CATANDO PAPÉIS & CONTANDO HISTÓRIAS

sexta-feira, dezembro 31, 2021

TEATRO AMAZONAS: 125 ANOS


A festa de hoje na cidade pertence ao Teatro Amazonas, pela passagem de seu centésimo vigésimo quinto aniversário. São 125 anos embelezando Manaus, mas não apenas por esse detalhe. Bem mais esfuziante, pelo cumprimento de função primordial: expandir e divulgar a cultura. Sobre este monumento já se escreveu bastante, basta uma consulta ao Google para se observar detalhes de toda ordem sobre sua existência.
Selo comemorativo 1996

Os dirigentes do CFA (Clube Filatélico do Amazonas) intentaram produzir um Selo Personalizado sobre esta efeméride, mas os Correios ao desativar a produção, frustraram os filatelistas. Desse modo, vou me restringir a reproduzir algumas fotos sem qualquer excepcionalidade, são bastante conhecidas dos estudiosos: 1) de sua construção; 2) o selo do centenário (1996); 3) foto própria colhida aos 120 anos, e 4) o Logo em uso atual pela Casa de Cultura.

Teatro Amazonas (1896) e, abaixo, nos 120 anos
 



quinta-feira, dezembro 30, 2021

ANO NOVO 2022

 Afinal alcançamos o último dia de 2021, ano que ficará marcado como um período difícil, circundado por tantos desafios. Como foi duro transpor os doze meses. A capital amazonense começou o ano sentindo na alma o avanço da Covid19, sem que a Saúde tivesse recursos em quantidade para o enfrentamento. O restante dos meses decorreu entre cuidados sanitários extremos que foram sendo paulatinamente suprimidos pelas autoridades. Quando tudo indicava que os festejos natalinos seriam de amplo entrosamento entre familiares e amigos, nova cepa do vírus mostrou as garras e nos levou a fechar a mão para os cumprimentos. Ou seja, encarramos o 2021 cercados de dúvidas, que nos espera o Ano Novo?

Acredito que em 2022, devidamente reciclados, vamos reconquistar a Paz e a Saúde em todos os segmentos.

Registro com esta postagem, cujo material foi editado pelos Correios, meus votos de FELIZ ANO NOVO!


   

quarta-feira, dezembro 29, 2021

TEMÁTICA: NATAL

 Recorro a minha coleção temática para reverenciar o 

NATAL corrente

Selos do Natal 2021 (acima) e o
Edital (abaixo)

Cartas com motivos natalinos



segunda-feira, dezembro 27, 2021

AINDA ACERCA DO NATAL

 Aproveito a passagem do NATAL para divulgar parte de minha coleção temática, saudando aos visitantes pela data.






sábado, dezembro 25, 2021

DIA DE NATAL

 Saudando aos crentes desta data religiosa, exponho alguns materiais postais de minha coleção cujo tema é o NATAL








sexta-feira, dezembro 24, 2021

NOITE DE NATAL

 De novo é Natal, ainda sem muitas festas ou quase nenhuma. A razão está na pandemia que assola o país. Daí a recomendação de que nos protejamos, mesmo em festa familiar. 

Acabo de regressar à casa, depois de circular pelas residências das filhas e netos. Apesar de ter me preparado para continuar postando alguma matéria durante este afastamento, não consegui me acertar em momento alguma. 

Retomo nesta data a movimentação do meu Blog, aproveitando para registrar os votos de paz e saúde neste Natal do Menino Deus, extensivos aos amigos e familiares e aos eventuais leitores. Para ilustrar a data segue um exemplar comemorativo publicado pelos Correios, que integra minha coleção temática sobre o Natal

Aerograma circulado em 1988


domingo, novembro 28, 2021

L. RUAS – 90 ANOS

Se estivesse entre nós, estaria hoje completando o nonagésimo ano de existência. Todavia, o padre-poeta L. Ruas passou para a eternidade em 2000, aos 69 anos, abatido por um AVC. Conhecedor de seu trabalho literário, espalhado em livros e publicações jornalísticas, e aliado ao privilégio de ter sido seu discípulo no Seminário São José, resolvi divulgar sua produção. Isso venho operando desde 2004, ocasião que marcava o cinquentenário de sua ordenação sacerdotal, igualmente a criação do Clube da Madrugada e do Instituto Christus.

