raul de Azevedo, que foi membro do PEN Clube do Brasil e da Academia Amazonense de Letras, e, na área profissional, dirigente dos Correios na região amazônica. Saquei de meu baú de recortes, que o saudoso Narciso Júlio Freire Lobo me repassou, ao tempo em que ele intentava comemorar o bicentenário do jornalismo no Brasil. Desconheço que forças impediram este projeto, no qual eu estava empenhado. Fica o registro.

O jornalismo de outrora no Amazonas

 


 

Não vou contar a história minuciosa do jornalismo amazonense. Longe de mim tal pretensão. Faltavam-me dados completos, tempo e vocação para essas adoráveis velharias. E depois não sou precisamente um arqueólogo... A ideia desta página simples veio de uma exposição que um dia visitei. O meu pranteado amigo coronel João Baptista de Faria e Souza, - um homem que teve a monomania de colecionar gazetas e revistas do Amazonas, do Brasil, que era de uma paciência evangélica, e que eu tive o prazer de ter ao meu lado nas redações do inesquecível "Diário de Notícias", do "Commercio do Amazonas", do "Rio Negro", de "O Globo", do "Amazonas", da "A Federação" - quis comemorar a data de 13 de maio de 1907, que relembrava o 99° aniversário da fundação do primeiro jornal brasileiro.

E assim fez uma exposição interessante de todos os jornais das terras dos Barés e dos Manaus. Quem, como eu, foi sempre, bem ou mal, um apaixonado da folha impressa, e já aos 18 anos dirigia e fazia a "Gazeta Postal", - o jornal menos postal que tem aparecido no mundo, e em cujas páginas brilhava o talento jaceirado de intelectuais do Pará, Ceará e Pernambuco, - havia de rever, como revi, cheio de um largo prazer e de uma intensa saudade, todas essas gazetas de outrora, principalmente onde há também muito de minha vida... A paixão do jornal! Ela é intensa e forte, como o vício do álcool, do jogo e do fumo.

Pessimistas acrescentariam, - e da mulher. A gente passando pela imprensa, nunca mais, - como o corvo de Edgar Poe - poderá esquecê-las. Fica-se jungido a ela. As vitórias, as polemicas e parece que as injustiças e as calúnias... nos prendem mais. E com que júbilo saboreamos um êxito, mesmo quando ele vem depois de lutas, injustiças e revezes! A minha primeira alegria na imprensa... A primeira e a maior. Recordo-me bem, como se fosse ontem. Eu estava nos meus dezoito anos - há quantos anos? - e até então apenas escrevera na minha pequena gazeta. Acariciava então nos meus sonhos de moço uma ideia para mim irrealizável... "A Província do Pará" era naquela época o empório intelectual do Norte.

O acesso às suas colunas era dificílimo e eu nem sonhara tal fantasia. Quase criança, conhecendo apenas de cumprimento de rua o senador Antonio Lemos, seu diretor, temível e exigente, nunca tivera tal veleidade. Mas, - todos sabem que a mocidade é petulante! - aproximava-se o aniversário da "Província do Pará" e, na véspera, com uma carta de duas linhas, enviava um artigo para esse ternamente moço e que nós chamávamos o "velho Lemos"...

E no dia seguinte, manhã ainda, estava desperto e ávido pela gazeta. Quando recebi o jornal, sôfrego, lancei a vista sobre a folha. Era um número lindo, bem-feito, elegante. E lá estava, abrindo a primeira coluna da segunda página, o meu ensaio sobre os Goncourt, - modesta colaboração intelectual naquelas páginas de intelectuais. (segue)


quarta-feira, janeiro 18, 2023

CORPO DE BOMBEIROS/PMAM - CINQUENTENÁRIO

Há 50 anos, no decurso do governo estadual de João Walter de Andrade (1971-75) e do municipal de Paulo Pinto Nery (1965-72) foi cumprido o projeto de dotar a capital de um Corpo de Bombeiros mais eficiente. Até então, os serviços de extinção de incêndios e afins era cumprido pelo Corpo de Bombeiros Municipais (CBM), instalado na avenida Sete de Setembro, quase na esquina do Canto do Quintela.

