CATANDO PAPÉIS & CONTANDO HISTÓRIAS

domingo, janeiro 10, 2021

FORTIFICAÇÕES NO AMAZONAS [2]

O Forte do Rio Negro, construído em 1754, cuja descrição na obra Os Fortes da Amazônia, do falecido coronel EB Lauro Pastor, “permite uma orientação histórica de como se desenvolveu o processo de ocupação portuguesa na região.”
Neste trabalho, Pastor relacionou 11 fortificações construídas no Amazonas, e com este compartilhamento segue minha homenagem ao saudoso mestre.

2. Forte do Rio Negro - 1754

O Forte do Rio Negro localizava-se na margem direita do alto rio Negro, hoje sede do município de Barcelos, então capital da Capitania de São José do Rio Negro, no estado do Grão-Pará. Foi reduzida a Bateria em 1755.

Era composta de dois fortes de madeira artilhados defendendo a aldeia de Mariuá, mais tarde Barcelos, a base da demarcação dos tratados de Madri e Santo Ildefonso e capital da capitania de São José do Rio Negro até ser a mesma, por volta de 1804, definitivamente transferida para Manaus, depois de cerca de meio século de permanência em Barcelos.

Barcelos foi a primeira capital do Amazonas, fundada em 6 de maio de 1758. Essa fortaleza não tem sido citada e ora a registramos.

Síntese da história de Barcelos:

O município de Barcelos teve seu início na Aldeia de Mariauá, construída pelo tuxaua Camandri da nação Manau e pelo frei carmelita Mathias São Boaventura. Localizada à margem direita do rio Negro, em 1728 com o nome da Missão de Nossa Senhora da Conceição de Mariauá, palavra indígena que significa “Grande Braço”, porque mari corresponde a grande, iuá, à braço, significa, se referindo ao rio Negro.

Neste mesmo ano chega à Aldeia de Mariuá, Belchior Mendes e sua tropa que, junto com frei Mathias, constroem a capela de Santo Elizeu do Mariuá. Ergueu-se de início, uma capela de palha que mais tarde foi ampliada com a construção de um hospital e de um colégio, formando assim a Missão de Nossa Senhora da Conceição de Mariuá.

A Aldeia foi elevada à categoria de Vila em 6 de maio de 1758, com o nome de Barcelos, tendo sido seu primeiro governador o coronel de infantaria Joaquim de Melo e Póvoas. No ano de 1791, o governador Manoel da Gama Lobo D’Almada mudou a sede da capitania para o lugar da Barra do Rio Negro (hoje Manaus), por ser esta vila melhor localizada geograficamente. Em 1799, a sede da capitania retornou a Barcelos, porém, em 1806, foi transferida definitivamente para o Lugar da Barra. Em 1816, a mando do governador capitão de mar-e-guerra José Joaquim Vitório da Costa, foram demolidos todos os edifícios existentes em Barcelos, não restando nenhum prédio para contar esta história. Nessa ação foi destruída a igreja onde foi sepultado o brigadeiro de infantaria de Marinha Manuel da Gama Lobo D’Almada, governador que antecedeu a Vitório da Costa.  

Barcelos veio a receber novamente foros de cidade por meio do decreto-lei estadual 58, de 31 de março de 1938, e foi designada como Área de Segurança Nacional pela lei federal 5.449, de 4 de junho de 1968.

Na ausência de imagem da fortaleza, exponho
a foto do governador Areosa, em 13.nov.1969,
inaugurando o Mercado Público. Na ocasião,
inspecionou a construção da Usina de Energia
Elétrica


FOLHINHA DE JANEIRO [2]

Para relembrar o passado, recorro às efemérides manauaras. Que sirvam ao leitor. Morador do bairro de Educandos, utilizei bastante a ponte da “subusina” de eletricidade. E as catraias, idem. E mais, fui aluno do GE (hoje EE) Machado de Assis.


Foto conhecida do extinto cemitério de São José

 10 de janeiro

1888 – Empossado na presidência da Província, o coronel (do Exército) Francisco Antônio Pimenta Bueno, filho do visconde de São Vicente. Na mesma ocasião, assume o Comando das Armas da Província do Amazonas, o coronel Candido José da Costa.