Capa do livro

Para lembrar seu nascimento, intentei o lançamento do livro que reproduzia sua coluna Ronda dos Fatos, iniciada no jornal A Crítica, com passagem pelo Trabalhista e pela A Gazeta. Todavia, o apoio solicitado e prometido não se concretizou. Em sequência, desisti de convidar aos dirigentes da EE Padre Luiz Ruas, no Zumbi 3, para que cantassem os parabéns por esta efeméride.

Um outro projeto rolava: em companhia de meu irmão Renato, outro admirador do padre-poeta, organizamos uma coletânea de seus contos, publicados em livros e jornais. Demos-lhe o título de Dois meninos no mundo e outros contos, que pode ser encontrado nos market place, bastando para tanto digitar seu título no Google. Com essa providência, você pode comparar preços e adquirir ou impresso ou digital.

Contra capa do livro

Já escrevi bastante sobre o autor, confessando minha admiração por L. Ruas, de maneira que encerro esta postagem reproduzindo a homenagem inserida em Orfeu no Labirinto (Valer), de Dedé Rodrigues, saudando “o mestre com carinho”. Ruas compôs Poemeu, Dedé, Poeteu:

busquei teus caminhos

enveredei densos bosques

penetrei letras de abismos

conheci clowns

sonhos

fantasia

o lírico  

o épico

o dramático  

a crítica  

a beleza dos teus versos

e tentei fugir

do amor do teu Deus

mas já era tarde...

 

hoje

quando não há mais vigília

ainda escuto teu canto:

Quando escuto passos no caminho

Sei que não vens...

Mas, te espero...

sábado, novembro 27, 2021

CFA FESTEJA O NATAL

 A turma muito entusiasta do Clube Filatélico do Amazonas (CFA) aproveitou o encontro desta sexta-feira (ontem), para festejar o Natal. Isso porque a turma deve fazer um intervalo neste momento. O encontro foi regado pelas guloseimas dispostas pelos gremistas, regadas por cafezinho e conhecidos refrigerantes.

A turma do CFA festejando

O colecionismo de selos passa por uma transformação. Já não se tem aquele volume de correspondências, que eram obliteradas pelos selos dos Correios. O próprio Correios está ameaçado. E não se escreve mais, é mais prático o envio de mensagens virtuais, com todas as facilidades da tecnologia.

No entanto, tem-se observado um volume superior no comércio de selos e outros derivados. Não apenas nas casas filatélicas, muito mais entre os colecionadores ou simples vendedores que usam as redes sociais. Não posso avaliar esse trabalho, sei que os escassos colecionadores pouco se encontram, como é o caso de nosso Clube.

A pergunta que fiz aos companheiros ontem: que devemos fazer para superar ou interagir com esse fenômeno comercial? Espero que a resposta seja breve, a fim de que no próximo 2022 tenhamos maior avanço. Afinal, foi possível realizar algum evento e, acima de tudo, manter o pequeno grupo coeso e em atividade.

Meus agradecimentos a todos que prestigiaram o Clube Filatélico do Amazonas.

Detalhes da festa com premiação e sorrisos



sexta-feira, novembro 26, 2021

AVC SE REENCONTRA

 Depois de 20 meses desativada, a Associação dos Velhos Coronéis, inativos da Polícia Militar do Amazonas, volta a se encontrar para o almoço mensal. Nesta sexta-feira, a reabertura dos trabalhos ocorreu no restaurante Toreador, situado no Amazonas Shopping. Por óbvio, os assuntos foram extensos e quase sempre repetitivos: além da saúde com a indicação de médicos e remédios, falamos alegremente dos atrasados financeiros, estes ocuparam bom espaço. Mas houve tempo para lembrarmos igualmente daqueles colegas que sucumbiram à pandemia.

Parte da turma, vendo-se coronel
Cavalcanti que passou a direção

O fato mais destacado foi a transferência de gerenciamento da AVC, que passou do coronel Cavalcanti Campos, que há 30 anos cumpria este encargo, distribuindo sua afabilidade, cativando com seu sorriso e amparando aos que suportavam algum desconforto. Marcou de fato a agremiação. Sim, o novo curador é o coronel Ary Renato, contando com a assessoria do Ronaldo Toledano. Prometem ampliar o atendimento aos camaradas da turma, e a outros oficiais reformados carentes de cuidados especiais, como aconteceu recentemente com o capitão Osmar de Andrade.

