J. G. Araújo foi mais que uma marca empresarial, pois seu domínio
comercial estendeu-se a partir da cidade de Manaus pelos vários rios e
afluentes de nosso interior.
Sede da empresa, vista da av. Eduardo Ribeiro |
O texto abaixo
relembra a força desse empreendimento na passagem do seu nonagésimo aniversário.
Contudo, em 27 de
setembro de 1990, o JG desapareceu, quando um brutal incêndio destruiu por
completo a sede, imóvel que dominava o Centro Histórico com frentes pela
rua Marechal Deodoro e pela avenida Eduardo Ribeiro.
Edição do matutino A Crítica, 14 fevereiro 1967 |
Comemora-se na data de
hoje, o 90º aniversário de fundação da conceituada e tradicional firma
comercial de nossa praça, J.G. Araújo & Cia. Ltda., evento da mais alta
significação para o desenvolvimento econômico do Amazonas, quiçá da Amazônia,
razão pela qual não poderíamos deixar de registrá-lo com o devido destaque, em
nossas colunas.
Fundada a 14 de fevereiro
de 1877, pelos sócios Antonio Araújo Rosas e Joaquim Gonçalves de Araújo, sob a
denominação de Araújo & Rosas, para a comercialização e exportação de
produtos regionais, alcançou rapidamente elevado conceito nos mercados do
exterior, pela lisura das suas transações e honestidade de serviços, fatores
que lhe promoveram fama e estima, tornando-a uma das firmas padrão do comércio
amazonense, título que merecidamente até hoje desfruta.
Retirando-se dos negócios o
sócio Antonio Araújo Rosas, assumiu a direção o Sr. Joaquim Gonçalves de Araújo
cuja diretriz imprimiu uma nova feição à dinamização da firma, ampliando-lhe os
raios de ação, e tornando-a uma verdadeira potência na economia daquele tempo.
Joaquim Gonçalves de Araújo,
sem favor algum, pelo seu espirito empreendedor, colocava bem ali nas praças do
sul do País e estrangeiro, o conceito e o prestígio daquela organização, e, por
consequência, a respeitabilidade do comércio local.
Sendo a mais antiga empresa
do Amazonas, a história de J. G. Araújo & Cia. Ltda. acha-se intimamente
ligada aos episódios do desenvolvimento econômico da região. Há reminiscências disso:
quando da época sombria do colapso da borracha, seu dirigente, o saudoso comendador
Joaquim Gonçalves de Araújo lançou mão de todos os recursos próprios e os de
sua firma para evitar o abalo de crédito que traria, em consequência, a falência
de mais de 60 por cento do comércio amazonense.
Além de ter sido um homem
dinâmico, lutador e valoroso como chefe de empresa, foi o comendador Joaquim
Gonçalves de Araújo um espírito dota do de boníssimo coração. Era tradicional e
sua filantropia, razão pela qual o seu nome ficou imperecivelmente escrito na fundação
e na existência das instituições de benemerência e assistência social de nossa
terra.
Cidadão português, nascido
em Póvoa de Varzim, na província do Minho, veio ainda criança para o Amazonas,
que o adotou como a sua segunda pátria, cumulando-o de benefícios e deixando
seu nome eternizado no coração do povo e nos anais da história do desenvolvimento
econômico do Vale Amazônico. Agraciado pelo Reino de Portugal com a Comenda da
Ordem de Cristo, pelos relevantes serviços à Portugal, mais se acentuaram os
seus dotes de coração, sempre aberto a socorrer os necessitados e a todos os
que o procurassem.
Essa sua linha de caritativa
bondade soube ele transmiti-la aos seus sucessores, pelo que ainda hoje a firma
J. G. Araújo & Cia. Ltda. permanece na vanguarda do movimento social do
Amazonas. Em seu filho, comendador Agesilau Gonçalves de Araújo, atual
dirigente da empresa, encontram-se os mesmos predicados de amor ao trabalho e
os mesmos dotes de inteligência e bondade que foram apanágio do saudoso Comendador
Joaquim Gonçalves de Araújo, seu ilustre e venerando genitor a quem substituiu
à frente dos negócios quando de seu falecimento, em março de 1940.
Com essa mudança, não veio
a sofrer solução de continuidade a firma J. G. Araújo & Cia. Ltda.,
mantendo a mesma progressão social, e continuando a merecer a confiança e o
acatamento dos seus clientes.
Atualmente as secções da
conceituada empresa são PAG-LEV, Ferragens, Drogaria, Texaco e Pólvora. A responsabilidade
da direção encontra-se distribuída pelos sócios comendador Agesilau Araújo (chefe),
Dr. Renato Araújo, Dr. Agesilau Souza de Araújo, Sr. Felipe Augusto de Souza Araújo
e Sr. Joaquim Frederico Souza de Araújo, os quais mantém a tradição de
honestidade e trabalho imposta pelo seu fundador.
A data de hoje, pois, que coincide
com a do aniversário natalício do saudoso comendador Joaquim Gonçalves de Araújo,
assume um caráter altamente expressivo no seio do comércio amazonense, e na
história do desenvolvimento social e econômico desta terra, pelo que diversas homenagens
deverão ser prestadas aos dignos dirigentes da firma, homenagens essas às quais
a Direção deste jornal se associa prazerosamente, apresentando ao Senhor comendador
Agesilau Araújo e demais membros de sua família, as sinceras felicitações.
Sou fã do Comendador J.G.Araújo.O seu exemplo de empreendedorismo é indelével. Tinha fazendas na minha terra:Roraima!
ResponderExcluirO Comendador foi empresário empreendedor cujo perfil exibia talento, arrojo e princípios comerciais que o colocaram a frente do seu tempo. Hoje, os que se apresentam como empresários necessitam das tetas benevolentes e viciantes do BNDS, Banco do Brasil, Caixa Econômica, etc. Realmente o Brasil ré-publicano carrega a maldição de não seguir os bons exemplos e legados. Meus aplausos ao comendador J.G de Araujo👏👏👏👏👏🌻🌺
ResponderExcluirParabéns ao Fundador e a seus descendentes.
ResponderExcluirTambém sou Neto de português. Fico orgulhoso de ver uma história de gente que somou ao Brasil. Hoje o Amazonas sofre com o descaso na pandemia.