Zuavo no Quartel PMAM |
Encerro
com esta postagem a exposição oral que apresentei no Instituto Geográfico e
Histórico do Amazonas, na programação do
I SIMPÓSIO DE HISTÓRIA DA SAÚDE DO
AMAZONAS.
GOVERNO MILITAR
Cheguei
na corporação há quase 50 anos, no meado de 1966. Apesar de 1964, a força
policial ainda era um desastre completo. De cima a baixo. O Serviço de Saúde
contava com os médicos incluídos a partir da década de 1940, os enfermeiros, de
1950.
A
direção do Serviço de Saúde cabia ao Dr. Hosanah, um médico da Polícia. Coronel
na PMAM e diretor do Instituto Médico Legal, na Polícia Civil. Morava perto do
quartel, na rua Lima Bacury. Frequentava o café, na república do Pina, ao lado
o Quartel e, na rua Marechal Deodoro, a Chefatura de Polícia. Dr. Corrêa Lima, malariogista
sem entusiasmo, chegado a uma bebida alcoólica. Dr. Calil Nadaf,
oftalmologista, que logo deixou o emprego e foi cuidar de seus imóveis.
No
quadro dos Dentistas: Francisco Menezes, às vésperas de sua aposentadoria, e
Achilles Frota, sem condições de atuar, com os dedos “entrevados” (artroses). Ambos
da antiga Faculdade de Odontologia da Universidade de Manaus. Sem qualquer
equipamento, nada produziam.
Um
pouco sobre a nossa Universidade Federal. Criada como FUA, em 1962, evoluiu, em
especial nas áreas de saúde e de engenharia, graças aos esforços do governador
Arthur Reis (1964-67). A enfermaria do quartel da Praça da Polícia serviu de
alojamento para os “excedentes”, ou seja, alunos oriundos de outros Estados que
a transformaram em “república” estudantil.
Do
lado da corporação, os quartéis e o efetivo foram se ampliando. Em 1970, a
Polícia Rodoviária, em frente à estação Rodoviária; em 1971, o 1º Batalhão no
bairro de Petrópolis; no ano subsequente, a Rádio Patrulha na rua Duque de
Caxias, ao lado da Maternidade; em 1974, o Corpo de Bombeiros, na avenida Sete
de Setembro.
Nessa
conjuntura, a PMAM não possuía mais qualquer profissional de saúde. Na FUA, os
primeiros médicos já atuavam. A amizade levou jovens policiais e médicos
(contemporâneos do Colégio Estadual) a se reencontrarem. Assim, o Dr. Abelardo
Pampolha foi trabalhar na Rádio Patrulha, e o Dr. Ronaldo Albuquerque, no 1º
BPM. Na base dessa amizade, e pagos pelo “caixa dois”.
Regularizar
a situação e suprir a necessidade de mais especialistas obrigaram a realização
de um concurso, o primeiro na área, em 1973. Ingressaram em julho de 1974 os
dois médicos já citados acima e mais o Dr. Jonas Alfredo. E dois dentistas:
Agnello Bittencourt Neto e Nazadir Sapucaia (ambos deixaram uma marca pitoresca
na caserna: aquele vendeu a farda e este era evitado pelos supostos clientes).
Apenas
um médico, Dr. Teodoro Rogerio Passini, incluiu em 1977.
Ainda assim o entusiasmo pelo serviço
crescia, passando a reivindicar um hospital. Quanta pretensão! Diante desse
brado, a corporação criou, em fevereiro de 1980, o Núcleo do Hospital da
Polícia Militar. Foi mais um passo. E o sonho parecia tomar contorno quando, ao
final de seu segundo governo, Gilberto Mestrinho adquiriu a clínica Prontoasma, do Dr. Euler Ribeiro,
secretário de Saúde, e a destinou a servir de casa de saúde da PMAM.
REDEMOCRATIZAÇÃO
A
direção do Núcleo providenciou e o governo de Mestrinho autorizou diversas
entradas de profissionais de saúde. A primeira ocorreu em 1984 – Drs.
Aristoteles Conte | Antonio Schettini | Wandbergh Caldas | Araújo da Rocha |Isaac
Dahan | Antonio Renier | Jaime Oliveira | Tadeu dos Santos | Walderuy
Monteiro. Durante a década foram
incluídos – 12 médicos.
Dentistas
em 1984 – CDs. Ivanilson Batista e Togo Meireles. E mais seis outros até o
final da década.
Com
esse primeiro efetivo, a PMAM criou o Hospital da Polícia Militar em fevereiro
de 1984, mas, somente um ano depois este passou a funcionar, chefiado pelo
major Dr. Fred Jobim. Sua localização: rua Candido Mariano, hoje, abandonado e
aos pedaços. E veio o Centro Odontológico, em junho de 1989, sob a direção do
major CD Nazadir Sapucaia, instalado no antigo quartel da Rádio Patrulha, na
avenida Duque de Caxias.
Logo
em março de 1991, foram 9 médicos e 9 dentistas incluídos, os quais encontraram
a bioquímica Lucinete Kimura. Depois foram incorporados um farmacêutico
(Aluysio Junior) e um veterinário (Akel Araújo). Foram os últimos concursados. Hoje,
poucos ainda estão no serviço ativo.
Cinco
anos depois, em junho de 1996, a corporação reuniu as diversas seções de saúde
em único comando, um comando nivelado aos maiores da PMAM. Serviu ainda para
contornar os constantes atritos entre os diversos chefes e o pouco
disciplinamento observado no Hospital e no Centro. Com a denominação de
Diretoria de Saúde, e sob a direção de um coronel, cabendo-me o privilégio de
ser o primeiro.
O
sonho virou pesadelo. Em nossos dias, a partir de 2002, o serviço de saúde
abandonou o HPM e se alojou no quartel de Petrópolis, dividindo sua atividade
com várias outras da entidade policial, agora sob desidratadas condições. Funciona, ainda com muita ambição, como Policlínica da Polícia Militar.
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