No grupo, a troca de direção
Estiveram presentes ao festim, além dos já citados e do autor da postagem: Amilcar Ferreira, Ruy Freire, Romeu Medeiros, Odorico Alfaia, Edson Nascimento, Mario Belota, Francisco das Chagas, Paulo Vital, Ewerton Amaral, Frandemberg Maués, Luís da Rocha, Edmilson Nascimento, Deusamar Nogueira e Osvalci Frazão.

A etapa do Natal está sendo articulada.

sábado, novembro 20, 2021

DIA DA CONSCIÊNCIA NEGRA

A efeméride de hoje foi celebrada por diferentes manifestações. E por outro tanto de dados. Um deles, acentuava o número muito reduzido de negros na direção superior de instituições de diversos segmentos. Desse modo, observando os registros policiais, estou convicto de que foi o único Negro a exercer o comando-geral da Polícia Militar do Amazonas, até nossos dias.


Refiro-me ao coronel Manoel Correa da Silva, que comandou efetivamente esta corporação entre abril de 1951, nomeado pelo govenador Álvaro Maia, até abril de 1953. Exerceu ainda em outros reduzidos períodos, de forma interina.

Nascido em Pernambuco em fevereiro de 1894, ingressou na Força Estadual em 1911, na condição de soldado, obviamente atraído ao Amazonas encantado pela hevea brasiliensis. Sem que haja registro de sua formação escolar, foi promovido no ano seguinte ao posto de 2º tenente, enfim alcançando o posto de tenente-coronel em 1º de agosto de 1946. Há registro, o de que o coronel Correa concluiu o curso de engenheiro agrônomo, assim, sem data ou outra menção.   

Residiu por largo tempo na rua Lauro Cavalcante, na vila Georgete, que ainda

existe, a despeito da “invasão” sofrida. Coronel Correa, que faleceu em 22 de 

março de 1954, foi casado com Porcina Andrade Correa Silva (morta em 1964).

CORPO DE BOMBEIROS DO AMAZONAS

 Ao final de 1998, o serviço de extinção de incêndios, então sob a jurisdição da Polícia Militar do Amazonas, obteve sua autonomia. Emenda Constitucional permitiu esse desfecho que foi celebrado com ampla e justificada euforia pela renovada corporação. Tanto entusiasmo levou, entre outras significativas mudanças, à criação de um Informativo, cujo primeiro número, datado de janeiro de 1999, trouxe em Editorial as novas diretrizes do CBMAM (Corpo de Bombeiros Militar do Amazonas) assinado pelo comandante-geral tenente-coronel BM Nilson Pereira da Silva.


De encontro à modernidade, na busca constante da eficiência, e na persistente e obstinada perseguição ao ideal de bem servir, estamos iniciando uma nova página na história sempre repleta de bons exemplos e heroicas lições do Corpo de Bombeiros. Tenho uma dupla alegria: primeiro, a destinação histórica de ser, nesta nova fase, o comandante desta organização, e segundo, a certeza de que poderei contar com o mais rico, o mais produtivo e o mais moderno equipamento do mundo que são os integrantes deste sistema, ou seja, os oficiais, sargentos, cabos e soldados, já integrados pela força do trabalho e pela energia do sentimento na grande tarefa que a sociedade nos destinou, de sua proteção e de sua defesa permanente.

Mas, esta é a certeza do sucesso, teremos também novos equipamentos, mais modernos e competentes, para enfrentarmos todas as situações adversas com que o destino possa nos desafiar, na divina missão de salvar vidas e bens materiais. Vamos trabalhar com redobrada determinação de bem servir. Homens, corações, força e inteligência em movimento farão, com multiplicada ação, as máquinas diminuírem o impacto dos acidentes e incidentes sobre o nosso povo. (...)

O aquartelamento seguia o mesmo, porém a nova
denominação já se apresentava modificada 

A primeira batalha desta guerra já estamos vencendo. Trata-se da reformulação funcional e estruturação operacional que nos garante mobilidade e mais competência administrativa. Aqui merece, por uma questão de justiça, uma referência de gratidão ao Governador Amazonino Mendes que entendeu a necessidade da transformação e empreendeu, esforço pessoal e recursos, na metamorfose que hoje estamos assistindo.