1963 – Falece em Manaus, Abílio Damazo Nery, genitor de Paulo Pinto Nery, que foi prefeito de Manaus e governador do Amazonas.

 

11 de janeiro


1924 – Criado pelo decreto 1472, sancionado pelo governador Rego Monteiro, o Grupo Escolar Machado de Assis, ocupando o restante das instalações do Instituto dos Educandos Artífices, embrião do bairro.

1926 – A prefeitura de Manaus, mediante edital, convoca aos familiares e responsáveis por túmulos ainda existentes no cemitério de São José, a fim de proceder a exumação. Outros editais e convocações foram publicados, até o ano de 1931. No ano seguinte, foi concretizada a transferência, sob as expensas da municipalidade. Os despojos não reclamados, foram locados no Ossuário construído para este fim, localizado na Quadra Cinco.


Edital do cemitério S. João, em 1926

 

12 de janeiro


1929 – Iniciados os serviços de construção da ponte destinada a ligar o Centro, via bairro da Cachoeirinha, ao bairro de Educandos. O encarregado – Antônio Rodrigues Vianna Júnior, engenheiro civil e de minas, era também autor do projeto. Hoje desativada, a construção foi conservada para lembrar-nos do tempo em que o bairro de Educandos era uma “ilha”, socorrida pelas catraias.

1956 – Eleito pela sigla do Partido Social Democrático (PSD), Raimundo Perales assumiu a prefeitura de Itacoatiara.

sábado, janeiro 09, 2021

FORTIFICAÇÕES NO AMAZONAS

Desfrutando da amizade do coronel Lauro Pastor, da reserva do Exército, empenhado ele na restauração da história da Força Terrestre na Amazônia, fui contemplado com esta retrospectiva. Seu empenho findou com sua morte no início de novembro passado, atingido pela moléstia presente.

Em sua homenagem, vou compartilhar um trecho deste trabalho, no tocante às onze edificações construídas no Amazonas. Dado o volume de informações, vou me limitar à primeira fortificação, a implantada em Manaus.

1. Fortaleza de São José da Barra do Rio Negro - 1669

A Fortaleza de São José da Barra do Rio Negro, também referida como Fortim de São José, ou Forte de São José do Rio Negro ou Fortaleza do Rio Negro, localizava-se na margem esquerda da barra do rio Negro, um pouco acima da sua confluência com o rio Solimões, no “Logar da Barra”, depois “Villa da Barra”, na Capitania de São José do Rio Negro no estado do Maranhão e Grão Pará, atual cidade de Manaus (AM).

Maquete do Forte São José da Barra

http://www.manausonline.com/turismo-historia.asp

A questão da fundação

Os estudiosos não são acordes nem quanto à data de início nem quanto ao construtor desta fortificação, ligada à fundação da atual Manaus. A disparidade entre datas varia entre 1667, 1669 (SOUZA, 1885:57; BETTENDORF, Pe. João Felipe. apud: MONTEIRO, 1994:35; GARRIDO, 1940:18), 1670 (BARRETTO, 1958:45), anterior a 1691 (FRITZ, Pe. Samuel. apud: op. cit., p. 35), 1691 (MORAES FILHO, Melo. apud: op. cit., p. 35), 1697 (VARNHAGEN, Francisco Adolfo de. apud: op. cit., p. 35). REIS (1966) não dispõe desta data, admitindo como solução provisória a data de 1669 para a obra de Francisco da Mota Falcão. (OLIVEIRA, 1968:751)

O Forte de São José

A Provisão-Régia de 15 de dezembro de 1684 determinou a construção. Iniciado por determinação do governador do Maranhão e Grão-Pará, capitão-general Antônio de Albuquerque Coelho de Carvalho (1685-1690), foi uma das quatro fortificações erguidas pelo maranhense capitão Francisco da Mota Falcão às próprias expensas nos sítios que lhe fossem indicados, em troca da mercê do governo vitalício de uma delas. Sua construção igualmente é atribuída a Manuel da Mota Siqueira, em 1697, o que nos remete ao mesmo contexto, uma vez que tendo Mota Falcão falecido, deixando as obras desses fortes inacabadas, seu filho, Mota Siqueira, assumiu e concluiu a empreitada.