Tropa dos Bombeiros Municipais em desfile de Sete
de Setembro, passando pelo IEA

Em outubro de 1972, a Prefeitura recebeu autorização legislativa para conveniar com o Estado sobre a incorporação do efetivo do CBM à Polícia Militar do Amazonas. O comandante da PM amazonense, coronel EB Paulo Figueiredo,  foi o artífice dessa integração, sem que se olvide do empenho do comandante dos "homens do fogo", major CB Nicanor Gomes da Silva. 

Coronel Paulo e
governador João
Walter

O ato definitivo ocorreu em 18 de janeiro de 1973, quando foi firmado o Convênio entre o governo estadual e o municipal (pelo novo prefeito, Frank Abrahim Lima), passando o serviço de combate a incêndios e afins à gestão da Polícia Militar do Amazonas. Este documento foi publicado no DOE 22.689, de 24 janeiro, e transcrito no Boletim Geral/PMAM 22, de 31de janeiro. 


Após a transferência do Corpo de Bombeiros para
Petrópolis, o prédio foi cedido para a Fundação
Joaquim Nabuco. Retirada esta, o edifício entrou
em abandono.

A transferência efetivamente cumprida ocorreu em 23 de janeiro, no quartel da Sete pertencente à Prefeitura Municipal, hoje dolorosamente (para quantos ali se empenharam) em ruinas. 

terça-feira, janeiro 17, 2023

PMAM - DETALHE DA HISTÓRIA

 No seu aniversário em 1996, comemorando 159 anos de existência, a Polícia Militar do Amazonas ofertou aos convivas um folder, do qual retirei as páginas abaixo; hoje, o detalhe mais interessante é a relação dos telefones da caserna, ainda sem emprego do celular. 



domingo, janeiro 15, 2023

MANAUS: DETALHES CURIOSOS

 

Em sentido horário: a placa, o Fusca e o guri com o papagaio de papel;  a ponte da Bolívia;
avenida Sete de Setembro com a Lobras; aterramento da rua Japurá;
e o igarapé que virou avenida Eduardo Ribeiro

Da esq. em diante: retidão do tronco, existente na BR 174;
o famoso "mulateiro" da praça da Polícia; e
árvore de Natal enfeitada com vasilhame de corote,
na Feira da Betânia 
 

sexta-feira, janeiro 13, 2023

PMAM: SEUS PRIMÓRDIOS (16)

 A propósito da evolução da Polícia Militar do Amazonas no período provincial, compartilho novo tópico do meu pretendido livro Guarda Policial (1837-1889).

 

Prato comemorativo da
Guerra do Paraguai
Museu Mariano Procópio (SP)

1865

Guerra do Paraguai (1865-70)

Ainda não existia organismo policial ou força assemelhada no Amazonas, do qual pudesse dispor o Governo Provincial para atender aos reclamos imperiais. O corpo de polícia reclamado pelo governo central, conforme ofício de 19 de janeiro de 1865, ainda não fora organizado, “apesar das necessidades da província, rodeada de países estrangeiros e, portanto, sujeita a agressões”, conforme Arthur Reis, em sua História do Amazonas. Tal estrutura somente seria aparelhada mais de uma década depois, a partir de abril de 1876.

O Amazonas, todavia, não deixou de participar deste nebuloso conflito sul-americano, seja representado por membros da Guarda Nacional, seja por seus naturais, na condição de Voluntários da Pátria, criado pelo decreto 3.371/1865, em número extremamente representativo para a rarefeita população amazonense.

Entre 1864-65, no governo de Adolfo de Barros Cavalcanti de Albuquerque Lacerda (Recife 1834 - Rio 1905), quando se inicia o conflito cisplatino, em 27 de fevereiro, embarca no vapor Tapajós o primeiro contingente amazonense destinado a servir em diversos Corpos da Corte. Outro que contribuiu severamente para esse desfecho foi o presidente Antônio Epaminondas de Melo (nascido em Pernambuco, bacharelado na Faculdade de Direito do Recife, na turma de 1847, que administrou o Amazonas entre 1865-67). Em apenas três meses de governo, Epaminondas conseguiu, por métodos bem desusados, encaminhar para o mesmo destino mais de 500 homens! Não obstante tantos dissabores, o Amazonas segue homenageando a este provincial presidente com a avenida Epaminondas, no Centro Antigo.