O Corpo de Bombeiros, em particular, e a população do Amazonas, em geral, devem esta homenagem especial ao Governador Amazonino Mendes por mais uma etapa do dever cumprido. Agora compete, também de forma uniforme, a participação de toda a sociedade, seguindo as orientações e os cuidados que devem ser tomados para que os acidentes se tornem mais raros e suas vidas corram menos perigo. Cada cidadão tem uma tarefa e do seu zelo e de sua solidariedade surgirá uma comunidade mais segura e mais forte o que é, em última análise, a nossa função definitiva de existir.

Tenente-coronel BM Nilson Pereira da Silva – Comandante-Geral 

sexta-feira, novembro 19, 2021

DIA DA BANDEIRA

 Não sei se fui pouco cuidadoso, todavia não encontrei em qualquer meio de comunicação uma palavra sobre o Dia da Bandeira nacional. Há pouco tempo ela aparecia na Semana da Pátria, verdade. Como o desfile desapareceu devido a pandemia, a bandeira sumiu. Agora transmudou-se em símbolo político, do governante do país.

Jorge Bargas, filatelista abnegado, cedeu-me a página aqui compartilhada para lembrar o "símbolo augusto da pátria".  


quinta-feira, novembro 18, 2021

CRÔNICA DA SEMANA

 A crônica foi escrita pela Tainá Vieira, em agradecimento a um presente singular que a enviei, sabedor da idolatria que ela dispensa ao saudoso Poeta Luiz Bacellar. 

Capa do livro e foto do autor

Depois de um fim de semana agitado, comecei essa semana pra baixo, às vezes isso acontece.   Fico assim quando tento ler poesia, não é fácil ler poesia, eu não gosto de ler poesia, porém, preciso ler poesia, se quero escrever poesia, preciso conhecer muita poesia e de boa qualidade.  Na segunda, comecei a folhear alguns livros de poesia, de Baudelaire a Penafort, procuro ler com calma, depois em voz alta, mas não funciona, eu prefiro ler um romance inteiro num dia, é bem melhor, nossa, eu amo. 

Passei a tarde de hoje tentando ler poesia, às 16h já estava bem chateada, então larguei o livro que estava lendo e quando estava me preparando para sair da biblioteca vejo o "Quatuor" (ou Quatro movimentos) do Luiz Bacellar, começo a ler e logo tudo fica calmo e feliz, porque a poesia bacellariana me deixa muito feliz, não tem jeito, o Bacellar é o melhor. Daí eu fiquei tão bem que comecei a ajeitar um poema que havia escrito na semana passada, ele estava amadurecendo rsrs (sempre faço isso), gostei do resultado. 

E disse para mim mesma que isso era um sinal (porque na minha cabeça se eu não gosto de ler poesia, então não posso escrever poesia), coisa minha, sei disso. Por fim, mandei o texto por e-mail para o meu professor, ele aprovou, disse que estava bom. 

Passado um tempinho meu marido (o professor kkk) chega do trabalho e me entrega esse presente.  A primeira edição (separada, antes já tinha saído junto com o Frauta de barro) de Quatro movimentos, gente do céu, eu fiquei tão imprechocada que quase choro de emoção, ainda veio essa foto linda do meu poeta maior. 

Obrigada, meu querido Roberto Mendonça.

Obrigada por ter lembrado do meu amor pelo Luiz Bacellar, você salvou uma vida, rsrsrs 🥰

Cuidarei dessa raridade com muito amor.

terça-feira, novembro 16, 2021

LEMBRANÇAS ANTIGAS DE MANAUS

A postagem foi sacada da coluna Velhos Tempos, de autoria do falecido memorialista André Jobim. Sua especialidade foi relembrar os usos e costumes de antanho, reportou sobre fatos acontecidos na cidade de Manaus. Escreveu em O Jornal, sempre aos domingos. O mote desta publicação foi descrever as brincadeiras infantis, ocorridas nas ruas, aproveitando a presença das famílias. 

Datada de 1960, as melodias, são com certeza esquecidas da maioria da população. Vou tentar recordar uma delas:  Ciranda, cirandinha / vamos todos cirandas / vamos dar a meia volta / volta e meia vamos dar...