Simples fortim, provavelmente de faxina e terra, apresentava planta no formato de um polígono quadrangular, sem fosso. Estava artilhado com quatro peças de calibres 3 e 1. De sua guarnição (270 homens), saíam os destacamentos para guarnecer os fortes e presídios dos rios Negro, Branco, Solimões e Içá, bem como para os registros do rio Madeira. O seu primeiro comandante foi o capitão Ângelo de Barros. O nome deste comandante também é grafado como Angélico de Barros.

Em 1720 o governador e capitão-general Bernardo Pereira de Berredo e Castro propôs a sua mudança para o furo do Jauaperi, o que chegou a ser aceite por João V de Portugal, mas jamais se consumou. Serviu como quartel para as forças portuguesas envolvidas nas demarcações decorrentes do Tratado de Madri (1750).

Dele existe iconografia: (Prospecto da Fortalezza do Ryo Negro) nos Prospectos das Fortalezas do Rio Negro, Tapajós, Pauxis, e Gurupá, mandados fazer, no ano de 1756, pelo capitão-general Francisco Xavier de Mendonça Furtado, Presidente da Província do Pará e 1° Comissário das Demarcações dos Reais Domínios de Sua Majestade Fidelíssima da parte Norte.

Foi visitado pela expedição de Alexandre Rodrigues Ferreira, que nos relata que, em 1774 a guarnição ordinária do forte era composta de cem praças e de uma companhia de infantaria auxiliar com o mesmo efetivo. A farda dessa tropa: calções brancos, apresilhados sob o joelho, meias brancas compridas, banda e casaco vermelhos, chapéu armado de dois bicos, galões de ouro, adereço de espada, chifarote, facão de mato e espingarda. OLIVEIRA (1968) refere que o mesmo naturalista, em 1785, observou, no interior do “fortim”, quartel (casa de palha) para dois oficiais e alguns soldados. Mais tarde, quando ali passou em 1788 em viagem pastoral, D. Frei Caetano da Anunciação Brandão, a seu respeito registrou que "(...) não tem mais que o nome.".

O Logar da Barra, povoação que se desenvolveu à sombra do forte sob o governo do brigadeiro da infantaria de Marinha Manuel da Gama Lobo D’Almada, tornou-se a sede da Capitania de São José do Rio Negro (1791), sendo elevada a Vila da Barra do Rio Negro para esse fim, a 29 de março de 1808.


Decadência, abandono e demolição

Com o crescimento urbano e a evolução do armamento no século XIX, a estrutura perdeu importância tática. Foi considerada como fortificação de 2ª Classe pelo Aviso do Ministério da Guerra de 14 de fevereiro de 1857, até que um novo Aviso, a 22 de maio de 1875, determinou o seu abandono.

GARRIDO (1940) esclarece que os seus vestígios foram arrasados para dar lugar ao Palácio do Governo da Província, à época (1940), ocupado pela Prefeitura Municipal de Manaus. BARRETTO (1958) complementa que à época (1958), sobre os vestígios dos seus alicerces, erguia-se a edificação da Estação de Rádio da 8ª Região Militar. REIS (1966) informa que, sobre o seu local foi erguido o edifício da Tesouraria da Fazenda, depois Diretoria da Fazenda Estadual. (OLIVEIRA, 1968).

domingo, janeiro 03, 2021

FOLHINHA DE JANEIRO

Vou elencar algumas datas “redondas”, conforme intitulam os historiadores e seus discípulos, que ocorrem neste janeiro de 2021. Valho-me da sinopse das efemérides amazonenses que espero atualizar. 

1871

Dia 31 – Nasce em Viçosa (CE), o engenheiro agrônomo Angelino Bevilaqua, que durante décadas emprestou seu nome ao Parque de Exposição Agropecuária, em Manaus. Angelino era irmão do jurisconsulto Clóvis Bevilaqua, e tendo residido em Manaus, aqui deixou descendência.