 

Distintivo de Voluntário
da Pátria
(Museu 
Mariano Procópio - SP)

Fato bastante notório: o serviço na tropa constituía-se em severidade, em decorrência dos códigos militares portugueses adotados. O recrutamento ilustra bem este arbítrio. Era realizado de maneira discricionária e o tempo de serviço militar prolongava-se por até oito anos, para o cidadão “voluntário”, ou, de dezesseis, se alcançado pela autoridade, segundo decreto de Dom João VI, ao desembarcar no Brasil. Essa periodicidade foi atenuando com a evolução e as necessidades de efetivo da Força.

Outras dificuldades, todavia, agregavam-se ao serviço militar, creio que a mais impiedosa foram os castigos físicos infringidos – como a aplicação de chibatadas, que levaram a marujada, sob a liderança do marinheiro João Candido, na primeira década do século XX, a sublevar-se no porto do Rio de Janeiro. Este movimento reivindicativo passou à história sob a designação de Revolta da Chibata.

Esclarece o autor de Os mercenários do imperador: era com a maior naturalidade que se aplicava “o velho adágio castelhano, resumo das necessidades básicas do soldado: pret, pan y palo.” O primeiro era o minguado soldo, pago semanalmente; pan (pão), o alimento irrecusável fornecido pela Força; enfim, palo (pau), “cacetadas, chibatadas, bordoadas, pranchaços e outros similares processos de violenta redução à ordem”. Em síntese, diz Paula Cidade: “Verdade que nem sempre o soldo andava em dia e às vezes faltava pão. Em regra, sobrava o terceiro termo”.

A fim de safar-se desse duplo infortúnio – servir às  Forças Armadas, debaixo dessa legislação, e/ou ser encaminhado à Guerra do Paraguai, o homem empregava vários subterfúgios. Os “coronéis”, em diversas partes do território nacional, encaminhavam à autoridade militar seus escravos em substituição aos filhos. Mas, na região amazônica, talvez restasse aos varões dos “coronéis de barranco”, ainda sem o poder econômico expressivo, a alternativa de se embrenhar no mato.


Ainda assim, o Amazonas reforçou as armas brasileiras com mais de 1.500 combatentes, parte significativa da população estimada em 90 mil (Arthur Reis) ou 50 mil habitantes (Antônio Loureiro). Desses combatentes, muitíssimo reduzido foi o número desembarcado no retorno. Unicamente para emoldurar esta memória: em 24 de julho de 1870, chegou em Manaus um efetivo de 55 homens, “sob o comando do capitão honorário Marcelino José Nery”. (A meu ver, ocorreu um lapso do consagrado mestre Arthur Reis, pois, Marcelino era o genitor do comandante desta tropa – Silvério José Nery. Este, sim, foi acidentado no conflito, como adiante será descrito). (segue)

quarta-feira, janeiro 11, 2023

PMAM: SEUS PRIMÓRDIOS (15)

 A respeito da evolução da Polícia Militar do Amazonas no período provincial, compartilho novo tópico do meu pretendido livro Guarda Policial (1837-1889).

Fragmento da capa do pretendido livro

1858

Relatório à Assembleia Provincial

No Relatório apresentado à Assembleia Provincial, em 7 de setembro, o presidente Francisco José Furtado enfatiza as dificuldades enfrentadas pela tropa do Exército disposta na Guarnição do Amazonas. Um dos mais graves entraves era o efetivo: do previsto de 529 praças, existia muito próximo da metade, exatos 259 soldados. Também faltavam nove oficiais, sob o comando do coronel José Vicente de Amorim Bezerra, desde 10 de março.

Outro empecilho: “não havendo força de polícia”, era forçoso continuar operando com a Guarda Nacional, em especial nos destacamentos de fronteiras. Obviamente, o serviço policial na capital era precariamente realizado, por deficiência de efetivo do Exército. Para suprir o impasse, o policiamento tanto da capital quanto de outros pontos da província do Amazonas recebia o reforço de 195 praças da Guarda Nacional. Em síntese, estava extinta, não mais existia qualquer “comando parcial” da Guarda Policial, fundado a partir de 1837, e acolhido por ocasião da instalação da província. Anote: um lapso de mais de 15 anos vai demandar até o retorno da Guarda Policial.