Retalho de O Jornal

Para melhor evocação do passado, compramos um Long-Playing, BOL-12 da RCA Victor, onde um coro infantil sob a direção de Irany de Oliveira, gravou as cantigas de roda da meninada brasileira. A gravação aludida fez com que a nossa retina rodasse de modo inverso, focalizando as ruas e os bairros de Manaus, onde gozamos a nossa infância.

Não foi difícil ver e ouvir o coro de meninada de diversas ruas, sem o receio do racismo e da riqueza, toda ela a brincar...

Na rua Emilio Moreira, as meninas faziam roda e ouvia-se: Eu fui no Tororó; Ciranda, cirandinha; Na mão direita; Senhora viúva; Carneirinho, carneirão; Terezinha de Jesus e tantas outras melodias que dava alegria no horário comum das 19 às 21choras...

Havia os lampiões de arco voltaico da Manáos Tramways Ltd.. que inundavam de luz e de encanto esta linda e risonha cidade, e lá nas rodas alegres estavam Iandecy, Eurídice, Delzuita, Otília, Navina e tantas outras mocinhas-meninas, hoje senhoras já mãe de filhos, lembrando como nós os “Velhos Tempos” ...

Era a primavera em flor, a infância descuidada e despretensiosa...

Em São Raimundo via-se também outras rodas com Silvia Bandeira, Maria de Lourdes Normando, Elda Benigno, Irene e Maria Moura, Raimunda Thompson, Izaida e tantas outras que faziam o encanto daquele populoso bairro...

Hoje, ora hoje nada mais há que faça voltar aquele encanto, trata-se apenas dos vesperais, dos namorados e mais não há, senão por acaso, aqui e ali, em bairros distantes as mesmas rodinhas numa lembrança fixada para o amanhã.

Nós, os meninos, brincávamos de Cipó queimad0; Manja; Batalhões" e o "football" das praças e das ruas... Era conhecido o bate-bola da rua Lobo d’Almada, no terreno onde está hoje o Cardoso Fontes, e a Praça da República, onde está o edifício do IAPTEC... Ali pontilhavam os “cracks” João Magro, Arthur e Antenor Langbeck, Nozor e Joel Vale... 

quinta-feira, novembro 11, 2021

SERVIÇO DE SAÚDE PMAM: NOTA PARA SUA HISTÓRIA

 Já muito escrevi sobre a presença de Ramayana de Chevalier na Polícia Militar do Amazonas, na condição de médico chefe do Serviço de Saúde. Como alcançou este cargo nos idos de 1936, ele mesmo descreve no artigo aqui compartilhado do livro em que se reverencia ao político amazonense Manuel Severiano Nunes (1892-1957), seu padrinho. 


 

O VIGOR DE UM CARÁTER

Eu não sabia bem se era eu, um jovem ardente e confuso, ou um pedaço de meu pai, quem entrava, àquela manhã doirada de luz, pelo gabinete do Secretário-Geral do Estado do Amazonas. Vinha do Sul, onde me formara em Medicina, mais propriamente da Bahia, que eu deixara saudoso e galante. Um emprego! Cavar um emprego! Era essa a mentalidade do momento, enquanto não sazonasse a minha clínica, a vida não me tisnasse de desilusões, o tempo não me argentasse a fronte. Um emprego! Mas onde?

O Estado era pequeno, politicamente, as posições poucas e já usurpadas, a iniciativa particular quase nenhuma por essa época. Casas de saúde não existiam. Serviços privados, do ponto de vista médico, nem sombra. O governador era o Dr. Álvaro Botelho Maia, por esse tempo um espelho da juventude de minha terra. Orador, poeta, professor, político. Um tanto lânguido para a administração. Contudo, bom e digno. Eu já escorvara a escopeta das investigações. Não havia nada à vista, a olho nu. Mulheres, muitas. Emprego, nenhum.

Comecei balbuciando a minha clínica de consultório. Na província, a essa altura, era difícil misturar-se o literato e o médico. O povo só acreditava em clínico de aspecto soturno, um tanto sobre o medíocre, com cara de pai de família. Eu tinha um rosto imberbe, alegre e sorridente como o cartaz de uma pensão de marafonas. Estavam duros a conquista de um emprego e o começo da clínica. Foi então que um desses anjos perdidos na terra, alma cândida e boa, Sebastião de Bogéa Saint-Clair, soprou-me um nome: Manuel Severiano Nunes. Em 30, na hora das barricadas, ele formara com o meu pai na "Legião de Outubro". Um amigo.