1911

Dia 29 – Fundação da Associação Comercial dos Retalhistas de Manaus, órgão destinado a defender os profissionais do comércio a retalho e das indústrias ligadas a este comércio.

1921

Dia 3 – Nasce em Parintins (AM), o professor Herbert Batista Palhano, tendo falecido jovem em 18 de janeiro de 1961, no Rio de Janeiro. A capital do Amazonas possui uma EE com seu nome.

1941

Dia 5 – Faleceu no hospital Beneficente Portuguesa de Manaus, o professor Marciano Ferreira Armond. Os jornais da época registraram: "Na serenidade dos justos e na humildade dos sábios finou-se o professor Marciano Armond, o grande modelador de inteligências". Manaus adotou seu nome em rua da cidade, homenageando o saudoso mestre, rua que liga o bairro da Cachoeirinha ao de Adrianópolis. Foi um dos fundadores do IGHA.

  

Álvaro Maia

1951

Dia 31– Toma posse no governo do Estado, Álvaro Botelho Maia, natural de Humaitá (AM), eleito pelo Partido Social Democrático (PSD). Maia foi anos o Interventor Federal, ao tempo da ditadura de Getúlio Vargas. E, como seu protetor, foi eleito para o período de 1951-55. Ainda foi senador, quando veio a falecer em 1969. A cidade renomeou o Boulevard Amazonas com seu nome.

1961

Dia 17 – Instalado na cidade, o Banco Nacional de Minas Gerais na rua Guilherme Moreira, 178/181, em frente à sede central do Banco do Brasil. Desapareceu quando das incorporações bancárias, fato que reduziu as inúmeras agências de variados bancos.

Dia 31 – Inauguração da Quadra de Esportes, capitão Mario Silva, no bairro de Educandos, apresentando o jogo de voleibol feminino entre as equipes do Nacional e da AABB/Rio. A quadra foi construída durante o governo de Gilberto Mestrinho, mas há muito desapareceu e o patrono segue desconhecido.

1981

Dia 20 – Posse da Diretoria do IGHA, sob a presidência de Roberio dos Santos Pereira Braga.

sexta-feira, janeiro 01, 2021

1º JANEIRO

Vou elencar algumas datas “redondas”, como costumam denominar os historiadores e seus discípulos, que ocorrem neste ano de 2021. Valho-me da sinopse que realizei, quando intentei escrever as efemérides amazonenses. Quanta pretensão, mas vai indo.

Nesta primeira etapa, vou relembrar os governantes que assumiram no primeiro dia do ano. Convém salientar que a posse de governador, no início da República, foi estabelecida pela Constituição para o dia 23 de julho. Adiante, a data recuou para o dia 31de janeiro, até que em novo recuo é realizada hoje, como acontece com o prefeito David Almeida.


Amazonino Mendes e David Almeida, prefeitos de Manaus
   

1913 – Toma posse no governo do Estado, Jonathas de Freitas Pedrosa, médico nascido na Bahia.

1917 – Empossado no governo de Estado, Pedro de Alcantara Bacellar, outro médico, outro baiano seguidamente na sede governamental.

1921 – Toma posse na chefia do Poder Executivo, o bacharel César do Rego Monteiro, nascido no Piauí, graduado pela Faculdade de Direito do Recife, desembargador do TJA e seu presidente. Seu período governamental foi encurtado pela Rebelião de Ribeiro Júnior (23|07|1924).

1926 – Tomam posse no governo do Estado, Efigênio Salles, natural de Minas Gerais, e, na prefeitura da Capital, o dr.  José Francisco de Araújo Lima.

1930 – Empossado na chefia do Poder Executivo, o doutor Dorval Pires Porto, nascido no Rio Grande do Sul, tendo sido prefeito e deputado federal.

1999 – Posse de Amazonino Armando Mendes, governador reeleito.

2003 e 2007 – Posse de Carlos Eduardo de Souza Braga, no posto de governador do Estado.