Este mesmo presidente, ao abrir a Assembleia Legislativa em 3 de maio seguinte, enfatizou aos congressistas o surpreendente, bem reduzido número de ocorrências policiais na província. Para sustentar sua reflexão, comparou que “os ódios e malquerenças, a intolerância, a irritação e a inquietação, que geram os partidos em luta, produzem muitos crimes e, algumas vezes, desfecham revoltas declaradas – entre povos civilizados,” o que esperar de uma população “onde dois terços dela nem ler sabem!”. Ao meu ver, politicamente incorreta tal declaração presidencial, pois denominou os provincianos amazonenses de incivilizados, em suma, de índios.

1860

Substituição presidencial

Na Falla presidencial abrindo a 1ª sessão da 5ª Legislatura, em 3 de novembro, a autoridade anota que, à falta de número adequado de tropa de linha, “continua a Guarda Nacional em serviço de destacamento em vários pontos”. Não existe mais qualquer menção à Guarda Policial.

Em 24 de novembro, foi empossado na presidência do Amazonas o bacharel Manoel Clementino Carneiro da Cunha (1825-1899), oriundo da Paraíba, graduado pela Faculdade de Direito do Recife na turma de 1848. Seu governo estende–se até 7 de janeiro de 1863, secundado por outro bacharel da Escola do Recife, da turma de 1853, Sinval Odorico de Moura, nascido em Caxias (MA), e que também governou as províncias da Paraíba, Piauí e Ceará.

Manuel Clementino
Carneiro da Cunha


1861

Força Pública (II)

Ao abrir a sessão ordinária da Assembleia Legislativa, em 3 de maio, o bacharel Carneiro da Cunha, presidente provincial, esclarece sobre a Força Pública, que fora reformulada em dezembro anterior, passando a dispor de dois corpos, um de infantaria, outro de artilharia. Prosperava a mesma defasagem de 50% da tropa prevista para o serviço, agravada pelo efetivo do corpo de artilharia que possuía apenas dez do previsto de 84 praças.

No mesmo tópico, alinha outro dos estorvos: “em uma província como esta, onde não há força de polícia (destaquei) para acudir aos reclamos das autoridades policiais e judiciárias, e existem fronteiras para serem observadas e guardadas” (...), certamente, concluía pesaroso, esta ausência “cria muitos embaraços à administração”. Todavia, era a única força na região.

Ainda outro atropelo. A Guarda Nacional, dispensada pelo atual governo, deixa de atuar “no serviço diário da guarnição” da capital da Província. Um ano depois, em semelhante solenidade, Carneiro da Cunha em Relatório aos deputados fundamenta sua motivação em não instalar o Corpo de Trabalhadores, conservando a prática de seus antecessores. Eis o motivo básico: esta instituição não se coadunava “com os princípios cardeais do sistema liberal”. E cita as restrições à Constituição do Império, como a liberdade do trabalho e da indústria, permitindo, assim, abusos e vícios, que não se podem prevenir.

Enfim, assegura que o Corpo se encontra extinto.

Não diz, mas não se vislumbra mais qualquer sinal da Guarda Policial, estando o policiamento a cargo da Força Terrestre, mesmo com suas acentuadas carências. Por esse fato, a Guarda é reclamada em toda a rovíncia, e essa necessidade de policiamento segue incomodando aos presidentes. (segue)

segunda-feira, janeiro 09, 2023

HAJA POLÍCIA (2)

Dias passados, sob o mesmo título, relatei a ofensiva de uma motociata pelas ruas do bairro onde moro, violentando intensamente o Código de Trânsito. Volto hoje para relatar dois fatos, que me levam a reafirmar a máxima: não há Polícia no país. Ou seja, devem existir, entre federais, estaduais e municipais, DEZ organizações policiais, porém...

Fato número um – estava hoje na feira da Eduardo Ribeiro, quando observei um cidadão saindo de um prédio aparentemente abandonado com enorme feixe de alumínio, telhas, divisórias etc. nos ombros. Em seguida, outro com o mesmo material, e ainda um terceiro.