Muitos o chamavam de "Frasquinho de Veneno". Para mim, foi um frasquinho de perfume. Que Deus o guarde no mais veludoso recanto do seu regaço. Um caráter. Leal. Firme. Desses que só prometem uma vez. Para cumprir. Tinha um doce crepúsculo nos olhos, que lembrava tristeza ou romantismo. E era alegre com os seus companheiros. Soube viver, como soube morrer. Só uma tristeza lhe empanou a hora da morte: morrer distante de sua terra, longe do Amazonas que ele tanto amava.

Um homem. Com todas as letras, com todas as dores, com todas as lutas.

Saint-Clair levou-me a ele. Ia-se organizar de novo a Polícia Militar do Amazonas, cuja tradição vinha da campanha de Plácido de Castro e das lutas de Canudos. Severiano, atendendo ao amigo, olhou-me nos olhos e disse: "Você será o chefe do Serviço de Saúde da futura PM". E apertou-me as mãos, adiantando: "Eu sou amigo do seu pai e admiro a sua inteligência". Despedi-me como um pássaro. Entrei em casa cantando. Estava arranjado o emprego. Álvaro Maia, governador, também meu amigo, não recusaria o meu nome.

Recorte do Almanaque de oficiais, ano 1948

Daí por diante, comecei a subir em minha carreira, até terminar reformado como Coronel-Médico, neste delicioso outono biológico que me inebria. (...)

Foi num dia triste, no Rio de Janeiro, que recebi a notícia de seu falecimento. Depois de algum sofrimento, na pobreza do seu apartamento sóbrio e digno, o gigante entregara a alma ao seu Criador. Fui vê-lo, comovidamente.

O Posto 6 estava embuçado de nuvem. O mar Atlântico soluçava nas escarpas do Forte. O seu corpo, engerelado e pálido, conservava, mesmo no mistério da morre, o leve sorriso fraternal que ele dedicara aos que lhe eram leais.

O Amazonas teve nele um soldado, um filho ardente e nobre, um condutor de homens, uma bandeira, um advogado. Foi caboclo em toda a extensão luminosa da palavra. Meu testemunho teria que vir entrelaçado com as corolas da gratidão mais pura.

O jovem médico, que começou a sua escalada do primeiro degrau que ele lhe dera, ainda hoje, malferido pelo destino, como um animal selvagem, ergue os olhos para Deus e pede por ele, com a mesma vibração honrada dos primeiros dias.

Ao lado de Álvaro Maia, ele foi um defensor insone do Amazonas. Quem poderá esquecer as suas lutas, os seus revezes, os seus triunfos, as suas glórias? Conheci-o muito de perto, em certos ângulos de intimidade cordial que só são dados aos legítimos companheiros, em horas felizes, como em instantes amargos. Tenho certeza de que os seus filhos haverão de honrá-lo, assim como herdarão dele um fecundo, um profundo amor pelo Amazonas.

Seu perfil não é fácil. Visto de longe, da fumaceira das distâncias, do poeiral das ruas, das fogueiras das paixões políticas, Severiano Nunes poderá apresentar uma face ignota para mim. Essa, não a conheci, nem creio sua. A que conheci e estimei, a que se fixou na minha saudade e na minha gratidão, para sempre, essa era resplendente e sadia, sorridente e amável, jovial e carinhosa, cristã e admirável como uma tela de [Thomas] Gainsborough (1727-1788).

O político tinha comigo um traço de união indelével: o Amazonas era, para ele, algo como um pedaço do seu próprio sentimento, como a afirmação de sua própria personalidade.

 


segunda-feira, novembro 08, 2021

CAPUCHINHOS NO AMAZONAS

 Os frades capuchinhos da província de Úmbria (ITA) chegaram a Manaus em 1909, propostos à evangelização do Alto Rio Negro. A pobreza generalizada da região os desencorajou. Aceitaram, no entanto, mudar-se para o Rio Solimões, localizando a Missão à entrada deste portentoso curso d’água no Brasil. A conquista exigiu renúncia, espírito missionário, acarretou a morte de jovens apóstolos, contudo conseguiram se estabelecer. Ainda em nossos dias cabe aos capuchinhos umbros a direção da Igreja católica nos municípios da tríplice fronteira.

