Ontem foi o Dia do Poeta, todavia deixei para hoje
registrar minha homenagem aos homens e mulheres que tornam em rimas tanto nossos
sucessos quanto nossas dores. Enfim, produzem uma arte de difícil execução. Certo
que muitos a desafiam, contudo, o resultado nem sempre satisfaz.
Dessa maneira, ilustro esta postagem com o trabalho
de dois poetas, desconhecidos: Aldévio Praia e Osório Honda, os quais nos idos
de 1950 publicaram em jornais da cidade seus devaneios. Nada sei deles. Seus trabalhos estão dispersos nos periódicos
arquivados. Apenas do primeiro sei que foi deputado estadual.
Recorte do Jornal do Commercio, 11 janeiro 1955 |
Reminiscências
Aldévio Praia
Era
de tarde, quando o sol morria
E
a branca neve embalsamava os ares,
Que
a morna brisa, perto a ti, dizia:
"O
ocaso é lindo como os teus olhares".
Longa
tarde de amor. A cotovia,
Limpando
os castiçais de seus altares,
Cobria
as franjas do céu com a poesia
Que
a solidão desenha nos palmares.
...Por
fim te foste. E mais, hoje, não vejo
Teu
doce olhar que a tempestade acalma;
E
penso, à tarde, quando o ver desejo:
Que
quer meu estro, enfim, à esta hora triste?
Serão
teus olhos que ele sente n'alma
Ou
os lábios teus após que tu partiste?!
Vide O Jornal, 30 maio 1965 |
Na
Baía do Rio Negro
Osório Honda
(do Amazon Garden) 30-1-1956
Na
fadiga da "correnteza da humanidade"
Sentei-me
no cais da Manáos Harbour
Para
tomar um cunho de vaidade
Que
faz a alma do homem ressuscitar
Donde
tu vens
Sonho
longínquo do Cucui?
Como
é que tu formaste
Do
negro suco do açaí?
Ouço
a emoção da tua poesia
Que
me narrando história da terra
Sussurra
destino do homem
Como
o vento da palmeira que vai e vem.
O
amigo Vicente Reis gostava de manga
E
o Archer Pinto, de ata,
Só
eu sobrevivo no canto da baía
Molhando
seus túmulos com poema.
Dou
um beijo no teu sorriso
No
Sol do jardim da Catedral,
Outro
abraço vai no teu choro
Na
sombra do Cruzeiro do Sul.
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