Imóvel em desmanche na 
avenida Eduardo Ribeiro

Surpreso, perguntei a um frequentador da feira: o edifício está em reparos? E a resposta foi taxativa: Não, trata-se de invasão, estando em desmonte criminoso, zombando das autoridades.

Mais surpreso fiquei ao observar os ladrões passando – sem serem molestados – por uma equipe de Policiais Militares amazonenses, em serviço na área, porém, mais preocupados em aproveitar a refrigeração de uma loja. Minutos depois, um dos malandros foi visto por mim passando pelo Palácio Rio Negro, com o produto do saque no ombro em direção, quem sabe, ao comércio de metais ao lado do Atacadão.

Este fato foi exposto pelo conhecido Portal do Holanda, em cujo espaço se encontra outras fotos. Para quem segue o Holanda, não é novidade de que o Portal está diariamente recheado de assassinatos, cada qual mais bárbaro, ocorridos em Manaus. E temos um GENERAL - ao que parece - secretário de (in)Segurança.

Seria oportuno que o Governo Federal também impusesse uma intervenção na Segurança local, a fim de que tenhamos ao menos “a sensação de segurança”. Cuidemo-nos!

Aspecto da invasão do Congresso Nacional, 08 jan.

Estava com esta desgraça me catucando, quando assisti via fibra ótica a invasão da sede dos Três Poderes em Brasília. Onde a Segurança do Distrito Federal somente apareceu quando o desastre havia sido consumado. O absurdo foi exaustivamente noticiado pela imprensa televisiva, por isso deixo de comentar. Todavia, esse terrorismo veio robustecer meu conceito sobre a Segurança Pública em nosso país: Não há mesmo Segurança.

domingo, janeiro 08, 2023

EDIFÍCIOS CONSERVADOS EM MANAUS

 

Sentido horário: Palácio Rio Branco | Sede do Luso Sporting Clube |
Vila Ninita, anexo do Palácio Rio Negro | Instituto de Educação
do Amazonas | Academia Amazonense de Letras |
Casa 22 Paulista (fotos de Gunter Engel) 

sábado, janeiro 07, 2023

PONTA PELADA: DETALHE DE SUA HISTÓRIA

 Breve nota para a história do aeroporto de Ponta Pelada. O texto foi publicado em O Jornal (edição 5.393, circulada em 10 ago. 1953), e compartilhado do livro Phelippe Daou, o jornalista, organizado por Abrahim Baze.

Capa do livro

Relata a presença em Manaus do ministro da Aeronáutica, brigadeiro Nero Moura (1910-94), em inspeção às obras neste campo de pouso. Este oficial conduziu o Ministério durante o último governo de Getúlio Vargas, de quem era amigo, nomeado em 1º|jan|1951 e afastado em 18|ago|1954, portanto, uma semana antes do suicídio de Vargas.

Lamentável que o jornalista tenha se olvidado de mencionar algum oficial operando em Manaus na construção do Ponta Pelada.

 

Recorte da página do livro mencionado

Realizando uma viagem de magna importância para a navegação aérea e, consequentemente, para a economia nacional, chegou ontem a esta capital o brigadeiro Nero Moura, ministro da Aeronáutica, que, viajando em avião da Força Aérea Brasileira, se fez acompanhar de brilhante comitiva.

No aeroporto da Ponta Pelada, já se encontrava o governador Álvaro Maia e outras altas autoridades de Estado, quando ali pousou o aparelho da FAB, em que viajava o titular do Ministério da Aeronáutica. Pouco depois de sua descida do aparelho, o brigadeiro Nero Moura, em companhia de sua comitiva e do governador Álvaro Maia, passou a inspecionar as obras em andamento do aeroporto da Ponta Pelada, demorando-se em examinar os trabalhos já realizados.

A IMPORTÂNCIA DA VIAGEM DO BRIGADEIRO NERO MOURA

Está o Ministério da Aeronáutica interessado vivamente em dar por terminada o mais breve possível a importante rota Rio-Manaus, compreendido no acordo firmado entre o Brasil e os Estados Unidos, cujas principais cláusulas estabelecem rotas americanas para o Brasil e o trafego aéreo em várias direções do nosso território.