Para celebrar esse triunfo, relembrando as fases superadas com ingentes esforços, Mário Tosti (professor de História Moderna na Universidade dos Estudos de Perugia e docente de História da Igreja Moderna e Contemporânea no Instituto Teológico de Assis, Itália) escreveu o livro a Igreja sobre o rio (Manaus: Secretaria de Cultura do Estado, 2012), no qual relata “A missão dos Capuchinhos da Úmbria no Amazonas”. 

Capa do livro

O livro foi escrito a partir de relatos enviados pelos frades missionários, remetidos de Manaus e de outras localidades do rio Solimões. A numerosa correspondência arquivada e examinada se deve à recomendação imposta aos religiosos, em particular aos dirigentes, pela direção-geral da Ordem.

Sua leitura revela um tanto enorme da história do Amazonas, por isso, recolhi alguns parágrafos que julguei oportunos. Outros, se trata de curiosidades. Enfim, espero ter contribuído com a divulgação da “conquista espiritual da Amazônia”. 

Manaus, 8 dicembre 1912. Mais detalhado é o acerto de contas que o mesmo prefeito [religioso superior] faz no seu relatório de 1912, do qual emergem interessantes e curiosas considerações sobre a presença e a atividade dos italianos em Manaus: "em Manaus existe uma colônia italiana muito numerosa, mas que infelizmente não honra a própria bandeira.

Na quase totalidade é composta por meridionais que, emigrando para Manaus com o único objetivo de fazer dinheiro e para obter isso não se interessam pelo decoro civil nem com o sentimento religioso. Quase todos se submetem a fazer os serviços mais abjetos, como de estivadores, garis e engraxates, de modo que em Manaus a palavra italiano é sinônimo de estivador.

Agora, o cônsul italiano, para tentar remediar esta situação, tinha prometido fazer-me possuir gratuitamente uma casa com local apto para um colégio, com a condição que eu estabelecesse neste uma secção especial para os filhos dos italianos. Eu aceitei, e ele ocupou-se realmente da coisa: mas até agora não vi algum resultado".

Frei Jocundo 

Em sua viagem transatlântica rumo ao Brasil, em 1912, frei Jocundo de Soliera repassa uma informação sobre o tratamento dispensado a ele pelos passageiros de 1ª classe e os de 3ª.

Nota 249 "Todos se aproximavam de nós — escreve Fr. Jocundo — e esses maltratando o idioma italiano e nós estragando a língua portuguesa e inglesa, conseguíamos conversar suficientemente". A mesma coisa não podia afirmar dos passageiros de terceira classe, uma centena de portugueses que se dirigia ao Pará e a Manaus, embarcados em Lisboa, barulhentos e incômodos que não hesitavam em gritar, assoviar e pronunciar palavras injuriosas toda vez que no horizonte apareciam os religiosos, foi em vão o protesto de Fr. Jocundo ao capitão que respondeu de modo gentil, mas inconsequente, por isso, a única solução foi "não passar mais daqueles lados".

sábado, novembro 06, 2021

FAMÍLIA PAULA & SOUZA (2)

 A busca pela origem da família Paula e Souza no território amazonense, presente no ostentoso sobrenome do falecido Ramayana de Chevalier, já me trouxe alguns sucessos. Aos poucos vão aparecendo outros familiares, que foram esquecidos pelo apelido familiar. As mais conhecidas expressões literárias da família estão ligadas àquele Chevalier: são dois de seus filhos (Ronald Wallace, o “Roniquito”, e Scarlet Moon) e seu irmão Carlyle.

Scarlet Moon de Chevalier

No entanto, certamente estimulada por esse desafio, venho de receber a produção de uma Paula e Souza, que assina sob pseudônimo. O poema aqui compartilhado foi “dedicado a Ramayana de Chevalier (o grande poeta e boêmio amazônico)”.

 

RIO DAS ILUSÕES

Lizza Moon


Não quero fama. Nem ouro, nem glória,

Somente provar o sabor dessa vida ilusória.

Nem tanto na terra, nem muito nas estrelas.

Com a cabeça divagando, vou consumindo as tristezas.

A mente inquieta e o corpo inerte,

sinto volver em meu corpo um espírito errante.

 

Rio, rio das ilusões, como não te amar ao saber das solidões?

Navegando sobre ti e das almas que engolistes...

Como não falar em meus versos das saudações?