Nesse sentido, ou melhor, para maior garantia da navegação naquela rota, vem o Ministério da Aeronáutica trabalhando ativamente no senti de dotar os aeroportos de Aragarças, Xavantinas, Cachimbo e Jacareacanga do aparelhamento necessário, equipamento de auxilio básico à navegação aérea, para melhor balizamento da rota Rio-Manaus. Esse trabalho, de importância para nova linha a ser inaugurada, está em franco andamento.

A COMITIVA DO MINISTRO

A comitiva do ministro está constituída das seguintes pessoas: brigadeiro Raimundo Vasconcelos Aboim; coronéis aviadores Cazemiro Montenegro Filho, Jussura Fausto de Souza; tenentes-- coronéis Paulo Emilio de Camargo Ortegal e Lino Romualdo Teixeira; major aviador Haroldo Veloso e major Celso; capitão aviador Henrique; sargentos Inácio, Hélio Ameno, Rubens, Mirabele e Ludendorf.

O REGRESSO DA COMITIVA

O ministro da Aeronáutica e sua comitiva regressaram na manhã de hoje, viajando com destino a Cametá e Belém, de onde prosseguirá tocando em diversos pontos da rota costeira.

sexta-feira, janeiro 06, 2023

CATALINAS: ADEUS

 Nascido em Alagoinha (PB), em 1913, e falecido em Manaus (AM), em 2010, Waldemar Baptista de Salles chegou ao Amazonas muito moço, tendo realizado o curso primário no Colégio D. Bosco e o secundário no mesmo colégio e no Ginásio Amazonense Pedro II. Diplomado contador pela Escola de Comércio Sólon de Lucena; engenheiro-agrônomo pela Escola de Agronomia de Manaus; e bacharel pela Faculdade de Direito do Amazonas, onde foi professor assistente. Foi procurador e secretário estadual da Fazenda.

Eleito para a Academia Amazonense de Letras, cadeira 40, foi empossado a 25 de julho de 1969 na presidência de Djalma Batista, saudado por Mendonça de Souza.

Além de farta produção esparsa nos jornais de Manaus, Salles publicou os seguintes títulos:  Pétalas Rubras, 1956; Aspectos Geográficos do Amazonas, 1966; Uma Voz Dentro da Noite, 1975; Geografia Econômica do Amazonas, 1971; O Amazonas: o meio físico e suas riquezas naturais, 1967; Nosso Tempo, 1980.

De sua produção em jornais, compartilhei esta postagem sobre o lendário avião Catalina, publicada em A Crítica (24 julho 1984), sinalizando “a despedida dessa aeronave da região amazônica”.
 

Fragmento do referido jornal


A região amazônica é imensa. Conhecê-la e conquistá-la tem sido um trabalho duro, cansativo, pleno de heroísmo e dedicação. Nesse desbravamento, já se referia o engenheiro Leopoldino Cardoso Amorim Filho em relatório publicado em Manaus – 8 de novembro de 1972, tratando de pioneirismo e desenvolvimento. Ele nos afirmava: "2 – a aviação continua com sua característica de pioneirismo e aqui também representada pela Força Aérea, pelos táxis-aéreos, pelas empresas de transporte regular, por aviões particulares e helicópteros: profissionais, homens idealistas, outros imbuídos do espírito de aventura, todos unidos como nos velhos tempos, executando as tarefas que lhes são atribuídas através do transporte aéreo".

Atualmente esta cidade de Manaus, encravada na selva imensa, é servida por aviões Bandeirantes; a jato, de diversas companhias, sem contarmos as pequenas aeronaves, que fazem as linhas para o interior do Estado, cruzando municípios distantes, pousando às vezes em campos inadequados, onde a experiência do comandante é fator importantíssimo no cumprimento de suas atividades e missões. Porém, há muitos anos, entre os diversos tipos de aviões, que integravam as várias companhias, existiam os chamados "Catalinas", usados pela extinta Panair do Brasil S/A, e pela FAB, aparelhos esses que levantavam voos e pousavam no aeroporto da Ponta Pelada.

Eram aviões anfíbios, porque pousavam em terra e em águas tranquilas e prestaram, na região amazônica, grandes e inestimáveis serviços. Viajar de navio, lancha e motores pelos inúmeros rios da área continua sendo uma tarefa demorada e exaustiva. E, anteriormente, para abreviar as distâncias e atender compromissos inadiáveis, fossem eles de interesse público ou particular, os “Catalinas” resolviam a situação.

Antigamente para se ir de Manaus ao Sul do país, de avião, antes do jato, era muito demorado e cansativo. Os aviões quadrimotores rumavam de Manaus com escalas em Santarém, Belém e, no pinga-pinga danado, pelo litoral. Os passageiros entravam na aeronave às sete horas da manhã e chegavam ao Rio de Janeiro à noite.

Quantas vezes, de férias na repartição, não fizemos este trajeto. Era preciso paciência e tempo. Em Belém do Pará chegávamos na hora do almoço. Desembarcava todo mundo e, depois de uma hora, reiniciávamos a viagem de novo, no mesmo avião, para o Rio de Janeiro, onde, lá pelas oito ou nove horas da noite, desembarcávamos no aeroporto Santos Dumont. Uma verdadeira prova de resistência, paciência e coragem.

Mas, em nossa região, usados pela Força Aérea Brasileira, na sua difícil e gloriosa missão de desvendar os recantos da pátria, os aviões "Catalinas" desempenhavam papel importante, de reconhecida utilidade. O povo, na sua ironia cabocla, os chamava de "pata choca", pelo tamanho das asas e volume, bojudo, meio lento, comparado com os atuais aviões a jato, que encurtam as distâncias.

Um saudoso Catalina em operação, em algum rio amazônico

No regresso a mesma escala, de Parintins à Manaus, passando por Maués, onde o desembarque era em canoas, lanchas e pequenas embarcações, que ficavam rodando em torno do hidroavião. E, em dias da semana passada, conforme já noticiaram a imprensa e a televisão, os “Catalinas” se despediram da região amazônica, na qual serviram durante mais de quarenta anos, cruzando fronteiras, firmando a nacionalidade, integrados na aviação civil e na Força Aérea Brasileira, cruzando os céus do Brasil. Na realidade foram os pioneiros e inestimáveis serviços prestaram a todos nós, que vivemos na terra dos grandes rios, imensas paisagens, e enormes distâncias...

quinta-feira, janeiro 05, 2023

PMAM: SEUS PRIMÓRDIOS (14)

A propósito da evolução da Polícia Militar do Amazonas no período provincial, compartilho novo tópico do meu pretendido livro Guarda Policial (1837-1889).

1856

Cidade de Manáos

Recorte de documento expedido de "Manáos", em 1902

Quatro anos após a instalação da Província, o presidente Dias Vieira sanciona a lei 68, de 4 de setembro, com a qual “muda o nome da cidade da Barra para o de cidade de Manáos” (cujo acento recaia no “a”, não no “o” usado por alguns filólogos modernos). O topônimo escolhido cultuava a nação indígena de mesmo nome, que habitava as cercanias do fortim de São José do Rio Negro, existente na Barra.

Todavia, foi somente a partir de 1943 que, apesar da reforma ortográfica de 1939, esta nomenclatura sofreu a mudança que se observa em nossos dias: cidade de Manaus.

1857

Guarda Nacional em Maués e Parintins

A segurança pública prosseguia sustentada pela Guarda Nacional, corporação que se expandia ocupando paulatinamente o território amazonense. Em 21 de janeiro, o jornal Estrella do Amazonas traz dois tópicos sobre este assunto.

O primeiro, o 2º Batalhão de Caçadores de Maués fora criado em 26 de outubro de 1853. Entretanto, seu atual comandante, tenente-coronel José Bernardo Michilles, somente foi nomeado em 30 de maio do ano seguinte. Já em Parintins, então Vila Bela da Imperatriz, a Guarda Policial foi dissolvida em janeiro desse ano, em seguida à ativação da Guarda Nacional, cujo fato sobreveio pelo decreto 1.823, de 24 de setembro de 1856.  (segue)