 

Rio, rio Solimões,

Por quem aqui passar, um Adeus,

um Olá até a outra Margem do Rio!

Volta! Volta cabocla bonita!

Teus pensamentos vão longe, mas a lida é contínua.

Pês no chão e cabeça feita

Do outro lado do Rio é que a vida é feita.

Deixaste essa floresta, mas teu espírito vem me atormentar...

 

Se queres tanto falar...

Pedes a Shiva para te deixar reencarnar...

Roda, roda, gira, gira...

Rema, rema, sob águas frias...

Faz ressurgir o Monstro das poesias...

Cataventos girando sob o manto verde à beira rio...

Que visão é essa que fez-me querer beber vinho?

Agora sob águas negras, avisto a orla da cidade...

Luzes brilhando, vento soprando, tudo gira...

A mente, um redemoinho,

Desperto sozinho...

Vem a mim...

E pega em minhas mãos frias,

Ó gigante caboclo das boemias.


terça-feira, novembro 02, 2021

DIA DOS FINADOS (1)

 

Detalhe da capela, apontado pelo anjo,
no cemitério de São João.

REFLEXÕES DO DIA DE FINADOS

“Eu sou a Ressurreição e a Vida. Quem crê em mim, ainda que morra, viverá. 

E quem vive e crê em mim, jamais morrerá.” Jo (11:25-26).

“Quem come a minha carne e bebe o meu sangue, tem vida eterna,

 e eu o ressuscitarei no último dia...” Jo (6: 54-55)

 

Este Dia de Finados, como em todos os anos, nos traz lembranças, sentimentos e emoções que nenhuma lógica humana é capaz de explicar. O clima diferente, que nos envolve, nos faz diminuir as palavras e aumentar nossos sentimentos de pesar, de perda e de tristeza.

Para quem nos amou muito, teve sua participação efetiva, tanto na nossa geração como na nossa criação e educação, e, se ainda os amamos tanto, essas almas merecem a nossa reverencia, nossa dedicação e memória.

Creio que o pior da morte, visto pelo lado humano de quem ainda permanece entre nós, não é morrer — afinal somos finitos —, é ser esquecido, abandonado em túmulos e nem ao menos ser visitado nestes dias de dedicação aos mortos. Qualquer lógica doutrinária que tente nos afastar dessa homenagem, para o cumprimento de um dever meramente humano, não tem lógica, não tem respaldo a partir da fé em Jesus Cristo.

A morte dos outros nos faz pensar na nossa, é inevitável. Mas, essa realidade cruel, não nos diminui o sentido da vida, pelo contrário, nos dá argumentos e fé para viver plenamente cada momento, como se fosse a eternidade.


Texto produzido pelo Renato Mendonça 

 

DIA DE FINADOS

Aqui jaz a memória da

família Lima Mendonça


encontra-se no jazigo aberto para a avoenga Adelaide Vieira Lima, no cemitério São João Batista, há 80 anos. Para este finados intentei ultimar os reparos imperiosos à recepção de novos. Não me foi possível finalizar a obra, ainda assim pretendo recolher ao local dois personagens desta família sepultados no cemitério São Francisco, no Morro da Liberdade.

Hoje é dia para a reflexão, seguramente. Momento de rever de alguma maneira os antepassados, de relembrar-lhes as passagens, de reavivar a memória dos novinhos sobre os antepassados. Enfim, como de hábito religioso, oportunidade de rezar por suas almas. De acender velas, de deixar-lhes flores. E, quem sabe, aproveitar a ocasião para refletir sobre seu destino. Para tanto reproduzi o texto de meu irmão Renato, escrito para este evento.

Detalhe de curiosa lápide existente no 
cemitério de São João Batista - Manaus

Os campos-santos citados passaram por reformulação, receberam aquela recapagem, a fim de melhor acolher aos visitadores neste dia. Daí as fotos aqui postadas com as quais relembro os túmulos da minha família em cada necrópole.

 

Em São João Batista repousam:

 


             
Adelaide Vieira Lima (1883-1941)

Francisca Lima Mendonça (1917-1951

Victoria Malafaya (1890-1961)

Maria Nogueira de Lima (1920-1966)

Roberto Souza Mendonça (1971-2016)

 


          

 Em São Francisco repousam:


             Doroteia Santos Mendoza (1936-1992)

             José Manuel Mendoza (1916-2014)